-Chegue jantar, está na
mesa.
Ele chega esbaforido,
Demonstra cansaço e a
cara fechada,
Se serve de pronto,
-Está ruim esta comida,
Você não sabe fazer nada,
Me fez perder a fome,
Amanhã acordo cedo para
trabalhar,
E estarei de estômago
vazio.
Ele deixa o prato cheio
no meio,
Sai e vai assistir a
tevê,
Toma uma cerveja,
Evita o café.
Ela senta-se com dor de
cabeça,
Pensa no que pode ter
feito tão errado,
Indisposição e sentimento
de fracasso,
Precisa servir-se sozinha,
Sente pesar cada medida
que leva a boca,
É como se de repente
perdesse o gosto,
Lágrimas e palavras ficam
onde estão.
-Por favor, gostaria que
você se alimentasse,
Não quero vê-lo sentir-se
mal.
Ela levanta-se e o
procura,
Ele aumenta o volume da
tevê
E desaparece no celular,
Indiretas parecem ser
feitas,
Porém, já não é fácil entender,
Há um novo vocabulário ali e novas pessoas
-Você me cansa e eu não me sinto bem.
Gastei meu tempo com
você,
Imaginei a melhor comida
Me esforcei em cada
detalhe.
Ele sai para fora e bipa
o alarme do carro,
As vezes, o motor é
ligado,
Ela não acredita que ele
sai para fora,
Que deixa a garagem
aberta para evitar barulho,
E a porta destrancada.
Muito menos quando um
estranho se aproxima,
Olha e parece planejar
algo.
Ela vê as chaves na
fechadura e são as suas.
Passa as com força e
pressa,
Seus braços doem,
É como se alguém do lado
de fora quisesse abri-la,
Ela se recosta na porta e
pensa,
“Será ele que está de
volta?
Então, ele saiu sem
avisar nada
E deixou a porta aberta?”
Ela se deita, após se
levanta.
Então, ele chega:
-Você está aí ainda?
Ele diz ao pôr o rosto na
porta.
Sim, por quê acreditou
que eu sairia?
Ele fecha a porta na
mesma hora e sai,
Ela se aproxima e está
aberta.
Põe o rosto para fora e
ele está sentado na direção do carro,
-Querido, por favor,
baixe o vidro da janela.
A porta da garagem já
estava aberta e sem barulho,
Ele baixa o vidro.
-Claro, querida, baixo
para evitar que quebre.
Ela adentra-se através da
janela aberta,
Beija-o, ele não se
espanta.
Ele está suado e
estranho.
-Pena que não gostou da
comida,
Estava mesmo depreciativa
para você,
Da próxima vez me
esforço,
Espero que não tenha mais
de que reclamar.
Ele ri de forma cínica,
Ronca o motor com toda a
força,
-Tchau para você querida,
Não vou dormir em casa,
Apague seu sorriso da
cara,
Não finja que sabe aonde
eu irei.
Todos sabem que brigamos,
Não tente fingir que nos
damos tão bem.
Você não sabe mentir.
-Por favor, não fale tão
alto,
O que pertence a nós
Não precisa ser de conhecimento
dos outros...
(voz de sussurro).
Estarei a sua espera!
(em voz alta e acrescenta
um beijo ao sorriso).
Hoje ela vive sozinha,
Já está divorciada a
algum tempo,
Mas ela não indaga-se,
-Será que fiz mal por não
espalhar nossa vida pessoal?
Mas, comenta com as
outras,
Apenas algumas coisas.
(trata-se de violência!).
– seu pai ensinou a
chorar em silêncio,
Seu irmão ensinou a não
chorar sozinha,
A mãe ensinou a não ficar
calada.
Mas, o pai disse que “resolve
em família”.
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