quinta-feira, 28 de abril de 2022

Chuva

 

Tentando apagar o calor da pele ou não,

Ele entregou a chuva que caía a sua mão,

Sentindo cada gota com uma espécie de calma,

Sabia que poderia esperar, mas algo incomodava,


Sentir a chuva molhar enquanto afaga,

Não se assemelhava ás lágrimas mas outra coisa,

Algo escondido dentro que queria aflorar,

Não poderia dizer que fugia das lembranças,


Mas, sentia que aos poucos elas se apagavam,

Fechou a mão em concha até vê-la escorrer,

Sentir a água transbordar incapaz de ser contida,

Assim, são os sentimentos e ele sabia,


Se não podem ser entregues fogem de si mesmos,

E de quem jurou amar por uma vida,

A chuva parecia cantar uma canção não correspondida,

Estava calma e passiva, contrária ao que ele sentia,


Um suspiro soou baixo e desafinado,

Um nome ficou preso por entre os seus lábios,

Ele chegou mais perto até molhar o rosto,

Sentou-se por sobre a grama e decidiu molhar-se,


Sentiu o lábio inferior ficar inflamado,

Queria beijá-la e sentir tudo aquilo de novo,

Mas, ao mesmo tempo não tinha certeza,

Havia uma marca sobre o seu queixo,


Não, não pense isso: não era marca de beijo,

Era uma outra coisa, da qual ele não queria falar,

O coração se acelerava junto ao peito,

Mas a chuva permanecia do mesmo jeito,


Fosse como fosse, ela queria contrariá-lo,

Não poderia definir de outra forma,

Mas, sobre o seu rosto apenas ela e mais nada,

Nem uma lágrima enquanto no peito,


Apenas aquele sentimento,

Deus sabe que a chuva não penetra a pele,

Ou penetra? Será que ela poderia encontra-lo,

E lá dentro apagar tudo o que ele sentia,


Ou quem sabe fazer o sentimento transbordar a superfície,

Até e apenas até o ponto em que ele o entendesse,

Se sentimentos são capazes de transbordar,

Por que deveriam usar apenas a face?


Não poderia emergir em outra forma,

Uma carícia ou algum outro jeito?

O suspiro permaneceu preso em sua boca,

Estava estagnado por entre os lábios macios,


Não parece natural amar tanto,

E ainda assim não desejar se aproximar,

Olhou para a chuva, elevou os olhos,

E os pingos dela os molharam, sentiu dor,


Fechou-os depressa,

Existem coisas que não se pode lutar contra,

A chuva brincava por entre os seus dedos,

Escorria e se esvaia por sobre a grama molhada,


A roupa embebida em água,

Cedia alguns botões na blusa e o expunha,

Nada além disso, uma chuva que caía,

E seus pensamentos perturbados,


Se chuvas leem mentes, é difícil acreditar,

Se poderia esquecer, ainda não sabia ao certo.


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