quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Seus Olhos

Um estuprador.
Um estuprador.
O que sentir quando
Se depara com um?
Frente a frente.
Próximo,
Próximo demais.
Saber que ele gosta de crianças,
Que sente prazer com a fragilidade,
Com a impotência da criança,
A inocência em suas atitudes,
A incoerência de seus entendimentos,
Sua pouca força
E pouco conhecimento
Para entender de quê se trata,
Defender-se.
Ok.
Eu já sou uma moça,
Tenho quatorze anos,
Uma adulta resolvida,
Porém, não fui estuprada.
Meu corpo não conhece isto.
Como me defendo agora?
Eu ainda não entendo
Do assunto que ele fala,
Quando percebi
Me encontrei aqui,
E olho para seu rosto,
Impassível e conhecedor,
Mas, eu não sei o que fazer,
Parece que não posso me defender.
-meu Deus, ele sente prazer com crianças!
Allah, me defenda.
O assunto me enoja,
O medo me domina.
Ele encostou suas mãos sujas
Em meus braços,
Eu não sei disfarçar,
Limpo-os.
Decido por em terra todo o orgulho,
Salvar-me a muito custo.
Quando o vejo
Só penso que ele beija crianças,
Toca em suas intimidades,
Engana meninas,
Quase desisto de salvar-me.
Mas não,
Preciso ser mais forte
Encarar o céus atrás de suas costas.
- eu gostaria de beija-lo.
Levo a mão na boca
Mal acredito no que sai de mim.
Ele acredita em seu potencial
Perfil masculino poderoso,
Então, se afasta de mim,
Penso que ele acredita
Demais em seu domínio,
Sinto medo,
Corro e conto pra minha mãe.
Acho que ela sabe agir melhor que eu.
Tomar uma providência.
Limpar meus lábios.
Lavar o ar que ronda meu corpo.
Situação horrível.
Ser obrigada a envelhecer
Em suas proximidades,
Quantos são além destes?
Existem tantos apoiadores?
O medo não pode apiedar,
Estou em perigo,
Me enoja o simples ver.

A Louca

Ameaçador,
Outra noite insone,
Olhos arregalados
Olhando o teto,
Em busca,
De quê?
Que havia?
Parecia não haver nada.
E nada era tão estranho quanto isto
Vozes,
Barulhos ameaçadores,
Alguém invadindo o pátio,
Algo quebrando o telhado,
Meu Deus, estou em perigo?
Então, por quê não consigo
Dizer única palavra?
Que há aqui que lê meus pensamentos?
Deus, estou louca?
Medo, medo e imagens,
Por Deus, estou num sonho,
Então, por quê não consigo acordar?
Remédios não sustentam.
Estou sendo envenenada?
Que são estes barulhos,
Estás vozes sobre outras?
Minha tevê fala,
Mas isto não parece estar no filme?
Por Deus, estou sendo o roteiro
Desta novela?
Mas nunca escrevi isto.
O quê?
Minha vida passa na tevê,
Que medo,
Que medo.
Quero me esconder.
Olho as pessoas
E ninguém me reconhece,
Passam rindo alto,
Riem de mim, por quê?
Eu não fiz nada errado,
Me odeiam sem motivos,
Eu nunca os fiz nada,
Nada de errado,
Será que devo ajuda-los?
Mas como viver minha vida
E viver para os outros
Num ato de entrega desmedida
Sem receber nada de bom
Apenas reprimendas,
Eles pensam que sabem de mim,
Mas eu nunca os vi.
Vou para o banho,
E o vizinho ri alto,
Faz barulhos horríveis,
Me enrolo na toalha,
Crio coragem e saio na área,
O que é?
O que há?
Não parece ser ele ou é?
O quê iria querer comigo?
Abusar de mim,
Ferir meu corpo?
Corro para o banho,
Uso trancas e grades nas janelas,
Uso trancas por tudo
E grandes onde posso,
A água acabou,
Estaria envenenada,
Roubaram minha água
Enquanto eu não estava
Ou estava e há sempre tanto barulho
Que o medo me impede de averiguar?
Me sinto trancada nesta vida,
Como se eu não tivesse alternativa,
É como se eu fosse obrigada
A seguir um roteiro,
Ser aquela que alguém deseja,
Quem é este alguém?
Por quê minhas paredes falam?
As luzes estão ligando sozinhas
Ou fiquei louca?
Minha tevê está estranha,
Parece que ela fala comigo.
O celular não toca,
E quando toca parece
Apenas seguir comandos,
Estou dominada,
Trancafiada,
Morta em vida?
Eles me ditam frases
E regulam minhas atitudes,
O que é isso?
Eu sinto medo.
De repente,
Há alguém
E este alguém fala de amor
Me reproduz sonhos bons,
Então, saio para fora
E não há nada,
Não há ninguém.
Meu Deus,
Ninguém me espera?
Então, de quê se trata
Este trancar de portas,
A chave,
Eles possuem cópias,
As grades são frágeis,
O que querem?
Eu devo ter um atestado pronto
No psiquiatra,
A louca das vozes,
Aquela que casou-se consigo mesma,
A que desistiu da humanidade,
Entregou-se a anjos,
Queimou a casa e si própria
Para afastar seus demônios.

Te amo

Obrigada, amor
Obrigada por não me deixar sozinha,
Por me perdoar
Os momentos de desconforto
Sobre os quais,
Eu queria apresentar data
Ou período,
Mas você já sabe,
Pode ser a qualquer momento,
Eu desejaria,
Logo após o estrondo,
Que fosse nunca,
Mas você me perdoa tão lindo,
Que sou capaz de me sentir bem,
Mesmo quando disse o que não queria,
E fiz além.
As vezes,
Eu entro em desgoverno,
Sinto dores,
E com elas vem os gritos,
Por vezes,
Eu queria deixar tudo mais bonito,
Uso todo o meu esforço,
E parece que vejo pouco retorno,
Então, olho seu rosto,
E você merecia tanto mais que isso,
Que eu me sinto mal
E penso que faço muito pouco,
Daí vem as frases feias,
O mal comportamento,
Me perdoa.
Eu o amo.
Eu cobro tanto,
E você me desculpa,
E minha dor passa,
E me sinto melhor,
Obrigada,
Você me ama
Eu vejo isso em você,
Como nos tecidos lindos
Que você transforma com tanto empenho
Pra você tudo parece simples,
Pegar algo usual e fazer arte,
Fazer de um emaranhado de fios
Algo único,
Que encanta,
Você faz isso comigo.
Eu te amo.

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Te Amo

Querido, Rahat.
Como você soube o que fazer?
Eu confesso que nunca soube,
E nisso,
Agi errado,
Chorei muito,
Sofri por não saber.
Mas Allah me enviou você,
Ele se compadeceu de minha dor,
Ouviu minhas preces,
E o trouxe, meu amor.
Eu te amo.
Eu estava cheia de ideias erradas,
Minhas condições demoravam
A obter respostas,
Havia sempre uma voz no travesseiro
E eu senti medo.
Eu desejei agir certo,
Quis a todo custo te proteger,
Mas a voz não me fez bem.
E não fosse você,
Nada restaria de mim.
Como eu saberia que não estava doente?
Que tudo não era resultado de estressse,
Tempo exagerado de estudos,
Trabalho árduo a valor injusto?
Eu jamais saberia.
Você me protegeu,
Me ensinou a ir adiante,
Se compadeceu.
Me protegeu.
Me apresentou um mundo de cores,
E nas cores a vida,
Além de tudo serem flores,
Com formatos vieram os sabores,
Doces frutos feito seus lábios,
Então, a luz dos vagalumes
E a grama resplandecente,
A lua gosta de brilhar sobre ela,
E eu de ver a lua ao seu lado,
Vieram os patinhos,
E tantos outros bichinhos,
Meu amor obrigada.
Eu te amo baby boy.
Tanto se esclareceu,
Tanto vimos e descobrimos,
Muito mais nos amamos.
Te amo Rahat.

12 Patinhos

Um,
Dois,
Três patinhos.
Quatro,
Cinco,
Seis patinhos lindos.
Nasceram muitos patinhos.
Pequeninos,
De pelinhos fininhos,
Oh, não tem ainda peninhas.
Apenas os bicos grossinhos,
Adoram água fresquinha,
Água limpa no pratinho,
Bebem,
Bebem lindos patinhos.
São de cores diferentes,
Marronzinhos,
Pretinhos,
Amarelinhos,
Oh, como são danadinhos,
Não nascem nenhum branquinho,
Mudam com o tempo
Estes lindos amadinhos.
São sete,
Oito,
Nove e vem outro vindo,
Espera aí queridinho,
Por quê não sai do ovinho?
- Oh mamãe patinha,
Eu estou presinho,
Não tenho forcinha,
Vou ficar aqui mais um tempinho.
- não fica não, meu menininho,
Eu te ajudo com carinho.
Então vem dona mamãe patinha
E com seu bico
Bica bica o ovinho,
Ele se rompe redondinho,
Sai dali o seu último patinho.
São dez patinhos!
Oh, que lindos!
Conta de novo mamãe patinha,
Dez,
Onze,
Doze patinhos peludinhos.
Fofos, redondinhos,
Agachadinhos no chão de terra,
Querer comida,
Mamãe cisca cisca no chão de comida,
Dá aos patinhos quirela
Pronta com abóbora e bananas,
Espera aí mamãe patinha,
Tem mamão na comidinha também,
Linda,
Linda a mamãezinha
Se perdeu na continha,
Se animou na comidinha.
Linda ninhada da patinha Efruziva.
Parabéns linda menina,
É mamãe de ninhada linda.
Anda um patinho,
Anda dois patinhos,
Todos correm seus passinhos,
Falam e falam sem parar,
-Bebe água seus lindinhos,
Tem comida no chãozinho.
Fazem cara de safadinhos,
Se agacham todos juntinhos,
Embaixo da mamãe patinha,
Estão aquecidos,
Estão acolhidos.
Viva a vida dos doze novos patinhos!
Recebem de Rahat 12 abracinhos.
- Viva ao Pitelmario nosso paisinho!

Preso

- Eu preciso de dinheiro,
Do seu dinheiro.
Ela disse em desespero,
Dívidas da casa em atraso.
Iriam penhorar e retirar dela.
- ótimo.
Ótimo ele quis responder
Com orgulho opressor,
O mesmo teor que ela utilizou,
Se pudesse cuspiria terror.
Ao invés disso sorriu emotivo,
- querida, estenda suas mãos
Em minha direção,
Fiquei próxima.
Bastante próxima.
Então ele cuspiu.
Com lentidão,
Escassez e sede.
Lembrou-se de toda sede que sentiu,
Da vez em que se viu obrigado
A beber sua própria urina,
De quando não teve lugar
Em que depositar sua urina,
Por estar de portas trancadas,
E incapacitado por algemas
Fez tudo nas calças.
- não, não se incapacita um homem,
Fuzilando sua masculinidade.
Ele não esperou pelo tapa na cara.
Chorou feito criança.
Então, saiu de seu devaneio
E olhou-a,
Amou ver seu desespero,
A humilhação estampada nela,
Sentiu-se ainda mais fraco,
Ele tinha o valor,
Ele poderia ajuda-la,
Mas jamais o faria,
Não esqueceria a falta de água,
A ausência de seus remédios,
Estar preso e obrigado por ela,
Impedido de buscar medicamento,
O risco a sua vida
Era motivação suficiente
Para a recusa.
Não,
Não iria ajudar,
Morreria com cada cédula,
Enfiaria no cu
E fingiria que era merda,
Limparia a bunda
E daria descarga,
Mas jamais iria auxiliar.
Sofrer é horrível,
Mas ser alvo de pressão psicológica,
Estar preso a quatro paredes,
Não.
Não há como perdoar
Ou ao menos esquecer.
Sim.
Precisava sair vivo,
Não sabia como se sair bem,
Mas confiar e ajudar,
Não convém.
Outra forma de fingir confiança,
Precisava de outra maneira
De fugir
E se colocar o mais distante,
Enfiaria cada cédula no cu
Até virar merda,
Mas não facilitaria
Ou seria conivente.

domingo, 3 de novembro de 2024

A língua do povo

-Dizem que está viva!
-Há gritos no cemitério,
Trata-se de uma alma!
Os rumores não cessavam,
Falavam da morte de moça nova,
Muito amada,
E bem cuidada,
Noiva.
Foi encontrada no quintal de casa,
Ao seu lado um buquê de flores,
Caída e esticada.
Jogada sobre grama verde.
Simplesmente morreu,
Sem causa de morte,
Caiu sobre a grama quente,
E ficou!
O velório foi triste,
Ninguém acreditava na notícia,
Moça bem falada,
Comprometida e amada.
Tudo transcorreu rápido,
Conforme ocorre com todo corpo,
Após a morte,
Sabe-se,
Nada resta
Nem sangue a correr,
Fala, sorriso ou volta.
Porém, as horas transcorreram,
E os dias se passaram
E em torno do cemitério,
Sempre rumores,
E a língua do povo
Não fala com pouca razão,
Falta coragem para ir ver,
Tirar a certificação,
Mas se há fala,
Há motivação.
A família comovida,
Abriu o portão,
Fez oração e entrou,
O que encontrou não faria poucos chorar,
O pai desmaiou,
A mãe gritou sem parar,
A mão da moça estava para fora da terra,
A terra havia sido removida,
Parecia arranhada,
A pele dos dedos da moça se perdeu,
Três estavam para fora,
Como se pedissem socorro,
Ela teria sido enterrada viva?
- não!
Coube outra vez ao povo a descoberta,
O noivo havia tentado remover o corpo,
Cobrar dinheiro para devolver,
Remover joias e roupas,
Enfim, tudo nela que trouxesse dinheiro
Ou conforto,
Para espanto de todos os olhos,
Aquele homem nunca a amou.
Ele apenas matou-a com uma paulada,
Logo após levar-lhes flores envenenadas,
Queria apenas dinheiro
Bateu forte demais,
Ela não teve forças para se levantar,
Tudo foi muito rápido,
E joias, roupas caras e caixão
Foram colocados ao dispor apenas depois,
Ele voltou buscar,
Vendo o sofrimento dos pais
Quis levar o corpo,
Não contou com os olhos do povo,
Ineficaz,
Não foi capaz.
Há pessoas que veem valor em tudo,
Há pais que dão valor a cada gesto,
Detalhe ou filho.
Filha amada,
Levou tudo que pode,
Amor, sofrimento, dinheiro...
Conheceu em vida os dois,
O homem que enxergou a filha amada
E a capacidade dos pais
De ama-la,
Doarem-se
E presenteá-la,
Infelizmente,
Este homem a quis de graça
E a teve por muito cara.
Ela conhecia aquele tipo de amor,
Apenas não foi capaz de identificar
Separar as declarações de quem daria a vida por ela
E quem retiraria a vida dela
Apenas para ter.

Comida do Leito do Rio

E, Houve fome no rio, Os peixes Que nasceram aos montes, Sentiam fome. Masharey o galo Sofria em ver os peixes sofrerem, ...