sexta-feira, 4 de abril de 2025

Tapa Na Cara

- você viu a chuva?
Meu pai indagou.
Eu estava sentada
Sobre duas pedras
Ao lado da minha irmã.

Nós silenciamos a conversa
Tentando ouvi-lo
Para ele se justificar,
Pois parecia que ele iria seguir
Conversa.

Olhamos para o céu,
Não havia chuva,
Mal tinha nuvens
Naquele céu azul profundo.
Eu não entendi
Sobre o que ele se referia.

Então, ele passou carregado
De feijão seco na palha,
Indo levar ao paiol.

E eu confesso:
Não quis me levantar
De onde estava,
Senti preguiça,
Mesmo sabendo
Que passei a tarde
Toda sentada
Enquanto ele estava
Entendo o sol intenso
E o cansaço trabalhando na roça.

Então, ouve alguns gritos,
E falas que eu não entendi,
Acho que dá parte
Da minha mãe
E do meu irmão,
Sei lá.

Eu estava gostando
De conversar com minha irmã,
E não quis parar.
Este foi meu erro.

Meu pai chegou em nossa frente,
Outra vez carregado
Com uma braçada de feijão
Seco na palha
Que estava em frente a casa,
Sobre uma lona secando.

E soltou irritado a braçada
No chão,
Chegou em mim,
E me bateu no rosto
Com a mão espalmada
E com força,
Bateu muitas vezes,
Chocou minha cabeça
Contra a da minha irmã,
Me chocou contra o pilar
Da casa.

Me pegou pelo pescoço,
E bateu ainda mais.
Foi horrível.
Me senti a pior das criaturas.
Na escola,
Quando eu chegava
Com o rosto roxo,
As garotas da sala diziam
Que estava sujo.

Então, eu corria ao banheiro
Que não tinha espelho
Para me lavar,
Lavava e lavava sem parar,
E doía.
Doía para caramba.
Eu odiava apanhar.

Um rosto de uma trabalhadora
Rural é sempre marrom,
Quase sempre se confunde
Entre a terra e o sol,
Isto disfarçava os roxos.
Eu cresci com ódio
De tapa na cara.
Ódio demais.

Um dia,
Meu ex marido me ameaçou
Com a mão espalmada,
Eu corri até ele
Para brigar,
Eu bati nele,
Eu usei minha força contra ele,
Eu saí dolorida
E destruída pela raiva,
Mas não me contive,
Eu odeio tapa na cara!

Certo,
Ele viu uns nuvem no céu
E reconheceu que choveria,
Isto o faria perder o trabalho do dia,
E até estragar a semente do feijão,
Mas, eu não sou a moça do tempo,
Não venha me falar do vento sul,
Se ele for para o norte,
Eu nem me importa.

Não fala de massa de ar quente,
Se ela está fria
Eu penso que deixei a geladeira
Aberta,
Nem me explica a diferença
Da sombrinha
Pro guarda-chuva,
Eu não entendo de previsão
Meteorológica com base em nuvem.

Eu odeio homem
Que se sobrepõe através da força,
Tapa na cara
É coisa que humilha,
Humilhar não ensina,
Destrói a autoestima.

Eu sou fragilizada,
Eu aviso de antemão,
Não me mostra a mão aberta,
Que eu corro tirar satisfação.

Minha irmã 
Que é quieta e calada,
Correu até ele
E lhe desferiu um tapa,
- seu viado,
Bater em menina
É coisa de viado,
Ela é criança 
E você?
É um viado!

Ela se alterou,
Isto me abalou,
Eu não me acostumo
A ver o peito dela 
Arfar entre o medo
E o ódio.

Meu coração parece 
Querer sair do peito,
Eu sinto ódio,
E sinto medo
De que ele a fira,
Homem que bate,
É o diabo!

Homem violento 
É obra do demônio,
Mão aberta em minha direção 
É convite pra eu abrir o bocão!

Aulas: 13 km longe de casa

As aulas iniciam as 13:30,
Porém, o colégio estadual
Se localiza no centro
Do município,
E para chegar lá
A prefeitura oferece ônibus
Gratuito aos alunos.

Não há outro meio de transporte
Disponível,
E só passa aquele em horário
Definido pelo colégio.

Treze quilômetros de distância,
Ninguém decide mais caminhar,
Todos que precisam
Usam o ônibus,
A passagem custa barato.

Porém, vai todo mundo,
Crianças, adolescentes e adultos,
Quem pode sentar-se senta,
Quem não pode vai em pé,
Se juntando até caber todos.

A estrada é de pedras e terras,
Entram bêbados,
Entram religiosos,
Vão todos juntos.

O ônibus sacoleja
Sem parar,
Nos faz quicar no assoalho,
Sempre alguém cai,
E as reclamações nunca
São ouvidas,
Ou resolvidas.

Um dia,
Um rapaz gritou lá de trás:
- mas parece carroça!
O motorista ficou irritado.

Parou o ônibus
Com ímpeto,
Jogou todo mundo sobre todos,
Uns caíram sobre o motor
Que ficava ao lado do motorista,
Outros voaram contra o vidro
E outros foram parar em seu colo.

Ele se levantou irritado,
Depois de soltar o cinto de segurança,
Que somente ele tinha.
Para os demais não é obrigatório.

Jogou as crianças que estavam
Caídas sobre as suas pernas,
Contra a porta de entrada,
E abriu a porta
Na mesma hora
Derrubando uns par
Lá fora.

Sacou uma arma de dentro
Do porta luvas,
E foi até o rapaz:
- você para de reclamar
Porquê eu vou te dar
Só um tiro agora,
Depois vou matar a tua irmã,
E também aquela tua prima.

E atirou contra o aluno:
- eu não quero ouvir
Você falar.
Estou cansado de ouvir
Suas reclamações.

Disse isto,
Atirou na frente de todos.
E se voltou.
Todos se esconderam
Agachando-se em seus bancos.

Quem não tinha banco
Encontrou lugar no chão,
Mas em pé ninguém ficou
E o burburinho acabou.

As janelas ficavam abertas
Devido ao calor escaldante,
O sol batia de frente
Para os rostos das pessoas,
Era de causar insolação,
Descamar a pele.

A poeira vinha com força
Contra os rostos,
Parecia uma espécie de açoite,
Pedras se chocavam nos olhos,
Era coisa terrível.

Mas, vamos aos estudos
Porquê povo analfabeto
Não sabe defender-se
E é aí que a história não se refaz.

Meu Pai Agricultor

Eu tinha onze anos
Quando meu pai
Chegou para mim
E falou:
- filha, você consegue
Ajudar o pai o máximo
Que você puder
E quanto mais você puder?

Nós estávamos
Em uma estrada improvisada
No meio da nossa roça,
Eu olhei para o final da roça,
Retornei o olhar para o início
E o olhei com seriedade.

Então, meus olhos
Se apiedaram,
E eu quase chorei:
- ajudo sim pai.
Vou fazer o máximo
Que eu puder.

Naquele ano eu trabalhei,
Fiz o máximo que pude,
Me entreguei com amplitude.

O trabalho se desenvolveu
Com maior facilidade,
O rendimento foi maior,
Nós adquirimos uma
Junta de bois mansos,
E consertamos nossa canga.

Foi mais simples,
Plantamos milho,
Feijão, abóbora e melancia.

Os bois eram fortes,
A canga nova rangia
Em seus pescoços
E o trabalho seguia até o tardar.

Eu trabalhava na frente
Desbrotando os tocos,
E depois atrás retirando
As pedras grandes da verga.

No segundo ano,
Em junho,
Eu olhei para o meu pai,
Na mesma roça,
E sentei sobre uma pedra,
Chorei de dor e cansaço.

Então, indaguei:
- pai, como o senhor
Com tantos anos
De trabalho pesado
Não perdeu o movimento
Dos braços e até da coluna?

Ele me olhou sério,
Seus olhos se nublaram.
-filha, um homem
Quando se torna pai
Ele não perde movimento,
Ele ganha força!

Ele respondeu,
Guardando a suiteira
Entre os braços do arado,
Mandando os bois
Pararem para descansar
Um pouco.

- pai, com dois anos
De trabalho árduo
Ajudando o senhor,
Eu perdi o movimento
Da minha mão direita.

Eu disse,
Não conseguindo me conter
De tanta dor.
Ele ficou triste,
Olhou para o céu e disse:
- descansa filha,
O pai segue a partir daqui.

E ele seguiu,
Ele afundou aquele arado
Na terra com toda força,
Arrancou tocos na força,
Arrancou pedras lá do fundo
Da terra.

E acima da minha dor
Eu senti vergonha
Por estar parada,
Por ver meu pai
Se dedicar tanto
Para trazer comida
Para nós,
E eu me entregar
Para a dor.

A dor tornou-se simples.
Eu juntei o facão afiado,
Coloquei no canavial,
E cortei cana sem parar,
Amontoei na beira da estrada,
Separei as folhas do talo,
As folhas eu daria de pasto
Para o gado,
E com o talo
Faríamos açúcar.

E trabalhei com ímpeto
E vontade.
Chegou a noite,
E meu pai não baixou a corda
Dos bois,
Eu juntei a cana
E joguei na carroça,
Enchi ela por completo.

Com o pasto verde e forte,
A vaca daria leite,
E logo traria cria
Para aumentar a quantidade
De gado no potreiro.

Eu coloquei meu braço
Esquerdo na terra,
Eu senti dor
De não conseguir mexer,
Nem direito nem esquerdo,
Então, afundei naquela terra,
Tentando afundar a dor,
E plantamos tabaco.

Passou inverno,
E eu dei uma palmada
No boi vermelho
Da direita da carroça carregada,
Me voltei para meu pai,
Enquanto sobia
Na carroça,
Pisando na roda dianteira:
- pai, hoje eu perdi o outro
Braço.

Ele subiu,
Pegou as cordas,
E bateu de leve
Sobre os bois,
Encostado na tampa
Da frente da carroça:
- filha, na família
O pai é o último a
Perder movimentos,
E o último a conhecer está dor.

E ele seguiu.
Porquê um pai
Segue pela gente,
E ele não diminuiu
As horas de trabalho,
Porquê um pai ama a gente.

quinta-feira, 3 de abril de 2025

Felicidades Hamad

Parabéns,
Feliz trinta anos,
Hoje é a realização de um sonho,
O tempo de espera acabou,
Você veio ao mundo.

Primeiro dia,
Início do colorido
Aos seus olhos,
Concretização de um sonho
Para nós,
Que o esperamos
Por tanto tempo.

Seu primeiro movimento de lábios
Em direção a fala,
As lágrimas em nosso olhar,
Que não se contenta
De tanto ver,
E não sabe falar
De tanto que sente.

Segundo dia,
E você está mais forte,
Mexe suas mãozinhas,
E sonha em caminhar,
Já quer estar livre,
E não entende
O quanto sonhamos
Com seu abraço,
Sua força
No entorno de nosso pescoço,
Seu cheiro pelo corpo,
Seu calor a acariciar o peito.

Terceiro dia,
Suas roupas escapam,
Você se define,
E nós ainda não recuperamos
O olhar,
Ou a fala
Para direção que não seja a sua.

Querido, príncipe.
Primeiro ano,
E ouvimos sua fala
A ecoar pelos cômodos,
E ainda não conseguimos
Recuperar olhar ou fala,
Apenas o vemos
E o esperamos.

Segundo ano,
Você já corre,
E nós nos colocamos
No seu caminho,
Ainda não recuperamos olhar ou fala,
Você pode nos buscar
Sempre que quiser sair
Para qualquer lugar?

Terceiro ano,
Gordinho e forte,
Lindo garoto,
Te ver é o maior encanto,
Te ouvir é o direcionamento,
E nossa fala só repete seu nome.

Hamad,
Foram três dias,
Foram três anos,
Chegaram os trinta.

E ainda te amamos
Com o mesmo olhar
De termos obtido
Nosso sonho realizado,
E só aspiramos
Estar junto a você nos
Próximos anos.

Bem,
Eu não te conheço a exato tempo,
Mas, sei do orgulho
E sentimentos indefinidos
De amor, admiração
E felicidades que você causa.

Eu olho seu rosto de menino,
E meus olhos choram,
Eu vejo seus carinhos,
E meu coração se abranda,
Eu sonho em diminuir a distância
E te abraçar apertado,
Porquê você desperta encanto.

Felicidades neste ano,
Hoje é seu início de aniversário,
Um dia complementa o outro,
E são apenas sonhos
Para nós que o amamos
E para você que é o construtor
E dono de seus dias.

quarta-feira, 2 de abril de 2025

Allah Te Fez Capaz

Pergunto:
Pareço ter feito tudo errado,
Meus olhos estão cansados,
E eu já não vejo futuro,
Se me prostro de joelhos,
Com estes pés fracos
Qual caminho pego?

É a Allah,
É a Ele que você deve falar,
A Ele se agracia,
Ele apieda e encaminha.

Amanhece o dia,
Eu sinto medo de levantar,
Tenho vergonha,
Meu rosto não quer se mostrar.

Conta a Allah,
É a Ele que você deve confidenciar,
Allah não julga,
Ele sabe proteger e cuidar.

Já não sinto fome,
Há algo de errado no hoje,
Que posso fazer,
Como agir daqui para frente?

Allah lhe abre o apetite,
Ele precisa de você forte,
O escolheu para vencer,
Allah te reconhece,
Ele o fez para vencer.

O caminho para o trabalho é árduo,
Eu chego lá e não sou valorizado,
Meu carro está estragado,
Como faço para chegar ao destino?

Levanta e anda,
Allah reconhece suas fraquezas,
Ele o fará ver melhor as coisas,
Se está inseguro Allah pode ajudar,
Segue e anda.

Allah é capaz de dar a fome,
Ele também traz o alimento,
Ele lhe mostra a direção,
Ele o fez vitorioso
Antes de você saber qual
Seria seu destino,

Ele te prepara para o trabalho,
Te agradece com o salário,
Vai e confia,
Allah está em seu caminho,
Fala a Ele,
Allah lhe responde.

Não se paralise diante do medo,
Reaja e creia,
Allah o fez vencedor,
Ele te preparou
E acredita em você,
Te fez bom,
O fez corajoso,
Não desconfia,
Allah te fez capaz.

Feliz Aniversário Hamdy

Feliz aniversário Hamdy,
Desejo que seus dias
Sejam os mais perfeitos,
Que o mundo seja visto
Pela beleza de seus olhos
Castanhos adocicados.

E que Allah abençoe as
Boas almas caridosas
Feito a sua.

Meu coração se humaniza,
Se compadece quando o vejo,
Você produz esperança,
Tem uma seriedade nos ombros,
E eu te olho e penso:
“ Que bom,
Eu posso ser mais forte!”

Você produz está força
Dentro das pessoas,
Você desperta sonhos,
Você é nobre e bondoso.

Seu rosto é incrivelmente bonito,
Eu não tenho como ignorar isto,
Ou dar menor importância,
Seus cabelos bem cuidados,
Barba hasteada.

E o corpo,
Uau,
Inteiramente perfeito,
Lindo homem,
Terno garoto.

Você é um lindo quadro,
Já seria o bastante dizer isto,
Mas você se sobressai,
E torna-se um homem lindo,
E se sobressai,
E tem o coração mais perfeito.

Nossa família se prostra a Allah,
E pede: abençoa Hamdy,
Que hoje aniversaria.

Allah responde com simpatia:
“ te aquieta querida família,
Hamdan é meu protegido,
Eu o guardo faz tempo,
Descansa tranquila.”

Assim, nos aquietamos,
Pois estamos tão distantes,
Ah, pudéssemos
Estaríamos mais perto.

Todavia, Allah é imenso
E poderoso,
Neste dia ele abraça Hamdy,
Por nós todos!

Sim

Celio estava dirigindo Compassivo o seu Vectra branco, Escolheu aquele carro Para levá-lo Ao seu próprio casamento, No in...