No caderno,
Ela rabiscou o nome dele mil vezes,
Apagou uma, duas, depois três,
Riscou sobre ele,
Mas, depois de escrito não se apaga,
Não o que se refere a sentimentos,
Soletrava-o em mente,
Inventava palavra com cada letra,
Não sabia se queria decorar,
Porém, não pensava em esquecer,
Fez de suas letras o início de cada frase sua,
No fim gostou do que fazia,
Virou costume,
Nem precisava refletir e ele vinha,
Seu nome soletrado em cada frase do dia,
E ao final o pôr do sol para melancolia,
Uma nuvem que fugia,
Uma estrela que se abria,
E lá tarde, muito tarde a lua,
Na noite o silêncio,
Nesta hora não haviam frases,
Nem mesmo letras de seu nome pronunciadas,
Mas, haviam ainda as lembranças,
Cada letra era ensaiada no caderno,
Escrita da forma mais bonita,
Até que suas amigas lhe atentavam,
-Uau, aí um nome se fez,
Está apaixonada e prefere manter segredo.
Ela sabia, entretanto, que não era segredável,
Tratava-se de um amor que não deu certo,
Algo que chegou de súbito,
E fugiu do mesmo modo,
Contudo, ela avaliou o homem
Pensando se contava tudo sobre ele,
Sabia seu nome até o final,
E o modo como beijava, sabia muito bem,
Isto é o bastante,
Olhou-a no fundo de seus olhos,
Quis saber se ela poderia descobrir se a amava,
Se há uma forma de retirar da língua de um cara
Se ele ama uma mulher ou finge,
Ou pior, se não sente nada,
Gaguejou, limpou a garganta,
Quis cuspir cada palavra,
Ali no início, e agora no fim de cada frase,
Uma palavra e outra se formava,
Bem, ao final da conversa a pergunta era feita,
E a vivencia era relatada,
A moça chora e limpa o rosto,
-Bem, entendo que não!
Só isso, apenas isso diz ela,
Uma frase apenas com um início e um fim,
Duas letras que juntas nada dizem ou diz?
-Bo?
O que faço com esta sílaba?
B.O,
-Ta certo, creio que ele trabalha com isso!
Respondi,
As vezes, quando se conhece alguém,
Não precisa se dizer muito.
Reli todo o meu caderno escrito até aquela data,
Havia tanta coisa e ao final nada!
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