quarta-feira, 26 de março de 2025

Oh, Aline, Oh

Oh, ninguém se preocupou
Com aquele trajeto
Da BR 282,
Até que Aline se acidentou,
Oh, eu lembro
De tê-la retirado
Das ferragens,
Ela estava presa
Dentro do carro,
A metros do caminhão
Que provocou tudo.

Oh, eu conheço Aline,
Ela dirige muito bem,
Jamais teria errado
A marcha,
Ou andado em alta velocidade.

Oh, eu fui um dos primeiros
A chegar naquele maldito lugar,
Ainda quando estava lá,
O caminhão pegou fogo
E o fogo atingiu-a,
Só um pouco,
Ele feriu seu rosto a valer,
Oh, você não a reconheceria,
Ela mudou,
Oh, Aline, oh.

Ela teve a perna decepada,
Suas pernas grossas
E lindas,
Foram estilhaçadas,
Oh, baby,
De uma nada sobrou.

Eu fugi com ela nas costas,
Aline em chamas,
Eu louco e tenso,
Do motorista do caminhão
Eu nem sei,
Só sei que o fogo se alastrou,
Tocou a mata da margem
E correu para as proximidades,
Oh, Aline, Oh.

Eu imagino
Que o caminhão vinha
Muito rápido,
Não venceu fazer a curva,
E tombou,
Nisto a levou,
Oh, veja a foto no jornal,
Sobre o acidente,
Oh, ela foi aquela garota legal,
Que ajudava todo mundo,
Que parecia até próxima demais.

Oh, ela está sofrendo,
Seu rosto se deformou,
Não se reconhece
Único traço do que foi,
Oh, aquele caminhão
Foi prepotente,
Eu acho que o motorista
Nem dirigir soube.

Oh, ela chora
E diz: me matou.
Se olha no espelho,
E cai em lágrimas.
Oh, ela reza para Deus
Pedindo que a leve,
Não, Aline, não.

Será que o cinto
De segurança não ajudou?
Oh, como eu queria ter chegado
A tempo,
De alguma maneira
Ter impedindo tudo.

Oh, veja lá na curva da BR 282,
Há vidro quebrado,
Sangue coagulado seco,
Riscos amarelos no asfalto
É a tinta do carro dela,
E sinais de pneus freados,
Oh, Aline tentou,
Ela foi forte lutou.
Oh, Aline, oh.

Ela não usa drogas,
Não usa álcool,
Oh, maldito caminhão,
Enorme e carregado,
Por pouco não a esmaga,
Por sorte
Apenas a retirou da pista,
Oh, Aline tenta lutar, oh.

Não se suporta
No que se tornou,
Não se vê realizada
Por estar viva,
Oh, ajudem Aline, oh,
Ela precisa pensar diferente,
Eu preciso a proteger.

Eu plantei flores
Lá na margem,
Chuvas de ouro,
E uma outra amarela
Parecida com ipês,
Oh, lembrem-se dela,
Tenham boas ideias,
Foi a perda de um carro
E mais nada,
Ela está viva,
O motorista do caminhão
Se perdeu,
Foi enterrado,
O que sobrou dele,
Estava a trabalho.

A carga se perdeu,
Acho que era leite,
Se consumiu,
Evaporou.

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