segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Moça na Janela

 

E muito tempo depois de tudo ter acontecido,

Uma brisa fresca brincou com seus cabelos,

A janela que estava meia aberta,

Foi totalmente aberta e ela pôs o rosto para fora,


Lembrou-se, então, do beijo- o grande beijo,

Agora já esquecido,

Se é que alguém esquece um beijo assim,

Não por questões de romantismo,


Mas, por intensidade, pressão e amor...

Seguiu-se uma série de pensamentos

Que a teriam feito rever tudo que fez,

Tudo que viveu até aquele segundo,


Mas, estava certa com razão a tudo que houve,

Não lhe daria outra chance,

Acontecesse o que fosse,

Não decidiria voltar atrás,


É certo que nem sabia se essa decisão lhe pertencia,

Mas, não o faria o tanto quanto estivesse ao seu alcance,

As vezes, os homens amam e se entregam,

Mas normalmente eles se entregam de antemão,


O quê?

Todo o tempo de espera e buscas?

Acreditar sem uma única jura...

Isso é coisa de principiantes!


Cinco ou seis encontros e mil beijos,

E daí?

Com o tempo isso cairia em (des)importância,

Sabia que sim,


Mas, o vento, ele era insistente,

O vento e suas lembranças...

Um suspiro contido no peito,

Um desabafo que ninguém ouviria...


-Sim, amo!

E não posso ir vê-lo,

Mas, também não consigo com esta distância,

Já tentou ir busca-lo,


Parar na calçada só para vê-lo passar,

Tentar a todo custo um olhar,

Sabia o preço do seu apreço,

Mas, insistir fere e cansa,


Nem um espaço para ela,

Por mais que insistisse,

Nem um lugar...

Jogada sobre a janela,


Não fazia esforço para contar as horas,

Mas, sabia que poucos minutos os separavam,

Logo ele passaria pela calçada,

Só que do outro lado...


Permitiria as horas passarem sem ele,

Que Deus concedesse:

Permitiria-se o esquecimento!

-Será que ele me ama?


Infelizmente, quem é que contém o pensamento?

-Ama?

Ouviu-se falar em voz alta,

Viu-o olhar,

Mais nada.


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