Então, passei a refletir no seu amor,
No beijo e na carícia,
De todas as bocas que beijei,
Refleti que melhor era a sua,
Afastei todos os rostos e suas juras,
Fiquei apenas com ele a me sussurrar,
Recordei mil e milhões de vezes – sua!
Até que passei a dizer o nome dele,
Procurei notícias suas,
Desejei que nunca iria esquecer,
E qualquer outro até aquela hora,
Jamais seria recordado muito menos voltaria,
Abri meus lábios,
Coloquei dois dedos neles,
Apertei-os até sentir aquele beijo,
Nenhum outro me tomaria a pele,
O que fazer quando o amor guarda sucessor?
Quando vive-se tudo com aquele alguém,
Mas de repente dá tudo errado,
O amor acaba e a distância vêm,
Vê-se você endoidecida querendo esquecer,
Até achar-se em outros braços e os querer,
Fecha-se os olhos não se quer recordar o passado,
Mas que triste é quando a solidão se acolhe,
Chama o passado sem que se queira,
Ou se quer?
Não se faz mais a repetir o que já foi feito...
Beija por beijar mas busca o mais que isso,
Abraça, acaricia forte,
Até despertar o cheiro,
Quer-se a todo custo afastar o que se passou,
Absorve cada cheiro em seu íntimo,
Deseja-se absorver o esforço que há no outro,
A entrega que há nele,
Quer-se sim: esquecer!
O homem sábio tem olhos que enxergam,
Mas ele me beija de olhos fechados,
Não beija?
Penso que isso é bom,
Assim, não saberá o que penso,
E o quanto me esforço neste ato de entrega,
Mas e se ele abrir os olhos,
A qualquer momento isso pode e irá acontecer,
Será que irei avermelhar,
Por Deus, penso em tudo que devo dizer!
Se ele souber do quanto me esforço seria melhor?
Eu sim, poderia estar com outro,
Poderia pertencer ao passado e pronto!
Há tantos que mendigam amor e dá certo,
Mas eu o quero, sim o quero,
Me convenço disso e busco a entrega com esforço,
Ah, como é tolo o que anda nas trevas,
Será que se eu me esforçar mais eu choro?
E se for menos?
Penso se ele me acolheria,
Imagino se aceitaria saber que o beijo,
Porém, que em minha mente há outra boca,
Tola boca a que me busca
Sabendo que jamais voltarei a ser sua,
Mas ela busca, insiste e me atrapalha,
Todavia, acho que ambos temos o mesmo destino,
O que beija de olhos fechados prestes a abri-los,
E a que não os fecha de medo de perde-lo,
Sim, o quero manter comigo,
Tenho medo que busque uma alternativa e suma,
Sinto receio de que não me entenda,
Aí fico pensando,
Entre todas as carícias,
Quem é que poderia resistir a isso?
O que acontece ao tolo que nunca descobrirá?
Não, não busco fugir, não mais,
Quero sim que ele saiba,
Então, me esforço como nunca faria,
Entre os sussurros e os beijos lhe conto tudo,
Aproveito a intensidade e o trago para dentro,
Sim, não penso em fugir ou ser frívola,
Se agora for o nunca mais que o seja por inteiro,
Sofrer em pedaços é covardia,
Que proveito tenho em ser o sábio?
Será que o fui ou foi ele quem me ganhou?
Talvez, ele nunca tenha passado despercebido,
Quem sabe sempre mediu cada gesto,
Então, eu disse – isso não faz o menor sentido,
E antes que ele tivesse qualquer reação,
Completei – meu amor, por favor, case-se comigo!
O sábio ou o tolo,
Ambos serão um dia esquecidos,
Mas o amor? Este é o que permanece,
Como pode o amor morrer como o passado morre?