quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Mohramuh - o Primo

A culpa não se deve a vento,
Um raio,
Outro evento natural
Ou incerto.
Tudo tem explicação,
E explicação convincente.

Um primo de Pitel
Morador das areias desérticas
Lá para os lados de Dubai,
Da época em que o vento
Soprava areia no rosto,
E os primos perambulavam
Em busca de um oásis.

Ou seja,
Areia e água fresca.
Contudo Mohramuh,
Nunca saiu da cidade
Ou pôs os pés em terra seca,
Andar para ele
Se fazia através de carro esporte,
Modelo última geração,
Escada rolante
E elevador.

Ocorreu que ao chegar
Viu o mamão,
De longe,
Feito ouro aos seus olhos,
Joias em mãos de noiva apaixonada,
Imaginou que fosse o reflexo do sol,
Lá em Dubai o sol das areias cimentadas
Não brilha tanto,
Nem mesmo o colar
Do pescoço de Mohramuh
Possuía tal encanto.

Aproximou-se de passo a passo,
Olhos na terra,
Olhos nos pés,
Olhos no céu,
Olhos no mamão,
Chegou perto e teve surpresa:

Eram 07 mamões,
Um acima do outro,
E ao lado feito um colar
De pérolas sobrepostas,
Em bebidas em ouro,
Amarelos, redondos,
Pontiagudos, cheirosos
E uns verdes.

Ele abriu a boca,
Soltou a língua pra fora,
E olhou encantado para o primo,
Nunca viu nada mais lindo.

Suas patinhas pareciam deslizar
Para as veredas daquele lindo
Mamoeiro.

Contudo, ao chegar lá
E ver o tamanho do pé,
Uns 05 metros,
Ele ficou triste
Sem saber o que fazer,
Estava alto demais
Para alcançar,
Lindo e cheiroso demais
Para desistir.

Subiu no pé de canela das arábias,
Ao lado do mamoeiro,
Entre vôo e passadas na árvore,
E do galho próximo ao mamão,
Tencionou voar até o mamoeiro,
Todavia,
O galho não aguentou o peso
Do Mohramuh,
E quebrou-se
Caindo sobre os mamões,
Mohramuh agarrou-se
Em um daqueles mamões
Como sua única alternativa,
Única chance,
E não soltou mais,
Caiu comendo e sentadinho,
Agarradinho a fruta.

Quebrou o galho da canela,
Quebrou o mamoeiro,
E Mohramuh encheu a barriga
Sentado no chão,
E no galho.

Pitel correu e comeu também.
Todos encheram a barriga
Até Mohramuh.

Menos Bruce que só encontrou
O galho quebrado,
O mamoeiro caído
E nem mamão verde ou maduro
Próximo dali.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Menstruação

Ser mãe,
Parece ser um objetivo,
Ser parte de um sonho,
É pensando nisto
Que se procura um marido,
Um lar...

Criar os filhos.
Passam-se os anos,
Mês a mês,
Sangue a sangue,
Chega um dia e
Nada te convence,
Talvez, seja a hora
De procurar a desculpa,
De você não ter sido capaz:

Capaz de enfrentar discórdia,
Um homem todo dia
Com a mesma cara,
Que a vida não é de graça,
Que para ter um filho
Basta um lar.

Não precisa pensar
Em educar antes de ter,
Como criar,
Agir até ele crescer,
Imaginar se o casamento
Será para sempre.

Se o quanto você ganha é o bastante,
Imaginar o rosto,
O olhar, o sorriso.
Mas você ao invés disso,
Perde seu tempo
E imagina,
Imagina muito,
Se preenche de outras coisas.

E agora,
Se encerra novo ano,
Sangue escorre
Lhe ofertando nova chance
Ou dizendo “por agora basta
Foi o suficiente”.

O cabelo branco denuncia,
As dores no corpo reclamam,
Os caras que você confiou até agora
Não conseguiram.
Mas, um dia,
O último sangue escorre,
Até lá “oportunidade”.

Café Forte e Seco

Ele segura o café
Com uma mão ao alto,
Eu me aproximou,
Busco seu beijo,
Ele mantém a xícara
E com outra mão me enlaça.

Não tarda,
E o café forte e quente
Cai sobre meus seios nus,
Fazendo a pele arder e arrepiar,
Ele sorri,
Acha engraçado e sexy,
Então, baixa os lábios
Até meus peitos.

Ergue minha perna contra sua cintura,
Me joga contra a mesa,
E fazemos sexo de novo.
Havia sido bom.
Na verdade, maravilhoso,
Mas sua camisa quente
Contra meus seios queimados
Faz arder
Como se pegasse fogo.

Sinto que a pele está sendo arrancada,
E ele não pára,
Movimenta-se em direção ao meu corpo,
A mesa bate na parede
E faz barulhos intenso,
Eu deveria gemer,
Mas acho que estou chorando,
Deveria puxa-lo para mim,
Gozar alto
E dizer que o amo,
Mas o empurrou com toda força.

Ele pensa que meus gemidos
São de desejos,
Mas dor sangra
E escorre da minha pele,
Ele se acha suficiente,
Ou já sabe que não é,
Isto não muda nada,
Eu sinto por ele nojo.

Uma noite de sexo
Jogada pela janela,
E agora outras horas
Em suas mãos doentes,
Eu poderia ser sua,
Mas me sinto molestada.

Algo quente e terrível
Escorre por minha coluna,
Mais café seco e forte,
Ele não havia soltado a xícara
E agora todo o líquido está
Contra meu corpo,
A perder minha pele,
A sangrar de dor,
A sentir os pelos serem arrancados,
Preferiria morrer de amor.

Feliz Natal

O dia ganha novo brilho
Sempre a casa 24 de dezembro,
Sinto que guardo
Todos os doces para este momento.

É acordar e correr para o chocolate,
Chegar ao meio dia
E ter a mesa farta.

Chega a noite
Vem a esperada ceia,
Me sento a mesa,
Fogo aceso,
Calor em família,
Olho o prato cheio,
Levanto o olhar
E há uma cadeira
Para cada membro,
Todos estão conosco.

Deixo de pensar no meu peso,
Em como perder os quilos
Que nem ganhei ainda,
De erguer o garfo
E sentir culpa,
De não aproveitar cada gosto,
Cada piada de boca cheia,
Cada olhar de quem amo.

Dia 25 de dezembro,
Querido Natal,
Vinho, champanhes e cervejas,
Fogo aceso,
Cuca e bolo na mesa,
Carne no fogo,
Piadas e presentes.

Na oração da noite anterior
Não pedi sonhos,
Rezei para não ter culpa,
Não culpar pelo chocolate
Não ser o favorito,
Por a marca não me preencher,
Por ter havido ou não presente,
Rezei somente
Para encher o prato,
Comer o suficiente,
Ajudar a lavar a louça,
Limpar a casa
E me sentir bem-vinda,
Ter orgulho de cada pessoa a minha volta,
Olhar com amor a todos que estão comigo.

Feliz Natal,
Eu digo ao abaixar-me ao lado da cama
E guardar ali escondido
Dentro de uma caixa bem fechada
A balança,
A despedir-me dela,
Retiro dali meus bombons
E os coloco a mostra,
Como cada um e todos que quero,
Divido todos que posso.

Saio do quarto,
Abraço cada um dos presentes,
Chamo os que sinto falta,
Os espero na porta,
Com comida servida,
Suco gelado na geladeira,
E todos os sorrisos de felicidade.

terça-feira, 24 de dezembro de 2024

Anel e Saudade

O momento em que se deixa,
Sem abandonar,
Súplica de lágrimas
Por alguém que não voltará,
Não importa o que aconteça,
Despede-se apenas.

Baixa-se a terra
Sobre seus olhos de amor,
Fecham-se suas cortinas,
Não tornam a ter cor.

Eu vejo o anel cravejado
De diamantes e outras pedras,
O retiro,
O coloco no bolso.

O tempo passa e ele está comigo,
Deito em minha cadeira de balanço,
É tarde da noite,
A lua brilha,
E o sono tarda,
O retiro do casaco,
Ele continua intacto,
É como se o tempo tivesse parado.

Ele ainda mantém toda a beleza
De seus lindos dedos,
Se reparo bem,
Ele parece estar naquela mão,
Com vida a correr por seu ouro,
E a cor dos olhos dela
Repousar nestes diamantes.

Contra a lua,
Posso ver seu olhar.
O coloco em meu dedo,
Por quê não poderia?
Pareço tê-la comigo
É como se até seus lábios
Estivessem neles,
Há guardado nestas pedras frias
Tantos beijos repousando,
Esculpidas pela neblina
Das palavras
Tantas promessas
Que nunca seriam desfeitas,
Nem possam ser apagadas.

Contudo,
Não podem ser ouvidas
Por aquela a quem daria
Minha própria vida,
Minha alma
E tantos outros anéis
Com tantas outras pedras
Que pudessem adorna-la,
Protege-la,
Recordarem a ela
O quanto a amo.

Apago a luz
Acendo uma vela,
A chama enegrecida e quente,
Recobre o anel
E a traz:
Posso ver nestas pedras
Seu rosto,
Ao menos sua pele,
Seus lábios
E até algo de suas frases,
Há muito daquela que se foi,
Haverá então deste que está.

No entanto,
Entre meus dedos
Estás pedras não se aquecem,
Não são como nas dela,
Eu consigo lembrar,
Lembro como suavam o seu calor,
Como continham seu cheiro,
Como ganhavam vida atrás dela...

Parte de mim partiu com ela,
Ele sabe disso,
As pedras brilham feito estrelas,
Como palavras formando-se,
Se juntando e contando histórias,
Tenho tanto a ouvir,
Neste tempo sem ela,
Será quando mais poderei ouvi-la
Foi assim que o destino quis,
Trago ao meu rosto
Para ver se encontro calor,
Não há,
Nele não aconchega-se novas promessas,
Guarda o afeto dela,
Talvez, também sinta sua falta.

Te amo

Eu te amo, meu irmão.
Com coração acelerado
De emoção,
Com o pulso caloroso,
Buscando o seu abraço.

Te amo,
E cada elogio que recebo
Se estende no seu rosto,
Pois vejo o quanto te anima,
O tanto que fala de você mesmo.

Eu te amo
Pela força do seu abraço,
Pela confiança que lhe tenho,
Pela saudade que me trás
Sempre uma lágrima escondida
A casa despedida que você faz.

Eu te amo
Por sua discrição e zelo,
Te amo por estar sempre seguro,
Por preencher todos os meus erros,
E me amparar no seu conforto.

Eu te amo
Pela segurança de seus lábios,
Por conhecer tanto e quanto,
E não ter medo de me falar,
Não poupar as atitudes,
Estar sempre próximo,
Ser meu porto seguro
Que me dá tanta saudade
E me faz querer sempre estar
Mais perto.

Te amo pela simplicidade,
Pela linha reta do diálogo,
Por entender o que eu não falo,
Ter iniciado o caminho
Que tive medo de dar o primeiro passo,
Estar sempre tão a frente,
Que não me vejo sem você
Um passo adiante.

Eu sei,
Um dia,
O mais novo precisa ir mais rápido,
Sentir-se mais forte,
Abrir o restante do caminho,
E lá na frente,
Olhar para trás
E encontrar o mais velho sentado,
A descansar,
Então, retorno e o busco,
Faço, do seu caminho,
O mais simples por já tê-lo andado,
Igual como você fez.

Deus me livre,
Olhar para trás e não encontra-lo,
Se um dia,
O tempo,
A todos faz despedir-se,
Que não coloquei entre nós o adeus,
Eu não suportaria
Te buscar a minha frente,
E você não estar lá,
Então, assustado
Te buscar lá atrás
E não encontra-lo a me esperar.
Eu te amo.

Beijo na Torre do Mar

A garota combinou com o garoto
De espera-lo na torre
Próxima ao mar aberto
Com a ideia de ficarem juntos,
Entrelaçar suas mãos,
E beijarem-se.

Ela foi até o encontro,
Entrou na torre para esperar,
Mas o mar que é revolto
Não entende se sentimentos,
Ele existe por si mesmo
Em água gelada, salina e invasora.

Viu-a lá,
Antes do garoto
Que apenas combinou o horário
E atrasou.

Ele foi incisivo,
Não respeitou seu vestido novo,
O olhar apaixonado e esperançoso.
Jogou-se com toda a força,
Ganhou ímpeto e altura,
Alcançou-a lá dentro,
Batendo suas águas com toda força
Contra seu corpo frágil,
Enrolando-a em tantos planos
De sua própria roupa,
Jogando-a contra a parede,
Deixando-a sem saída alguma.

A torre era simplesmente no alto
De um morro de areia,
Tinha uma entrada côncava,
E paredes redondas,
Mais nada,
Apenas o teto maciço.

O rapaz pode vê-la,
Nada fez,
Não sabe-se se por medo
Ou pôr não saber nadar,
Ninguém imaginou que ele planejou tudo,
Nem ao menos ao ouvir
O primeiro grito,
O segundo,
E o balbuciar de algo
Batendo loucamente contra a parede.

Então, o mar voltou,
Rápido e feroz,
Sujo de sangue,
Continha nele trapos rasgados
De um vestido
Que conteve uma moça
Num sonho bonito,
Agora,
Lá atrás, ele carregou a moça junto.

Nenhuma pedra da parede,
Nem um riscar na porta que não abre-se
Ou se fecha,
Pois só há a entrada
E nela a única saída.

Não identifica-se naquele lugar sangue,
Nem fiapos de tecido,
Nem sonhos de mulher,
Nem água,
Apenas umidade
Que não tarda a secar.

Foi com o mar revolto
A moça que esperava.
Tão linda quanto estava.
Magra, perfumada, emudecida.

O rapaz levou a mão aberta
De lado na testa
Sobre seus olhos
Pretendendo ocultar a claridade
E poder ver mais longe,
Lá distante em mar aberto
Estava ela.

Braços abertos,
Corpo solto,
Dedos esticados,
Lábios fechados,
Pés descalços.
Na areia havia um pé de sapato
Enterrado.

Como se alguma força prepotente
Tivesse tentado segura-la,
Ou manter
Um pingo de vida
Naquele rosto jovem e apaixonado.
O outro pé não foi encontrado.

Caso: Assassinato da Balconista

Aos vinte e cinco anos Não se espera a chuva fria De julho Quando se sai para o trabalho, Na calada da noite, Até altas mad...