Ela levou as mãos aos olhos,
Tentando afastar as lágrimas que ardiam,
Ora, não fazia sentido enganá-lo,
Ignorar ou fingir que não houve amor,
Ela não conseguiria.
Por mais que colocasse esforço,
Jamais conseguiria.
O que sentiu foi muito intenso.
Um cálice servido fresco aos seus lábios,
Alimento para seu ego inflamado,
Provar do gosto de um beijo
E não ser capaz de esquecê-lo...
Não tão completamente.
Mas era assim que aprecia ser.
Presença perturbadoramente irresistível,
Para qualquer uma que quisesse,
E ela sabia,
Desde antes de beijá-lo,
Sabia.
Apenas isso.
Nas palavras que ele disse:
-Bem, querida, vamos viver o hoje.
No que ela ouviu:
-Há uma chance para o que sente,
Aproveita e vamos viver.
Que grande inutilidade!
Agora mais nada faz sentido,
Antes valia o olhar, o querer...
Agora isso pertencia ao passado.
O que uma moça ganha com seu esforço em amar,
Em empregar tudo que for capaz por alguém?
Uma noite insone,
A esperar uma jura de amor que supra?
Amores vêm e amores vão,
Mas, este já era tão antigo,
Vinha do passado e não parecia desapegar,
Não assim, tão fácil,
Não antes muito menos agora.
Bem a terra sob seus pés permanece para sempre,
Mesmo que tenha sentido ganha estremecimento,
Mesmo após tê-la visto se entregar tanto,
O sol que se levanta é o mesmo que se põe,
Porém, ele sempre teima em retornar ao seu lugar,
Talvez, existe um lugar para alguém que ama,
Quem sabe um dia,
Até o homem mais perfeito pense nisso,
E neste dia:
Ela esperaria, não esperaria?
O vento sopra para o sul e vira para o norte,
Um cheiro gostoso lhe vem e parece preencher,
Ela reconheceria este cheiro em qualquer lugar,
Era ele, tão vívido e perfeito,
Parecia tão perto que poderia senti-lo,
Fechou os olhos e aproveitou cada segundo,
Sim, um dia o amor o traria,
É certo que um dia,
Um segundo neste curso,
E um beijo repousa em seus lábios,
Sem que precise olhar reconhecia-o,
Sabia que sim,
Sorriu com toda a alma e entrelaçou-se a ele,
Beijou-o sôfrega e apaixonadamente,
Porém, quando tornou a abrir os olhos,
A quem contempla a sua frente?
Outro.
Sim, outro não mais ele.
Nenhum comentário:
Postar um comentário