Não sustentava nada que não fossem as promessas,
As promessas não impedem que a solidão nos tome,
E nem que as lembranças façam o amor presente,
Pois o amor é maior e faz os céus tocar a terra,
Na flor que renasce rumo ao alvorecer,
Ou na chuva que cai até sentir-se perder em algum lugar,
Ela contempla no amanhecer o olhar azul celeste,
O sol começa a tocar-lhe com seus primeiros raios,
Feito uma luz de esperança que lhe fala algo,
Algo de que não se foge mas nem por isso,
Procura-se estar mais perto, apenas sente por dentro,
Lindos raios que erram as árvores como se a divagar,
Talvez, também esteja a procurar, quem é que pode dizer,
Avistou através da escuridão que sorrateira se afasta
Um pássaro, ele voa alheio a todo o seu entorno,
Ela sente-se insegura e tremula à brisa fresca,
Conclui que pensar nele só poderia piorar as coisas,
Mas nem por isso, consegue controlar tudo que sente,
E o quanto deseja senti-lo outra vez agarrado a ela,
O pássaro voa com toda a sua graça,
De repente despenca lá do alto e toca a margem do rio,
Depois levita com a mesma segurança de instantes,
Só que agora ele tem na boca um peixe – sua presa,
Faz-se a manhã da mesma forma que vai-se embora a noite,
Sem novidades, indistinta, o sol parece sorrir para a manhã,
Seus rios derramam-se até tocar seus pés,
Embora, tudo ao redor seja belo ela escolhe as lembranças,
Se agarra a cada uma delas como se nada mais importasse,
O calor do céu a invade e o gosto dele lhe vem a boca por
herança,
Nenhum outro beijo seria sentido com a mesma graça,
Mesmo que todo o tempo passasse,
Tempo algum seria tempo o bastante para fazê-la esquecer,
Sentiu o sol como quem sente um abraço apertado,
Fecha os olhos como não fez durante a noite,
Com uma calma de quem busca algo distante,
Avistou, através das pálpebras fechadas,
Um beijo que repousa sobre a sua boca sedenta,
Ela aprecia-o, enquanto o sol a toca sorrateiro,
Um lamuriar sai de seus lábios desatento,
Uma frase move-se sobre a sua língua,
Se ela fala tão alto o que diz a si mesma, não sabe-se,
Vagarosamente, ela sente como se pudesse ouvi-lo,
O sol vem com ousadia e a toca ainda mais forte,
Algo nela estremece e chama um nome em tom baixo,
Não é como se seu amor estivesse indeciso,
Apenas teme não ser ouvido,
Que amor é este que enfrenta o tempo
E não deixa de buscar
Mesmo as custas daquela que ama?
Por que o sol insiste em nascer sempre tão devagar?
Por mais que tente o mundo não supre a sua falta,
A jovem que cada vez mais se certifica sobre seu amor,
Abre os olhos com uma observação concreta:
Passe o tempo, os sonhos ou o que for, o amor não se vai,
Não importa como se reaja ele chega e fica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário