quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Quem Dera


Os lábios dele em sua pele,

Seus dedos deslizando suaves,

A respiração dela em seu pescoço,

A dele percorrendo o seu cabelo,


Chegaram na privacidade de tirar a roupa,

Onde uma risada foi afastada,

Através de carícias desejadas e sôfregas,

Suas mãos entrelaçadas,


Passavam despercebidas diante de tantos carinhos,

Os afagos eram os mais intensos,

Mas a noite passou suave e tentadora,

Desejosa sobre durar para sempre,


Porém, a manhã que se fez,

Não foi a mais esperada para aquela que ama,

Acordou sozinha desnuda sobre a cama,

Os lençóis desajustados sobre ela,


O travesseiro molhado de suor,

A boca dela sedenta por água,

O corpo dolorido e desejando um afago,

Mexeu-se e não ouviu barulho,


Buscou alguém e não encontrou,

Pois, bem, sozinha após uma noite delirante,

Como dizer que nisso houve amor?

Como escapar de tudo que sentiu?


Viu uma dor lancinante se formar no fundo da garganta,

Engoliu em seco o choro,

Por que após uma noite tão perfeita,

Deseja-se simplesmente não acordar sozinha?


Isso ela não soube se responder,

Mas sabia que com certeza não queria,

Revestiu-se de força e dignidade,

Levantou-se e foi para um banho demorado,


Pensou e repensou em tudo que houve,

De amá-lo não havia arrependimento,

De, talvez, nunca mais vê-la havia dor,

Sorriu, ainda assim diante do futuro,


Poderia revê-lo, sempre poderia,

Há tantos que se bastam de noites,

Quem sabe de noite a noite o que sentia se preencheria,

O coração tem sabedoria,


Mas a alma busca mais o amor,

Cuida-se do coração e ele abre espaço para abrigar a alma,

O amor que vive de noites,

Um dia se acaba,


Mas aquela que sabe o que sente,

Também a tudo supera,

Os lábios são enganosos,

Até os beijos mais perfeitos são passageiros,


Mas a mulher que permanece em amor será elogiada,

Aquela que ama um dia será reconhecida,

Que ela receba recompensa merecida,

Que seus sentimentos sejam espalhados pela cidade,


Quem ama e busca agradar e se entregar,

É certo que não saberia viver de noites...

Ela saiu debaixo do chuveiro,

Deixou a água escorrer por sua pulsação,


Gostava de senti-la com seu calor,

Trouxe um punhado dela para o coração,

A quem dera, quem dera,

Lavar a alma assim como se lava o corpo,


Esquecer a quem se ama,

Assim como se pensa não ser reconhecida – quem dera.


 

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