quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Que Horas São?


O olhar procura adiante algum ponto,

Por mais que tente focar não vê nada,

Parece que tudo em que acredita se esvai,

Como as palavras que veem a garganta e não saem,


As mãos buscam gesticular algo,

O coração deseja pulsar por alguma coisa,

Mas tudo desfoca, como se fosse uma brisa fria,

Que acorda do sono bom a tremular do sonho,


Extrai daquele algo em que se estava,

Para desacelerar e ver que não há nada,

Passa-se tão depressa do sonho para a realidade,

Que demora-se para acordar,


Falta um motivo ou algo que tenha validade,

Qualquer coisa que determine o sair da cama,

Me agarro a coberta quero voltar a sonhar,

Era impressão minha ou lá estava mais fácil?


Me acolho ao travesseiro, o abraço só um pouco,

Com um suspiro profundo busco o sonho,

Já não há mais nada, esqueci com o que sonhava,

Estava mesmo bom lá ou aqui que está estranho?


Procuro algo a minha volta,

Penso que desejo sair da cama,

O dia parece clarear lá fora,

Mas, aqui dentro continua da mesma forma,


Um feixe de luz passa pela janela,

É dia, parece querer gritar mesmo que o ignore,

Busco as cobertas: estão imóveis ao meu dispor,

O travesseiro está entre os meus braços silencioso,


Há no feixe de luz um algo ou eu é que o busco,

Qualquer coisa que me faça ver uma esperança,

Há tanto tempo passam-se os dias e as horas,

Que tornaram-se todas iguais as de outrora,


Vejo o relógio, percebo que está da mesma forma,

Já não sei ao certo, ontem neste instante,

Seus ponteiros estavam ali também,

Não cuido para ver se se movem,


Não me interessa mais, o dia de hoje é o mesmo de ontem! 


 

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