quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

O Garoto Cobiçado

Finalmente,
O garoto cobiçado olhou-a,
Prestou atenção em suas roupas,
Sorriu baixo,
Gostou dela.
Dentre tantas pessoas juntas,
Não é fácil ser notada,
E quando o garoto,
O grande garoto
Olha para você,
Você se sente o máximo,
Tipo uma rainha...

Foi bom ser digna de seu olhar,
Conquistar seu apreço,
Agora se apaixonar
Era questão de tempo,
Beijar seu rosto,
Cuidar do lindo rapaz,
Era resultado imediato.

Ela se apaixonou por ele,
Não soube porquê,
De repente gostou dele,
Não sem querer,
Ele era lindo e inteligente,
Porém, cobiçadinho e prepotente.

Suas pernas torneadas e fortes
Não contavam com isto,
Ele a chamou de longe,
Foi discreto
E autossuficiente,
Ela sentiu-se bambear,
Por Allah,
Seria agora o esperado fim?

O encanto do beijo
Se personificaria.
Então, ela foi,
Rápida e inteligente,
Com seu jeito altivo
Displicente,
Chegou a ele.
- Olá.
Eu o vi me chamar.

Disse,
Entre sorrisos e dentes brancos.
- sim,
Preciso de um favor seu.
Ele respondeu e entregou a carta.
Uma carta fechada.
Uma carta feita a mão e lacrada.
Com seu nome e data.

O coração dela vacilou,
Ela olhou para seus olhos,
E o coração voltou.
- eu não sei se consigo.

Respondeu.
Pegando a carta entre os dedos.
Segurando firme
Entre suas mãos trêmulas.
- nem mesmo por mim?
Ele indagou em sorrisos.

Sinto Muito

Ela venceu a grama alta
Em passadas largas
Para encontra-lo
E o quanto antes abraça-lo.

Sorriu como se o sol
Refletisse em seu rosto,
Seus olhos lacrimejaram,
Seu amado,
Seu doce amado,
Vinha ao seu encontro.

De casaco solto
E calças da mesma forma,
Dava passadas largas,
Sorriso resplandecente,
Porém, no fundo do seu olhar
Havia algo,
Um algo frio e arredio,
Um algo que ela não reconhecia.

A dois passos,
Ela abriu os braços,
Deixou os cabelos soltos
Para acariciar ele com todo corpo.
Era seu lugar favorito,
O perfume dos cabelos dela,
Aconchegar-se em seu ombro,
Adormecer em suas carícias.

Ela não media esforços.
Mas, seus braços levantaram-se lentos,
Como se estivessem pesados,
Suas mãos pareciam fechadas,
Os punhos estavam tesos.
E o sorriso foi se apagando.

Ela encontrou amparo
Em olhar para o seu peito,
O lugar amado,
O cheiro desejado,
O lugar que ansiava estar,
E manteve o abraço no alto.

A um passo se jogou
Nos seus braços,
Quando viu seu olhar
Enviesado e sóbrio,
Caiu em seu peito ,
Não sentiu receio
De buscar amparo,
Nem de admitir amor.

Abraçou ele intensa e forte,
Apertou seus braços,
Entrelaçou suas mãos em suas costas,
Colou seu rosto
Em seu casaco
Que logo molhou-se em prantos,
Mas, ela permitiu que seu amor
Escorresse por sua roupa,
Que ficasse a marca,
Garantisse a lembrança
De seu desespero e medo
Da ideia destrutiva de perde-lo.

Feriu sua sobrancelha
No zíper do casaco escuro,
Feriu seu rosto em tecido arredio,
Apertou até seus ossos estalar,
Até doer a alma,
Seguraria-o até sangrar,
Por toda vida
Se assim o fizesse ficar.

- você está bem?
Ele indagou seco
E distante,
Mantendo seu queixo
Sobre a cabeça dela.
- não, por favor, não estou pronta.
Ela disse de ímpeto.

Sem se mover,
Apertando e apertando ele.
- eu sinto muito.
Ele respondeu.
Empurrou-a para trás firme
E seguro,
Deu as costas para ela
E foi para longe.

Com passadas largas e decididas,
Como se o gramado alto,
Não contivesse nada
Que pudesse detê-lo,
Como se a necessidade dela
Fosse insubsistente.
Ele virou-se.
E foi para sempre.

Amado Esposo

Obrigada amado esposo,
Esposa tão abençoada
Quanto eu não há.
Digo isto,
Porquê tenho o melhor amigo,
Companheiro e homem comigo.

Sinto orgulho
De quem você é,
Grande homem,
Grande rei,
Me fez mulher,
Me trouxe alegria,
Me faz rainha.

Eu não digo isto com frequência,
Me desculpa,
Eu te amo sobremaneira,
E preciso de você comigo.
Você é minha realização,
Você é extraordinário,
É mais que pedi em oração,
Ou algum dia sonhei ter comigo.

Obrigada por vir ao meu encontro,
Acreditar em meus sonhos,
Compartilhar sua vida comigo.
Amado esposo,
Obrigada por ter ficado,
Quando havia tanto empecilho,
E tantos a tentar nos distanciar,
Você foi inteligente e astuto,
Soube diferenciar,
E me elevar para rainha,
A grande rainha da sua vida.

Eu amo cada hora
Em que estamos juntos
E nenhuma haverá
Em que nos distanciarmos,
Eu falhei,
Não fui, por vezes,
A esposa que você mereceu,
Mas, eu sinto que precisei,
Eu te amo.

Sei, eu cometi erros,
Mas você sempre foi meu anjo,
Se eu pudesse mudaria o tempo,
Passaria o ponteiro com meu dedo
E pularia todas as horas ruins.
Até que pudéssemos estar juntos,
E estarmos seguros.

Porquê, meu amor,
Me importa sua segurança,
Sei bem-estar,
Sua mantença.
Contudo, meu amor,
Saiba que eu te amo
Meu esposo.
O grande rei.
O amado rei.
Minha maior benção,
Minha mais alta paixão.

E Nesta Vez

Pela última vez,
Ele não precisava dizer isso,
Eu lhe economizaria a frase,
Ele nunca precisará dizer.

Que bom que o tive,
Foi uma noite
Entre beijos e estrelas,
Ele foi todo meu,
Eu toda sua.
Então, chegou o alinhamento planetário,
Pois é, o destino
Que cruza as vidas
E entrelaça sonhos,
Agora decidiu cruzar estrelas,
E entre elas ou além,
Os planetas.

Um após o outro,
Em linha reta.
Se eu pudesse leva-lo
Até lá,
Haveriam percalços
Uns grandes demais para o passo,
Outros um tanto quanto
Sem piso próprio,
E outros pequeninos
Escondidos para dar-se o passo
Lá embaixo...

Sonho alto.
Sonho alto foi desejar você,
Foi querer te conhecer,
Agora o destino achou tudo simples,
Foi para lá interferir
Então, se você agora
Pensar em mim
Promete sorrir?

Ok.
Eu não gostaria de ouvir
De você a tal da frase
Pela última vez,
Fere a alma
Imaginar estar contigo
E no outro instante
Eu não te ver.

Por uma última vez,
Que não veja a pena,
Por uma única vez,
Tudo se apequena,
Que tal se fosse,
Fica comigo outra vez?

Sem pedidos
E sem romance.
Beijos românticos
São para embaixo do cobertor,
Combinamos assim,
Sem o tal de última vez,
Sabendo que sempre
Melhora na próxima vez.

E, por favor,
Sem desta de da próxima vez,
E sem a coisa do por única vez.
Caramba,
Eu beijei um rei.

E quando a noite trouxe as estrelas
O céu intercalou os planetas,
E eu olhei para o rapaz,
E disse poxa, garoto:
“eu beijei um rei”.
Que legal você é, rapazinho.

Nesta vez foi intenso,
Deste vez você foi o auge,
O garoto cobiçado,
É rei neste romance.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

A Notícia

Confesso que não sei
Se rezar ajuda.
Mas, eu soube ficar de joelhos,
Eu fiz mais que podia,
Soube suplicar...

Aquele dia,
De maneira totalmente inesperada
Recebi a notícia da morte.
“Sim. Ele se foi”.
Me disseram sem delongas.

Eu teria caído,
Mas meu coração baixou
E senti que um solavanco
Até o chão
E ele não aguentaria...

Eu tremi e procurei por ajuda,
Tudo ficou escuro demais,
Ninguém me reconhecia,
A dor sangrava,
Jorrava tão forte
Que fez meu coração pulsar.

A partir daquele momento
Ele não soube pulsar outra coisa.
Eu juntei minhas mãos,
Colei uma a outra
E roguei aos céus,
Deixa ele, Allah,
O Salva.

Você pode,
Eu disse,
Eu confio nisso.
Allah não deu resposta,
Sim,
Lá do céu ele ficou em silêncio.

Eu fiquei cega de dor
Meu pulmão se contraiu
E não desejou respirar,
Minha voz calou,
Só soube suplicar.

Eu parti meus joelhos
Em piso frio,
Eu implorei por minha morte.
Eu disse a Allah,
O devolva, por favor,
Eu sou fraca.

Eu andei,
Por quê me ergueram
Com uma mão em meu ombro,
Depois disso,
Eu não me sustentei,
Eu tombei onde pudesse
Me agarrar.

A notícia “morte”,
Vem como um véu que lhe cobrei,
Tira a razão,
Rouba o sossego,
Destrói a paz.
Eu rezei,
Rezei como jamais faria.

Eu já havia querido
Pedir a Allah antes,
Mas, naquele instante,
Em igual intensidade
Não se farei de volta.

Eu gritei as lágrimas
Que corriam minha face.
Eu gritei a dor
Que dilacerava
Minha calma.

É como se o grito
Fosse o mais forte
Em você
E surgisse de dentro
Incontrolável e dolorido.
Gritar sua dor sangra,
Mas, a morte,
A morte te mata,
Sufoca,
Faz sofrer e chorar.

Morte faz doer.
Eu o tive,
Sempre soube que o teria pra sempre,
E o pra sempre chegou
E o levou sem aviso.
Foi de imediato e destrutivo.

Eu colei minhas mãos
Em oração.
Eu disse, Allah, perdão.
Devolva, Senhor, então.
A morte não pode ser expressa.

Os Verões Sempre Terminam

 Os verões sempre terminam,
Sim,
Eu soube desde que
Toquei em sua mão
E recebi seus carinhos.
Não iria tão longe,
Não duraria tanto,
Nem mesmo mais que uma noite,
Talvez questões de meses no máximo...

É certo,
Depois de provar seus lábios,
Eu desejei sim
Que nossa perfeita noite
Se prolongasse
E que todos os meses viessem...

E que eu pudesse adiar
O máximo possível
O temível
E esperado fim.
Quando me senti segura
Acalorada em seu abraço,
Eu soube que poderia
Ter um pouco mais,
Então, fiz do nosso beijo
O mais longo.

De um simples toque nos lábios,
Eu estendi para o sublime,
Fiz com ternura,
Usei de toda doçura,
Desejei conhecer cada tecido,
Cada gemido,
Cada intensidade possível.

Provei do seco macio de fora
Ao molhado doce de dentro,
E permiti que o fogo deste beijo
Me consumisse
Até que, simplesmente,
Eu soubesse o que fazer.

Pudesse controlar
O tremular das pernas,
O falhar dos joelhos,
A medida de cada carícia,
A forma como deixar tudo perfeito.

E eu vivi isso,
Dos beijos
Eu provei o melhor,
Do sorriso
Mereci o mais intenso,
Mas verões sempre terminam.

No final,
Eu o vi partir,
Segura de tudo que vivi,
Sorri até o sol sex esconder
E a neve chegar,
Eu desenhei um casaco
Para ele,
E o entreguei,
Estava segura,
Não o veria mais,
Talvez, apenas até o inverno passar...

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Casados

- Se eu amo meu esposo, doutor?
Ela levantou da cama do hospital
E gritou a ele em resposta.
Depois disso, o silêncio.

-Desmaiou.
A paciente desmaiou.
A pulsação está fraca.
Vamos perde-la.

Comunique ao esposo.
Acho que é tarde.
Não importa o que eu faça.
É tarde”.
O médico quase gritou
Em desespero.

Ela estava grávida.
Havia sido trazida ao atendimento
Com tanto carinho.
O jovem esposo acompanhou tudo.
Saiu por poucos minutos.
E ela estava morrendo.

“Precisamos retirar o bebê.
Ele está morto”.
Ela suspirava.
Sentia voltar o ar
E sentia perder.
Perder um filho.
Seu primeiro bebê.
Perder o primeiro sonho.

Chorou.
Quando partiu todos os seus batimentos.
Ela molhou o travesseiro.
Chorou.
Chorou após a morte.
Então, retornou.
Soluçou.
De lábios fechados
Sem poder pedir ao filho
Que ficasse
Ela verteu-se em prantos.

De olhos fechados
Sem poder ver o perdão
Do esposo,
Ela chorou.
Seu peito arfava em soluços.
O marido entrou.
Pegou sua mão fria.

A trouxe ao peito.
Se ajoelhou ao seu lado.
E ficou.
Com voz alta pediu pelo filho,
Com o coração em prantos
Implorou pela esposa.
Tudo ficou escuro.

Outra vez.
Na manhã deste dia,
Eles decidiram cuidar
Do jardim,
Mudar alguns vasos de lugar,
Cuidar das flores
Milhões de sementes e espécies
A espera do filho
Para germinar e florescer.

De repente, um vaso caiu
A seus pés
E partiu-se.
A flor caiu no chão e feriu-se.
Poucas pétalas caíram.
O esposo correu ao seu alcance.
Limpou a terra,
Pegou outro vaso.

Juntos, de mãos unidas,
Replantaram.
Nova vida.
Nova chance.
O caule não estava danificado.
Fizeram bancos utilizando
Toras e tábuas,
Fizeram um sobreposição
E lá colocaram de um a um os vasos.

Anteriormente,
Eles estavam próximas
Ao chão do quintal.
Sobre duas mesas grandes e baixas.
Mas, eles sentiram medo
Que a criança ao nascer
Fosse mexer nelas
E algo pudesse feri-la.

Combinado a isto,
Sentiam medo de infestações
De lagartas, aranhas,
Baratas e moscas...
Quiseram defende-la.
Nisto, a garota juntou
O singelo vaso,
Uma aranha
Estava totalmente esticada
Embaixo dele,
Ela tinha tonalidades marrons
Até amarelo,
Não parecia existir ali...

Não houve como prever.
Dois dias anteriores,
A casa foi fechada
E uma dedetizadora foi acionada,
Apenas por precaução,
Estava tudo limpo.
Foi pago por isso,
E recebido garantia.

Retornaram,
Fizeram a limpeza...
E pronto.
Ela soltou o vaso a ele.
- querido, sinto muita dor.
Vem da minha barriga,
Próximo ao vaso.
Ele correu aí encontro.
Pegou o vaso que era entregue.

Encontrou a aranha
E a matou.
Porém, tarde.
- ela está acordando.
Ele disse, ao médico
Que esperava dentro da sala.
- o filho não resistiu.
O médico disse,
Dando as costas e saindo.

Ele beijou suas mãos,
Jurou protege-la.
- volte, por favor, preciso de você comigo.
Abraçou o bebê morto,
Chorou sobre o ventre dela.
Depois pediu para que ele
Fosse mantido no necrotério.

Para que ela melhorasse
E pudesse contemplar seu rosto.
Implorou em cada minuto
Por ela.
Chorou em cada segundo.
Ela também.
Nós instantes de morte,
Ela parecia ouvi-lo.
Sofreu dois destes.

A Hora

Anunciaram os djins, - aproxima-se a Hora. O povo daquelas areias Sobre o mar azul e limpo Estremeceu. Aguardaram uns de Al...