Abriu seus pequenos olhos castanhos,
Um sentimento bom lhe tomou o corpo,
Ou seria seu coração que foi assaltado
Por algo estranhamente: bom!
Piscou algumas vezes,
Revirou-se entre seus lençóis macios,
Queria retornar a aquele sonho novamente,
Estava bom demais para ser chamada a realidade,
Aquele quarto todo branco não combinava
Com o turbilhão de imagens que lhe vinham,
A tomavam pela mão e a levavam
A um lugar distante, onde nada poderia alcança-la,
Onde qualquer sonho pudesse ser realizado...
Virou de lado, abraçou o travesseiro,
Queria que aquela presença protetora,
A buscasse de volta e a guiasse por caminhos distantes,
Nunca antes percorridos,
Murmúrios apaixonados lhe vinham aos ouvidos,
Sentia medo e um espécie de encantamento,
Pareciam que lhe sopravam sonhos,
Levou a mão ao peito buscando acalmar o ritmo
Desacelerado, pulsante do seu coração,
Um sorriso lhe moldou o rosto,
Iluminando seu olhar com uma paixão
Desconhecida a ela, até então,
Fechou os olhos, como trazê-lo de volta?
Por Deus, precisava senti-lo ao menos uma outra vez,
Essa confusão de sentimentos
Fez com que se sentisse ao mesmo tempo
Quente e fria, por fora um frio congelante lhe acariciava a
pele,
Mas por dentro algo quente consumia em fogo abrasante
Um a um dos seus medos inconscientes,
Desejou provar um pouco mais daquela noite
Em que o silêncio cedeu lugar a uma voz máscula,
Fosse amor, aceitava ser consumida por inteiro,
Fosse outra coisa, sabia: não resistiria,
Ela o queria e o queria como nunca em sua vida,
Esse último pensamento lhe trouxe um frio na nuca,
E um arrepio bom, quente talvez, percorreu a espinha,
Algo diferente preenchia o ar,
Onde quer que estivesse sua alma,
Ela sabia, nunca mais lhe pertenceria,
E não é que existia um Deus afinal de contas?
Em silêncio, belo, despretensioso, alto, loiro
E másculo, muito másculo preencheu o ambiente,
E a tocou: como? Isso não foi possível descrever,
Porém, um pingo de suor lhe percorreu a face,
Instintivamente, ela levou um dedo aos lábios,
Percebeu que o dedo estava quente,
Como se houvesse sido tocado por algo... bom,
Porém, seus lábios estavam trêmulos, frios,
Sentia falta de algo... buscou em si... encontrou um rosto,
No lugar mais profundo do seu peito,
Precisava, ansiava, necessitava, hum, lhe falhou as palavras
de novo...
Mas um beijo, sim um beijo seria perfeito,
Ela nunca havia sido beijada como naquele sonho,
Se sentia tonta, tremula, estaria delirando?
Claro que não havia influencia alguma daquele loiro
Dos olhos escuros cor da noite sem lua,
O fato de ele ser belo, alto, forte, cabelos fartos
Em nada importava, sabia ela,
Porém, aquele beijo... aquele beijo a faria percorrer um
mundo
Sem sair do lugar,
No mais, nada a ver mesmo,
Ela sentiu-se aquecer, seu rosto se iluminou em um sorriso,
Curiosamente, se pegou sonhando de novo,
E aquele homem perfeito era o seu protagonista,
Aquele era um sonho bom que gostaria de sempre sonhar...
Fechou os olhos, cinco horas,
Não, não era mesmo hora de acordar...