Ela pulou nos braços dele com o coração aos saltos,
Tentando sufocar a saudade de instantes sem se ver,
Ela sentia que se o apertasse com toda a força,
Recostando seu coração ao dele, poderia aplacar a saudade,
Atenta principalmente para o sorriso que brilhava nele,
E refletia nela como uma brisa a acariciar sua pele negra,
Não havia como identificar todo o amor que sentiam,
Era algo intenso que aumentava a cada olhar, a cada
instante,
Era como se a cada encontro mais amor brotasse deles,
Eles valorizavam um ao outro com uma razão incontida,
Sabe aquele momento em que tudo que você sente
Se derrama em afagos sem vazão que saiba expressar?
A liberdade de amar é apenas a base em que se segura,
Para demonstrar tudo que se sente de alma inteira,
E avaliar através dos resultados os carinhos entregues,
O êxito completo encontra-se em contemplar sua felicidade,
Ela beijava-o sôfrega, após colocava-se de lado,
Em uma atitude defensiva, adorava contemplar seu sorriso,
Não havia como entender se aquele amor se multiplicava,
Ou se era algo que esforço algum conseguia entregar por
completo,
O certo é que não parecia acabar nunca, sempre havia mais,
Ela respirava fundo, segura em seu braço esquerdo,
Uma mão acariciava sua nuca e a outra afagava seu rosto,
Era uma troca de energia que parecia passar de um para o
outro,
Quando algum infortúnio tocava um deles a deixa-lo triste,
O outro sempre tinha um beijo ou algo com que suprimir a
dor,
O sentimento de um encontrava reflexo na outra face,
A liberdade nada mais é que entregar-se por vontade própria,
Amar porque se quer sentir isso, por identificar na própria
alma,
O mesmo amor atribuído parecia se multiplicar entre as suas
carícias,
Amar em demasia melhora o potencial de identificar
sentimentos,
E com isso saber reagir ante as necessidades que constata no
outro,
Ela sorriu ao constatar todo o seu amor refletido no rosto
amado,
Encolheu-se um pouco, não sentia nenhum medo, o amor a
segurava,
Através de braços fortes que se colocavam no entorno do seu
corpo,
Nem mesmo todos os beijos do mundo faria com que se sentisse
melhor,
Todo o tempo distante em que a saudade molhou sua face
embebida em lágrimas,
Havia se colocado distante demais para ser lembrado assim
que foi abraçada,
Assim que o viu em pé a sua porta, com o sorriso que ela
tanto admirava,
No instante exato em que pulou nos seus braços e um beijo
molhou sua boca,
Trocando o salgado da ausência por carícias incontidas de um
casal que se ama,
Seu amor era tão imenso que parecia tocar o mundo e retornar
em carícias,
Seria possível o mundo caber em um abraço apaixonado?
Se não fosse, poderia confessar que o gosto do seu beijo
alcançava o paraíso,
Se sofrer fosse um fim inevitável, que fosse por amor, o que
mais valeria o esforço?
A recompensa de cada abraço, cada beijo, cada sorriso, o
afago dos seus olhos negros...
O emprego da expressão sofrimento deveria ganhar nova
roupagem,
Ou melhor nenhuma, evita-lo parecia ser a atitude mais
eficiente,
Bem, ver-se desnuda nos braços de quem se ama valia cada
esforço,
Sem requisição para esclarecimento sobre a intensidade dos
sentimentos,
Há desejos que devem ser resguardados para o âmbito de
quatro paredes,
O amor envolvia um ao outro de forma que o deixava
perplexos,
Extravasava de suas almas sem deixar vestígios que o pudesse
conter,
Sempre aumentava de forma estranha, consumindo-os sem nunca se
ver saciado,
A realização de um encontrava respaldo na satisfação do
outro,
O sorriso que iluminava um rosto procurava reflexo pelo
canto do olho,
Até encontrar-se refletido, mesmo que por mero gesto instintivo,
Procurava abrigo, procurava respaldo, como um afago
solidário,
Suas necessidades se identificavam e seus gestos demonstravam
isso,
Sentiam-se realizados por algum critério externo, junção de
valores e objetivos,
Mãos dadas mesmo quando distantes uma da outra, buscando
sonhos,
A atenção de ambos se encontrava em duas escalas,
A de realizar-se para verem-se realizados, harmonia de atos,
Identificação, reconhecimento e respostas conforme as
rogativas,
Ela enlaçou suas duas mãos envolta ao pescoço dele e
beijou-o,
Se contorceu um pouco trazendo ele para frente, após isso,
Moveu a perna direita com um gesto medido e decidido,
Fechou a porta com um único movimento, trancando-a,
Se afastou do beijo jogando a cabeça para trás em um
sorriso,
“Agora você é todo meu mocinho, esteja preso sob minhas
garras,”
Ele a manteve no colo usando o braço direito, subiu o esquerdo,
E o beijo demorado que ocorreu lá dentro não encontrou
precedentes.
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