Ameaçador,
Outra noite insone,
Olhos arregalados
Olhando o teto,
Em busca,
De quê?
Que havia?
Parecia não haver nada.
E nada era tão estranho quanto isto
Vozes,
Barulhos ameaçadores,
Alguém invadindo o pátio,
Algo quebrando o telhado,
Meu Deus, estou em perigo?
Então, por quê não consigo
Dizer única palavra?
Que há aqui que lê meus pensamentos?
Deus, estou louca?
Medo, medo e imagens,
Por Deus, estou num sonho,
Então, por quê não consigo acordar?
Remédios não sustentam.
Estou sendo envenenada?
Que são estes barulhos,
Estás vozes sobre outras?
Minha tevê fala,
Mas isto não parece estar no filme?
Por Deus, estou sendo o roteiro
Desta novela?
Mas nunca escrevi isto.
O quê?
Minha vida passa na tevê,
Que medo,
Que medo.
Quero me esconder.
Olho as pessoas
E ninguém me reconhece,
Passam rindo alto,
Riem de mim, por quê?
Eu não fiz nada errado,
Me odeiam sem motivos,
Eu nunca os fiz nada,
Nada de errado,
Será que devo ajuda-los?
Mas como viver minha vida
E viver para os outros
Num ato de entrega desmedida
Sem receber nada de bom
Apenas reprimendas,
Eles pensam que sabem de mim,
Mas eu nunca os vi.
Vou para o banho,
E o vizinho ri alto,
Faz barulhos horríveis,
Me enrolo na toalha,
Crio coragem e saio na área,
O que é?
O que há?
Não parece ser ele ou é?
O quê iria querer comigo?
Abusar de mim,
Ferir meu corpo?
Corro para o banho,
Uso trancas e grades nas janelas,
Uso trancas por tudo
E grandes onde posso,
A água acabou,
Estaria envenenada,
Roubaram minha água
Enquanto eu não estava
Ou estava e há sempre tanto barulho
Que o medo me impede de averiguar?
Me sinto trancada nesta vida,
Como se eu não tivesse alternativa,
É como se eu fosse obrigada
A seguir um roteiro,
Ser aquela que alguém deseja,
Quem é este alguém?
Por quê minhas paredes falam?
As luzes estão ligando sozinhas
Ou fiquei louca?
Minha tevê está estranha,
Parece que ela fala comigo.
O celular não toca,
E quando toca parece
Apenas seguir comandos,
Estou dominada,
Trancafiada,
Morta em vida?
Eles me ditam frases
E regulam minhas atitudes,
O que é isso?
Eu sinto medo.
De repente,
Há alguém
E este alguém fala de amor
Me reproduz sonhos bons,
Então, saio para fora
E não há nada,
Não há ninguém.
Meu Deus,
Ninguém me espera?
Então, de quê se trata
Este trancar de portas,
A chave,
Eles possuem cópias,
As grades são frágeis,
O que querem?
Eu devo ter um atestado pronto
No psiquiatra,
A louca das vozes,
Aquela que casou-se consigo mesma,
A que desistiu da humanidade,
Entregou-se a anjos,
Queimou a casa e si própria
Para afastar seus demônios.
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