Os olhos dele estavam fixos,
Não pareciam querer disfarçar,
Olhavam-na com intensidade e vigor,
Não se moviam por nada,
Poderia-se dizer com sinceridade,
Eram olhos de um homem apaixonado,
Ela não escondeu a surpresa da proximidade,
Também não disfarçou os sentimentos,
O quis muito e pretensiosamente,
O desejou como a nenhum outro,
Há coisas de instantes,
Que acontecem de modo tão perfeito,
E de um jeito tão sublime,
Que não há como esquecer,
Quando se conta uma história,
Mesmo com riqueza de detalhes,
Não se alcança o sentir do viver,
E isto acabava de acontecer com ela,
E com ele.
Com certeza.
O olhar entre os dois era intenso.
Quando os olhos de um homem não se movem,
Mesmo que tudo aconteça ao redor,
Há de se ver nisto extrema sinceridade,
Um homem não tenta se omitir ou forçar algo,
Havia nele ousadia, força e potência,
Assim que ele se virou nitidamente para ela,
Nada mais ficou despercebido,
O amor era intenso, notório e nada forjado,
Não havia manipulação alguma,
Ao contrário,
O desejo exalava de ambos.
Não tanto.
Nem um pouco a ponto de ser confundido,
Sexo puro, ardente e predatório.
Não jamais seria confundido com primitividade.
O sentimento emergia profundo.
O bastante para identificar a vida naquele olhar,
O quanto o corpo de ambos vibrava,
E desejavam que nunca tivesse fim,
Os pensamentos pareciam escritos,
Ou gritados naquele olhar silencioso.
Mas, algo inesperado aconteceu.
Ambos simplesmente viraram-se adiante,
E seguiram pelo caminho e sentido anterior,
Nenhum parou,
Nem um passo na direção um do outro,
Simplesmente foram a frente,
Nunca mais houve novo encontro,
Não ocorreu troca de nomes
Ou mesmo qualquer espécie de identificação,
Foi como um filme de ação,
Em que o mocinho encontra o alvo
E sem qualquer explicação expressa
Desiste de ataca-lo,
Como se encontra-lo fosse o bastante,
Porém, nenhum dos dois se conheciam antes,
E foi amor que gritou naquele olhar,
Um amor tão externo e forte
Que não precisou de qualquer proximidade para ser,
Era vibrante e vívido,
Se as nuvens chegassem a calçada
E construíssem uma espécie de escada,
Nem elas seriam eficientes na condução ao céu,
Com certeza aquele olhar foi muito mais capaz,
Mesmo que algodão tocasse as pedras do chão,
Os passos que os levava para frente
Nunca teriam sido os mais macios e felizes,
Não havia margens para quedas,
Tudo parecia absolutamente perfeito.
Foi amor e mais nada.
Foi amor tudo que gritou naqueles olhos claros.
Ninguém iria rir desta história.
É tudo tão simples quanto se conta.
Bem nuvens e algodão não fazem tanto,
Mesmo que muito bem manipulados,
Nunca conteriam a intensidade daquele olhar,
E talvez nem ao menos pudessem abafar o murmúrio,
Como aquele olhar abafou,
Ao dizer tanto sem emitir palavra,
De amor, afeto ou gratidão.
Simplesmente amor, paixão.
Mais nada.