quinta-feira, 3 de novembro de 2022

O Mentiroso!

 


Bem são palavras de Érika,

Filha da Brunna,

Cunhada de João,

Esta mulher declarou com emoção:


O amor, mas ele não!

Sentiu-se a mais sábia das mulheres,

Pois amava mesmo sem retribuição,

Mas, um dia sucede o outro,


E certo dia, não muito distante,

Cruza ela por ele e o acha no chão,

Caído e por morto!

Ergueu as mãos aos céus e clamou por socorro,


Por algum motivo íntimo

Não queria tocá-lo,

Jurou a tantos anos antes

Nunca mais amá-lo,


Lembra-se de todos os danos,

De sua pele a descamar ante a dor,

Agora, com a pele e alma refeita: tocá-lo!

Não, ela não tinha o entendimento de um ser humano,


Amar exige esforço e isso implica em cuidar,

Mas, deveria abandonar a si mesma?

Tanto tempo, e tantas mentiras descobertas,

Inflou o peito e gritou alto:


-Por favor, alguém o ajude,

Que me perdoem mas não quero me obrigar a tocá-lo,

Que horror!

Mas, parecia não haver ninguém tão próximo,


Ou alguém que se importasse com ele da mesma forma,

Faz-se o homem,

E dele provém suas atitudes!

Quem é este que sobe aos céus e desce?


Ela levantou as mãos ao vento

E foi como se as estregasse a ele,

De alma limpa, sujar-se-ia e nisso suas roupas,

Suas mãos, nada além.


Eram como se os limites fixados

Agora fossem postos por terra,

Ajoelhou-se sobre aquele corpo por morto,

Percebeu águas escorrerem sobre sua roupa,


Nela as suas lágrimas,

Era como se não o tocasse,

Não merecia tamanha sujeição,

Mas, qual era o nome dele?


O nome deste que agora nem podia pedir socorro,

Se disto dependesse sua vida,

Nem conseguiria pedir-lhe o perdão,

Quem era este nome?


Caído ao chão,

Um corpo vazio mas com vida,

Ela podia sentir-lhe a vida pulsar por entre os dedos,

Sim, ele não estava morto,


Apenas aparentava,

Conseguiria salvar este que só tinha dele suas atitudes,

Este que por ela pôs o nome em esquecimento,

-Conte-me, você sabe!


Ela pediu a ele enquanto tocava em seu peito,

Conhecia aquela pessoa de forma íntima,

Agora, já não recordava,

Precisaria?


Cada palavra que provém de Deus é pura,

Mas da boca que por Ele fala, ela seria?

De repente, seus lábios moveram-se,

Ele se esforçava por si mesmo,


Daria para acreditar que queria viver,

Será que seria forte o bastante?

Estava em suas mãos agora,

Aquele que um dia lhe virara as costas,


Aquele que feriu-a,

Ele da forma como estava,

Se assemelhava a um escudo impenetrável,

E acho até que este escudo o feria...


Não tentou movê-lo tanto,

-Diga-me, diga seu nome,

Você o têm, não têm?

Como é que você é conhecido pelos outros,


Não, não tente me reconhecer,

Quem eu sou agora não importa,

Nem aquele que você foi para eu,

Diga para mim,


Como você é reconhecido lá fora?

Me parece que ninguém se lembra...

Não ouviu nada a se acrescentar,

Conseguiu com muito esforço colocá-lo sentado,


Quase se arrependeu do tempo em que o definiu- o mentiroso!

De sua boca jorrou sangue,

Sangue coagulado e grosso...

Um sangue escuro e inconsciente...


(Penso que ele ainda não sabe quem é,

Mas sim, está a salvo!).


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