Elas saiam da boca e se dissipavam,
Dentro dele,
Por entre sua língua e formas,
Feito um acariciar a pele,
Até a parte mais profunda.
As palavras,
Não falo do beijo,
Não ainda.
Um círculo de bichinhos sobre a água,
Peixes vendo-os,
Parecem gostar da ideia,
Comê-los.
Feito pequenos degraus eles descem,
Não acredito que saibam nadar,
Mas sabem,
Descem em meio ao vácuo e retornam,
Não são tocados,
Parecem espalhar uma espécie de pânico,
Peixinhos se rodeiam e fogem,
Um maior fica ainda próximo,
Pequenas ondas se formam,
Alguns bichinhos desfalecem, então,
Já não entendo como ou o porquê,
Imagino se seria possível descer abaixo,
Bem no fundo sem precisar de ar,
Se há maneiras de percorrer toda a água,
E, óbvio, tocá-la mas não precisar voltar,
Penso agora e somente agora,
Se há possibilidade de ir até mesmo sem tocá-la,
Retorno a boca e agora desejo o beijo,
Então procuro-a,
E acreditei até então, que algum dia a percorri,
Dou um espaço e a contemplo,
Estremeço,
Acredito no que sinto,
Assim, digo que a amo,
Mas antes de retornar ao beijo sereno,
Penso se realmente um dia a toquei ou a senti,
Sentindo-a como acho que está em minha boca,
Reflito se me aprofundei nela,
Se toquei em cada parte,
Se respirei fundo o suficiente nela,
Se meu ar a preencheu ou retirou-a-na,
Se fui capaz de percorrer cada parte dela,
Da altura de um degrau,
Eu me jogo nos seus braços,
Sem pensar se está preparado,
Mergulho em queda livre,
Livre do espaço ou tempo,
Um coliseu no céu aberto,
Porém, profundo, misterioso e acessível,
Coberto por águas límpidas e ora turvas,
Se eu pudesse ficar tão pequena,
Ou quase ínfima,
Seria possível usar os bichinhos e então ir,
Então o reconheceria,
E sua boca?
Como poderia me aprofundar nela?
Estando nela como conhecer você?
Eles seriam degraus,
Contudo alguns ficam por lá embaixo,
Será que me abandonariam?
Mesmo os degraus se movem e
Eu me perco,
Não, eu não queria conhecer o impacto de cair,
Mesmo que na imensidão de um profundo,
Ou de altura que considero segura,
Doce vislumbre de um mergulhador,
Fracasso de muitos,
Creem que poderiam descer sozinhos,
Transparência tendenciosa ao naufrágio,
Mergulhar nos seus braços e ficar,
Sonho louco e apaixonado,
Reconhecer suas atitudes,
Tomá-las por minhas- compreender.
Assim, é como me sinto cada vez que o vejo,
Peixes travam combates ali,
Alguns fraquejam antes,
E sua boca,
Quem luta por ela?
Que segredos você seria capaz de guardar,
Gostaria de saborear seu gosto e me ver nela,
As palavras que falam e que estão em você,
Já o contem em muito,
E nas suas,
O que há de nós dois juntos?