segunda-feira, 3 de julho de 2023

A Roseira e Uma Moça

 

Ele insulta qualquer sentimento

Quando diz que é imune,

Ou nega o próprio poder para conquista- o lindo,

Sim, perfeitamente atraente.


Uma boca é um beijo que você busca,

Penetra, entrelaça e segura – mantém,

Ninguém beija e sai correndo,

Ou beija um pouco e desiste.


Beijar é devotar sentimento e tempo.

Se tivesse sido comigo,

Ah, aquele beijo dele jamais seria o mesmo.

-Como eu o beijaria?


Cheguei nele,

Logo após dizer isto,

Tão próxima até tocá-lo,

Entrelacei meus dedos por sua nuca


E o puxei para mim,

-Sim, eu quis e quero segurá-lo.

Eu o disse com sua testa colada a minha,

Com meus lábios muito perto,


Então estiquei-os e toquei nos dele,

Por muito, muito tempo.

Queria morrer ali mesmo.

Queria que o mundo se extinguisse,


Que se eu não o tivesse que então fosse o fim.

Há sempre algo de errante num coração acorrentado.

Dizer que eu desistiria dele,

Não, ninguém é capaz disso depois de sua boca.


Pode-se imaginar o quanto delineei seus contornos,

Suguei sua língua,

Entrelacei nele até minhas expectativas.

Lá de cima,


Diria no início da cidade,

Você lança o seu olhar,

E vê a roseira mesmo de longe,

Vermelha, viva e fascinante.


Os muros, calçada e construções de pedra,

Veem-se ofuscados por ela,

Apenas ela brilha na cidade cheia,

Um verde em meio ao nada,


Inesperado e perfeito.

Chama a atenção pelo mero existir,

Feito uma voz nítida ao coração,

Se a roseira falasse seria ouvida,


De onde se posicionar ela é vista,

O que ela diz ou pensa,

Se fosse uma pessoa,

Sei lá, desculpa, eu não sei dizer,


-Aliás, por favor,

Você que me olha.

Ela esbarra e o pega pelo braço,

-Pode me dizer o que você é capaz de ver?


No visível há linhas obscuras,

Que feito portas ficam entreabertas,

Há sempre um ponto em que se chega,

Estagna-se nele então se reflete,


O vasto do mistério é consumido rapidamente,

-Eu penso que não sou uma rosa.

Eu o disse, quase num sussurro e fui embora.

Havia existido beijos que foram provados,


Quase tomados a força,

Sonhos que foram entregues,

Quase ganharam esperança,

Ninguém que passa pela roseira resiste a ela,


Ou passa por mim sem tirar alguma coisa,

-Gostaria de saber o motivo da procura.

O que há em mim para significar tanta busca.

Dezembro tomou emprestado as frutas,


Jogou para outono a estação das flores,

Mesmo assim ninguém reclama ou desdenha,

Não há nisso estranheza.

Meia-noite e faz-se lua.


Linda flor com seus odores.

Todas as belas mãos da noite buscam-na.

Todos os estranhos passantes notam-na.


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