domingo, 3 de agosto de 2025

A Cova Aberta do Cemitério do Bairro

Ranson pegou a pá,
E pôs-se a cavar,
Preferiu a noite,
No instante em que
Os mortos dormiam,
Lhe pareceu mais seguro.
Estava a esmo,
Sentia profunda cede,
Queria algo para beber,
Um lugar para ficar,
Algo para comer...
Encontrou a pá,
Na entrada do cemitério,
Então, viu um lugar de terra
Fácil para retirar
E iniciou a escavação.
Enquanto a lâmina
Da pá cortava o chão,
Um barulho parecia
Tremeluzir sob aquela grama
Verde é viscosa
Que se espalhava
Por toda a terra.
Isto não o assustou,
Insistiu em cavar
Próximo a duas lápides,
Então, um galho se quebrou,
Caiu sobre sua cabeça,
Sangue líquido e fino
Escorreu por seu rosto,
Nem isto o conteve.
Suas mãos tremiam,
Ele sentia medo
Do que quer que
Houvesse ali dentro,
Mas, queria dinheiro,
Precisava de bens de valores
Financeiro.
A luz desfragmentada
Pela copa das árvores
Que chegava até ele
Era insuficiente para que
Ele fosse reconhecido,
Mas, era perfeita para
Ele encerrar o trabalho.
Tirou a terceira pá de terra
Para o lado,
Raízes se sobressaiam da terra,
Aprofundou outra pá
Até parti-las,
Não estava tão fácil,
Mas, a lua ia e voltava,
E isto era perfeito
Para manter sua identidade
Protegida.
A lápide da esquerda
Se inclinou em sua direção,
Porém, não deixou nada a mostra,
A da direita se rachou,
Mas, não abriu,
Ele insistiu,
Estava no lugar certo.
“mortos não retornam”.
Ele falou em voz alta,
E cavou um metro
Para dentro da terra,
De repente, sua pá
Começou a balançar
Como se tivesse vida própria,
Ele a soltou no chão,
Como se uma mão
A tivesse puxado de seus dedos,
Ela rodopiou e caiu
Ao seu lado.
Ele se agachou
Buscou na cova
Algum indício de algo,
Ainda não havia nada,
Nisto juntou a pá
E deu continuidade.
Contudo, quando a pá
Cavou mais profundo
Um barulho terrível
Saiu lá de dentro
Como se ele a passasse
Sobre pedras e soltou luz
Daquele buraco,
Mas, olhando-se lá dentro
Não se via nada.
“podem ser seus testudos.”
Ele falou em voz alta,
E continuou.
Trêmulo devido a luz,
Olhou ao redor,
Não viu ninguém perto,
Insistiu.
Todavia, a cova partiu-se
Ao meio e uma força
Sobre-humana o puxou
Para dentro,
Ela parecia sugar seu ar,
E fazer seu coração
Parar de bater
E ser tragado,
Como se outro indivíduo
Agora o recebesse,
Então, seus olhos ficaram cegos,
Ao levar sua mão sobre
Seu rosto,
Notou a ausência dos olhos,
E sentiu uma dor terrível,
Como se sua pele caísse
Dos ossos
E descesse para a terra fofa.
Não havia nada abaixo dele,
Apenas está força estranha
E silenciosa.
Porém, ele se soltou,
Pulou fora da cova
E pegou a pá rapidamente
Para bater sobre a cova,
Como se estivesse matando
Algo,
Sabendo que ali
Nada se via.
A cova parecia
Estar se abrindo para recebê-lo,
Por isso, tornava tudo
Tão fácil,
Ele não soube se pelo medo
Ou por qual motivo
Resvalou na beira da cova
E caiu dentro,
De um pulo se jogou
Para o outro lado.
Seu sapato ficou caído
Lá dentro,
Como se algo o puxasse,
Mas, não havia nada ali.
Ele não quis abaixar-se
Para buscar o sapato,
Mas pulou de volta
Para o outro lado
Onde estava a pá caída
Para fora da cova
E o retirou com ela.
A terra subitamente ficou
Molhada como se olhos
Chorassem lá dentro,
Num instante ela ficou
Inundada até chegar
Aos seus pés,
Então, ele abaixou-se
Para tocar na água
E viu que não havia nada ali.
Ela retornou toda
Para baixo da terra,
E sua cede piorou,
Ela parecia convida-lo.
O chão começou a se agitar,
As lápides começaram
A se quebrar,
E a árvore que estava
Ao lado dele
Se partiu ao meio
Permitindo que a luz da lua
Passasse.
De súbito seu rosto
Foi iluminado,
Agora, ele seria reconhecido,
Estava a mercê.
Mas, uma nuvem cobrou
A lua, levemente,
Como um véu.
Sem poder conter
A vontade que possuía
De abrir a cova,
Ele cavou outro metro
E lá viu um braço estendido,
Nele um bracelete
De ouro e pedras,
Haviam apenas ossos
E dedos sem pele
Com anéis de ouro e pedras.
“Mas isso é muito valioso”.
Ele pensou rápido,
Olhou de soslaio
Não viu ninguém,
E se agachou de joelhos
Para juntar o objeto,
Os dedos no entanto,
Prenderam seu braço
E o puxaram,
E eram muito fortes,
Eram os ossos mais fortes
Que ele já viu.
A terra começou a tremer,
E cair para dentro,
A cova começou a se desgrudar
E pedaços enormes de terra
De sua beirada
Se deslocaram para dentro.
Depois disso,
A lápide da esquerda
Se quebrou onde tinha
A nomenclatura do morto,
Caiu sobre a cabeça dele,
E seu corpo se estendeu
Sobre a cova,
Inconsciente.
Seus dedos presos
Nos ossos do morto,
A lápide grossa de mármore
Caída sobre sua cabeça,
Um pouco de terra
Sobre seu corpo,
E água.
A cova voltou a fazer água,
Quando chegou ao seu corpo
Ele sentiu profundo frio,
Seu corpo tremia involuntário,
Depois disso,
Ela chegou ao seu nariz.
Então, um tremor maior
Deslocou a lápide do lado,
E ela veio inteira sobre ele,
Como se seu lugar anterior
Fosse ali.
Contudo, apresentou rachaduras,
Pois quebrou ao meio
Sobre ele,
Que estava estendido
Sobre a cova aberta.

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