O olhar procura adiante algum ponto,
Por mais que tente focar não vê nada,
Parece que tudo em que acredita se esvai,
Como as palavras que veem a garganta e não saem,
As mãos buscam gesticular algo,
O coração deseja pulsar por alguma coisa,
Mas tudo desfoca, como se fosse uma brisa fria,
Que acorda do sono bom a tremular do sonho,
Extrai daquele algo em que se estava,
Para desacelerar e ver que não há nada,
Passa-se tão depressa do sonho para a realidade,
Que demora-se para acordar,
Falta um motivo ou algo que tenha validade,
Qualquer coisa que determine o sair
da cama,
Me agarro a coberta quero voltar a sonhar,
Era impressão minha ou lá estava mais fácil?
Me acolho ao travesseiro, o abraço só um pouco,
Com um suspiro profundo busco o sonho,
Já não há mais nada, esqueci com o que sonhava,
Estava mesmo bom lá ou aqui que está estranho?
Procuro algo a minha volta,
Penso que desejo sair da cama,
O dia parece clarear lá fora,
Mas, aqui dentro continua da mesma forma,
Um feixe de luz passa pela janela,
É dia, parece querer gritar mesmo que o ignore,
Busco as cobertas: estão imóveis ao meu dispor,
O travesseiro está entre os meus braços silencioso,
Há no feixe de luz um algo ou eu é que o busco,
Qualquer coisa que me faça ver uma esperança,
Há tanto tempo passam-se os dias e as horas,
Que tornaram-se todas iguais as de outrora,
Vejo o relógio, percebo que está da mesma forma,
Já não sei ao certo, ontem neste instante,
Seus ponteiros estavam ali também,
Não cuido para ver se se movem,
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