sábado, 8 de julho de 2023

Rezo Por Nosso Amor


Não havia mais extensão no espaço,

Quanto cabe no céu de uma boca?

Muitos sonhos diluídos em beijos,

E no coração que abriga quem ama?


Falta espaço, lhe digo: falta espaço!

O céu se enegreceu e se debruçou,

Eu deitei sobre a grama e o trouxe comigo,

Não havia nada além dele em mim,


Eu não quis nada mais que seu peso,

Mesmo o céu não quis fazer presença,

Penso que existem coisas a dois,

Alguns flocos de sereno surgiram,


Mas, entre nós nada além do suor,

Quente e úmido,

E carícias macias sobre corpos molhados,

Pareciam espíritos em densas névoas,


O sereno a vista do horizonte,

Mas, de alguma forma tínhamos certezas,

Um no outro; um do outro.

Nada mais era tão nítido no campo de visão,


Nem tão frio quanto a ação do vento,

Contudo, eu não poderia contar esta história desta forma,

Minha versão é a em que estou de olhos fechados,

Arredia do mundo,


Entregue aos seus braços,

Muito calor passava de um ao outro,

Beijos ferventes se derretiam sobre corpos nus,

A sede do céu de sua boca me descompassava,


Tanto quanto os cabelos ficavam em desalinho,

O sentimento era de completude,

A intensidade era tênue,

Feito uma linha forte que não se rompe,


Que tem a força e posicionamento exato,

Se eu pudesse ver seus olhos apesar da noite,

Apenas eu sei o quanto veria neles,

Eu o amo, o amei e não guardei dúvidas a respeito,


Ali, colada em seu corpo,

Tudo lá fora era armadilha,

Armadilhas escondidas sobre folhas secas de incertezas,

O flamejar da intensidade dos nossos carinhos


Acentuava calor por toda a pele,

A um homem deste não se curva,

Se dobra,

E eu me dobrei em muitas,


Fui todas e cada uma que pude,

De todas estas fui a versão menina,

Eu confesso que não tinha sua opinião,

Ou atitude sobre meus passos e decisão,


Agi sozinha e por impulso,

Medida a incertezas,

Sob a sombra de árvores densas ou secas,

A tocha que acendeu em mim não se apagou,


Eu segui abrigada somente a luz dela,

As folhas secas sobre as armadilhas não foram capazes,

Não sei expressar o motivo das certezas,

Mas cai em muitas delas,


E em cada uma eu o esperei,

Me curvei aos obstáculos e os ultrapassei,

Sempre me prostrei dobrada ao amor que sinto,

Não tenho vergonha do quanto o amo e admiro,


Quanto aos ferimentos,

Eu guardo você limpando-os em cada um deles,

Tirando os lenços de sua carteira,

Acredito que você sabia que isso aconteceria,


Mas não que estaria tão preparado,

Você se saiu muito bem,

Quando a claridade ressurgia sobre as folhas secas,

Tudo o mais se desvanecia,


E seu olhar resplandecia sobre todas as coisas,

Nada restou dos ferimentos

Além de uma sombra desconhecida,

Veja minhas mãos e cada centímetro


Da minha pele que você tanto beijou,

Aí estão cada cicatriz em ferida fechada,

Acredite meu amor,

Em cada uma desta que fiz,


Eu o tinha por objetivo,

Me desculpe se lhe soar em culpa,

Mas eu o amava em sobremaneira,

E o amo com todo o amor do mundo,


Algo se tomba no infinito sempre que estas comigo,

Já não sou eu e eu sorrio disso,

Mas, estremeço,

Nunca pensei que este tombar também tivesse lhe ocorrido,


Isso me entristece,

Porque, amor, eu não estive lá,

Mas guardei um lenço,

Veja, meu amor, aqui está,


Eu sempre o trouxe comigo,

Tem seu nome e o desenho de sua boca,

Rezo, meu amor, eu rezo,

Te amo e gostaria de estar mais em sua vida.


 

sexta-feira, 7 de julho de 2023

Sua Boca e Seus Mistérios

Elas saiam da boca e se dissipavam,

Dentro dele,

Por entre sua língua e formas,

Feito um acariciar a pele,


Até a parte mais profunda.

As palavras,

Não falo do beijo,

Não ainda.


Um círculo de bichinhos sobre a água,

Peixes vendo-os,

Parecem gostar da ideia,

Comê-los.


Feito pequenos degraus eles descem,

Não acredito que saibam nadar,

Mas sabem,

Descem em meio ao vácuo e retornam,


Não são tocados,

Parecem espalhar uma espécie de pânico,

Peixinhos se rodeiam e fogem,

Um maior fica ainda próximo,


Pequenas ondas se formam,

Alguns bichinhos desfalecem, então,

Já não entendo como ou o porquê,

Imagino se seria possível descer abaixo,


Bem no fundo sem precisar de ar,

Se há maneiras de percorrer toda a água,

E, óbvio, tocá-la mas não precisar voltar,

Penso agora e somente agora,


Se há possibilidade de ir até mesmo sem tocá-la,

Retorno a boca e agora desejo o beijo,

Então procuro-a,

E acreditei até então, que algum dia a percorri,


Dou um espaço e a contemplo,

Estremeço,

Acredito no que sinto,

Assim, digo que a amo,


Mas antes de retornar ao beijo sereno,

Penso se realmente um dia a toquei ou a senti,

Sentindo-a como acho que está em minha boca,

Reflito se me aprofundei nela,


Se toquei em cada parte,

Se respirei fundo o suficiente nela,

Se meu ar a preencheu ou retirou-a-na,

Se fui capaz de percorrer cada parte dela,


Da altura de um degrau,

Eu me jogo nos seus braços,

Sem pensar se está preparado,

Mergulho em queda livre,


Livre do espaço ou tempo,

Um coliseu no céu aberto,

Porém, profundo, misterioso e acessível,

Coberto por águas límpidas e ora turvas,


Se eu pudesse ficar tão pequena,

Ou quase ínfima,

Seria possível usar os bichinhos e então ir,

Então o reconheceria,


E sua boca?

Como poderia me aprofundar nela?

Estando nela como conhecer você?

Eles seriam degraus,


Contudo alguns ficam por lá embaixo,

Será que me abandonariam?

Mesmo os degraus se movem e

Eu me perco,


Não, eu não queria conhecer o impacto de cair,

Mesmo que na imensidão de um profundo,

Ou de altura que considero segura,

Doce vislumbre de um mergulhador,


Fracasso de muitos,

Creem que poderiam descer sozinhos,

Transparência tendenciosa ao naufrágio,

Mergulhar nos seus braços e ficar,


Sonho louco e apaixonado,

Reconhecer suas atitudes,

Tomá-las por minhas- compreender.

Assim, é como me sinto cada vez que o vejo,


Peixes travam combates ali,

Alguns fraquejam antes,

E sua boca,

Quem luta por ela?


Que segredos você seria capaz de guardar,

Gostaria de saborear seu gosto e me ver nela,

As palavras que falam e que estão em você,

Já o contem em muito,


E nas suas,

O que há de nós dois juntos?


 

quinta-feira, 6 de julho de 2023

Meu Amor

 

O amor se assemelhava ao humano,

Eu guardei em mim cada um dos sorrisos,

Os abraços mais apertados,

O calor mais seguro em meus seios,


O resto de um eu te amo ecoa na boca,

Por mais juras que eu faça,

Sempre fica um eu te amo guardado,

Não seria para lembrança,


Sinto que é porque amo em demasia,

Mas a demasia nunca é alcançada,

Havia alguns fios de seu cabelo

Sobre o vestido bem passado,


Próximo aos detalhes entalhados,

A cabeça tombada sobre os meus ombros,

Desatenta as horas e ao mundo,

Que homem sensacionalmente precioso,


Não fiz questão de manter esse amor vivo,

Nunca houve esforço entre nós,

Foi simplesmente acontecendo,

Hoje a questão é mantê-lo perto,


É um costume antigo dizer eu te amo,

Eu sei que é e já ouvi muito,

Sobre o amor sempre disse:

-Ora, chega a este ponto e corta o assunto.


Mas, porém, um dia as coisas mudam,

Rostos ganham forma e se desenham,

Parecem presos na memória e na alma,

Não se enforca um amor pela garganta,


Como eu seria forte o bastante?

Cortar na raiz o beijo ardente?

Afastar seu rosto quando me procura?

Dizer, ora para com esses carinhos,


Não, não preciso de você agora!

Bem, não sou capaz!

Quanto mais o tenho mais preciso,

Quando me beija a boca,


Se o toco na garganta,

É apenas para senti-lo mais íntimo,

Conhecer cada detalhe – cuidar e amá-lo,

Não seria capaz de apertar minha mão,


Morro de medo de acaricia-lo muito forte,

Definitivamente amar não condiz com ferimento...

Estes doces beijos pedem exposição ao ar livre,

Minha alma se alimenta do que ele sente,


-Doce amor que me conquista a alma:

Que língua doce é esta que você fala?

“Apenas a que você chama”;

-Doce amor que me ganha a vida:


Que gosto é este que me ampara?

“São os beijos que você gosta”;

-Doce amor que me rouba o ar:

Que cheiro é este que me embriaga?


“Comprei este perfume agora a pouco,

Vi você e pensei: melhor mudar um pouco”;

-Doce amor que me faz sonhar:

Qual é o Deus em que você acredita?


“Aquele que me leva até você – penso agora”.

-Como os outros o chamam?

Me perdoe, porque eu não terei outro nome a te chamar,

Meu amor.


Acho que nesta frase eu poderia defini-lo,

Aqui as perguntas são respondidas,

Você se encontra e eu me encontro,

Meu amor,

Não poderia chama-lo de outra forma.

quarta-feira, 5 de julho de 2023

A Distância

-Teremos que dormir separados.

Faz uma oração por mim,

Estarei aqui aos pedaços,

Você sabe da minha dificuldade para dormir.


Sem você, simplesmente, não consigo.

Nem sorrir posso,

Acho que você sente pelo ouvir.

Sabe-se lá que estranho habitante é o amor.


Nos lábios os beijos nunca são suficientes,

Nada passa que não faça lembrar,

Ah, saudade – saudade,

Palavra que se gosta de pronunciar,


Até senti-la, acredite.

Eu mesma, neste instante – odeio-a.

Dezembro chegou com suas águas calmas,

Eu poderia fugir para um rio e nadar,


Poderia procurar meu abrigo em outra coisa,

Mas fui assim por uma vida,

E agora provei do seu abraço,

Não consigo fugir do que senti nele,


As mãos da noite gostam de investigar,

São pálidas e calmas feito a lua,

Um vislumbre e lá está ela,

Não há como esconder nada.


Nem o que sinto,

Eu já desistir da parte fuga,

Quero me entregar ao que sinto,

Apenas isso – amar.


Pedágio as estrelas,

Os sonhos contados.

A sombra que passa sobre elas,

Não são nuvens, não, nada disso.


São nossos medos subindo para longe,

Obscuridade longe da alma,

Aumenta a vontade de estar perto,

Eu me vejo chama-lo com intimidade,


Como se houvesse algo de pertencimento,

Tudo isso do aconchego de um abraço,

Em outros eu nunca consegui ver tanto,

Eu deveria parar de procurar iluminar estrelas,


Este ato de esperar até que o céu fique limpo,

E que elas ressurjam com a mesma intensidade,

Isso já não soa tão bem quando se está sozinha.

Há muitas coisas que habitam o desconhecido,


E agora mais que nunca eu gosto delas,

Quanto mais sinto a falta em meus lábios,

Mais gosto e quero este sabor – seus beijos.

No mistério dos seus olhos há uma vaga,


Feito este hotel onde você dorme agora,

Ao meu lado há o seu espaço na cama,

Você me faz dormir tão bem,

-Você é melhor que estas estrelas distantes.


Me vejo falar em voz alta ao telefone.

Lá ele falava sobre outras coisas

E eu apenas contemplava a noite,

O implacável amor é de todo inquietante,


Gosto tórrido, profundo e saboroso,

Posto em meus lábios por um homem,

Retirado dali apenas por Deus,

Quando um infinito se abre,


Não há conclusão mais nítida e formidável.

Me vejo muda diante da janela,

Em pé, fixa, ereta e sonhadora,

Para um homem pareço apaixonada,


Para um menino teria cunho sexual – eu acho,

O homem talvez se aprofunde até minha alma,

O menino não mais que o superficial – mas definitivo,

Disso tudo eu não compreendo muito.


As atrações lá do alto são inquietantes,

As vezes tão juntas outras vezes dispersas – nomeadas,

Talvez até enumeradas,

Mesmo elas lá no céu não estão imunes,


Foram vistas por um homem – identificadas.

Elas queriam isso – acredito que sim,

Mas não podem tocá-lo,

Se entregar como eu posso, enfim.


Me vejo dar o passo que falta,

Embora o medo me fale sobre recuar,

-Reze por mim por estar distante,

Vai ser difícil resistir a esta noite.


Ainda me vi dizer,

Após isso imaginei um beijo,

Um acariciar em seu rosto,

E rezei para Deus para conseguir fechar os olhos.


 

segunda-feira, 3 de julho de 2023

A Roseira e Uma Moça

 

Ele insulta qualquer sentimento

Quando diz que é imune,

Ou nega o próprio poder para conquista- o lindo,

Sim, perfeitamente atraente.


Uma boca é um beijo que você busca,

Penetra, entrelaça e segura – mantém,

Ninguém beija e sai correndo,

Ou beija um pouco e desiste.


Beijar é devotar sentimento e tempo.

Se tivesse sido comigo,

Ah, aquele beijo dele jamais seria o mesmo.

-Como eu o beijaria?


Cheguei nele,

Logo após dizer isto,

Tão próxima até tocá-lo,

Entrelacei meus dedos por sua nuca


E o puxei para mim,

-Sim, eu quis e quero segurá-lo.

Eu o disse com sua testa colada a minha,

Com meus lábios muito perto,


Então estiquei-os e toquei nos dele,

Por muito, muito tempo.

Queria morrer ali mesmo.

Queria que o mundo se extinguisse,


Que se eu não o tivesse que então fosse o fim.

Há sempre algo de errante num coração acorrentado.

Dizer que eu desistiria dele,

Não, ninguém é capaz disso depois de sua boca.


Pode-se imaginar o quanto delineei seus contornos,

Suguei sua língua,

Entrelacei nele até minhas expectativas.

Lá de cima,


Diria no início da cidade,

Você lança o seu olhar,

E vê a roseira mesmo de longe,

Vermelha, viva e fascinante.


Os muros, calçada e construções de pedra,

Veem-se ofuscados por ela,

Apenas ela brilha na cidade cheia,

Um verde em meio ao nada,


Inesperado e perfeito.

Chama a atenção pelo mero existir,

Feito uma voz nítida ao coração,

Se a roseira falasse seria ouvida,


De onde se posicionar ela é vista,

O que ela diz ou pensa,

Se fosse uma pessoa,

Sei lá, desculpa, eu não sei dizer,


-Aliás, por favor,

Você que me olha.

Ela esbarra e o pega pelo braço,

-Pode me dizer o que você é capaz de ver?


No visível há linhas obscuras,

Que feito portas ficam entreabertas,

Há sempre um ponto em que se chega,

Estagna-se nele então se reflete,


O vasto do mistério é consumido rapidamente,

-Eu penso que não sou uma rosa.

Eu o disse, quase num sussurro e fui embora.

Havia existido beijos que foram provados,


Quase tomados a força,

Sonhos que foram entregues,

Quase ganharam esperança,

Ninguém que passa pela roseira resiste a ela,


Ou passa por mim sem tirar alguma coisa,

-Gostaria de saber o motivo da procura.

O que há em mim para significar tanta busca.

Dezembro tomou emprestado as frutas,


Jogou para outono a estação das flores,

Mesmo assim ninguém reclama ou desdenha,

Não há nisso estranheza.

Meia-noite e faz-se lua.


Linda flor com seus odores.

Todas as belas mãos da noite buscam-na.

Todos os estranhos passantes notam-na.


domingo, 2 de julho de 2023

Beijo sem Pressão


Silêncio profundo.

Aquele beijo se expandia até o infinito,

E se calava com o segredo de um sepulcro.

Nada interrompia-o,


Nossos desejos se acomodaram,

As ânsias davam-se por satisfeita.

Entregamo-nos.

No ar,


A iminência de apaixonar-me,

Não pensei em absolutamente nada,

Apenas provei-o em cada detalhe,

O rapaz que eu beijava não percebia,


Mas nossos corpos estavam estremecidos,

Eu não pensei se alguém mais nos via,

Apenas quis ficar ali colada ao seu peito,

Seus braços continham a paz que eu queria,


E seus lábios profundos e macios

Pareciam entender bem sobre isso.

Fomos diminuindo gradativamente a intensidade,

De devagar fomos para ainda mais lento,


Talvez, alguém tenha pensado em parar o beijo,

Contudo, pareceu que não pudemos,

Havia algo mais forte,

Mais intenso que coisas corriqueiras,


Aquele agir de praxe,

De alguma forma,

Soava diferente,

Não diria sobre sonhos no horizonte,


Não haviam promessas,

Nem o medo de que alguém pudesse descumpri-las,

Ou julgar.

Seu rosto em minhas mãos,


Cada lado dele se assemelhava a estrelas,

Foi bonito ter o céu entre meus carinhos,

Roçar minha pele,

Sentir sua textura,


Soltar um suspiro,

Fosse a noite o céu teria estremecido,

Cada vez mais nossos corpos se buscavam,

Era como um fundir sem querer,


Uma busca sagrada e específica,

Sem carinhos fora do lugar,

Desespero,

Vontade louca de tirar a roupa,


Era apenas aproveitamento,

E tudo muito no lugar exato,

Cada momento de busca e encontro,

Até o roçar da minha unha nele,


Macio, reconhecedor e perfeito.

Mesmo quando retirei a mão dali,

E suavemente repousei em seu bolso,

Guardei meus dedos dentro dele,


Rocei sobre sua perna quente e forte,

Parecia haver um lugar para mim com ele,

Mas não dei asas a este pensamento.

Me afastei de súbito, quase,


Sorri,

Não dei aquele último selinho de enceramento,

Baixei o olhar por medo do assombro

Que minha atitude poderia causa-lo,

Dei um passo para trás,


E saí para longe,

Sem um tchau ou palavras,

Algo em mim sabia que ele entendia,

E desde o início tinha por isso o fim.


Busca aos Peixes

Masharey acordou, Subiu na alta cadeira Feita de pneu usados, E cantou alto: - estou no terreiroooo! Em forma de canto. Após iss...