Celio estava dirigindo
Compassivo o seu Vectra branco,
Escolheu aquele carro
Para levá-lo
Ao seu próprio casamento,
No instante em que pôs
Os olhos nele
Pareceu o mais apropriado,
Contudo, vendo seu reflexo
No espelho,
Vestido num terno branco
E sapatos na mesma cor,
Duvidou um pouco.
Todavia, feito o sol que descia
No horizonte,
Lucrécia lhe deu liberdade
Para escolher a própria roupa,
Ela preferiu a moda antiga
Casa qual escolhe sua roupa
E só permitido ver um ao outro
Vestidos nela
No próprio instante,
Caso contrário,
Dava azar.
Seria uma linda surpresa,
Ele pensou e sorriu feliz.
Neste instante,
Um carro escuro
Que seguia a sua frente,
Fez uma manobra arriscada
E o obrigou a frear com força
Sobre a pista.
Seu pneu estourou
E ele fixou-se em único
Pensamento
Ao ver o carro suspender,
Pender para o lado
E virar para cima
Rolando sobre a pista
Até cair no barranco.
Seu pensamento era Lucrécia,
Seu rosto lindo,
Seu sorriso
E seus olhos escuros
O esperando para seu beijo,
Vestida de branco
Ou talvez em outro tom
O esperando para o sonhado “sim”.
Dentro do carro capotado,
Com dois pneus virados
Para cima,
Os outros enterrados no solo
E seu corpo contraído
Sob a pressão do banco,
E do volante contra ele,
Ele lembrou de dizer em voz alta
“sim”.
Depois fechou os olhos
E desmaiou.
A dor foi intensa demais
Para que ele conseguisse suportar.
Ninguém o ajudou,
Passados algum tempo,
Ele acordou,
Abriu os olhos e sentiu
A nuvem de lágrimas
Descer sobre seu rosto.
Arfou de dor,
Tentou remover o cinto
De segurança
Que o mantinha preso
Contra o banco do carro.
Com esforço,
Conseguiu.
Saiu do carro.
Colocando uma mão
Na lateral da porta
E se puxando para fora.
Lembrou de pegar o celular
De sobre o painel do carro,
Ao conseguir sair,
Se puxou para fora,
Caiu sobre um gramado
E sujeira intensa.
Sua primeira reação
Foi ligar para a noiva.
A informou com voz
Murmuriosa e amedrontada
O que ocorreu no trajeto
Que o levava ao local
Do casamento.
Ela arfou de medo,
Dobrou o corpo até o chão,
Segurando o celular.
- sinto dor.
Preciso de você agora.
Ele disse.
- meu amor,
Jamais desistiria de você.
Eu o amo!
Respondeu Lucrécia.
- estou sujo.
Ele respondeu,
Com o rosto colado no chão,
Imaginando o estado
Em que estariam as suas roupas,
De sujeira e, talvez, sangue.
- me diga aonde você está.
Irei te buscar.
Ela gritou a chorar
Desesperada.
Célio passou a localização,
Através do aplicativo.
Depois se puxou para fora
Do carro totalmente.
Colocando-se em pé,
Viu o terno branco sujo,
Sua perna estava manca,
A barriga estava cortada
E sangrava.
Atordoado,
Ele soltou o peso do corpo
Para trás,
Se recostando no carro
Em prantos.
Olhou para a estrada geral
E não viu ninguém,
O homem que causou o acidente
Fugiu sem ajudar.
Não havia ninguém na estrada,
Estava tudo deserto.
Contudo, Lucrécia
Estava decidida de seu amor,
Buscou um helicóptero,
Carregou de rosas,
E foi ao encontro de Célio.
Ao avista-lo,
Saiu na porta,
De lá de cima
Gritou o quanto o amava,
Jogou flores sobre ele,
Jogou todas as que trouxe,
Pois de tão nervosa,
Pegou até mesmo o buquê
E despetalou.
Então, sobrou as hastes apenas.
Segura de si,
Jogou uma escada de corda
Para ele,
Ele subiu alguns degraus,
Depois fez sinal para seguir.
O helicóptero seguiu,
Célio continuou dolorido
No início da escada,
Lucrécia desceu até ele,
Ao encontrarem-se se beijaram
E se abraçaram forte,
Sem se soltar,
Até chegarem na praia
Onde se casariam.
Em pé na areia da praia,
Seguiram de mãos dadas
Até o altar,
Não se importaram com a roupa
Ou a ausência do buquê,
Chegaram e todos os convidados
Já haviam chegado,
Então, todos se levantaram
Para recebê-los,
Eles olharam um para o outro
E disseram “sim” juntos.
Haviam carreiras de cadeiras
Do lado direito
E do lado esquerdo,
Pessoas sentadas,
Logo, em frente
Estava o altar sobre o final da areia
Próximo ao mar,
A água chegava,
Tocava em seus pés
E retornava.
Lá estava o juiz
Com o documento que
Formalizava a união,
Os pais dos noivos
E os padrinhos em pé.
Todos ficaram assustados
Ao vê-los esbaforidos,
E Célio parecia sujo,
No entanto, ele disfarçou a dor,
E ninguém notou que ele
Estava com o terno sujo.
Tudo foi tão perfeito
No instante em que ambos
Se beijaram
Que nada pareceu
Estar discordando da cerimônia.
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