- Se eu amo meu esposo, doutor?
Ela levantou da cama do hospital
E gritou a ele em resposta.
Depois disso, o silêncio.
-Desmaiou.
A paciente desmaiou.
A pulsação está fraca.
Vamos perde-la.
Comunique ao esposo.
Acho que é tarde.
Não importa o que eu faça.
É tarde”.
O médico quase gritou
Em desespero.
Ela estava grávida.
Havia sido trazida ao atendimento
Com tanto carinho.
O jovem esposo acompanhou tudo.
Saiu por poucos minutos.
E ela estava morrendo.
“Precisamos retirar o bebê.
Ele está morto”.
Ela suspirava.
Sentia voltar o ar
E sentia perder.
Perder um filho.
Seu primeiro bebê.
Perder o primeiro sonho.
Chorou.
Quando partiu todos os seus batimentos.
Ela molhou o travesseiro.
Chorou.
Chorou após a morte.
Então, retornou.
Soluçou.
De lábios fechados
Sem poder pedir ao filho
Que ficasse
Ela verteu-se em prantos.
De olhos fechados
Sem poder ver o perdão
Do esposo,
Ela chorou.
Seu peito arfava em soluços.
O marido entrou.
Pegou sua mão fria.
A trouxe ao peito.
Se ajoelhou ao seu lado.
E ficou.
Com voz alta pediu pelo filho,
Com o coração em prantos
Implorou pela esposa.
Tudo ficou escuro.
Outra vez.
Na manhã deste dia,
Eles decidiram cuidar
Do jardim,
Mudar alguns vasos de lugar,
Cuidar das flores
Milhões de sementes e espécies
A espera do filho
Para germinar e florescer.
De repente, um vaso caiu
A seus pés
E partiu-se.
A flor caiu no chão e feriu-se.
Poucas pétalas caíram.
O esposo correu ao seu alcance.
Limpou a terra,
Pegou outro vaso.
Juntos, de mãos unidas,
Replantaram.
Nova vida.
Nova chance.
O caule não estava danificado.
Fizeram bancos utilizando
Toras e tábuas,
Fizeram um sobreposição
E lá colocaram de um a um os vasos.
Anteriormente,
Eles estavam próximas
Ao chão do quintal.
Sobre duas mesas grandes e baixas.
Mas, eles sentiram medo
Que a criança ao nascer
Fosse mexer nelas
E algo pudesse feri-la.
Combinado a isto,
Sentiam medo de infestações
De lagartas, aranhas,
Baratas e moscas...
Quiseram defende-la.
Nisto, a garota juntou
O singelo vaso,
Uma aranha
Estava totalmente esticada
Embaixo dele,
Ela tinha tonalidades marrons
Até amarelo,
Não parecia existir ali...
Não houve como prever.
Dois dias anteriores,
A casa foi fechada
E uma dedetizadora foi acionada,
Apenas por precaução,
Estava tudo limpo.
Foi pago por isso,
E recebido garantia.
Retornaram,
Fizeram a limpeza...
E pronto.
Ela soltou o vaso a ele.
- querido, sinto muita dor.
Vem da minha barriga,
Próximo ao vaso.
Ele correu aí encontro.
Pegou o vaso que era entregue.
Encontrou a aranha
E a matou.
Porém, tarde.
- ela está acordando.
Ele disse, ao médico
Que esperava dentro da sala.
- o filho não resistiu.
O médico disse,
Dando as costas e saindo.
Ele beijou suas mãos,
Jurou protege-la.
- volte, por favor, preciso de você comigo.
Abraçou o bebê morto,
Chorou sobre o ventre dela.
Depois pediu para que ele
Fosse mantido no necrotério.
Para que ela melhorasse
E pudesse contemplar seu rosto.
Implorou em cada minuto
Por ela.
Chorou em cada segundo.
Ela também.
Nós instantes de morte,
Ela parecia ouvi-lo.
Sofreu dois destes.
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