Silêncio profundo.
Aquele beijo se expandia até o infinito,
E se calava com o segredo de um sepulcro.
Nada interrompia-o,
Nossos desejos se acomodaram,
As ânsias davam-se por satisfeita.
Entregamo-nos.
No ar,
A iminência de apaixonar-me,
Não pensei em absolutamente nada,
Apenas provei-o em cada detalhe,
O rapaz que eu beijava não percebia,
Mas nossos corpos estavam estremecidos,
Eu não pensei se alguém mais nos via,
Apenas quis ficar ali colada ao seu peito,
Seus braços continham a paz que eu queria,
E seus lábios profundos e macios
Pareciam entender bem sobre isso.
Fomos diminuindo gradativamente a intensidade,
De devagar fomos para ainda mais lento,
Talvez, alguém tenha pensado em parar o beijo,
Contudo, pareceu que não pudemos,
Havia algo mais forte,
Mais intenso que coisas corriqueiras,
Aquele agir de praxe,
De alguma forma,
Soava diferente,
Não diria sobre sonhos no horizonte,
Não haviam promessas,
Nem o medo de que alguém pudesse descumpri-las,
Ou julgar.
Seu rosto em minhas mãos,
Cada lado dele se assemelhava a estrelas,
Foi bonito ter o céu entre meus carinhos,
Roçar minha pele,
Sentir sua textura,
Soltar um suspiro,
Fosse a noite o céu teria estremecido,
Cada vez mais nossos corpos se buscavam,
Era como um fundir sem querer,
Uma busca sagrada e específica,
Sem carinhos fora do lugar,
Desespero,
Vontade louca de tirar a roupa,
Era apenas aproveitamento,
E tudo muito no lugar exato,
Cada momento de busca e encontro,
Até o roçar da minha unha nele,
Macio, reconhecedor e perfeito.
Mesmo quando retirei a mão dali,
E suavemente repousei em seu bolso,
Guardei meus dedos dentro dele,
Rocei sobre sua perna quente e forte,
Parecia haver um lugar para mim com ele,
Mas não dei asas a este pensamento.
Me afastei de súbito, quase,
Sorri,
Não dei aquele último selinho de enceramento,
Baixei o olhar por medo do assombro
Que minha atitude poderia causa-lo,
Dei um passo para trás,
E saí para longe,
Sem um tchau ou palavras,
Algo em mim sabia que ele entendia,
E desde o início tinha por isso o fim.
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