Uma voz emergiu
Por entre as nuvens,
Anunciando ao povo
Que se prostrassem,
Conhecessem o Alcorão,
E andassem em concordância.
Lá do céu,
Via-se perfeitamente
Aquela cidade que unia
Duas cidades,
Dois povos.
Todos se prostraram,
Houve reunião com data marcada
Para leitura de trechos
E discussão de como praticar,
E medidas respectivas
Para buscar recuperar o erro.
Destas medidas,
Nenhum do povo seria abandonado,
Os olhos de Allah são limpos
E possuem boa visão,
Nada se escapou de seu olhar.
Houve no povo
Aquele que escolheu mentir
E preferiu o erro.
Este entrou através da escada
De sua residência
Em sua própria casa.
Encontrou sua boa esposa,
Fazendo o almoço no fogão,
Levantou seu vestido,
Acariciou suas nádegas
E foi para o quarto.
Fechou a porta.
Lá na cama,
Estava sua própria filha,
De dois anos,
Dormindo feito um anjo,
Usava um vestido,
E uma fralda,
Pois era ainda bebê,
Não continha a urina
Ou a merda.
Ele deitou ao seu lado,
Sentindo-se renovado
Por ser pai de uma criatura
Tão linda e indefesa.
Então, levou sua mão
Por baixo do vestido,
E tocou suas partes íntimas,
Isto lhes resultou uma ereção,
Ele virou-se mais para ela,
Ergueu o vestido
E beijou sua barriga,
Cheirosa e fresquinha.
Retirou sua fralda,
Levou sua mão ao próprio pênis,
E subitamente, gozou.
Sentiu um orgasmo
Com sua própria filha.
A mãe, agora lavava a louça,
Ouvia-se o barulho
Proveniente de panelas sujas.
Ela estava quieta,
Queira demais,
Ele sentiu-se um menino.
Suor escorreu por seu rosto,
Molhou sua camisa,
Ele era jovem,
Já não tinha mais trinta anos,
Era um bebê,
Mas, um bebê grandioso.
Olhou para a menina
De volta,
Retirou sua fralda,
Deixou suas partes íntimas
Expostas,
Soprou sobre elas,
Elas eram convidativas,
Cuspiu entre seus lábios.
Sofreu outra ereção,
Não resistiu a tentação,
Ergueu-se sobre ela,
Agora, ele sentiu-se soberano,
Pegou seu pênis
E esfregou nela,
Sua genitália pulsante,
Quente e roseada,
Houve um barulho
E uma explosão,
Outro orgasmo.
Allah, viu tudo.
Seus olhos são perfeitos,
E ele discordou disto.
Chamou a esposa
E exigiu atitudes dela.
A esposa empurrou a porta,
Estava trancada,
Seguindo seu coração
Ela empreitou força
E abriu-a.
Encontrou seu esposo lá,
Sobre a filha,
De roupa,
Mas em posição incomum.
Pigarreou.
Mas tudo estava feito.
Ela correu para pegar a criança,
A ergueu nos braços,
O empurrou.
Ele se levantou,
Guardou o pênis,
E lhe soqueou o rosto,
Bateu muito forte,
Agora ele era um poderoso.
Ele havia se tiver tido
Com a brincadeira,
Não iria parar.
Ela caiu com a criança
Nos braços,
Ele bateu em sua cabeça,
Ela chorou.
Ele a pegou pelo pescoço,
Estancou o choro.
Só lágrimas escorriam
Por sua cara,
Nenhum soluço,
Nenhum suspiro.
Dor estampava-a,
Ela abraçou a filha.
A guardou em seus braços,
Ele bateu mais e mais forte,
Seus ossos gritariam,
Mas, ossos não falam.
Ele levou a perna,
E lhe bateu com o pé,
Em plena sua cabeça.
Ela caiu imóvel,
Com a criança no colo,
A criança chorava.
Ele saiu para fora,
Juntou a comida,
E saiu.
Retirou toda a comida,
Mesmo a não cozida.
Quando voltou
Ela havia se levantado
Para procurar comida,
Não havia nada.
Nisto correram-se os dias,
Ambas sem comer,
Ela retornou ao hábito
De amamentar.
Ele sempre voltava,
A noite enquanto ela dormia
Desmaiada de fome,
Ele procurava a criança,
Não parou.
Depois disto,
Lhe roubou toda a roupa
A deixando nua,
Então, abriu a porta
Que até ali ficava trancada,
E lhe deu comida.
Pouca comida.
Ela ficou magra e esquálida,
A criança despendeu seus ossos,
Ele era trabalhador honesto,
Todo sábado ele escolhia
Uma tora do Alcorão para ler
E discutir,
Era homem respeitado
No povo.
Ela mulher honesta,
Respeitosa do marido,
Não trabalhava,
Seu ofício consistia
Em cuidar da limpeza da casa.
Cuidar dele,
Fazer por ele todo o melhor.
Como iria sair para fora nua,
E apenas com palavras
Para contar os atos
De homem tão respeitado?
Allah viu lá do céu.
E gritou.
Que todo povo fosse embora.
Ela foi condenada a ficar.
Ocorre,
Que o povo pecador também
Não iria,
Mas aquele marido
Não se julgava pecador.
Ela chorou com seu filho.
Ajoelhou-se em frente a sua escada,
Com a criança agora aos
Cinco anos no colo.
O povo foi,
Deixou poeira e desgosto.
Ela aprendeu a trabalhar
E sobreviver.
Fez uma fogueira
Em frente a sua casa
Por medo
E nunca parou de manter
O fogo aceso.
Juntou o Alcorão sujo
De teia de aranha,
Limpou-o,
E aprendeu a ler.
Sentou ao lado do fogo,
E leu toda vez,
Sem importar-se com o dia.
Um dia o fogo
Deixou de fazer fumaça,
E sua labareda
Nunca apagou-se.
Ela desejou um homem,
Um bom homem
Em casa dia de sua vida.
Allah a viu do céu.
Se apiedou.
Diz-se que ele a guiou
A aprender a ler.
Passou um ano,
De labareda, leitura e trabalho.
De repente,
A labareda se partiu em duas,
Saiu de lá caminhando
Um lindo homem,
Forte másculo e nu.
Ela sentiu medo,
Se agachou e abraçou a filha.
Ele era feito do fogo.
Vermelho marrom feito o fogo.
Ele queimava,
O fogo se estendia sobre ele
Feito roupa o cobrindo,
Feito cabelo percorrendo
Sua coluna.
Ele tocou ela nos ombros,
Ela sentiu segurança,
Precisava de um homem,
Mas nunca sentiu maior medo.
A criança se levantou
De meio aos seus braços
E correu.
Quando a menina o olhou,
Não o viu nu.
Só viu o fogo queima-lo,
Devorar suas partes,
Sem fumaça,
Ou produzir dor.
Então, ela ajoelhou-se,
Pegou as mãos da mãe,
E falou.
Contou seus medos,
Relatou suas dores
E gritou a falta da mãe.
A casa olhar ela chorou,
A cada frase gritou.
Sentiu tudo de volta.
Relembrar faz doer.
O homem permaneceu
Com a mão no ombro
Da mãe.
Depois de ouvir tudo
E soluçar suas dores,
A mãe se sentiu forte
Outra vez,
Agora lhe era permitido
Expressar suas dores.
Munindo-se de seu amor
Pela filha,
Ela levantou-se,
E o homem não a soltou,
Nisto, ela virou-se
Para trás,
Não sentiu medo
De deixar a filha
Fora de seu olhar
Por poucos segundos.
Viu o homem
Pelos olhos da filha
A arder e queimar,
Então, um amor súbito a tomou.
Ela retornou a olhar,
E ele parou de queimar,
O fogo tornou-se cabelos,
E cobriu seu corpo nu.
Ela sorriu,
Ele era absolutamente perfeito.
Ela foi para dentro de casa,
Juntou um lençol,
O costurou e o entregou.
Ele vestiu-se,
Foi tirar lenha,
Trouxe carne,
Comprou mantimentos
Ao vender a lenha.
O estranho de tudo isto
Que se alastrou
Pelo povo pecador que ficou,
É que ele não permitia
A ninguém aproxima-se.
Se alguém tentava
Toca-lo
Ele queimava.
E queimava desde a mão
Da pessoa,
Até sua boca
Conforme lhe falassem.
Sem mover-se
Ou esforço.
Simplesmente, queimava.
Queimaram-se olhos,
Derreteram até os rostos.
Algumas mulheres não entendiam
O desejo,
E ter seus olhos queimados
Não bastava.
Enquanto houvesse face,
Havia a tentação e o desejo.
Queimaram-se criança.
Ele não tinha culpa,
Foi algo que veio daquele fogo.
Uma espécie de amor puro
Por aquela mulher e filha.
Então, ele vendeu a lenha,
Comprou comida e voltou.
Chegou a escada de casa
E chorou,
Chorou muito.
Sentiu medo de perder a mulher,
Ele sentia-se em fogo
Ao vê-la.
Ver a menina de seis anos
O apiedava e um calor o invadia,
Ele não queria perde-las.
Chorou e gritou
Para que não chegasse perto,
Mas, ambas ficaram surdas
E correram até ele,
O abraçaram e nenhum fogo
Os tocou,
Nem mesmo a fogueira
Que ardia viva e sem fumaça.
Então, ele ergueu
A menina em seus ombros,
E beijou a boca da mulher.
Não houve fogo.
Um homem passava por lá,
Riu de seu amor,
E desejou toca-lo
E queimou enquanto ria.
Queimou por completo,
Até o chão em que pisou.