quinta-feira, 4 de setembro de 2025

A Desaparecida

Senhora Mariane
Cansou-se,
Esperar ao lado
Do telefone
Não bastava.
Pegou as chaves
Do carro,
Nem avisou o esposo
Que estava no trabalho,
Nem empertigou-se
Com o fato
De nunca ter dirigido sozinha,
Abriu a garagem,
E entrou no carro.
De início,
Ele apagou três vezes,
Depois disso, ela encaixou
Na primeira marcha,
Andou um pouco rápida
E bateu contra a parede
De casa.
Depois disso parou,
Secou o suor,
Desligou o aparelho de música
E encontrou a marcha ré,
Engatou e andou um metro,
O carro apagou.
Depois disso,
Ela ligou outra vez,
Saiu bastante rápida,
Encontrou o lado da garagem,
Raspou a lateral do carro,
Esqueceu de ligar os faróis,
E estagnou no meio da rua.
Na sua direção vinha
Um caminhão de mudança,
E parou a centímetros
De se acidentar contra ela.
Ela simplesmente olhou
Para o motorista incrédula,
Não parecia que estar ali
A quarenta minutos
Fossem tempo demais,
Porém, para o motorista
Que pôs a cabeça fora da janela,
Fechou o braço em forma de figa,
Chacoalhou e gritou
Pareceu um tempo enorme,
Depois disso,
Ela buzinou:
“Estou trabalhando,
O que você está fazendo
Aí parada no meio da rua?”.
Ela conseguiu
Ligar o carro outra vez,
Continuou a marcha e seguiu
Estrada a fora.
Estava a três dias
Sem notícias da filha,
Tentou ligar mais o telefone
Parou de chamar,
Buscou os vizinhos,
Ninguém tinha notícias,
Procurou as amigas dela
E as reconhecidas não
Sabiam de nada.
Inconformada,
Ela vestiu o vestido
Da menina para se aproximar,
Sentir o cheiro,
Precisava encontrá-la,
Ambas nunca se afastaram,
Nunca discutiram,
Três dias era intolerável.
Mariane estava a beira da loucura,
Dirigiu até o final do bairro,
Percorreu de rua a rua,
Olhou de casa em casa,
De pessoa a pessoa,
Retornou.
Ao chegar o jornal da tarde
Havia chegado,
Trazia notícias novas,
Ela conseguiu estacionar
Muito bem.
Percebeu que esqueceu
A garagem aberta
Mas não achou que
Alguém tivesse invadido
Ou feito qualquer maldade.
Na entrada da garagem,
Logo ao lado da garagem,
Do lado de fora
Havia uma bolsa marrom avermelhado,
Parecia ser a da filha
Com certeza.
Senhora Mariane
Imediatamente abriu a porta,
Saiu correndo para fora do carro,
Esqueceu de desligar
E ele se chocou contra o lado
De cima do portão
Imprensando a porta do carro...
No entanto, a bolsa
Era mesmo a da filha,
Ela notou ao abrir,
Dentro já não havia
O dinheiro que a Senhora Mariane
Havia entregue a filha Marjan
Para sair três dias atrás.
No entanto, havia os documentos
Da própria,
Um batom, um esmalte,
Algodão embebido em acetona,
E um lenço.
Só isto.
Não estava ali
O dinheiro ou o telefone,
Cadê Marjan?
A senhora Mariane
Retirou os olhos da bolsa,
Correu para o carro
Que desligou sozinho
Ao colidir.
Entrou nele
E conseguiu fazer a ré,
Então, fechou a porta
E dirigiu até o trabalho
De seu esposo,
Está notícia não podia
Ser dada através de telefone,
Precisava abraçar ele,
Entender o que houve,
Se amparar nele,
Cadê Marjan, cadê?
Ao dobrar a esquina 
Lembrou de ter ouvido
Que o corpo de uma moça 
Foi encontrado próximo 
A igreja uma quadra
Para baixo de onde ela estava.
No entanto, seu coração de mãe,
Num impulso disse
Não se tratar de sua própria filha,
Além de que,
A moça havia sido identificada
Pela família,
Era uma moça de dezoito anos,
Isto era tudo de que Mariane sabia,
Marjan tinha 22 anos,
Não tinha 18,
Era Alta e esbelta,
Não iria passar despercebida
Ou ser confundida
Desta forma tão simples,
Não era ela,
De alguma forma Mariane
Quis ter certeza,
E se apegou a este sentimento,
Não importava o que houvesse,
Por Deus,
Não seria sua única filha
Está que foi encontrada 
E enterrada com outra identidade.

De repente,
Um frio lhe estremeceu
O corpo inteiro,
Por se tratar de uma desconhecida,
Mariane não foi ao velório,
Mas, talvez, Romirsin,
O esposo tenha ido.

Ela sabia,
Dentro dela,
Ela sabia disso,
Não era sua filha,
Não precisaria ver,
No entanto, 
Cadê Marjan?

Logo, três quadras adiante 
Um rosto jovem 
Lhe chamou a atenção,
Ela desviou a rota,
Seguiu até lá,
E viu se tratar de outra moça,
Também não era a sua filha,
Depois disso,
O carro apagou,
Ficou sem gasolina.

Ela foi obrigada
A chegar nas casas
Para pedir ajuda,
No segundo vizinho
Que assistia a um jogo
De futebol na televisão 
Ela encontrou ajuda,
Ele usou uma manga
E litro descartável 
Retirou gasolina 
Do próprio carro
E pôs no dela.

Ela o pagou,
E seguiu.
Cadê Marjan?
Seu coração se apertava
No peito,
A sensação era estranha,
Mas lhe dizia 
Que conforme seguia
Se distanciava da filha:
Por quê?
Ela quis saber,
Cadê Marjan?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Desaparecida

Senhora Mariane Cansou-se, Esperar ao lado Do telefone Não bastava. Pegou as chaves Do carro, Nem avisou o esposo Qu...