quinta-feira, 30 de março de 2023

Coisas Sobre Homens

 


-Chegue jantar, está na mesa.

Ele chega esbaforido,

Demonstra cansaço e a cara fechada,

Se serve de pronto,


-Está ruim esta comida,

Você não sabe fazer nada,

Me fez perder a fome,

Amanhã acordo cedo para trabalhar,


E estarei de estômago vazio.

Ele deixa o prato cheio no meio,

Sai e vai assistir a tevê,

Toma uma cerveja,


Evita o café.

Ela senta-se com dor de cabeça,

Pensa no que pode ter feito tão errado,

Indisposição e sentimento de fracasso,


Precisa servir-se sozinha,

Sente pesar cada medida que leva a boca,

É como se de repente perdesse o gosto,

Lágrimas e palavras ficam onde estão.


-Por favor, gostaria que você se alimentasse,

Não quero vê-lo sentir-se mal.

Ela levanta-se e o procura,

Ele aumenta o volume da tevê


E desaparece no celular,

Indiretas parecem ser feitas,

Porém, já não é fácil entender,

Há um novo vocabulário ali e novas pessoas


-Você me cansa e eu não me sinto bem.

Gastei meu tempo com você,

Imaginei a melhor comida

Me esforcei em cada detalhe.


Ele sai para fora e bipa o alarme do carro,

As vezes, o motor é ligado,

Ela não acredita que ele sai para fora,

Que deixa a garagem aberta para evitar barulho,


E a porta destrancada.

Muito menos quando um estranho se aproxima,

Olha e parece planejar algo.

Ela vê as chaves na fechadura e são as suas.


Passa as com força e pressa,

Seus braços doem,

É como se alguém do lado de fora quisesse abri-la,

Ela se recosta na porta e pensa,


“Será ele que está de volta?

Então, ele saiu sem avisar nada

E deixou a porta aberta?”

Ela se deita, após se levanta.


Então, ele chega:

-Você está aí ainda?

Ele diz ao pôr o rosto na porta.

Sim, por quê acreditou que eu sairia?


Ele fecha a porta na mesma hora e sai,

Ela se aproxima e está aberta.

Põe o rosto para fora e ele está sentado na direção do carro,

-Querido, por favor, baixe o vidro da janela.


A porta da garagem já estava aberta e sem barulho,

Ele baixa o vidro.

-Claro, querida, baixo para evitar que quebre.

Ela adentra-se através da janela aberta,


Beija-o, ele não se espanta.

Ele está suado e estranho.

-Pena que não gostou da comida,

Estava mesmo depreciativa para você,


Da próxima vez me esforço,

Espero que não tenha mais de que reclamar.

Ele ri de forma cínica,

Ronca o motor com toda a força,


-Tchau para você querida,

Não vou dormir em casa,

Apague seu sorriso da cara,

Não finja que sabe aonde eu irei.


Todos sabem que brigamos,

Não tente fingir que nos damos tão bem.

Você não sabe mentir.

-Por favor, não fale tão alto,


O que pertence a nós

Não precisa ser de conhecimento dos outros...

(voz de sussurro).

Estarei a sua espera!


(em voz alta e acrescenta um beijo ao sorriso).

Hoje ela vive sozinha,

Já está divorciada a algum tempo,

Mas ela não indaga-se,


-Será que fiz mal por não espalhar nossa vida pessoal?

Mas, comenta com as outras,

Apenas algumas coisas.

(trata-se de violência!).

 

– seu pai ensinou a chorar em silêncio,

Seu irmão ensinou a não chorar sozinha,

A mãe ensinou a não ficar calada.

Mas, o pai disse que “resolve em família”.


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