segunda-feira, 15 de março de 2021

Um Rosto Estranho e Significativo

 

Nenhum movimento, nenhum som, nem um suspiro aos seus ouvidos,

Sabe aquele instante em que o olhar fala muito mais que a voz?

Sabe, aquele segundo único em que o coração pulsa forte o bastante,

Para ser ouvido por quem quer que fosse, latejante sobre a pele?

Este momento chegara, justamente quando ela desejara evita-lo,

Logo que ensaiara seus passos mil vezes em frente ao espelho,

 

Um segundo após, dar o primeiro passo sobre a calçada íngreme,

No mesmo instante em que se pusera sobre o salto vermelho,

Logo que erguera o rosto e esfriara o olhar em pose indiferente,

Justamente, naquele segundo ele passara por ela e ousara fita-la,

Parecia brincar com os sentimentos dela, era isso ou a amava,

Se a amava como poderia cruzar daquela forma segura e atenta,

 

Quando tudo no entorno dela ruía, quando tudo dentro dela se dilacerava?

Não fazia sentido, por que falar que amava daquela forma limitada,

Apenas um olhar na direção um do outro, um andar trôpego a passos descalços,

Por que, inevitavelmente, tudo nos seus entornos os feria,

Queda brusca de tudo que haviam imaginado para si mesmos

Na vã tentativa de manterem-se em distância segura do que sentiam,

 

Bem, se ele acreditava haver distância segura entre eles,

Ele disfarçava bem, ela nem ao menos tentava cogitar a ideia,

Estremecia, pisava em falso, mexia as mãos, olhava por todo o lado,

Aspirava o máximo que podia do seu cheiro, o mantinha guardado,

Nos poucos segundos em que se permitia encará-lo,

Registrava cada um dos seus traços, cada olhar cabisbaixo,

 

Cada segundo escondido na boca que implorava o beijo,

Mas mãos que ansiavam por contato, no corpo que pedia o abraço,

Aquele que embora jurassem pertencer ao passado,

Estava vivo em suas memórias e em cada um dos seus desejos,

Podia apostar que este fato tinha relação com o brilho dos seus olhos,

É certo que iria de encontro a tudo que havia ensaiado...

 

Mas, algo muito mais forte que ela o puxava para ele, as lembranças,

Sim, nada além das lembranças ainda os mantinham unidos,

Não havia nenhum desejo por reaproximação por novo contato,

Quanto mais ele seguia para o lado oposto ao que ele seguia,

Muito mais ela tinha certeza disso, o problema circundou a questão,

No instante em que ele parara atrás dela e a puxara pelo braço,

 

Ele provavelmente desejava adiantar a hora do juízo final,

Aquele instante em que tudo que esta engasgado na garganta

É cuspido em frases soltas sobre a cara do outro sem perdão,

Ela se manteve altiva, virara-se segura do tudo que pretendia falar,

Sobre cada lágrima, tudo que sofrera com sua ausência,

No entanto, ao encará-lo, percebera o triste erro cometido,

 

Ao verificar se tratar de outra pessoa, um homem bonito por sinal,

Mas não era ele, embora bastante similar, de perto não tinha traço algum

Que poderia convencê-la de que se tratava da mesma pessoa,

Agora, já ficava incerta quanto ao fato de ele ter ou não passado por ela,

Se antes a certeza sobre tê-la esquecido era cogitada, agora era afastada,

Se desvencilhou do contato, se manteve distante daquele homem,

 

Não entendera sua atitude, mas não pararia o que fazia para entender,

Imaginara que ele desapareceria da mesma forma que se aproximara,

Mas, quanto virara as costas e olhara para trás ele ainda estava lá,

Parado no mesmo lugar e olhando-a com um olhar de interesse,

Parecia que ele a conhecia de forma muito peculiar, ela balançara a cabeça,

Negava-se a ideia, tudo não passara de imaginação sua,

 

Apenas quisera com muita emoção encontra-lo e o imaginara na rua,

Coincidentemente provocara o contato com um estranho, nada íntimo para ser registrado,

Nada intenso o bastante para fazê-la lembrar nos segundos seguintes,

No entanto, não fora dessa forma que ocorrera, parecia vê-lo por todos os cantos,

Onde quer que andasse cruzava com ele, sua imagem estava presa em suas ideias,

Como se significasse muito mais do que ela gostaria de tolerar,

 

Com certeza não se tratava do homem que amava e que há muito não via,

A semelhança embora fosse incomum era vaga e imprecisa,

Anos a haviam separado de tudo que havia vivido com ele, isso era fato,

Mas, será que ele havia mudado dessa forma e agora vinha procura-la?

Ela levou as mãos a boca, soltara o copo de água que tinha em mãos sem notar,

Vira-o cair ao chão, molhando suas roupas, embora não absorvesse aquilo,

 

Pode sentir o sabor do beijo entre seus lábios carnudos e desejosos,

Com certeza não se tratava da mesma boca que havia visto,

O cheiro era peculiar, mas os lábios com certeza eram outros,

A altura, seria fácil confundir, o jeito como andava, os gestos precisos,

Mas, não, definitivamente, aqueles lábios não eram os mesmos,

Então, por que ele havia ficado preso em seu pensamento?

 

Por que, onde quer que ela fosse, agora parecia vê-lo?

Mera semelhança entre ele e o passado?

Um elo a leva-la a quem nunca havia esquecido?

Um desejo secreto por um beijo proibido?

Fosse como fosse, se entregar a ele não era seu objetivo,

E poderia apostar que ele desistiria dela no primeiro segundo,

 

Mas, dentro dela, seu coração pulsava desnorteado,

Desejava ardentemente retornar ao passado onde o havia deixado,

Onde, no mesmo instante em que seguira para longe dele,

Também, jurara nunca mais amar como fez com ele,

Ela precisava evitar aquele homem depressa e segura de si mesma,

Entregar-se a alguém para enganar o que sentia seria fatal para ela,

 

Sempre soubera que seguira na direção oposta ao que sentia,

Ele também tinha consciência quanto a isso e resistia,

Por que é que ela teria que ceder e se entregar a algo sem amar?

Apenas para recordar? Viver uma mentira seria o bastante para ela?

Beijar outra boca para se aproximar das memorias esquecidas?

Se entregar a um outro abraço em busca de um sonho que se perdera?

 

Queria que ele nunca tivesse cruzado por seu caminho,

Não o homem que havia deixado no passado: o outro,

Aquele que a olhara de forma significativa e ousara tocá-la,

Como se a reconhecesse, com um interesse abstrato na pele macia,

Não queria apostar na confiança dele, ao contrário, queria fugir dela,

Deixaria o medo alimentar as lembranças, não outra boca,

 

É certo que não sairia dali, de onde estava, correndo porta a fora,

Também, não ficaria parada olhando a água escorrer pelo chão frio,

Vendo o suor do nervosismo se entregar a aquela água límpida,

Olhara para os lados, não para busca-lo, não havia esse interesse nela,

Quando a isto estava segura, quanto a todo o resto não saberia,

Mas, não o encontrando, uma lágrima percorrera seu rosto,

 

Ela o buscara por sua volta, não havia ninguém ao seu redor,

Se abaixara para buscar o copo e uma mão se estendera para ela,

Aceitara sem prestar atenção ao fato, quando levantara os olhos,

Não esperara que ninguém a direcionasse porta a fora: correra como nunca.

O Amor Em Seu Caminho

 

É possível atribuir importância a momentos insignificantes,

Mas é impossível esquecer um amor destinado ao para sempre,

Embora estivesse com a testa franzida em expressão pensativa,

Ela estendeu a mão como se o sentisse seguro entre seus dedos,

Então, apesar de reconhecer que pudesse ter errado com ele,

Se permitiu admitir que o amaria em cada pulsar do seu peito,

 

É certo que esquecera sua altura, até mesmo a data do seu aniversário,

Mas, quanto ao sabor do beijo, nunca fora capaz de deixar para trás,

Ao contrário, era devido a ele que sentia forças para seguir seu caminho,

Mesmo que, por vezes, acreditasse que nunca mais ficariam juntos,

Mesmo que, chegasse a cogitar a possibilidade de ele tê-la trocado por outra,

Mesmo quando ela tentara suprir sua ausência em outras ideias errôneas,

 

Inconcretas com relação a tudo que sentia, mas plausível para o momento,

Em que, realmente, não se sabe qual a decisão mais correta a se tomar,

Mesmo que, sempre que tocasse outra boca ela fechasse os olhos,

Tentando enganar o que sentia, em seu íntimo ele vinha e tocava-a,

Ela sabia, dentro dela, que não sentia nada por nenhuma outra pessoa,

Mas, mesmo assim, se permitia seguir adiante, a espera de encontra-lo,

 

Movida por uma dor excruciante na garganta, que mesmo chamando por ele,

Se via sempre enganada por outro sabor, ácido descia dentro dela e feria-a, por dentro,

Admitia o quanto seria fabuloso tê-lo presente em sua vida, poder sentir sua pele,

Mas fingia não sofrer por ele, não naquele momento, e algo dentro dela cria nisso,

Tentava imaginar quanto tempo demoraria até que ele voltasse para a sua vida,

Mas deixava este pensamento para outra hora, tentava a todo custo ignorá-lo,

 

Quando se ama alguém, muito mais que a si mesma, é difícil precisar os próprios passos,

Acredita-se não estar errando, sabendo que cada passo andado está em falso,

Como poderia estar correto quando se anda a contramão do que se sente na alma?

Fosse como fosse, talvez, ele algum dia admitisse, também, sentir sua falta,

Quando dera por conta, soubera por outras fontes que seu aniversário havia passado,

Com três dias de atraso, ela cruzara seu caminho, lhe dissera olá, e seguira,

Não soubera, ao certo, o que ele absorvia de tudo aquilo, mas ela havia ficado com seu aroma,

 

Isso bastava, normalmente, depois de cruzar por ele, sentia-se reanimada,

Mas, aquele dia, ela desejara toca-lo, por um minuto ao menos, abraça-lo,

Mas ela não cedera – nem ele, e a dor dentro dela só piorava até que um dia,

Bem, chegaria o dia em que não aguentaria mais a distância entre os dois,

E algo bom se desenrolaria, era impossível ignorá-lo pelo segundo que fosse,

Mesmo a distância o sentia perto, era como se nunca se desvencilhassem,

 

O cheiro que absorvera dele, acalmaria seu pulsar acelerado e carente de sentido?

Logo ela saberia, não queria admitir amar tanto e de forma tão intensa,

Mas depois de se provar o beijo do amor da sua vida, há como resisti-lo?

Ela, com certeza nunca teria essa resposta, pois nunca tentaria evitar ama-lo,

Voltara o olhar para ele, tentando ignorar a vontade de abraça-lo,

Tentando manter-se distante do seu calor, tentando evitar as lembranças,

 

Parara a poucos metros de distância, embora não estivesse segura quanto ao que sentia,

Estava segura quanto aos seus atos, não se jogaria aos seus pés, implorando um beijo,

Não o olharia com os olhos lagrimejantes e o peito pulsante em amor incontrolável,

A distância em que se encontravam, mesmo se tudo isso acontecesse, ele não veria,

Havia um sol ofuscante àquela hora, isso dificultava a visão exata, ela, então o olhara,

Da forma mais significativa que podia, consciente de não ser percebida por ele,

 

Se os demais percebiam a química que pairava no ar ao redor deles,

Ninguém havia comentado nada, na próxima vez em que se cruzassem,

Ele comentaria qualquer atitude suspeita, agora o instante era empenhado a outra coisa,

Rememorar cada segundo, imaginando-se em seus braços, como em outrora,

Suspiros de apreciação, suspiros inquisitivos, suspiros competitivos,

Eram trocados entre eles sem que chegassem perto um do outro,

 

A distância segura, tudo lhes era permitido, inclusive jurar amor em silêncio,

Era tudo simples demais, mas... insuficiente, ela o desejava com sofreguidão,

A intensão nunca fora se distanciar da pessoa que mais havia amado,

Então, por que tudo aquilo havia se desenvolvido em suas emoções?

O foco deveria ser estarem juntos, estarem felizes como nos primórdios,

Mas, estavam separados e tristes, então por que motivo isso acontecia?

 

Com que base davam força a esta distância que feria a cada um deles?

Se olhavam com um furor que queimava as barreiras da distância,

Mas era insuficiente para vencer o orgulho e uni-los um ao outro?

Bem, talvez, ele não a amasse tanto quanto ela, embora ela se recusasse a crer nisso,

A testa dele estava franzida, ele esforçava-se para vê-la e parecia admira-la,

Mesmo ante o sol ofuscante, eles buscavam-se no silêncio de seus olhares,

 

A última coisa que queria, era dar mais um único passo adiante,

Não enquanto estivesse distante de tudo que mais se empenhava em esquecer,

E muito mais se convencesse do quanto o amaria por todo o sempre,

Podia ouvi-lo falar, não havia relutância alguma na fala dele,

Não naquela que ela imaginava, não naquela que a fazia se agarrar a sua mão,

E percorrer por ruas cheias de pessoas e vazias de tudo que mais queria...

 

O único motivo que fazia seu coração bater mais forte,

Seus pensamentos latejarem incoerentes, suas certezas se bambearem,

Ele, seu abraço, seus gestos, o amor é mesmo um indiferente?

Lhe toca a pele e faz com que se ame para sempre só para te obrigar a esquecer?

Lembre-se disso, parecia lhe ouvir dizer: a amarei por cada instante,

A beijarei em cada vez que eu a ver, com aquele sentimento da primeira vez,

 

Embora seus lábios estremecessem, pairando entreabertos para ela,

Sua voz não saia, mas seus olhos falavam ela os ouvira dizer: não ouvira?

Ela refletira por um segundo, baixara a cabeça para os pés, insegura,

Alguns poucos dias por ano o sol brilhava naquele ângulo direto,

E ele escolhera justo o dia em que cruzariam um pelo outro,

Naquele instante magico poderiam falar tudo que sentiam, sem serem... ouvidos?

quinta-feira, 11 de março de 2021

Movimentos Certeiros

Devagar, com passos decididos ela deixava a incerteza para trás,

Subindo cada degrau da escada, até parar na abertura da porta,

Olhara para trás, e o avistara, lançando um olhar terno a ele,

Ele ultrapassara ela, tentara evitar o contato que queimava a pele,

Com um sobressalto, ela o deixara passar, com um suspiro de alívio,

Conseguira resistir a jogar-se em seus braços, apesar do esforço,

 

Se houvesse algo que impedisse sua entrada, ele o havia rompido,

Qualquer coisa que a deixasse queixosa, não teria mais respaldo,

Sentira uma força única e encantadora em seu jeito másculo,

Seus olhos escuros apesar de tentarem omitir os fatos, amavam muito,

Ela entrara tremula, sua presença mexera demais com ela,

Era algo intenso o suficiente para que não conseguisse controlar,

 

Um homem íntegro e seguro de si, parecia conhecer cada passo,

Certeiro em cada um dos seus atos, a tomara forte em seus braços,

Quebrando qualquer forma de resistência que pudesse existir entre os dois,

De uma a uma as roupas foram deixadas de lado, almas e corpos desnudos,

Ela tentara evitar o momento em que ele abrira o colete, despedindo-se dele,

Já não haviam barreiras que os mantivessem separados, gestos fogueados,

 

Movimentos rápidos e certeiros, o vira sacar a arma, movendo-a entre os dedos,

Seus dedos perfeitos colavam-se a ela, como se fossem uma única forma,

Estava municiado, prestes a atirar, e ela amava mais que nunca ser seu alvo,

Ele andava de forma metálica, como se estivesse sendo difícil controlar o que sentia,

Posição ereta, porte seguro, estava a postos para agrada-la e ser servido,

Ela removia a correntes que a prendiam em ideias errôneas e vazias,

 

De frente para ele, não sabia precisar o que sentia, tremula e ansiosa,

Queria o seu toque, queria cada afago dele percorrendo seu corpo inteiro,

Era como se o cheiro dele a envolvesse e a impedisse de pensar direito,

Ela apenas desejava ser sua, com uma urgência que queima a garganta,

Estava a postos para o que ele quisesse dela, ser sua presa, sua caça,

Segura em seus dedos, feita de objeto aos seus caprichos,

 

Aproximara-se, com os lábios trêmulos de desejos e passos seguros,

Corpos nus, nada os impediriam de pertencerem um ao outro,

A centímetros do seu corpo, ela estendeu a mão em um gesto de carinho,

Antes mesmo de toca-lo, teve seu movimento contido por um punho de aço,

Vira-se presa, e virada de costas, com um único movimento brusco estratégico,

Sentiu o braço ser conduzido até a altura da cintura, sentindo a própria pele nua,

 

Na outra mão ele portava a arma, municiada, engatilhada entre seus dedos,

Suas pernas bambearam, teria caído no chão frio, se não estivesse segura,

Com um único movimento ele aproximara-se do seu corpo, quase colando-se,

Ela podia sentir o calor dele a percorrendo, seu cheiro embriagando-a,

O coração saltava até a garganta e implorava pelo nome dele, mas ela o deteve,

Sentia que a qualquer instante a arma gélida tocaria sua pele, mas estaria quente,

 

Era como se o calor que os unia derretesse o aço da insegurança ao seu redor,

Quase implorando por contato, o sentira soltar seu braço, mas permanecera inerte,

Sentira que o calor dele subia para o seu cabelo, em gesto instintivo e ansioso,

Seus braços o acompanharam, fazendo com que ficassem levantados e separados,

Assim que o sentiu prende-la pelos cabelos, soltara um grito de susto,

Enquanto abria as pernas para sentir o contato em seu íntimo, estava presa,

 

Sentia sua mão forte tocando sua nuca, e puxando-a ao seu encontro,

Buscando-o e evitando, deixando-a tremula e segura ante o seu corpo vigoroso,

Sua boca abrira extintiva, queria o beijo, desejava o contato, mas ele resistira,

Ela não desejava se soltar nunca, a arma, de repente parara de fazer diferença,

Queria que seu outro braço pudesse sentir seu coração agitado,

Tocasse-a, invadisse-a com aquele quê meticuloso de vigor masculino,

 

As veias dela pulsavam seu nome, em uma vibração que entregava seus movimentos,

Quando decidira tocá-lo, em uma tentativa frustrada de levar a mão para trás,

Vira-se jogada sobre a cama, de costas e estagnada em razão de paixão desenfreada,

Desejava seu toque, gemera seu nome de maneira sôfrega e tremula,

Um movimento brusco e certeiro, a tirara de sua posição de forçada resistência,

O jogo em que ela era campeã, se invertera, mas naquela hora, ninguém perdia,

 

Tudo acontecera rápido demais para conseguir pronunciar algo,

Só o que fazia sentido, era ser tomada por ele, até ver-se completa,

Embora, não soubesse mais precisar o significado de completa, ele era único,

Tudo se inovava aos seus carinhos, se expandiam dentro dela,

Virara o rosto para o lado, com a boca aberta à espera do beijo,

Sentira a arma ser deixada no chão com um estalo,

Era como se ele quisesse ganhar tempo,

 

Pensara que ele queria que implorasse, então, implorara por seu afago,

Sentira seu corpo queimar em movimentos involuntários,

Conforme ele se posicionava tomando seu corpo entre as mãos gélidas,

Acreditara que ele soltara a arma apenas para sentir o frio entre os dedos,

E isso em contato ao seu corpo quente, era bom, de um jeito desmedido,

Seu corpo fora coberto pelo dele, sem escapar um único vestígio,

Paulo, pronunciaram os seus lábios, A..., gemera a sua alma,

Embora soubesse bem o que sentia, não conseguia falar tudo,

 

Carinhos derramavam-se sobre ela, o calor derretia seus suspiros no ar,

Investidas potentes, seguras e que ela nunca sentira a dominavam,

Ela fechara os olhos e apenas desejara que nunca tivessem final,

Pareciam sido feitos um para o outro, gemidos rompiam o ar trêmulos,

Nada resistia aos seus carinhos, ele a dominava, com carinhos que penetravam,

Em cada parte do seu corpo, podia senti-lo, invadindo-a, tomando-a,

 

Ele, decididamente, era o tipo de homem que fica para sempre,

Aquele em que, você o sente e não permite-se mais soltar,

Aquele que toca a pele e ganha a alma por garantia,

Aquele que penetra onde nunca outro alguém fora capaz de chegar,

Aquele que faz você transpirar o cheiro dele, para guardar,

Para lembrar de cada momento, negando-se a acabar,

 

Seu jeito másculo, meticuloso e forte sobre ela, a deixava incontida,

Tomada por um sentimento que duraria a vida inteira,

As horas transcorriam lá fora, e os carinhos percorriam ali dentro,

Seus beijos sôfregos silenciavam os ponteiros do relógio,

Os afagos que percorriam seus corpos queimavam a ideia do tempo,

Reconheciam-se um no outro, encontravam-se em um desejo perfeito,

Em um sinal emudecido de que todo o tempo seria pouco para os dois.

quarta-feira, 10 de março de 2021

Um Outro Rosto, Mas Não Era Seu Reflexo.

Teste positivo entre seus dedos, longe do seu campo de visão,

Havia se entregado a um rapaz, acreditava ter sido levada pela emoção,

Seus olhos mais fracos que o de costume, opacos e sem destino,

Uma vantagem a seu favor, ele a amava, havia sussurrado isso aos seus ouvidos,

É certo que pediu que mantivessem seu relacionamento em segredo,

Mas, isso não passava de temor dos comentários maliciosos,

 

Ele, havia aberto um sorriso lindo quando lhe dissera

Que queria apenas o seu melhor e fazia isso para protege-la,

Ela assentiu, como se lhe dissesse um a zero,

Este seu aspecto desanuviou suas dúvidas, limpou seu pensamento,

Ele era demasiado lindo, parecia um rapaz desenhado pelos anjos,

E ainda lhe nutria sentimentos, isso era o mais prazeroso de tudo,

 

Estava forçada por seu coração a entregar-se em um ato de amor,

Seus braços fortes tinham uma capacidade de fazê-la sentir-se bem,

Ele a amava e não cansava de repetir isso em cada segundo,

Provava isso em cada abraço, ela sentia que podia acreditar nele,

Ela sorriu e lhe fez uma pausa breve, como se causasse expectativa,

Depois, jogou-se em seus braços como se não houvesse um outro dia,

 

Agora, com um teste de gravidez em mãos, estava sendo difícil processar tudo,

Ela tentara ligar para ele, pela milésima vez, mas o telefone parecia desligado,

Seus dedos estavam doloridos e marcados pelo cansaço,

Já haviam adivinhado o teclado, sabiam cada espaço, cada símbolo,

Os olhos dele, antes mansos ficaram tão arredios no último encontro,

Como se ele não a amasse tanto, não a desejasse como nos primórdios,

 

Já fazia alguns meses que estavam se relacionando, ninguém sabia de nada,

Não da parte dela, apesar de ter percebido alguns boatos na vizinhança,

Como se lhe apontassem o dedo sempre que passava na rua da cidadela,

Um aperto no coração, provocou um profundo silêncio,

Depois, um romper de lágrimas que parecia não ter mais controle,

Percebera que ele estava evasivo a algum tempo, mas ficara quieta,

 

Seus pais a olhavam de soslaio, sussurravam pelos cantos,

Eventualmente, lhe indagavam sobre perguntas tolas,

As quais ela respondia com a mesma evasiva outrora reconhecida,

Trancava-se em seu quarto, música audível, não queria pensar em nada,

Mas, não conseguia controlar, os pensamentos a dominavam por completa,

Tivesse se apegado a eles noutro momento, talvez agora, seu destino fosse outro,

 

A incredulidade do que via estava intragável, havia parado na garganta,

E estava a sufoca-la, nunca um objeto lhe fora tão pesado,

Quanto aquele teste positivo, desenhado em vermelho pulsante,

Justo a cor que ela mais gostava, se prostrava contra ela,

Sem erros, sem alternativa de voltar atrás, resultado positivo nada a mais,

Não sabia como outras pessoas suportavam a situação sozinhas,

 

Não entendia o porquê, mas acreditava que seus pais não aceitariam,

Ela os ouvira cochichar com vizinhos que a poriam para fora de casa

Caso os boatos que lhes haviam insinuado se concretizassem,

A haviam definido, para eles, pior que uma garota de rua,

Isso iria de encontro com tudo que aprendera em casa,

Agora, as evasivas estavam concretas e formavam um rosto,

 

Algo se formava dentro dela e estava prestes a sair para fora,

O amor que haviam lhe prometido voara pela janela,

A passos de vento, como um raio de sol que aquece e vai embora,

A deixando fria, amedrontada com tantos dedos apontados contra ela,

Talvez, as pessoas gostem de serem diferentes, apenas isso,

Nunca entendera, como poderiam julgar tanto e tão friamente,

 

Pareciam querer testar seu autocontrole, qual era o problema em amar alguém?

Se este alguém não cumpre com suas expectativas, de quem é a culpa?

O ato de julgar os erros dos outros parece ocultar os deles,

Será que a falsa supremacia, os torna mais fortes? Não havia sentido para ela,

Nunca tentara ser superior as pessoas, sempre fora reservada,

Mas, nunca hesitara em ajudar a todos que precisassem, agora estava reclusa,

 

Mas ela os vira falarem dela, os viras apontarem contra seu rosto,

Insatisfeitos criaram boatos falsos, denegriram sua imagem,

Agora, o jogo estava perdido, caíra em escanteio o ângulo foi certeiro,

Fosse planejado, tudo não estaria tão bem colocado,

Até mesmo a janela do seu quarto que aparecera quebrada,

Agora parecia ter tido uma razão para estar daquela forma,

 

Não fora uma pedra proveniente de um carro que passara rápido,

Não fora algum menino que passava brincando na calçada,

Ela tinha somente treze anos, como poderia reagir a tudo isso?

Não era mais que uma menina com problemas adultos,

Adultizaram ela, sua infância se perdia em outros tempos,

Agora, ela teria uma nova face, ela não seria capaz de lhe negar isso,

 

Seria forte o suficiente para arcar com seus atos,

O fizera por amor e pelo mesmo amor o manteria, mesmo que sozinha,

Lembrara o telefone de um amigo que tinha acessos restritos,

Olhara em sua carteira laranja, havia algum dinheiro sobrando,

Ligara para ele, agora era apenas sair de soslaio com a mala feita,

Tirar a foto e escolher nome novo, identidade e tudo o mais,

 

Seria uma nova pessoa, teria uma nova vida, sem contar com apoio algum,

Se a sociedade escolhera julgá-la, iria embora, não pertencia a aquele lugar,

Onde pessoas vazias desejavam esvaziar as demais para se sustentarem,

Feito vermes sobreviventes de erros humanos,

Mais tarde, regressaria com o filho nos braços, mas então, seria outra pessoa,

Que não quisessem seu perdão, que não lhe pedissem desculpas, seria outra,


Ela, agora se via de frente através de um novo rosto,

Uma nova chance, uma nova oportunidade de ser diferente,

Um caminho em que pudesse se posicionar melhor,

Porém, não era o seu reflexo que ela identificava ou contemplava, agora,

Admirava-se, através de uma outra pessoa, que embora não a pertencesse,

Lhe daria vida nova, sonhos novos em que acreditar, um novo coração para amar.

terça-feira, 9 de março de 2021

O Silêncio de Um Lugar Ermo

Haja vista, a necessidade de um progresso equilibrado da vida,

Em suas mais variadas formas expressas,

Pode-se dizer que a vida é regida por uma unidade de fatores,

A qual, permite, abriga e rege as circunstâncias a nossa frente,

Essa visão, corrobora com o que consta nas linhas do caderno constitucional,

Mas, quanto ao viver preceitua mais que constituir uma face idealista,

 

Com a promulgação das leis em minha mente, tudo parecia ideal,

Tive a certeza de que as coisas se direcionariam para algo bom,

A qualidade de vida recebia um tratamento inovador, eu acreditava nisso,

As frases se definiam de forma precisas e atualizadas, a constituição cidadã,

Aquela que erguera-se pelo bem e para o bem do povo, eu estava segura agora,

Emergia ao meu alcance diversas disposições de mecanismos de proteção,

 

Tudo o que me vitimizava, seria contido, estava entre os meus dedos,

Os mais diversos fatores atuantes e indispensáveis a vida do ser humano,

Uma ameaça a um ser humano, agora atingira o patamar de um todo,

O medo havia sido espalhado, havia pânico em todos os lados,

Era respeitar a vida humana atinando-se aos seus deveres como cidadão,

Ou tolerar-se a ser sujeitado as penas da lei, uma pluma afagava meu coração,

 

Minha autonomia, minha liberdade, estava descrita a ferro em cláusulas pétreas,

Não teria como ser removida dali nunca, a árvore do direito se ramificava,

E, suas sombras estavam a postos para me permitir descansar,

Segura, com a lei a reger meus passos e distanciar-me dos fantasmas do inseguro,

Sendo seu dever o respeito, todos haveriam de preserva-lo,

Estavam vedadas as formas de crueldade, de tratamento sub-humano,

 

Haviam sanções em que eu poderia acreditar, estava segura agora,

Já não andava a esmo pelas ruas tortuosas, tinha uma diretriz a frente,

A proteção se descentralizava e abrangia a todas as pessoas de forma indistinta,

Uma responsabilidade além da idade, do tempo, da classe social,

Ações conjuntas seriam concretizadas conforme a realidade local,

As ilicitudes ganhavam nome, roupagem e evidência,

 

É claro que este fato preceitua competência,

Mas, não haveriam lacunas em que pudessem esconder-se,

A proteção dos interesses econômicos já não vigia como outrora,

Haveria um agente regulador que atenderia a critérios específicos,

Atitudes nocivas seriam afastadas, a liberdade estava embasada em letra viva,

Via suas letras crescerem em minha cabeça, estava guarnecida do inseguro,

 

Mesmo que mínima a proteção tomava forma, a legislação me convencia,

Bastava apenas um empurrão para viabilizar e incentivar a sociedade nesse processo,

O direito é muito mais que normas escritas, é a efetivação destas,

Resta esclarecida a predisposição normativa na qual me apregoara,

No entanto, o fato de eu estar caída agora sobre este chão frio,

Vendo-me sangrar em ferida aberta, traída e amordaçada não me alcança,

 

Meu caderno de leis se apaga em minha cabeça, as letras escorrem da minha visão,

Não tenho um nome para informar a polícia, nem ao menos meios de chegar a ela,

Resta uma calça rasgada e uma calcinha perdida em algum lugar,

Talvez, seja o bastante ante a ausência de um rosto para apresentar,

Foram previstas e instituídas normas, eu me agarrara a elas com força,

Mas toda lesão, é capaz de causar danos, a minha também cicatrizaria,

 

No entanto, dos seus danos, não sei se conseguiria fugir com maestria,

O dano recaiu sobre a minha face e escureceu meu semblante,

Com um vestígio de nitidez o vejo escorreito por meu corpo e alma,

O certo é que o dano ricocheteava por todas as minhas crenças e ideias,

Apagava as certezas, confundia a minha memória, me via esvaída,

Nem mesmo o som das minhas lágrimas ganhava guarida,

 

É certo que eu fizera o que pude para evita-lo, mas agora estava amordaçada,

Sozinha em lugar ermo, a soltura parecia estar ao meu alcance,

Mas o medo me impedia de me utilizar dela, o evento que se seguiria,

Poderia ser irreparável, um tiro certeiro calaria meus lábios,

Morta seria destino traiçoeiro para quem crera tanto na vida, não seria?

A previsão contida em minha cabeça se alicerçava e tomava força,

 

Lá fora, eu acreditava que a luz se escondia, um dia se passava,

Sujeitos de direitos que se negavam as obrigações me feriam,

Seriam mais de um? Me sentia fraca, incapaz de compreender-me,

Enquadrada por acreditar em tudo que admirava e me apoiava,

Não seriam palavras bonitas que me salvariam agora, nem a eles,

Em que pese, o risco iminente de morte, eu poderia me arriscar a salvar-me,

 

A criminalidade estava sendo praticada sob o resguardo de algum escudo,

Eu era forte o bastante para não cair por qualquer descuido,

Havia algo premeditado, um sistema se operava em contrário,

Caberia a mim a decisão de acatar a decisão superior ou lutar,

Embora não recordasse das últimas horas com exatidão concreta,

Me recordava de estar me direcionando a uma palestra jurídica,

 

Lágrimas molharam as chagas da minha alma, eu teria responsabilidade subsidiária?

Havia esquecido as chaves do carro e aceitara um táxi para me levar ao destino,

Recordo ter sentido um sono exaustivo, depois disso, mais nada se via,

A primeira amarra se escapava, me apegaria a segunda corrente doutrinária,

Me sentia culpada, pelo fatídico erro de memória, estava vitimizada agora,

Embora haja objeção a ideia, ela me ocorrera a tempo para me dar guarida,

 

Tivesse me apegado a culpa não sairia de lá com vida,

Não estaria aqui, agora, pendendo sobre estas folhas em branco,

A descrever minha história, a leis nem sempre produzem e efetuam efeitos práticos,

Mas a criminalidade não perdoa suas lacunas, ao contrário,

A sinto como se estivesse viva percorrendo a chagas do meu corpo,

Mesmo não tendo restado feridas abertas, mesmo tudo ainda sendo vago,

 

Minha história é um marco inicial acerca da violência doméstica,

Datas passadas relatam de forma superficial minha vivência,

Ato contínuo, relato de forma sucinta que confiara em demasia,

Peço a quem me ouvir, ou se prender a leitura destes versos,

Que tenha um olhar abrangente, esculpido em minha dor sofrida,

Não obstante a ocorrência do impacto negativo, o resultado:

 

É que cumpria de forma escorreita com meus deveres de trabalhador,

Acrescente-se a este cenário, que preferi me definir como mulher,

Fora, demasiado intenso, aceitar o fato de ter sido estuprado por alguém,

O tema poderia ser breve, não tivesse a relevância de ter sido intimado,

Recebera hoje, através do correio um pedido de alimentos,

Estou sendo acusado de ser pai, de um filho fruto de um delito,

 

Esta mulher, embora eu me negue as lembranças,

Fora a que dissecou sobre leis pátrias, amor e outras falácias,

Me direcionara até um lugar ermo, jogara algo sobre a minha cara,

E ao acordar, estava sozinho em meio ao nada, sem o carro, sem roupa,

Prevendo a preservação no estribo das normas insculpidas,

Ante o medo, a ausência de provas a meu favor, calara-me, hoje pago o silêncio.

domingo, 7 de março de 2021

Querido, Te Amo, Não Cansarei de Repetir

 

Querido, meu coração que se apaixonara a primeira vista,

Agora pulsa sôfrego, por força dessa lei em que você se apega,

Tão normativo, pretende vagar por aí de arma em punho?

Como se você não fosse nada além de um garantidor normativo,

Amor, sente-se um pouco ao meu lado, dê-me sua mão, sinta meu peito,

É aqui onde você está e sempre estará, é seguro para você este direito?

 

Este direito que ante a toda a espécie de situação em que se coloca,

Você reprisa em sua cabeça, cada artigo, cada pormenor descrito,

Querido, soube que seu veículo de trabalho fora alvejado outro dia,

Vi uma rasura em sua farda, você fora machucado e não mencionara o fato?

Querido, estes becos onde você transita em nome do dever e da responsabilidade,

Já te ocasionara diversos passos em falsos, o que a normatividade vigente dissera?

 

Os ditames superiores lhe pedem colaboração e lhe mandam que se integre,

Este inserir é um contexto amplo, minha visão não se dissocia do perigo que você corre,

Esta lei a qual você segue a olhos cegos lhe fala o que sobre as disparidades?

O que sua razão traduz quando é o seu coração quem se aperta forte?

O meu sente-se pequeno, a cada minuto da sua ausência, você me entende?

A ordem que chega através da sua postura, se desenvolve em caos sem você,

 

A sua forma ostensiva de agir eu reconheço de longe,

Faço o possível para preservar cada minuto nosso quando esta distante,

Mas, vejo o noticiário definir cada ocorrência de forma tênue,

Olho sua farda, estremeço, sinto medo de que parta e não volte,

Acompanho seus planejamentos diuturnos, acredito em você e seu potencial,

Não é por menos que o escolhi para conviver comigo para sempre,

 

Mas, acha que a lei abriga a todas as situações enfrentadas na rua?

Estas leis que foram feitas por engravatados sentados atrás de uma mesa,

Realmente, logram êxito com relação a cada acontecimento?

Sempre que eu precisara, você se fez presente, não lhe cobro que haja diferente,

Mas, havia um rasgo na farda e uma sujeira, com um cheiro estranho,

Ouso apenas agora te indagar, fora efetuado por uma bala?

 

Não consigo suportar a ideia sabendo o quanto o amo e o conhecendo tanto,

Sei cada passo seu, sei o quanto se dedica por amor a sua profissão,

Pelo desejo de fazer o seu melhor, por seguir as diretrizes dispostas,

Você ficara exposto por estranhos e estes estranhos não o perdoaram,

Data de 1776 o direito a proteção e segurança do povo, acredito nisso,

Da mesma forma que você, mas você se arrisca e eu me firo aqui sozinha,

 

De data tão retrógada, eles ainda não interpretaram e intenderam seus direitos,

Querido, sei o quanto distorcem tudo o que você faz, o quanto jogam em falso,

Eles conhecem este código que você possui em mãos, e sabem suas lacunas,

Enquanto você é obrigado a seguir um rito, eles reagem sem a menor precaução,

Ignoram a palavra dever, a palavra que te da força para empreender em missão,

É ignorada pela mesma mão que tentara lhe tirar a vida por entre essas ruas?

 

Querido, eles possuem na cabeça cada uma dessas palavras elencadas neste caderno,

Seu superior continua conectado em interesse privado, como noutrora?

Eu leio os jornais, acompanho o que posso através dos meios dispostos,

O tempo se dilata em seus turnos, enquanto você recorre o norte definido,

As disposições são tão esparsas, elas conseguem satisfazê-lo?

A partir daquela farda rasgada eu não ando, eu perambulo pelos cômodos,

 

Meu objetivo não é menor que o seu, desejo o melhor para nós dois, eu o amo,

Você se coloca feito um cavalheiro solitário a serviço de um bem maior,

Não discordo disso, mas cavalheirismo não condiz com os seus riscos,

Você busca a colaboração por onde passa e confia nessas pessoas,

Mas, elas confiam em você, são reais quando te olham nos olhos?

Agora sou eu que estou vedada a qualquer coisa que o reduza,

 

Conheço bem o seu valor, para aceitar calada lhe tentarem furtar a vida,

Veja que este direito transporta muitas questões a serem revistas,

Sendo um direito coletivo, por que eles pagam calados, inertes a cada crime?

Você percebe o teor de preocupação que tenho com relação a nós?

Gostaria que tomasse medidas para buscar providencias em curto espaço de tempo,

Eu mesma posso fazer isso por nós, será que contaria com outros adeptos?

 

A segurança pública em minha visão decai e fica estagnada em piso frio,

Jamais aceitaria o mesmo fato com relação a você, não duvide disso,

Importante frisar que entro em vigor como sua esposa e defensora,

Me destino a servir de instrumento pela melhora em seu tratamento,

Considerando cada repercussão ou desdobramento, você não é uma máquina,

O número pelo qual você é identificado não é um código de acesso,

 

Seu nome não é uma posição em que te colocaram no trabalho,

Minha ideia é consolidar os mesmos princípios, valores e eixos que você acredita,

Meu objetivo está focado em você como primazia,

Contudo a sociedade integra núcleo basilar, se você acredita nisso,

Então, acreditaremos juntos, não estou desatualizada como você imaginara,

Seu bem-estar é minha meta, nossa cumplicidade possui direção de preferência,

 

O que eu desejo com este meu objetivo? Proteger a todos em igualdade,

Cada qual reage de acordo com o que acredita,

Então, por que eu não poderia investir para te proteger?

Não sou de meias palavras, não esperarei até que não retorne para mim,

Me direciono com a melhor intenção, vislumbro melhoramentos,

Enquanto você cumpre com seus objetivos, protegendo-se e protegendo-os,

 

Eu reajo em busca por seu reconhecimento e dos demais,

A legitimidade dos seus atos, encontra amparo por onde for,

Mas querido, tente não se arriscar tanto, eu temo por nós,

Li por alto, algo sobre instituição efetiva e comprometida com a satisfação,

Não me senti dessa forma ao me deparar com seu cansaço,

Seu receio em andar em público, seu apego a corporação,

 

Querido, eu vejo as pessoas lhe olharem e apontarem para nós,

Eu percebo suas reações de repúdio a tudo que você é e acredita,

Não consigo discordar disso e permanecer estagnada e arredia,

Se você se coloca em linha de frente, por que é que eu fugiria?

Enquanto eles veem apenas um salário, você vê valores, desejo de mudança,

Gostaria apenas do seu apoio para envolver os demais na edificação de resultados,

 

Quero mudar este prisma, onde o agente é estigmatizado por outros fatores,

Se existem os desvios entre os demais, você nunca cooperara com isso,

Não aceitarei comparações desvirtuadas que desonrem ao que você se dispõe,

Seus chefes os definem como capital-humano, não consigo acreditar nisso,

Lá dentro, você fora resumido a um número? E lá fora, um alvo cobiçado?

Urge um alinhamento de objetivos, pretendo brigar por isso,

 

É certo que a proximidade através da segurança gera qualidade de vida,

Mas, e com relação a sua qualidade, as suas necessidades ficam em que lugar?

É preciso que a lei saia do caderno para ganhar vida por entre as ruas,

Mas, para que isso ocorra é necessário que sua vida seja posto à prova?

Eles apregoam o combate ao crime, e quanto a opor-se contra o seu desrespeito?

Os moldes previstos que sangram em seu colete, não o atingem em cheio?

 

As ações empreendidas, contribuem com suas previsões em abstrato,

Tudo bem, é você quem faz o resto, o grosso do trabalho fica em seus dedos,

Não o ferem quando você seca o suor do próprio rosto?

Respeitado, preservado e garantido, os direitos dos outros e os seus, os nossos?

Sendo inerentes aos seres humanos,

Você perdera o direito a eles ao se engajar em seu trabalho?

Ganhara resguardo quanto a isso ao vestir seu traje, e ao tirá-lo?

 

Estou a postos para lutar por nós, o amo, não o deixarei sozinho,

Entrarei nessa empreitada e não sairei sem encontrar uma resposta:

O número pelo qual você é reconhecido em seu labor diário,

Também, esconde seu rosto por entre os criminosos que você condiciona?

Busca aos Peixes

Masharey acordou, Subiu na alta cadeira Feita de pneu usados, E cantou alto: - estou no terreiroooo! Em forma de canto. Após iss...