sábado, 20 de fevereiro de 2021

Lágrimas no Meio da Rua


Pelo canto dos olhos notei que as pessoas acompanhavam a movimentação,

Aos sobressaltos de um coração cabisbaixo ante a nossa discussão,

Haviam portas que protegiam nossa emoção do conhecimento alheio,

Ele não teve noção disso, removeu-a com toda força, em meio ao público,

Com suas crises de ciúmes em meio a rua, tornou nossa vida pública,

Esses instrumentos de expor as brigas ao povo para que se repense no que faz,

 

É um jogo de mão dupla em que você é tomado por uma vergonha desmedida,

Ao mesmo tempo que repensa sobre as atitudes prevalecentes a dois,

Se fere quando é de conhecimento público porque não fere quando se está em casa?

Só porque se está de portas fechadas pode tomar a atitude que desejar,

Sem medir as consequências, sem repensar que se está ferindo quem se ama?

As palavras jogadas na cara doem por serem ditas? E se fossem engolidas?

 

Feririam menos? Quando engasgassem na garganta, o que fariam conosco?

Manter-se ferido por medo de tomar atitude torna as coisas mais aceitáveis?

Aceitáveis para quem de nós, para aquele que vê tudo descer rumo ao ralo,

E se coloca de lado, fingindo não ver o que está acontecendo entre nós?

Embora doa ver tudo exposto do lado de fora de casa, que efeito surte?

Não doiria menos o ato de calar-se ante aos fatos? Deixar em suspense...

 

Nunca se arriscar ao desenrolar dos acontecimentos por medo das consequências?

Guardar tudo a sete chaves dentro do peito até que tudo exploda pelos ares?

Rompendo-se para fora, sentimentos, dores e angústias emudecidas de outrora,

Olhar ele com maus olhos soaria de todo mudo ingênuo, mas aprovar sua atitude?

Esperava encontrar aquele homem calmo de sempre, mas ele estava disperso,

Embora não tenha encontrado em mim o medo, encontrou algo desconhecido...

 

Hesitação, talvez? Não saberia precisar ao certo, mas agora era tarde demais,

Encolhi os ombros, decidi virar o jogo, indiferença foi o que conseguiu alcançar,

Vi nos seus olhos algo que eu não conhecia, aquilo me soou em notas falseadas,

As palavras que eu gostaria de ter falado em meio a rua, não passaram de suspiros,

Eu sabia que se tentasse contrapor eu gritaria, tudo estava inflamando contra mim,

Mantive os olhos baixos, não tive coragem de encarar os fatos, evitei as pessoas ao redor,

 

Ainda assim ante ao silêncio ao nosso entorno, creio que todos ouviram os relatos,

Todos viram-no expressar seu ponto de vista, quanto ao meu, já não importava,

Meus olhos falavam por mim, o silêncio em minha fala, denunciava-me: bastava,

O homem para quem entreguei o meu amor, vinha contra mim e era assustador,

Eu encolhia os ombros sem conseguir reagir cautelosa quanto ao desenrolar,

Ele ainda me ama, murmurei para mim mesma, olhando-o, com distância precisa,

 

Levantei o queixo, em um ato de aceno meio que incompleto, estudei sua postura,

Ele havia desistido de nós, o que seria mais importante para ele agora?

Expor-nos, porta a fora? Nossa vida conjugal jogada na rua aos olhos de estranhos,

E eu que sempre acreditei ver amor em seu olhar, nunca imaginei que algum dia se voltaria,

Concordei movendo a cabeça uma única vez, gesto medido, impondo um fim a aquilo,

Peguei minha sacola que fora remessada ao chão, por descuido, e mudei minha rota,

 

Havia um risco nela, eu a havia comprado com o meu dinheiro, o que importaria?

Restava-nos salvar um ao outro, me apeguei a isso, não queria ver-nos destruídos,

Ele suspirou em tom de vitória, parecia ter conseguido o que queria,

Olhei para trás de soslaio, decidi acreditar nele, o melhor para nós se desenvolvia,

Há instantes mais fortes do que acreditamos, estes instantes decidem as coisas,

Dão um rumo diverso, mesmo que pareça incerto à primeira vista, me apeguei a isso,

 

Embora não tenha gostado da ideia, decidi repensar os fatos com cautela,

Rever de ato a ato, mesmo tendo me sentido ofendida, eu poderia estar enganada,

Meu coração batia em teimosia, parecia discordar do que eu dizia para mim mesma,

Eu já não me convencia sobre o nosso amor valer a pena, doía em mim suas maneiras,

Como dar de ombros ao que eu sentia? Ignorar a mim mesma por um amor fracassado?

A palavra soou avessa aos meus lábios, mas parecia se definir sobre o nosso destino,

 

Ele havia jogado a minha alma em meio a rua, eu estava caída, ele recusou-se a me salvar?

Os anos que desenrolamos juntos pareciam apertar os nós contra nossos pescoços,

Perderia a cabeça por desistir de nós ou por engolir as investidas de cólera na garganta?

Meu sangue fervia, minha visão ficava turva, de tudo que talvez algum dia fomos,

Parecia não restar nada em que se apegar, apertei meus lábios quis engolir as palavras,

Sem conseguir conter o pensamento me indaguei: onde ele estaria agora,

Justo quando eu mais precisava? A dor que ele causava em mim, ele mesmo curava, e agora?

 

Dependência tinha um nome, abstinência se tornaria a rotina, deveria me perguntar sobre ele?

As palavras vinham até a minha boca por uma vontade própria e inconsequente,

O nó se apertava contra a garganta, nosso nós parecia estar se colocando no singular,

Algo valeria mais para ele ou era eu quem não entendia direito nossa própria história?

Esperei ansiosa para que algo acontecesse, esforcei-me para parecer indiferente,

Sentia que meus gestos denunciavam meus pensamentos, estava falhando com a gente,

 

O modo como ele reagia através de impulsos desmedidos estava surtindo efeito,

As promessas e as flores deixavam de fazer a diferença entre nós dois,

A oportunidade de entregar o amor sempre é possível, porém quando perdida,

Não sei ao certo se volta a ser acessível, as disposições nem sempre estão a postos,

Às vezes, mesmo aquilo que você acredita nunca perder, se esvai ante o seu olhar,

Que influências podiam estar atuando que nos colocava à contramão um do outro?

A Porta

As vantagens não são apenas individuais

Quando se decide amar por uma vida inteira;

De segundo a segundo já havíamos perdido muito tempo,

O suficiente para reagirmos a esta distância,

É certo que todo coração que sofre, fere e é ferido,

Então, para que continuar com esse jogo de forças,

Em que todos saímos perdendo no final das contas?

 

A justiça dos meus sentimentos não te influencia?

Se é pouco o que eu digo não é suficiente o que eu faço por nós?

Todos veem o quanto eu o amo com toda a alma,

Compreenda o que eu sinto, encontre uma solução plausível ao menos,

Se o nosso amor acabou, me responda por favor, o erro foi meu?

Em mim sinto que ainda pulsa sentimento, estou errada nisso?

 

Se for sua vontade, por favor, coloque-se para fora, você sabe a saída,

Não posso te pedir que decida por nós, mas também não posso lutar contra,

Quando ao amor seguro em meu peito: creio que achara uma saída,

Ao analisar nossa vida a dois tentarei refletir sobre todos os aspectos,

Espero não precisar de tanto esforço para esquecer seu olhar arredio,

Por mais aterrorizante que pareça, eu me sairei bem, sei disso,

 

Só gostaria que soubesse que estarei na torcida por você,

Pode esquecer todo o resto, apenas não apague o quanto o amei,

Embora seja piegas, eu senti algo muito intenso me acalorar a pele,

Se foi pouco, embora não faça diferença fiz o máximo que pude,

Esse meu discurso contanto que não soe persuasivo,

Gostaria apenas que te fizesse refletir um pouco, um minuto ao menos,

 

Dedicar este pequeno lapso temporal por quem se entregou tanto,

Não fara diferença neste seu relógio cronometrado, mas fará por nós,

Desculpa, se insisto nisso, apenas acredito ter me entregado o bastante,

Essa discussão embora não seja adequada para esta hora,

É oportuna para o momento, sinto que estamos fugindo um do outro,

Te vi olhando a porta, acho que talvez não tenhamos mais esta oportunidade,

 

É certo que minha atitude soaria em melhor tom se o estivesse a beijar,

Se me entregasse por completo em cada carícia, se repetisse o quanto o amo,

Mil vezes mais a cada instante o suficiente por uma vida inteira,

Porém, não consigo apagar nossa distancia em carícias dispersas em seu rosto,

Ainda que não pareça, preciso mais que isso, tento gravar a cena em minha alma,

Para que quando o fim que se aproxima te coloque distante, eu ainda possa recordar,

 

Era fato que o que começou incerto não teria motivos para terminar bem,

Não importa o quanto o meu coração se negue a esta verdade,

Nós sempre soubemos disso, em cada encontro, em cada momento,

Mesmo sozinho, quando você estava disperso pela cidade,

Não era em mim que pensava, eu já sei disso, estou forte o bastante para admitir,

Mesmo tendo feito tudo que fizemos você nunca se entregou para mim,

 

Eu nunca quis confessar, mas sempre via uma sombra em seu olhar,

E essa sombra te envolvia, mesmo com minhas carícias, e eu não conseguia te encontrar,

Minha escolha errônea era fadada ao fracasso, meu coração se fechara para o fato,

Estar com você ao meu lado, viver tudo que vivemos, me daria forças para lutar por nós,

Eu me apeguei a isso com toda a força que possuía, você via isso em mim, não via?

Não é da minha alçada ser a guardiã do amor, mas como me recusaria a nós dois?

 

Nunca me importara o quão distante estivesse o seu olhar, contanto que estivesse comigo,

Considere isso, na hora em que você pegar seu casaco, e passar pela porta,

Apenas não tente levantar meu rosto cabisbaixo, não ouse buscar em meus olhos,

Nem tente me dar um último abraço, quem é que se apegaria a beijos de despedida?

É fato que entre nós, esta distância forçada nunca resistiria, não comigo,

Se é a distância que você procura, não tente se aproximar de mim, eu não consigo mantê-la,

 

Embora eu não considere esta questão fechada, creio que você já decidira por nós,

Há uma brisa fria, suave e breve que passa pela janela, ainda consigo sorrir um pouco,

Aproveite a deixa, não se atenha ao que sinto, consulte o que você acredita e vê em si mesmo,

Se ao procurar em você não tenha encontrado nós dois juntos, não ouse olhar para trás,

Algo mudara nele, pude notar sua expressão um tanto severa, será que eu o havia ferido?

Abaixei a cabeça pendendo-a para o lado esquerdo, não me parecera que estivesse errada,

 

As palavras que saíam da minha boca, não estavam embebidas em carícias,

Sem disfarces para elas, talvez soassem com a sensação de terra no rosto,

Ferindo em pequenas doses controladas, mas como calar o que eu sentia?

Se haveria alguma decisão a ser tomada, eu não deveria participar já que se referia a nós?

Amar era muito mais que isso, desejo fútil não satisfaz por uma vida inteira,

Apesar de eu me recusar a aceitar, o amor ao qual eu me entregava, por nós dois,

Mesmo sendo tudo para mim, era incapaz de nos manter juntos por toda a vida,

 

Sem avistar o seu olhar, eu sentia que teria mais forças para deixa-lo partir,

Senti um arrepio percorrer a espinha, ele havia parado, estava receoso agora,

Desejei que se movesse para trás e me envolvesse em um abraço protetor,

Mas não houve nada, nem um único movimento, mas eu sentia-o respirar,

Poderia acreditar que ele estivesse refletindo conforme o meu pedido,

No futuro, ele não se recusaria a amar com tanta maestria,

Talvez, tivesse algo que valasse a pena lembrar, ainda que não comigo,

Ele teve o seu valor em minha vida, acredito que eu tenha conseguido demonstrar...

A porta se abrira, instantes após estava fechada, eu estaria sozinha agora?

 

Às vezes, há coisas em nosso coração que estão distantes da compreensão,

Podia entender bem sobre isso agora, mesmo que se ame com toda a força,

Os atos aptos a demonstrar podem não encontrar meios para agirem,

Mesmo que haja entrega completa existem barreiras intransponíveis para forças humanas.


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Seu Gosto Em Mim...

 


O amor realmente nos eleva para os céus,

Senti isso assim que me vi em seu abraço,

Segura e indefesa entre seus lábios de mel,

O instante em que suspiros apaixonados romperam o silêncio,

Me deixou incrédula no que tange ao quanto eu poderia amar,

 

Ele acariciava meu rosto com sua mão e em seu olhar seguro

Havia a mesma incredulidade refletida,

Meus gemidos afagavam os lábios do homem que eu amava,

Seu calor percorria meu corpo com espasmos de amadorismo,

Um sorriso incontido abriu meus lábios,

Embora eu não pudesse me identificar como alguém inexperiente,

O que eu vivi naquele instante em seus braços me soava diferente,

 

Minha boca sedenta soluçava seu nome como um afago,

Eu queria gravar cada detalhe, isso protegeria o que eu sentia,

Muitas pessoas se magoam através do amor e tentam reconstruir-se depois,

Eu ouvi falar que muitas fracassaram, mas isso estava distante agora,

Segura em seus abraços eu sentia que nada poderia me abalar,

Acariciada por seus beijos eu me via protegida dessas tentativas fracassadas,

 

Se algumas dessas pessoas o encontrou por aí sozinho,

Não foi capaz de conquistar seus carinhos por muito tempo,

E isso me deixava em vantagem, pois os ponteiros do relógio seguiam,

Sem que percebêssemos ou desejássemos nos desvencilhar,

Havia um elo entre o seu coração e o meu, e nós sabíamos disso,

O pulsar que uniu nossa emoção se recusaria a roteiros já escritos,

 

Ele silvou, um eu te amo em notas baixas sobre minha boca,

Pronto, nenhuma barreira em mim resistia ao sentimento,

Cada detalhe dele me convencia cada vez mais sobre o que eu sentia,

Havia um tom grave de segurança em sua voz máscula,

Que ressoava em mim e despertava o meu melhor para fora,

Retribuindo em carícias cada letra de sua frase, com toda a alma,

 

Repeti seu nome com um sorriso, honrada por ser dele,

Minhas noites insones tinham encontrado razão nele,

Meus passos imprecisos ganharam a perfeição do seu abraço,

Desejei me entregar completamente, esquecer os erros,

Diante dele os fragmentos se juntavam e ganhavam sentido,

Os erros de outrora encontravam entendimento,

Sendo, por isso, abandonados e esquecidos em cada abraço,

 

Por mais que fossem poucos os erros,

Os abraços eu desejaria por muito tempo,

O tempo de uma vida e mais um pouco,

Os beijos e os afagos vinham como aplausos,

Um apoio mútuo pelo caminho percorrido,

Pelos passos imprecisos até encontrarmo-nos,

 

Eu não me movia e embora silenciosa, dizia muito,

Em cada carícia, entregava um pouco da minha alma,

E recebia um pouco da sua, por que teria que ser díspar?

Minha tentativa de evitar o amor fracassou ao primeiro olhar,

Apesar de todas as tentativas evasivas de me sentir amada,

Desta vez, não me senti abstrusa, do contrário, estava segura,

 

Ele era alto, possuía o corpo bem definido e uma alma genuína,

Abraçada a ele, eu não tinha porquê me desviar da força da atração,

Sua voz soava como uma execução rápida para as dúvidas do meu coração,

E o restante dele tinha aquele quê de nunca conseguir amar por inteiro,

Seus lábios eram embebidos em gostinho de quero sempre mais,

Eu tentava conter meus impulsos em uma busca por não ser ríspida,

 

Nos beijávamos em público, alguém poderia desgostar do que via,

E naquela hora, infelizmente, isso era o que menos importava,

As nossas necessidades por libertar as carícias nos afugentavam dali,

Porém, a urgência de trocar os afagos não permitia nos mover,

Os beijos trocados soavam como promessas por nossas faces,

Mesmo silenciosas elas conseguiam afugentar os medos para longe,

 

Eu precisava dele em minha vida, senti isso em seu olhar,

E agora em seu abraço tinha certeza, minhas carícias soavam distintas,

Se o destino havia escrito algo sobre nós, eu sentia que poderia modificar,

Reescrever nossa história com palavras pronunciadas pela alma,

Não que me recusasse ao amor, não pairavam dúvidas para recompor,

Apenas guardava a certeza de que não iriamos nos separar,

 

Nossos carinhos pareciam medidos em nosso sentimento,

Cada êxito de cada afago era expresso no brilho do rosto,

Sentir o amor se desenvolver em mim e ganhar a forma de afagos,

Era o sentimento mais intenso que eu já havia experimentado,

Se Deus realmente sabe o que faz, soube fazê-lo para mim,

Cada detalhe seu me preenchia e me deixava extasiada e feliz,

Aqueles que duvidam sobre as escolhas do amor, vão se descobrir enganados,

Eu descobri isso, assim que ele veio ao meu encontro e eu pude provar dos seus afagos.

Então, o Coração Falha?

 

Que tipo de amor posso entregar se não paras de me machucar,

Ela chutou a grama levantando uma nuvem verde à sua frente,

O orvalho da manhã ainda adornava as plantas com um quê de tristeza,

Havia se apegado a ele com facilidade, agora seria difícil esquecer,

A relação entre o que você recebe, o que reflete e o que devolve,

Parece conter uma linha tênue, naquele instante ela a percorria,

 

Trôpega, temia perder o caminho, escorregar e ferir-se,

O amor que a conquistara outrora afastara-se para longe,

Lá naquele ponto em que ele se colocava e absorvia-se,

Como se estivesse distante demais para que pudesse alcançar,

A atitude de indecisão que via em seu olhar a feria sobremaneira,

Seria fácil objetar por sua atenção, mas isso a contrariava,

 

Naquele cenário de amor perfeito tecido em sonhos de ceda,

O amor se fez submisso as ofensivas se colocando distante,

O sangue que fazia o coração bater mais forte com sofreguidão,

Agora escurecia o olhar contendo tudo menos a antiga paixão,

Metade de si protestava a outra tentava juntar os fatos,

Amor e razão sempre foram capazes de trabalhar juntos,

 

Se haveria algo pelo que correr os riscos das consequências,

Seria o amor, não aceitaria a derrota submissa,

Seu primeiro contato visual demonstrara fúria incontida,

Um segundo repousado em seus lábios macios,

E o sentimento de carinho invadiu-a por inteira,

Quando o amor fala alto não há quem resista a ouvi-lo,

 

Não desistiria do seu amor, não enquanto houvessem meios,

Havendo uma única alternativa para ambos, lutaria,

Qualquer coisa que pudesse fazê-lo se voltar para os dois,

Juntaria todas as armas, buscaria de todas as formas,

Nunca fora fã de amores mornos, que não se decidem por nada,

Ao aceitar provar seus lábios ela se aventurara aos riscos, então, ele esquecera?

 

Pode ser que ele tenha deixado seu sentimento para trás,

Perdendo-o em algum lugar do caminho difícil que viviam,

Mas ela se muniria de todas as forças e o buscaria,

De lembrança a lembrança recriaria cada beijo, cada carícia,

O mérito de amar sem medidas era dele, fora ele quem a despertara,

Suas atitudes até o agora, talvez fossem insuficientes, mas não se quedaria,

 

Um grunhido furioso e sem cautela saíra estridente dos lábios dela,

Algo no fundo do peito gritava desesperado por sua alma,

Qualquer meio que fosse para não se abater pelo caminho,

Se ele havia se perdido pelo destino, ela persistiria em seus passos,

Do contrário iriam se afastar até nunca mais verem um ao outro,

E esse sentimento tão profundo que a possuía, se desintegraria...

 

Lágrimas silenciosas escorriam por seu rosto misturando-se ao orvalho,

O molhar da noite com o sangrar do dia se misturavam na terra fria,

O sol logo sairia, mas dentro dela será que algo resistiria deste amor?

Um tremor nervoso percorreu seu corpo, ele havia lhe dado as costas,

A liberdade tingia o sol do horizonte em um azul celeste e sem nuvens,

Mas dentro dela a necessidade se recusava a seguir sozinha, sem ele,

 

Um sentimento dissimulado de repulsa queria gritar dos seus lábios,

Mas ela o conteve, houve um instante de silêncio incrédulo,

Ele possuía as chaves do carro em mãos e estava prestes a partir,

Seu coração não acreditara naquilo a alma fora a primeira a reagir,

“Parece que tudo que vivemos juntos teve um preço,

Quando aceitei nosso amor eu não me atentei aos termos,”

 

Ela não conseguira terminar a frase, ele dera partida e se esvaiu,

Tal como a sua força que a jogara contra a terra úmida,

De joelhos e mãos sedentas, juntou um maço de grama,

E jogou-a contra o vento, vendo sua aliança brilhar sob a luz do dia,

É possível, depois de amar tanto, esquecer assim do nada?

Ela sorrira, olhara para a porta da casa aberta e convidativa,

 

Ficara sem forças para ir até ela, permanecera ajoelhada,

O olhar de superioridade com que ele a olhara a ferira,

Aquele quê de humildade com que a havia conquistado, onde estaria?

A primeira ideia que lhe surgia era a de esquecer tudo,

Trocar a fechadura, negar a ele a cópia,

Mas os olhos dele ainda pareciam aqueles mesmos,

 

Ao partir sem dar satisfação desconsiderou o valor do seu amor,

Sua alma não era de mentira, aceitara a proposta sem repensar,

Mas seu coração pulsava entristecido, amava-o sussurrava baixinho,

Ela hesitava, tentava escolher as atitudes, rever suas alternativas,

Uma repesagem sobre os acontecimentos e feria-se em tudo,

Tentava não dar a raiva a opção de interferência, então chorava,

 

Por onde começar quando o amor coloca você de cabeça para baixo?

Quando todo o sentimento que você entregou é jogado contra o seu rosto?

Mil coisas vêm em mente, mas nenhuma serve para trazê-lo de volta,

Tudo que você se apega ou acredita parece cair na armadilha do nada,

Sem validade, sem conteúdo, sem capacidade para fazê-lo ao menos recordar,

Tentava fazer uma pausa em suas ideias, elas pareciam feri-la ainda mais,

 

Sussurravam ao seu ouvido que já não era mais amada

E ainda ousavam cogitar nunca ter sido,

Amar não é opcional, surge no coração ou não, mas e quanto aos seus olhos?

Seu coração estava assustado com tudo aquilo, confuso, se dizia: incrédulo,

Com toda a sua experiência em buscar a verdade no fundo de cada alma,

Terminou por se identificar com aquela. Ele, teria falhado e agora?


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Frente a Frente

 

O amor pode iniciar com um olhar ou um aceno de cabeça,

Mas apenas mantem-se com esforço pessoal de cada um,

Moderação nos atos e palavras requerem prática,

Abandonar a vida individual para conviver em casal

Requer amadurecimento e algum sentimento intenso o suficiente,

O amor estava a sua frente e o mundo todo parara neste instante,

 

Havia uma chama em seu olhar e ela desejava inflama-la,

Até vê-lo queimar por inteiro e sua chama alcança-la,

O mundo poderia pertencer-lhes, mas ela desejava ser única,

Ser dele para todo o sempre, mas isso não dependia dela,

Por trás daquela chama havia algo escondido a muito tempo,

Ante segredos, fazer o amor sobreviver poderia não obter êxito,

 

Sobreviver era muito mais que saciar a sede em beijos mornos,

Embora sucumbir não fosse nada comparado ao seu óbice,

O amor não correspondido nunca passara de perda de tempo,

O modo como as pessoas se posicionam dizem muito sobre elas,

Agora deveriam saber sobre o que ela sentia ao olha-lo,

Seu desejo deveria estar exposto por todo o rosto iluminado,

 

Seu coração sobressaltado com a visão de encantamento,

Não deixava margens para erros ou não permitia pairar dúvidas,

É certo que para cada decisão há sempre alternativas múltiplas,

Quem roubaria o direito de escolha de alguém? Ele parecia concordar,

Era como se os seus olhares se identificassem e conversassem,

Sem palavras ou mesmo gestos, algo visível mesmo ao longe,

 

Mas é certo que nem tudo que se quer se coloca ao seu alcance,

Às vezes, pode haver um empecilho qualquer, um outro alguém,

Ela olhou em seus dedos, não avistou nenhuma aliança,

Havia apenas um anel bonito que identificava formatura,

Ele parecia um homem inteligente, culto, altivo, educado,

O mundo deveria colocar-se ao dispor dele ao mero desejo da sua voz,

 

Mas ela não se permitiria abalar, buscaria conquistar seus afagos,

O amor que pertence ao nosso coração só pode ser entregue por nós mesmos,

E ela reconhecia a intensidade do que sentia,

Ninguém poderia ama-lo da mesma forma que ela,

Ela sentia que a fagulha do olhar dele se intensificava diante dela,

Ele a queria, não tinha como negar, ele parecia reconhece-la,

 

De passo a passo, ela se aproximaria, há oportunidades únicas na vida,

Situações e pessoas que não se repetem, embora suas atitudes fossem ingênuas,

Não perderia a oportunidade de demonstrar o que sua emoção continha,

Há causas que afastam pessoas para sempre, ela seria cautelosa,

O que sentiu dentro da sua alma era intenso demais para ser esquecido,

O desenvolvimento de uma relação suscita aproximação de ambos,

 

Conquanto a relação da conquista com a rejeição andar de braços dados,

Naquela hora ela parecia estar em queda, ficando distante dos dois,

Não havia porquê entrar em competição, não haveria medição de forças,

Mas, uma proposta de apoio mútuo em que um poderia acolher o outro,

É certo que corações solitários um dia decidem entregar-se ao amor,

Poderia ser hoje o dia, só dependeria de um consenso recíproco,

 

Primeiro, havia aquele sentimento de rejeição dizendo no ouvindo,

Não, você não serve para ele, você não está à altura do que ele sonha,

Mas as batidas do coração sempre soam arbitrárias neste momento,

Ousam refletir aquele olhar de súplica que pede para se aproximar,

Pode ser que este instante reflita questões internas, mas imprecisas,

Então, nega-se a este sentimento avesso que distancia de maneira previa,

 

Se o olhar confirma as intenções há ausência de razões para afastar-se,

Em segundo instante, guiada pelo aceite das suas investidas,

Olha-se para a boca macia dele e imagina um beijo ou um roçar de face,

Ela imaginava que fosse dessa forma, não se colocaria a distância,

Essa ideia parecia ser eficaz até testa-la em plena calçada da avenida,

O resultado poderia ser desfavorável, mas quem recusaria um cortejar?

 

Parecia haver um confronto direto entre o que ela queria e a prática,

Presunção prima facie de algumas risadas e um amigo de rodada de cerveja,

Precisava se agarrar a ideia de distância e deixa-la duramente restringida,

Do contrário, nem ao menos se aproximaria, se houvesse restrição que fosse da alma,

Não permitiria pairar entre eles nenhuma outra,

Quais as chances de êxito de um amor não declarado? Nenhuma,

 

Quando se parte em direção a quem se ama não há identificação com a perda,

Perde quem fecha-se em si mesmo, quem nega ao coração a entrega,

Ah, mas este sentimento de timidez parecia ser sua maior fraqueza,

Ela precisaria contê-lo a tempo, do contrário nada aconteceria,

Será que ele poderia fazer algo diferente além de apenas sustentar seu olhar?

Ele apontou para o céu nublado, “acho que vai chover” disse com um sorriso,

 

Já estavam perto um do outro, ela não havia percebido entre seus devaneios,

Pararam alguns segundos diante um do outro em silêncio risonho,

Ele fez um gesto para o alto, ela acompanhou sem deixar de observá-lo,

“Acho que irão rir de nós se permanecermos aqui parados”,

Ela disse, com o costumeiro sorriso ingênuo, estava certa sobre o beijo previsto,

Metade dela saltitava, a outra mantinha aquele sorriso bobo.

Depois das Duas da Madrugada...

 

Ela olhou para o relógio, duas da madrugada,

Com o canto dos olhos procurou a porta, ainda fechada,

Ele havia saído com amigos mas combinou que voltaria,

Já era tarde, ela sentia-se cansada, aonde ele estaria?

Sozinha, como estava, poderia ser alvo de infortúnios,

Uma dor de cabeça a atormentava, doíam os dedos,

 

Tentou fazer uma pausa em seus pensamentos incertos,

A sala estava absolutamente quieta, a tv estava em silêncio,

Imagens iam e vinham, mas nada conquistava sua atenção,

Por mais que estivessem interessantes, pareciam não dizer nada,

Poderia desliga-la, ouvir uma música, escolher uma leitura sem emoção,

Por que ele se demorava tanto, havia esquecido que estava sozinha?

 

Casar para depois não ter com quem dividir a cama? Ideia vazia,

Precisava priva-lo dessa sua frequência em se ausentar,

Isso a deixava inquieta, trôpega sobre as paredes vazias,

Tentava juntar os fragmentos de suas ideias, mas não conseguia,

Tudo que haviam prometido um ao outro caíra em ilusão,

Não era mais que a cera que iluminava o escorregadio do chão,

 

Fosse insensata, teria tropeçado nos percalços, mas não cederia,

Cair poderia fazer com que seus sonhos quebrassem pelo espaço,

Cada partícula poderia vir contra seu rosto, ferida por suas crenças,

O amor que prometia e o que agora voltava-se contra, era o mesmo,

Não houveram batidas na porta, ninguém tocou a campainha,

Somente o silêncio da sala vazia a fazer-lhe companhia,

 

Poderia ter ido se deitar, mas ao invés disso perdia o sono, inerte,

Preocupada com sua demora, insegura com medo de um acidente,

O tráfego, embora não fosse tão intenso a essa hora, ainda poderia ferir,

Talvez, ele tivesse vindo antes para casa, quem sabe estivesse em problemas,

E ela ali, insegura, mais preocupada consigo mesma, incerta do que sentir,

Indecisa com as ideias que a tomavam de si mesma e a levavam para fora,

 

Fez um esboço de sorriso pelo rosto frio, tentando encontrar uma sensação boa,

Algo que a tirasse daquele pesadelo, que fizesse com que ele abrisse a porta,

Da mesma forma de sempre, ignorando a demora e qualquer outra coisa,

Agarrado a alguma desculpa, não gostaria obter notícias ruins,

Por mais que se sentisse magoada, se apegava a segunda opção: a de que o amava,

A primeira, sobre estar magoada, poderia ser deixada para a luz do dia,

 

Ela olhou pela segunda vez no relógio que brilhava em seu pulso esquerdo,

Desejou que as horas retrocedessem e que o trouxessem conforme combinado,

Quando uma pessoa promete algo não deve empenhar-se em cumpri-lo?

O homem com quem se casou agora parecia diferente, distante, ausente,

As conexões que outrora os uniram de forma apaixonada não eram mais tão fortes,

Pareciam insuficientes para aquele sonhado para todo o sempre,

 

Pensei que duraria, que estaria realizada, que nossos sonhos tomariam forma,

Estava enganada, aliás, redondamente enganada, as coisas estavam fora de prisma,

Até mesmo suas medidas estavam estranhas, havia engordado as roupas não serviam,

Mesmo os móveis projetados daquela maneira não atendiam suas expectativas,

Havia se dedicado por inteira, se entregado com concentração a aquela sala,

Mas agora, sentada daquela maneira incerta, nada parecia atende-la como quando vazia,

 

Pareceu-lhe que quando não tinha nada e poderia ser projetada da forma desejada,

Conseguiria atender a aquilo tudo que ela sentia abraçada a ele na hora da escolha,

Mas, agora, transcorrida as duas horas da madrugada, aquilo já não lhe dizia nada,

Olhou para o quadro em que estavam abraçados, pendurados na parede roseada,

Pôs-se em pé, a examina-lo, algo parecia errado em seu sorriso, parecia haver uma mancha,

Ao pegar uma cadeira para alcança-lo, tropeçou e caiu de encontro a ele, não sobrou nada,

 

Ela levou as duas mãos ao rosto em lágrimas e agora como explicaria a queda?

Havia quebrado o quadro com a fotografia, seu joelho doía, o rosto avermelhava,

O quão estranho era quando o pensamento tomava forma e se realizava,

Pensou consigo mesma, isso a fez secar as lágrimas, retornou ao sofá,

Deixou para depois recolher o vidro quebrado no chão de cerâmica,

Haviam estilhaços por toda a parte, o chão estava rasurado, sua cara arroxeada...

 

Dizem que uma notícia ruim precede a outra, olhou para a porta, ainda fechada,

Desgraça completa depois de sofrer de angústia usaria a madrugada para faxinar,

Pelo menos teria uma desculpa para manter-se desperta, a queda de sua alma,

Que azar o dela, agora encontravam-se em igualdade de faltas sofridas,

Ele com sua demora desmedida e ela com sua queda em palpável amargura,

Olhou para o dedo, avermelhado e inchado, agora teria que remover a aliança,

 

E aquela maldita porta continuava inerte, silenciosa, fechada e absorta,

Ela emitiu um sorriso incontido e triste, removeu a aliança, a pôs sobre o sofá,

Olhou para ela antes de buscar água para se refrescar, esperava não esquecê-la,

Seria muito trágico perde-la em meio as almofadas, de tudo o que sentia àquela hora,

O medo não era a ideia mais afluente, apenas a apreensão volta e meia voltava,

Insegura, distante com um gosto de agonia, sua dor de cabeça se desenvolvia,

 

Ela olhou em volta, queria encontrar uma resposta para tanta demora,

Tentou sustentar o olhar em outro cômodo, mas a ideia da porta a tomava,

Tentava corrigir o deslize, evitar escorregar para aquele sofá e esperar,

Ele chegaria em instantes, não havia motivos com que se preocupar,

Ela olhou para o relógio da parede, contou os ponteiros, estavam correlatos,

Se indagou se ele havia incorrido em algum lapso, ou se a havia esquecido,

 

Ela estava sempre ao seu lado, talvez, desejasse algo mais apropriado,

Quando se está na companhia de amigos é fácil perder o tempo...

Ela permitiu ao pensamento pairar para o ar por um momento,

Deixou que os segundos saíssem do seu pulso e passassem para o alto,

Aquele transcorrer de segundos a feria por dentro a olhos vistos,

Um tremor percorreu-a, havia sido assim em seu relacionamento anterior...


Um Beijo Sem Precedentes

 


Ela pulou nos braços dele com o coração aos saltos,

Tentando sufocar a saudade de instantes sem se ver,

Ela sentia que se o apertasse com toda a força,

Recostando seu coração ao dele, poderia aplacar a saudade,

Atenta principalmente para o sorriso que brilhava nele,

E refletia nela como uma brisa a acariciar sua pele negra,

 

Não havia como identificar todo o amor que sentiam,

Era algo intenso que aumentava a cada olhar, a cada instante,

Era como se a cada encontro mais amor brotasse deles,

Eles valorizavam um ao outro com uma razão incontida,

Sabe aquele momento em que tudo que você sente

Se derrama em afagos sem vazão que saiba expressar?

 

A liberdade de amar é apenas a base em que se segura,

Para demonstrar tudo que se sente de alma inteira,

E avaliar através dos resultados os carinhos entregues,

O êxito completo encontra-se em contemplar sua felicidade,

Ela beijava-o sôfrega, após colocava-se de lado,

Em uma atitude defensiva, adorava contemplar seu sorriso,

 

Não havia como entender se aquele amor se multiplicava,

Ou se era algo que esforço algum conseguia entregar por completo,

O certo é que não parecia acabar nunca, sempre havia mais,

Ela respirava fundo, segura em seu braço esquerdo,

Uma mão acariciava sua nuca e a outra afagava seu rosto,

Era uma troca de energia que parecia passar de um para o outro,

 

Quando algum infortúnio tocava um deles a deixa-lo triste,

O outro sempre tinha um beijo ou algo com que suprimir a dor,

O sentimento de um encontrava reflexo na outra face,

A liberdade nada mais é que entregar-se por vontade própria,

Amar porque se quer sentir isso, por identificar na própria alma,

O mesmo amor atribuído parecia se multiplicar entre as suas carícias,

 

Amar em demasia melhora o potencial de identificar sentimentos,

E com isso saber reagir ante as necessidades que constata no outro,

Ela sorriu ao constatar todo o seu amor refletido no rosto amado,

Encolheu-se um pouco, não sentia nenhum medo, o amor a segurava,

Através de braços fortes que se colocavam no entorno do seu corpo,

Nem mesmo todos os beijos do mundo faria com que se sentisse melhor,

 

Todo o tempo distante em que a saudade molhou sua face embebida em lágrimas,

Havia se colocado distante demais para ser lembrado assim que foi abraçada,

Assim que o viu em pé a sua porta, com o sorriso que ela tanto admirava,

No instante exato em que pulou nos seus braços e um beijo molhou sua boca,

Trocando o salgado da ausência por carícias incontidas de um casal que se ama,

Seu amor era tão imenso que parecia tocar o mundo e retornar em carícias,

 

Seria possível o mundo caber em um abraço apaixonado?

Se não fosse, poderia confessar que o gosto do seu beijo alcançava o paraíso,

Se sofrer fosse um fim inevitável, que fosse por amor, o que mais valeria o esforço?

A recompensa de cada abraço, cada beijo, cada sorriso, o afago dos seus olhos negros...

O emprego da expressão sofrimento deveria ganhar nova roupagem,

Ou melhor nenhuma, evita-lo parecia ser a atitude mais eficiente,

 

Bem, ver-se desnuda nos braços de quem se ama valia cada esforço,

Sem requisição para esclarecimento sobre a intensidade dos sentimentos,

Há desejos que devem ser resguardados para o âmbito de quatro paredes,

O amor envolvia um ao outro de forma que o deixava perplexos,

Extravasava de suas almas sem deixar vestígios que o pudesse conter,

Sempre aumentava de forma estranha, consumindo-os sem nunca se ver saciado,

 

A realização de um encontrava respaldo na satisfação do outro,

O sorriso que iluminava um rosto procurava reflexo pelo canto do olho,

Até encontrar-se refletido, mesmo que por mero gesto instintivo,

Procurava abrigo, procurava respaldo, como um afago solidário,

Suas necessidades se identificavam e seus gestos demonstravam isso,

Sentiam-se realizados por algum critério externo, junção de valores e objetivos,

 

Mãos dadas mesmo quando distantes uma da outra, buscando sonhos,

A atenção de ambos se encontrava em duas escalas,

A de realizar-se para verem-se realizados, harmonia de atos,

Identificação, reconhecimento e respostas conforme as rogativas,

Ela enlaçou suas duas mãos envolta ao pescoço dele e beijou-o,

Se contorceu um pouco trazendo ele para frente, após isso,

 

Moveu a perna direita com um gesto medido e decidido,

Fechou a porta com um único movimento, trancando-a,

Se afastou do beijo jogando a cabeça para trás em um sorriso,

“Agora você é todo meu mocinho, esteja preso sob minhas garras,”

Ele a manteve no colo usando o braço direito, subiu o esquerdo,

E o beijo demorado que ocorreu lá dentro não encontrou precedentes.


Comida do Leito do Rio

E, Houve fome no rio, Os peixes Que nasceram aos montes, Sentiam fome. Masharey o galo Sofria em ver os peixes sofrerem, ...