Naquela manhã, a chuva a acordava,
E a levava a sentar-se em sua área
Cuia de chimarrão na mão,
Apreciando a bela paisagem
Do rio que cortava, com sua água límpida,
A mata selvagem que lhe adornava,
Cabia a ela confessar que aquele rosto
Que surgiu em seu pensamento,
Pouco foi revisto em suas lembranças,
Mas quando lhe tocava a alma,
Era de se admitir: vinha com toda a força,
Sentia-se tonta sempre que o via,
Pernas bambas e coração atormentado,
Com algum receio cabia-lhe confessar
Em seu íntimo sonhara com o sabor do seu beijo,
Desde o primeiro dia em que o viu,
Seu olhar encantador a invadiu por dentro,
Rompendo suas defesas,
Fazendo-a prisioneira de um sonho de amor,
Até seu coração pareceu descompassado,
Dedos inseguros esconderam-se em seus bolsos,
Vozes silenciosas murmuravam aos seus ouvidos
Algo incompreensível ao olhar daqueles que se negam ao amor,
Amor, amor, engraçado como essa palavra lhe surgia
Sempre que este especifico senhor lhe tomava a lembrança,
Como se seguisse o pulsar do seu peito,
As palavras calavam-se na garganta,
Ao mero romper da sua rouca voz,
Sentia que precisava escolher as palavras,
Mas quais seriam as adequadas para defini-lo?
Se havia algo que nunca faltava a ela eram as palavras,
Contudo, sempre a procura das mais adequadas,
Sua fala se negava a encontra-las e muito menos pronunciá-las,
Doce ironia amar tanto sem nem ao menos poder declarar,
Bem, se ele sabia do magnetismo que exercia
Naquele meigo olhar, na fala macia aveludada,
Ou naquele corpo másculo perfeito para ser aninhada,
Ele raramente demonstrava,
Seu coração palpitava e seu corpo respondia
Com intensidade a cada gesto, olhar ou palavra sua...
Ele era alto, pele e olhos claros, bonito,
Do tipo que chama a atenção ao passar,
É certo que ele sabia disso,
Então, quais palavras usaria para lhe declarar?
Uma lágrima surgiu tímida no seu olhar,
Logo que lembrou do sorriso que curvava
O seu rosto e iluminava o brilho do seu olhar,
Formando covinhas naquele rosto perfeito,
Ah, eram os olhos mais lindos de que se lembrava!
Era obrigada a admitir, mais uma vez,
Como ele lhe tomava a lembrança nas horas vagas,
Principalmente quando a noite,
Ela girava de um lado para o outro sobre a sua cama,
Aliás, isso lhe vinha ocorrendo com certa frequência,
Sentia sua falta, falta de algo que nunca chegou a provar
Mas com que muito sonhava, talvez por toda uma vida,
Sentir-se tão tremula e insegura em sua presença
Era realmente algo desfavorável,
Pois sem palavras como iria lhe declarar tudo que sentia?
Ele tinha o sorriso mais encantador que já havia visto,
Ainda recordava da emoção sentida ao ver ser lábios se
abrindo,
Certamente aqueles lábios precisavam ser um pouco mais
explorados.
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