Ele insulta qualquer sentimento
Quando diz que é imune,
Ou nega o próprio poder para conquista- o lindo,
Sim, perfeitamente atraente.
Uma boca é um beijo que você busca,
Penetra, entrelaça e segura – mantém,
Ninguém beija e sai correndo,
Ou beija um pouco e desiste.
Beijar é devotar sentimento e tempo.
Se tivesse sido comigo,
Ah, aquele beijo dele jamais seria o mesmo.
-Como eu o beijaria?
Cheguei nele,
Logo após dizer isto,
Tão próxima até tocá-lo,
Entrelacei meus dedos por sua nuca
E o puxei para mim,
-Sim, eu quis e quero segurá-lo.
Eu o disse com sua testa colada a minha,
Com meus lábios muito perto,
Então estiquei-os e toquei nos dele,
Por muito, muito tempo.
Queria morrer ali mesmo.
Queria que o mundo se extinguisse,
Que se eu não o tivesse que então fosse o fim.
Há sempre algo de errante num coração acorrentado.
Dizer que eu desistiria dele,
Não, ninguém é capaz disso depois de sua boca.
Pode-se imaginar o quanto delineei seus contornos,
Suguei sua língua,
Entrelacei nele até minhas expectativas.
Lá de cima,
Diria no início da cidade,
Você lança o seu olhar,
E vê a roseira mesmo de longe,
Vermelha, viva e fascinante.
Os muros, calçada e construções de pedra,
Veem-se ofuscados por ela,
Apenas ela brilha na cidade cheia,
Um verde em meio ao nada,
Inesperado e perfeito.
Chama a atenção pelo mero existir,
Feito uma voz nítida ao coração,
Se a roseira falasse seria ouvida,
De onde se posicionar ela é vista,
O que ela diz ou pensa,
Se fosse uma pessoa,
Sei lá, desculpa, eu não sei dizer,
-Aliás, por favor,
Você que me olha.
Ela esbarra e o pega pelo braço,
-Pode me dizer o que você é capaz de ver?
No visível há linhas obscuras,
Que feito portas ficam entreabertas,
Há sempre um ponto em que se chega,
Estagna-se nele então se reflete,
O vasto do mistério é consumido rapidamente,
-Eu penso que não sou uma rosa.
Eu o disse, quase num sussurro e fui embora.
Havia existido beijos que foram provados,
Quase tomados a força,
Sonhos que foram entregues,
Quase ganharam esperança,
Ninguém que passa pela roseira resiste a ela,
Ou passa por mim sem tirar alguma coisa,
-Gostaria de saber o motivo da procura.
O que há em mim para significar tanta busca.
Dezembro tomou emprestado as frutas,
Jogou para outono a estação das flores,
Mesmo assim ninguém reclama ou desdenha,
Não há nisso estranheza.
Meia-noite e faz-se lua.
Linda flor com seus odores.
Todas as belas mãos da noite buscam-na.
Todos os estranhos passantes notam-na.
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