quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Cadê Meu Filho?

Senhor Artêmir
Se encontra de humor instável
Caminhando sem parar
Dentro dos cômodos de sua casa,
Ele abriu e fechou a porta
Do quarto de Gilvan
Provavelmente umas dez vezes
Nos últimos dois minutos.
Contudo, três minutos após,
Ele passou a chamar o nome
Do filho por entre os corredores,
“Gilvan, filho.
Levanta tomar o café.”
Sem obter resposta,
Ele foi até a porta de saída,
Olhou por todo o quintal,
Enfrentou a chuva fina
Da manhã gelada
E foi até a calçada,
Depois disso,
Retornou para dentro
De sua residência,
Foi ao quarto do garoto
E insistiu em chamá-lo:
“Gilvan, seu café vai esfriar.”
Não obteve resposta,
O filho não estava,
Saiu e já fazia 24 horas,
Não deu notícias,
Seu pai se preocupava,
O coração ansiava
E palpitava sem parar.
Depois de 24 horas
Que um pai sente falta
Do filho
Ele passa a falar sozinho
E ignorar distâncias
E acredita fielmente
Que esteja aonde estiver
O filho possa ouvi-lo
E de alguma forma
Que somente os pais entendem
Ele possa responder.
Passou o menino do jornal,
“Jornal chegou”.
O menino gritou da bicicleta,
Jogou o jornal na escada,
E continuou como se não chovesse.
O senhor Artêmir
Correu até a janela,
Abriu a trança de maneira rápida
E conseguiu por o rosto
Para fora a tempo
De ver o jornaleiro partir,
Seu coração palpitou profundo
E lhe respondeu:
“não, este menino
Não viu Gilvan.”
A chuva fria veio contra
Seu rosto e o afogou
Por uma fração de tempo,
Senhor Artêmir fechou a janela
E tossiu,
Depois fechou o casaco
Usando as duas mãos
Em forma de xis.
Depois de algum tempo
Desceu os dedos até os botões
E fechou o casaco de inverno.
Então, ele andou até a porta,
Juntou o jornal,
Fechou a porta,
Retirou o jornal da embalagem,
Sentiu em sua cadeira de descanso
E leu a notícia de primeira página:
Notícia da cidade de Pinhalzinho, 04 de setembro
De 2025
Granizo intenso
Identificava a escrita
Que informavam sobre
Uma chuva de pedra
Que caiu sobre a cidade
Destelhando casas,
Derrubando galpões,
Com o auxílio de ventos fortes,
Derrubou árvores,
Deixou desabrigadas algumas famílias,
E levou os motoristas
Que trafegam a sofrerem acidentes,
Não informou sobre vítimas
De morte,
Nem assegurou que não existissem,
Apenas descreveu que ocorreram
Na tarde passada,
Muitas famílias estavam
Buscando autoridades locais
Para conseguir abrigo
Da tempestade intensa,
Ninguém foi entrevistado
Para comentar os fatos,
Contudo, fotos foram postadas
Ao lado da manchete.
A notícia se encerra informando
O risco de inundação,
E pede aos munícipes
E vizinhos próximos
Que optem por ficarem
Abrigados em suas moradias.
O senhor Artêmir fechou
O jornal contra seu peito,
Tombou a cabeça para trás
No encosto da poltrona
E abriu a boca inseguro.

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