domingo, 9 de abril de 2023

Ah, se Ele me Beijasse


Quando o coração treme no peito,

Não é tanto o amor que se curva,

Mas, a tal espécie de medo,

Porque medo existe de diversas formas,


E há sempre alguma que quer silenciar-se,

Se afugentar do estrago que fez,

Ser afastado por novo sentimento,

Um rosto, uma mão estendida, um abraço,


Desperta-se de algum encanto,

E busca-se ao encontrar o outro,

Param-se alguns medos não por serem poucos,

Mas porque há sempre algo mais forte,


Contudo, o coração mostra-se fraco,

Tremulam-se os passos,

Porém, os que veem através de janelas

Enxergam com embaraço,


Os que oscilam de olhos fechados,

Estes estão pior não veem nada,

No entanto, acreditam e isto basta,

Quando as portas das ruas são fechadas,


Você já sabe em qual altura se encontra,

Nisto, está intrudida a mágoa,

O medo que foi abandonado,

Não tem nisto nova força,


Então, o olhar se vai para o que é mais profundo,

Sim, lembre-se dele,

Antes que se rompa o olhar em prata,

Do choro que o coração por dentro pranteia,


O medo se despedaça rente a fonte,

Seu poderia atrativo se afoga junto ao posso,

Como o pó que volta a terra de onde veio,

Tudo tem um sentido,


Um sentido.

Que possa seguir-se e pronto,

Não importa o mesmo entusiasmo,

O medo que toca já não é o mesmo,


Nem seu lado é o mais fraco,

Agora nada faz sentido

E tudo faz sentido.

A conclusão de tudo isso?


Procuro nisto tudo as palavras certas,

As vezes, mantenho os olhos fechados,

Mesmo enquanto caminho,

Não importa se o sol fere o rosto,


Se alguém se atreve a cuspir em minha direção,

Sigo com a certeza de que sinto,

De que sei de forma segura a direção,

Nem todos os passos em falso levam ao erro,


Há aqueles que sabem para onde vão,

O que escrevo é reto e verdadeiro,

O caminho que deixo para trás também é,

Não sinto medo de andar para frente,


Muito menos de cada passo que deixo,

Se algum dia e quando o for,

Olhar-se para trás irão me ver,

Nisto, sinto ainda menos o medo,


A coleção de passos caminhados estão fincados,

Intrincados ao chão por onde piso,

Não busco desculpas para tudo que foi feito,

Eu sei quais são as respostas,


Conheço bem o que busco.

Meus olhos fechados não são tanto como os abertos,

Mas eu tenho um fraco:

-Amar e... cuidado filho,


Nada acrescente a ele...

Ao medo que foi deixado,

Não retorne nele...

Mas, se ele me cobrisse de beijos...

Ah, se ele me beijasse!

Contenho no peito o suspiro,

Não consigo esconder o rubor da face.


 

sábado, 8 de abril de 2023

Engano

 


Depois de muitos dias – o reencontro,

Reparte-se seus beijos aos setes,

Torce para resistir ao encanto,

Não mais que um beijo à face,


Sem o rubor da saudade,

Ou mesmo o desejo incontrolável,

Mas não, não é disso tão diferente.

No fundo, no fundo quer-se ia que fosse,


Engana-se. Engana-se.

No fundo, talvez,

Não seja o amor mais que engano.

Até mesmo com oito,


Passa por ele as corridas,

Um outro beijo, um outro beijo,

Talvez oito...

Não há medo de que tudo caia por terra,


Nem de perde-lo de vista outra vez,

Não tem mais que um pulsar desatinado,

Vê-se que a saudade fez seu estrago,

E foi para longe bem longe.


Será que ao passar por ele e estar distante,

Lá bastante adiante,

Irá olhar-se para trás e querer retornar até este ponto?

Revê-lo, Vê-lo e Revê-lo.


Será o amor apenas um engano?

Quando as nuvens estão cheias de água,

Despencam-se,

Nem mesmo tão alto são capazes de conterem-se,


Mas, não parece ser assim com o amor,

O amor é contido, retraído e por vezes – esquece.

Onde a nuvem cai ela fica,

Neste ponto ela é diferente.


Ele parte ao sul eu para o norte,

Este pode ser nosso último olhar,

E não terá passado de relance,

Para-se, respira-se – o desejo de voltar,


Um olhar para o alto e um... adiante.

Quem fica a esperar pelas nuvens não planta,

O que as esquece corre o risco de perder...

Assim como você não conhece o pensamento do outro,


Também não sabe o que ele sente.

Confia-se em não demonstrar,

Não entregar toda a saudade...

Confia-se e confia mais ainda nele.


E ele?

O amor é agradável,

É bom sempre voltar a vê-lo,

É mais difícil quando ele possui uma face,


Impalpável quando está distante embora perto.

O amor é um engano.

Chega e pode destruir sua vida.

Mas, antes de chegar você não sabia que estava construída...


O amor não passa disso – um engano.

-Foi um erro eu ter te conhecido!

Ela grita bem alto antes de sair correndo,

Não olha para trás por nenhum segundo.


-Foi um erro ter te conhecido!!!

Ela não tropeça para esperar ser erguida,

Ela não espera que uma mão a contenha,

Não imagina chegar até a esquina e ser acolhida,


Contudo sabe ter sido ouvida,

Porém, não há mais expectativas,

Apenas a sua fala alta e clara:

-Te amar não passou de engano.


(um riso atrás de si não a faz parar)

-Ah, desta vez a palavra A-M-O-R!

Mas sua fala chega até ela e ele é ouvido.

Ela diminui as passadas,


Não contém um suspiro...

Ainda não há expectativas.

-Sim, o amo! (Num suspirar sem choro).


quinta-feira, 30 de março de 2023

Coisas Sobre Homens

 


-Chegue jantar, está na mesa.

Ele chega esbaforido,

Demonstra cansaço e a cara fechada,

Se serve de pronto,


-Está ruim esta comida,

Você não sabe fazer nada,

Me fez perder a fome,

Amanhã acordo cedo para trabalhar,


E estarei de estômago vazio.

Ele deixa o prato cheio no meio,

Sai e vai assistir a tevê,

Toma uma cerveja,


Evita o café.

Ela senta-se com dor de cabeça,

Pensa no que pode ter feito tão errado,

Indisposição e sentimento de fracasso,


Precisa servir-se sozinha,

Sente pesar cada medida que leva a boca,

É como se de repente perdesse o gosto,

Lágrimas e palavras ficam onde estão.


-Por favor, gostaria que você se alimentasse,

Não quero vê-lo sentir-se mal.

Ela levanta-se e o procura,

Ele aumenta o volume da tevê


E desaparece no celular,

Indiretas parecem ser feitas,

Porém, já não é fácil entender,

Há um novo vocabulário ali e novas pessoas


-Você me cansa e eu não me sinto bem.

Gastei meu tempo com você,

Imaginei a melhor comida

Me esforcei em cada detalhe.


Ele sai para fora e bipa o alarme do carro,

As vezes, o motor é ligado,

Ela não acredita que ele sai para fora,

Que deixa a garagem aberta para evitar barulho,


E a porta destrancada.

Muito menos quando um estranho se aproxima,

Olha e parece planejar algo.

Ela vê as chaves na fechadura e são as suas.


Passa as com força e pressa,

Seus braços doem,

É como se alguém do lado de fora quisesse abri-la,

Ela se recosta na porta e pensa,


“Será ele que está de volta?

Então, ele saiu sem avisar nada

E deixou a porta aberta?”

Ela se deita, após se levanta.


Então, ele chega:

-Você está aí ainda?

Ele diz ao pôr o rosto na porta.

Sim, por quê acreditou que eu sairia?


Ele fecha a porta na mesma hora e sai,

Ela se aproxima e está aberta.

Põe o rosto para fora e ele está sentado na direção do carro,

-Querido, por favor, baixe o vidro da janela.


A porta da garagem já estava aberta e sem barulho,

Ele baixa o vidro.

-Claro, querida, baixo para evitar que quebre.

Ela adentra-se através da janela aberta,


Beija-o, ele não se espanta.

Ele está suado e estranho.

-Pena que não gostou da comida,

Estava mesmo depreciativa para você,


Da próxima vez me esforço,

Espero que não tenha mais de que reclamar.

Ele ri de forma cínica,

Ronca o motor com toda a força,


-Tchau para você querida,

Não vou dormir em casa,

Apague seu sorriso da cara,

Não finja que sabe aonde eu irei.


Todos sabem que brigamos,

Não tente fingir que nos damos tão bem.

Você não sabe mentir.

-Por favor, não fale tão alto,


O que pertence a nós

Não precisa ser de conhecimento dos outros...

(voz de sussurro).

Estarei a sua espera!


(em voz alta e acrescenta um beijo ao sorriso).

Hoje ela vive sozinha,

Já está divorciada a algum tempo,

Mas ela não indaga-se,


-Será que fiz mal por não espalhar nossa vida pessoal?

Mas, comenta com as outras,

Apenas algumas coisas.

(trata-se de violência!).

 

– seu pai ensinou a chorar em silêncio,

Seu irmão ensinou a não chorar sozinha,

A mãe ensinou a não ficar calada.

Mas, o pai disse que “resolve em família”.


segunda-feira, 27 de março de 2023

Toma, Leva É Seu Dinheiro

 


-Toma, segura para você,

Creio que, talvez, possa lhe fazer falta.

Ela com rosto compassivo,

Preocupado e emotivo


O entrega uma nota de vinte reais.

Ele sorri e sai para fora de casa,

Satisfeito com tudo que faz,

Acredita-se perfeito,


Quanto ao casamento? –impotente.

-Querida, parece estar dando errado.

Você conhece seu temperamento forte.

Ela não resiste e com os olhos manchados pelo ódio,


Adentra no quarto,

Pega a carteira e sai para a sala.

-Veja, você esqueceu a carteira,

O que poderá fazer sem ela?


Ele já esta lá fora,

Arredio e nada arrependido,

Parece acreditar que isto também é culpa dela,

Se demora- comprometido.


Ela abre-a e tira a foto – a outra,

Em pose sexy e comprometedora,

A foto esta dobrada o bastante para que ela seja vista,

É como se fosse a mais importante,


Atrás da foto há dizeres e um preço,

Endereço, número de telefone, estas coisas,

Ela, embora, não queira,

Decora tudo em cada detalhe,


O coração falha e a alma ferve,

-Veja, faça uso destes vinte reais,

Você me deu cinquenta para pagar as contas,

As nossas contas – minhas, você alegaria,


Sobrou, e se sobrou eu devolvo,

Creio que você faria um melhor direcionamento,

Mas, olhe para a lavanderia,

A lavadora está estragada,


A água jorra por todos os lados e dá choque,

A roupa já não limpa,

E você precisa do seu uniforme,

-Querido, o que você acha de uma nova lavadora?


Ela o indaga e se aproxima,

Ele já está em ligação com ela.

-Estou atrasado para o trabalho,

Olha para ela,


-Você me incomoda.

Ela se sente indignada,

Resignada ainda faz outra tentativa:

-Leve este dinheiro e gaste com a outra,


Ela tem um preço e não é baixo,

Gaste com ela,

Eu posso lavar a roupa na mão,

Suas calças, cuecas e camisas,


Quem se interessa se ela as estraga com as unhas,

As mesmas que você sustenta.

Vai e saia para fora,

Vá vê-la,


Quando você voltar suas roupas estarão limpas.

Ele pega a carteira e se depara com a foto.

-O quê, você ousou incomodá-la?

Então, leva um tapa na cara dela.


Ela protege o rosto ferido.

Hoje a tanto separados,

Os braços caídos e inchados,

Ela não se importa com isso.


Esta sozinha e procura um outro.

Não tem pressa,

Nem se arrepende do que fez,

Lutou por tudo que acreditou na época,


Já quanto a ele, quem é que sabe?

Com certeza já não sustenta a mesma.


domingo, 26 de março de 2023

Já Não Posso Amar Você!


-Eu te amo, preciso que você saiba disso.

Ela leva a mão até seu rosto,

Não resiste em tocá-lo,

-Oh, perdoe-me, preciso saber o que você sente,


Diga-me, por favor,

Você sente por mim o mesmo?

Ela retira a mão assustada,

Ele sorri e seu rosto se deforma,


O riso é um misto de surpresa e orgulho,

Mas, não há nele nada de amor,

Há outra coisa,

Uma espécie de sentimento vitorioso,


É como se a olhasse mas não pudesse vê-la,

Havia ali um sentimento distante,

Que parecia nem ao menos pertencer-lhe,

Era como se buscasse preencher outra coisa,


Satisfazer outro alguém que não a si mesmo.

-Peço que me desculpe,

Mas sonhei com você esta noite...

Ela percorre com sua própria mão a testa,


Retira dali suor e um cheiro forte,

A mão que o tocou não fora limpa,

E agora parecia fétida.

Ela assusta-se com a ideia,


E afasta-se,

Parecia querer afastar-se de si mesma,

Odiava a ideia de rejeição,

Principalmente rejeitar um alguém que nem conhecia,


Não de forma tão profunda e latente,

Mas, palpitou alto a sua emoção,

E toda ela não desejava estar perto,

Ele cheirava a distanciamento,


Isso para não usar outro termo.

-Bem, sonhei com você e acordei assustada,

Lá eu corria para te ver,

Porque você chegava de surpresa


E arrombava a porta da minha casa,

Lá eu estava deitada sobre minha cama,

E só corria devido a uma certeza,

Teria que pagá-la,


Ora, parece estranho e desmedido,

Mas nele você só desejava meu prejuízo,

Mentia que me amava,

Fingia se agachar e me pegar em um dos seus joelhos,


Como se eu fosse uma menina,

Rejeitava meu sentimento de mulher,

Queria apenas minha espécie de “pureza”,

Eu bati forte contra meus lábios,


E mesmo acordada eles doem,

Rejeitei a palavra por provir de sua face,

Então, acordei e descobri que nunca toquei seu rosto,

Pois é, nunca cheguei em você tão perto,


Mesmo sendo íntimos,

Então, quando eu saía do quarto

Em poucas passadas,

Você me via pobre e fragilizada,


Ria um riso grande e jogado para trás,

Dava meia volta e beijava outra,

Outra maior como você,

Outra que era moça mas possuía seu tamanho


E, não descreio também suas ideias,

Acho que você queria me fazer ciúmes,

Despertar algo dentro do sonho,

E este algo você era incapaz de conseguir fora dali,


Me é estranho, estranho mesmo,

-Mas, agora por favor, abra a porta do carro,

Sim quero sair daqui, de perto.

Seu rosto foge do contato,


Talvez, até ele esteja cansado de tudo que você fez,

-Bem, mas diga que me ama, por favor,

A certeza que tenho é que preciso ouvir isso de você,

Há algo de profundo nisso,


E grande, há algo maior que você...

E este seu rosto, você sabe porque se derrama?

Ela o toca e você a satisfaz,

Mas a que preço?


Hoje, você não pertence a você mais...

Foge de si mesmo,

Não terá filhos,

Não me pergunte o motivo da certeza,


E os tendo não os reconhecerá,

Há ainda de você algo que seja verdadeiro?

Chega-se no ponto em que você está e tudo falha,

Estremeço e me encolho no banco,


Ele dá a partida e me ignora,

-Sim, eu a quero!

Ele diz com aquele sorriso caído,

O sol toca seu rosto e gera horror,


Os dentes bem colocados e amarelos,

Os lábios apagados ao fundo,

A pele parece derreter ao contato,

A cor foge em tons amarronzados,


Os olhos pálidos e esverdeados,

Um estremecer de horror gera pânico,

Olho para minha mão e meus dedos,

Eles serão obrigados a chegar perto,


Muito perto,

Há nesta proximidade o perigo,

Não de outra coisa - do contato,

Teria origem no sofrimento isso?


Pego minha mão com a esquerda,

Elevo-a até ele,

Sim, isso é uma carícia,

Você sabe ou saberia reconhecer?


Tenho a certeza que não,

E outra, ele não a quer,

- Gostaria de sair mesmo que a contramão,

Por favor, lhe pedi: pode me dar a liberdade?


Me procura para me repousar um beijo,

E meu estomago gera repulsa,

-Preciso por algo para fora,

Ah, por favor, pode abrir a porta?


Ele não faz mais que ignorar tudo que digo.

Mas, consigo por ora rejeitar o beijo,

Que repousa logo abaixo do meu lábio ferido,

Sinto mais dor,


-Me perdoe, eu lhe disse: já não posso!

Há um ponto em que já não se pode ir adiante,

Talvez, seja quando a cara do outro cai sobre você.



 

Busca aos Peixes

Masharey acordou, Subiu na alta cadeira Feita de pneu usados, E cantou alto: - estou no terreiroooo! Em forma de canto. Após iss...