Não havia mais extensão no espaço,
Quanto cabe no céu de uma boca?
Muitos sonhos diluídos em beijos,
E no coração que abriga quem ama?
Falta espaço, lhe digo: falta espaço!
O céu se enegreceu e se debruçou,
Eu deitei sobre a grama e o trouxe comigo,
Não havia nada além dele em mim,
Eu não quis nada mais que seu peso,
Mesmo o céu não quis fazer presença,
Penso que existem coisas a dois,
Alguns flocos de sereno surgiram,
Mas, entre nós nada além do suor,
Quente e úmido,
E carícias macias sobre corpos molhados,
Pareciam espíritos em densas névoas,
O sereno a vista do horizonte,
Mas, de alguma forma tínhamos certezas,
Um no outro; um do outro.
Nada mais era tão nítido no campo de visão,
Nem tão frio quanto a ação do vento,
Contudo, eu não poderia contar esta história desta
forma,
Minha versão é a em que estou de olhos fechados,
Arredia do mundo,
Entregue aos seus braços,
Muito calor passava de um ao outro,
Beijos ferventes se derretiam sobre corpos nus,
A sede do céu de sua boca me descompassava,
Tanto quanto os cabelos ficavam em desalinho,
O sentimento era de completude,
A intensidade era tênue,
Feito uma linha forte que não se rompe,
Que tem a força e posicionamento exato,
Se eu pudesse ver seus olhos apesar da noite,
Apenas eu sei o quanto veria neles,
Eu o amo, o amei e não guardei dúvidas a respeito,
Ali, colada em seu corpo,
Tudo lá fora era armadilha,
Armadilhas escondidas sobre folhas secas de
incertezas,
O flamejar da intensidade dos nossos carinhos
Acentuava calor por toda a pele,
A um homem deste não se curva,
Se dobra,
E eu me dobrei em muitas,
Fui todas e cada uma que pude,
De todas estas fui a versão menina,
Eu confesso que não tinha sua opinião,
Ou atitude sobre meus passos e decisão,
Agi sozinha e por impulso,
Medida a incertezas,
Sob a sombra de árvores densas ou secas,
A tocha que acendeu em mim não se apagou,
Eu segui abrigada somente a luz dela,
As folhas secas sobre as armadilhas não foram capazes,
Não sei expressar o motivo das certezas,
Mas cai em muitas delas,
E em cada uma eu o esperei,
Me curvei aos obstáculos e os ultrapassei,
Sempre me prostrei dobrada ao amor que sinto,
Não tenho vergonha do quanto o amo e admiro,
Quanto aos ferimentos,
Eu guardo você limpando-os em cada um deles,
Tirando os lenços de sua carteira,
Acredito que você sabia que isso aconteceria,
Mas não que estaria tão preparado,
Você se saiu muito bem,
Quando a claridade ressurgia sobre as folhas secas,
Tudo o mais se desvanecia,
E seu olhar resplandecia sobre todas as coisas,
Nada restou dos ferimentos
Além de uma sombra desconhecida,
Veja minhas mãos e cada centímetro
Da minha pele que você tanto beijou,
Aí estão cada cicatriz em ferida fechada,
Acredite meu amor,
Em cada uma desta que fiz,
Eu o tinha por objetivo,
Me desculpe se lhe soar em culpa,
Mas eu o amava em sobremaneira,
E o amo com todo o amor do mundo,
Algo se tomba no infinito sempre que estas comigo,
Já não sou eu e eu sorrio disso,
Mas, estremeço,
Nunca pensei que este tombar também tivesse lhe
ocorrido,
Isso me entristece,
Porque, amor, eu não estive lá,
Mas guardei um lenço,
Veja, meu amor, aqui está,
Eu sempre o trouxe comigo,
Tem seu nome e o desenho de sua boca,
Rezo, meu amor, eu rezo,
Te amo e gostaria de estar mais em sua vida.