sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Um Sorriso Desenhado Em Traços Perfeitos

 

Ele tinha o lábio inferior petulante,

Docemente aberto no rosto bem definido,

Olhos assombreados em sorriso marcante,

Fitei-o desconfiada não mereci mais que o sorriso gelado,


De pernas tremulas permaneci petrificada,

Podia escolher amar mil homens não valeriam o que ele era,

Um rapaz de postura e traços arrebatadores,

Do tipo que não pede um sorriso, ele ganha por nada,


Movi a cabeça o suficiente para os cabelos caírem na face,

Desejei tentar esconder o efeito devastador dele,

A causa que faz com que suas fortalezas caíam por terra,

Que despe sua armadura sem que você queira,


Nem um movimento em minha direção ele fez,

E cá estava eu, devastada, louca, apaixonada,

A mocinha que sempre esperou o cara perfeito,

O encontrava melhor do que se tivesse feito promessa,


Um desejo oculto que se materializa melhor que o pedido,

O sonho que não ousou ser sonhado na melhor das ideias,

O rompimento da linha tênue que divisa o imaginário da realidade,

Naquele instante a linha tênue era expressa por  meus cabelos,


Sonhavam esconder meu encanto, mas nada conseguiam,

Murmurei algo incompreensível para mim mesma,

Quebrei o silêncio que amordaçava tudo o que eu sentia,

Arrisquei uma jogada de cabelo para o lado e um olhar,


Ele ainda sorria, algo em mim lhe chamava a atenção,

Talvez fosse minha alma sobressaltando o coração,

Fiz um movimento em semicírculo e fiquei estagnada,

Existem horas na vida em que parar vale mais que seguir,


Se havia uma chance única de tê-lo eu me arriscaria por ela,

Por todo o tempo que fosse possível, lutaria até o fim,

Aumentei o tom de voz somente para acrescentar:

- Te amo -, movia o celular em círculos por entre os meus dedos,


O cabelo ficou preso no meio do meu sorriso, deslizava-o,

Parecia uma carícia que me protegia e me propunha,

De um jeito sedutor que emudeceu sua voz e seu semblante,

Mas, aqueles lindos lábios petulantes muito diziam,

Mesmo quando ficavam entreabertos em indefinido silêncio;


O arfar dos meus seios naquele vestido florido me deixava contrafeita,

Eles expunham meus braços como se gritassem para ele: venha,

Servi-me de toda coragem que tinha para mordiscar o sorriso,


Convidei-o, estendendo uma mão adiante do meu corpo,

Não tencionava uma apresentação,

Tinha a impressão de que nos conhecíamos a tempos,

E tempo era o que eu não tinha, não movida por tanta emoção,


Meu corpo gritava para que ele pudesse ouvir,

Sou sua, é insuficiente o tempo para te fazer decidir?

Ousei um suspiro, queria ordenar meus pensamentos,

Quando o tempo é escasso não tolera-se os erros,


No que refere-se ao coração errar dói em efeito desumano,

Endireitei a coluna em postura ereta, ambos frente-a-frente,

Joguei levemente os ombros em forçada indiferença,

Me vi nua, ele parecia penetrar minha alma,


Mas, não me sentia exposta, ao contrário estava segura,

Um sorriso impassível me arrematava,

Atônita com seu efeito eu emendei a frase deixada para trás,

- Parabéns! – Naquela hora eu comemorava esta data,

Não por pouco motivo – conhecia o homem que amaria por toda a vida.


quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Eu te amo - Entrededos

Peguei a carta entre os meus dedos abertos,

O vão por onde o deixei partir agora fazia sentido,

Deslizei a mão uma vez por suas linhas,

Sem arriscar olhar o que diziam, já a havia lido,


Sabia identificar cada palavra que parecia gritar,

Mantinha meus olhos fechados,

Quisera eu, pudesse me acordar deste sonho,

Onde o busco sem cessar, mas não encontro,


Contudo, as doces palavras nada diziam além de lembranças,

Falavam de um sonho bonito e acrescentavam um fim ao que vivemos,

Quisesse dizer algo, não poderia minha voz estava embargada,

A dor de sua partida me feria a alma,


Uma chuva de lembranças vinha à tona por meus olhos,

Balbuciei algo sem contê-las que em lágrimas escorriam,

Mesmo os olhos cerrados não eram capazes de freá-las,

Desciam por meu rosto, apagavam o sorriso,


Molhavam o papel e com ele avivavam as palavras trêmulas,

Elas dobravam seu tamanho, amargas a afogar-se no mar de dor,

Tivesse eu, visto-as, talvez pudesse salvá-las,

Mas lhe digo, meus olhos não foram capazes de abrirem-se,


A dor era tamanha que me consumia por inteira,

Trouxe a carta ao peito, recostei-a em meu coração,

Ele palpitou descompassado, disse algo que eu não entendi,

Mantive minha mão onde estava desde o início,


Meus dedos pareciam pregados nela, não se moviam por nada,

As palavras escorriam e pulavam da carta,

Ganhavam vida esmurrando-me com lembranças,

Tivesse eu esquecido, o que poderia restar de mim?


É possível esquecer alguém que se ama com toda a alma?

As últimas frases pareciam estar ficando prejudicadas,

A caligrafia borrada impedia de ver seu conteúdo,

Mas ele estava vívido em mim, falava de quando partira,


Do instante em que decidira dar um fim a tudo que vivemos,

Embora eu não a pudesse ler eu reconhecia sua letra,

Mantinha os olhos fechados, até que soluços me romperam,

Dilacerada dor em mil fragmentos se mortificava – as lágrimas -,


Morria ela enquanto apagava a letra de uma lembrança,

Poderia morrer naquela hora e não sentiria dor maior que outrora,

Pior que vê-lo desentrelaçar nossos dedos para abrir a porta,

Apenas para depois fechá-la contra os meus sentimentos,


Não iria acontecer, perder quem se ama por meio de uma carta,

Nada mais que pouca coisa dita, muita escrita e única atitude:

- Pam, pam -  um bater de porta, um adeus pronunciado em silêncio,

Um olhar que não cruzaria com o meu, dois corações partidos,


Com apenas uma frase eu costumava mudar tudo ao redor,

- Eu te amo, meu amor não vá -, mas desta vez não bastou,

Toda a minha força agarrada aos seus dedos, não ajudou,

Ele abriu a mão, ergueu seus dedos, depois removeu dos meus,


Virou o rosto para a frente em gesto decidido,

Deixou o braço para trás e depois o puxou, sem falar nada,

Não ousou um último olhar, apenas se afastou seguro,

Acho que eu quis morrer, acho que ele sabia disso,


Penso que esta carta signifique algo além de tudo isso,

Com um arfar no peito, um suspiro que vinha de dentro

Me fez soltar a carta, afastá-la por um único segundo,

Levei a mão ao rosto, sequei as lágrimas doloridas,


Quando pude abrir os olhos avistei minha mão manchada,

Os dedos onde eu mantive a carta a todo custo comigo

Continham palavras como se fossem tatuadas,

Sílabas se formavam conforme eu os juntava,


A tinta que escorreu da carta havia penetrado em mim,

- Eu te amo, e alguma coisa rabiscada eu pude ler entrededos,

Decidi procura-lo e para a dor que me consumia buscar um fim.

quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Beijos e Estalos de Eu te Amo

 

Eu estou deitada de bruços sobre o sofá,

Seguro um livro em mãos, mantenho os pés no alto,

Ambos entrelaçados em cumplicidade com a leitura,

Um sorriso volta e meia contorna os meus lábios,


Outro brinca com meu olhar compenetrado,

Ele se agacha ao meu lado, sussurra algo ao meu ouvido,

Passa um braço por minha cintura e me prende inteira,

Com um beijo na minha bochecha faz eu esquecer todo o resto,


Suspiro de alívio e felicidade por ter ele ao meu lado,

Penso que sem ele eu não seria completa,

Que por mais que tivesse todo o resto existiria um vazio,

Um vazio profundo e solitário aonde eu estaria,


Sem que tivesse qualquer alternativa de refúgio ou escape,

Mas, o sinto vagar por entre os móveis,

Poderia ser arriscado dizer: mas algo o incomoda,

Sinto medo, acabamos de retomar nosso namoro,


Esta incerteza que paira no ar tem cheiro de dor,

Temo provar o seu gosto amargo e desfalecer nele,

Ele acaricia meus cabelos e os beija sereno,

Tal como eu me apaixonei ele sempre retorna,


Acredito que conhece meus pensamentos,

Sabe cada desejo, cada sonho, por eu pertence-lo,

Não desejaria ser de outro alguém,

Ninguém que o tivesse desejaria,


A possibilidade de ser sua já é suficiente,

Rezo a Deus todas as noites por toda sorte que tenho,

No espaço do seu abraço há um vazio que me cabe,

Agora é nele que me perco e em nenhum outro,


Ele passa uma mecha do meu cabelo por trás da orelha,

Eu sorrio, ele não mede esforços por minha atenção,

E eu não meço o sentimento: a cada instante mais o amo,

Fecho o livro mantendo o polegar por entre as páginas,


Marco a página onde eu leio com um positivo,

Não teria outro modo, em seus braços tudo se encaixa,

Viro o rosto, o corpo e passo uma perna em sua cintura,

O prendo junto a mim com uma jura de amor:


Te amo por toda a vida, sou sua e nunca quis ser de outro,

Ele sorri em concordância, gestos e palavras se juntam ao beijo,

Eu te amos veem-se sussurrados por entre lábios sedentos,

Estalos que nos fazem acordar do preencher dos sonhos,


Sorrisos e mordicadas para nos trazer a realidade,

Mantenho meus olhos entreabertos para contemplar,

Sabe o instante em que tudo que você quer está nas suas mãos?

Então, uma mão minha acariciava seu rosto, a outra eu coloco em seu ombro,


Ele é meu e de nenhuma outra, o que mais eu poderia desejar?

Saber qual era a sua dúvida que do meu lado se dissipava?

Agitei seu ombro e sorri alto, quase uma gargalhada,

- Meu amor, me diga algo, por que se encontra tão calado?


Falei entre um sorriso e um jogar de cabeça para trás,

Tentava fingir um não me importo, sabendo que importava,

Se havia algo em que eu pudesse ajudar não queria outra coisa,

O não me importo ficou por dizer, não mentiria para quem amo,


Deus sabe o quanto ele me conhece bem,

Me feriria de morte instaurar dúvida entre nós dois,

Não tento escolher bem as palavras, nem piso em falso,

Puxo seu pescoço usando minhas duas mãos: beijo-o,


Sugo todo o néctar da sua boca, sabendo que não viveria sem ela,

Cada beijo apaga o medo,

O vejo penetrar em mim com sua língua quente,

Não nos vejo como duas pessoas, somos uma apenas,


Sinto meu coração desacelerar, desejava decorar cada instante,

Com um sobressalto ele retorna e me faz exigir mais,

Colo meu corpo ao dele, beijo-o entre estalidos sonoros:

Eu te amo eles dizem e eu não sei como,


Mas, também, não tento disfarçar o que sinto,

Não há nada que eu possa dizer que ele não saiba,

Cada detalhe em mim revela o quanto eu o amo,

Ele hesita por um momento, tenta levantar-se,


Fecho meus olhos, dessa vez, acolho-o de forma terna,

Com um movimento repentino me coloco em seu colo,

Absorvo mais da sua boca, me alimento dos seus beijos,

Como se tudo o mais tivesse voado para o alto,


Feito o vento que açoita a janela trazendo a chuva lá fora,

Ele me acaricia naquela sua maneira esperta e desonesta

De fazer com que eu fique nua,

Tem minha alma entre seus dedos e cada movimento meu,


Nunca tentei recusar, não sei como seria se o fizesse,

Não teria motivos fazê-lo ou não conto com meios de resistência,

Trocamos confidencias tácitas naquele beijo,

Creio que o sonho que eu entreguei naquele meio sorriso,


Valeu cada beijo que se seguiu porque ele me beijou muito,

Me segurou nele; A todo instante ele afastava o olhar,

Me cuidava, parecia gostar do que eu fazia,

Ver sua satisfação me deixava plena,


Alguns amores duram por tempo suficiente,

Outros, como o nosso, são para todo o sempre,

Os lábios dele descontraíam-se em sorrisos satisfeitos,

Não olhei para o lado, não desviei um único segundo,


Naquela hora e a partir dela, ele seria meu destino,

Se há um lugar no coração que nunca será preenchido,

Acredito que o meu estava pleno, pleno dele e eu lhe provava isso,

E no dele, estava eu, nos encontrávamos entre abraços nunca desfeitos.

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

Minha Flor Em Seus Pés

A impressão em que eu me agarrava

De poder resistir a saudade que me fere,

Desvaneceu assim que cruzei com seu olhar,

Meus dedos trêmulos libertaram-na no mesmo instante,


Caiu por terra, assim como a flor que eu segurava,

Aos seus pés para melhor me expressar,

Ele me ofertou um sorriso: dia ganho,

Nada mais poderia me fazer sentir melhor,


Seu cheiro me soou feito um cálice de vinho branco,

Suave e macio me penetrando e preenchendo,

Naquele segundo jurei ser forte e abracei a saudade,

Disse a ela: já que me acompanhaste por todo o tempo,


Peço-a, fica! Bem lembro o dia em que ele partira,

Uma lágrima sempre brinca em meu olhar,

E quando o recordo vejo mil delas transbordar,

Se for para eu ser fraca, sofrer tudo que sofri outrora,


Prefiro mesmo me agarrar as lembranças,

Junto com a flor que caíra a vi caçoar de mim,

Sim, a saudade gozava de eu tentar me enganar,

De onde a flor estava, eu a vi rir como se estivesse a falar:


Você? Esquecê-lo? Não se recorda mais nem de ti,

Vive a cada momento chamando o seu nome,

Acredita que não a ouço? E quando um barulho a acolhe,

Pensa que não a vejo procura-lo sempre a espera de que volte?


Ele ficara estagnado a contemplar-me, a flor no seu sapato,

Eu confesso ter excitado entre me abaixar e recolhe-la,

Ou fugir dali com toda a força como se pudesse afastar o sentimento,

Bem pudera esquecer, ou quem sabe,


Em mais triste destino pensei: deixa-lo para trás,

Como se nada de nós tivesse existido, como se tudo fosse se apagar,

Um sorriso iluminou meus lábios e a lágrima em meus olhos,

Ideia afastada pois não haveria como apagar suas marcas,


Sua fala ao meu ouvido, as juras ditas aos sonhos silenciados,

Aqueles que vi em cada gesto seu e que ainda vejo,

A desmistificação de todos os medos estava em seus olhos,

Por Deus neles eu via cada um dos nossos momentos,


Não seria justo com o amor eu tentar me esquivar por receio,

Havia naqueles olhos uma escuridão fria desconhecida,

Antes de partir ele nunca fora desta forma,

Ousaria cogitar que minha presença lhe fez falta,


Talvez, se meu sorriso pudesse iluminar seu olhar,

Apenas um pouco mais do tanto que preciso,

Eu pudesse refletir algo bom e cuidar dele,

Fossem aqueles olhos negros um lago em noite escura,


Eu mergulharia e iria até o fundo para busca-lo,

Ninguém o reconheceria mais que eu: sofrimento me gritavam,

Naquela hora eu gostei da lágrima sorrateira em mim,

Talvez, se mil delas caíssem eu pudesse lavar sua alma,


Com tanta dor haveria de extraí-lo do lugar onde estava,

Porém, a saudade me tomava de mim mesma,

Eu sorria sem dizer nada, as palavras voavam para outro lugar,

- No passado - quando sussurrei mil eu te amo em versos;


Talvez, eu ainda pudesse iluminá-lo, no entanto,

Algumas lágrimas percorreram meu rosto quietas,

Desenhavam cada parte, contornavam-me onde um dia

Seus dedos estiveram a me afagar, hoje elas o rememoravam,


O sorriso era embebido em saudade mas resistia,

Algumas gotas de algo que eu não soube definir

Penetravam-me a boca, feito um beijo de sal e lembranças,

Havia mais em mim do que eu poderia lhe garantir,


Tanto mais amor do que imaginei um dia poder sentir,

O mel dos seus beijos eram embriagados por saudade,

Na boca onde os deixei guardados, brincavam com minha língua,

Tocavam a garganta tentando desatar o nó que me ganhava,


Acredito que queriam afrouxar as palavras, me fazer falar,

Algo no olhar dele brilhara, uma fagulha de nós dois,

Ele se abaixara em silêncio, juntara a flor com três dedos,

Levara-a até seus lábios e o beijo que um dia fora meu,


Agora repousava em suas pétalas, ali e em nenhum outro lugar,

Mesmo tanto tempo tendo corrido, ele os guardara,

Com todo o valor que lhe era devido – que nos era merecido-,

Naquele beijo haviam mais que vestígio de um amor que não se foi,


Minha saudade que se agarrava a nós dois o trouxe de volta,

Ao menos ele sorria agora, tudo já estava perfeito,

Uma estranha aparência de algo que se quer contar,

Como eu poderia dizer que o gesto que ele fizera também me pertencia?


Ele me encarou com seu rosto familiar e disse:

Amor, eu também te esperava,

Eu sorri entre lágrimas, saudade e a mais terna felicidade.

domingo, 3 de outubro de 2021

Marcas do Seu Beijo


Minha atenção não será mais que polida,

Prometo contemplar seu olhar sem dizer nada,

Nem ousarei indagar tudo que vivemos,

Sim, meu amor maquiarei cada palavra,


Dos lábios em que guardastes os seus beijos,

Você não ouvirá nada que não queira,

Sim, ainda sei identificar tudo o que sente,

E com isso, não fazer mais do que sua vontade,


Se o amo, ora, por favor, quanto a isso não me indagues,

O amo em cada segundo, do quanto eu viver

Ousaria dizer que por mais um instante,

Duvidas de que quando não houver mais vida,


De que quando me for mandado: deixe de viver,

Meu peito ainda ouse pulsar por mais uma vez?

Bem, então é certo que não sabes o quanto o amo!

Cabe indagar até que ponto, então evite o assunto,


Ao menos enquanto estivermos próximos,

Tão somente enquanto nossos olhares se cruzarem,

Se um sorriso tremulo romper meu silêncio

Tomando os lábios que um dia foram seus,


Peço que não sinta nada, negue-se ao ciúmes,

Tudo que é meu, você sabe: um dia o pertenceu;

Que não paire perguntas sem respostas,

Eu não conseguiria lhe brindar com indiferença,


Não é questão de apenas obedecer sem dizer nada,

Querido, me fere de morte o sofrer do seu olhar,

Como poderia eu, apaixonada, agir de outra forma?

Sei que me vê cada vez menos enquanto o tempo foge,


Querido, por mais depressa que possa passar,

Ainda o vejo em cada instante, sim, estou a reviver,

Do beijo a carícia mais ousada, seus sonhos e tudo o mais,

Quanto, aos suspiros que embebem o ar em lágrimas: são meus,


Litros e mais litros de amor derramado em saudade,

Me encontro desamparada sem provar do seu abraço,

Como posso agir diferente se nem sei o que faço?

O sussurro de amor que lhe falei ao ouvido,


Agora grita por estes cômodos: implora o seu retorno,

Os gemidos sedentos por seus carinhos, estes são os mesmos,

Apenas, não o encontram; com muito esforço,

Respiro este ar, tento encher os pulmões,


Apenas visando balbuciar, quando me for possível,

"Eu te amo, por favor, não duvide disso",

Então, meu amor, me acompanhe por um momento,

Prometo cooperar com tudo que possa desejar,


Também, podemos extravasar o que sentimos,

Rememorarmos nosso amor sedento, nunca saciado,

O beijo que ainda repousa em meus lábios,

Me fala sobre você sentir o mesmo, querido,


Não temos tempo a perder,

Entre a cama arrumada e lençóis sujos (desorganizados),

Diga-me: o que prefere?

No entanto, tudo que ele fez quando cruzamo-nos,


Fora manter-se firme, seguro quanto a algo,

Eu confesso que o olhei como nunca faria,

Guardei seus gestos, forma e fala dentro de mim,

Fosse ele qualquer outro não seria tão digno do que sinto,


Sendo ele quem é, não me canso de amar sem medidas,

Ah, ele é um homem que sabe usar a boca,

As palavras que fala vem sempre na hora certa,

Seus carinhos possuem a medida exata,


Mesmo seu olhar não é desperdiçado, engraçado,

Ele parece não reconhecer seu efeito sobre os outros,

Lembro de ter piscado ao longe quando o vi no horizonte,

Confesso ter perdido a fala, me vi bambear,


Pisquei uma vez, duas vezes, parecia uma miragem,

O sorriso que ensaiei para ele pairou em meus lábios,

No entanto, agora possuía um significado diferente,

O guardei em mim, não poderia ser de outra forma,


Permaneci segura do que sentia, olhos passíveis os meus,

O sorriso permanente esmorecia em minha boca,

Tornava-se vulnerável, desejava algo mais,

A única coisa que compreendi fora o quanto o amo,


Depois de ele passar, pisquei uma vez, posso dizer

Que tenha apenas baixado os olhos, me vi em metade,

Desejei poder acompanha-lo, não o queria sozinho,

O caminho tortuoso poderia ser perigoso,


Até que ponto um homem é capaz de decidir por si mesmo?

Bem, aquele homem saberia me dizer, não lhe indaguei;

O que ele encontrara em mim? Um nevoeiro de lágrimas?

Uma pessoa que nunca o esqueceria,


Um certo alguém deixado para traz,

Apaguei as lágrimas do meu rosto naquele sorriso,

Esse efeito eu aprendi por ele e por nós dois,

Mesmo estando transbordando em marcas saudosas,


Naquela hora não estava;

Nem mesmo por dentro eu estava ferida: o via!

Ele continuava do mesmo jeito: dissipava minha dor,

Suspirei fundo assim que o vi, guardei o ar,


Não seria capaz de agir de outra forma na sua frente,

Não sem me entregar; A impressão de sofrimento não seria vista,

Juntei toda a minha força para isso,

O homem por quem me apaixonei estava dentro de mim,

Aspirei seu cheiro, guardei seu sabor: do sorriso vítreo para o vívido.

sábado, 2 de outubro de 2021

Saudade

 

Ele sempre usava a mesma frase,

Aquela que embebida por sua boca,

Continha o doce do mel e algo mais,

O tipo que num sussurro grita: apaixona-se!


Sem deixar oportunidades para saída,

Sem oferecer um único vestígio de resistência,

Em mim, via-me faltar o fôlego, engolia as palavras,

Apenas para senti-las percorrer minha língua,


Até entrega-las na doçura de um beijo, silenciosas,

Engolia as dele feito mel por minha garganta,

Até alcançar o vazio do coração e vê-lo preenchido,

Não mais sedento de amor: suspirava,


Satisfeito por conquistar cada carinho, cada sonho,

Mesmo aqueles que nunca pensara sonhar,

Bem, mas o tempo tudo cuida, não fora de outra forma,

Há quem tema a mão do tempo se abatendo


Sobre tudo que acredita ou gostaria de possuir,

Não importa o quanto o medo venha a se aproximar,

O tempo a tudo reclama, não há como se eximir,

Esse primeiro vislumbre de um adeus me feria,


Tal como o aço da morte que rompe por dentro,

Alma e coração, destino traiçoeiro de quem ama,

A frase, aquela que nunca desejei ouvir chegou em seu olhar,

Desviei a atenção, busquei algo em que me refugiar,


Tivesse dito algo, eu não teria dado ouvidos,

Mas lá ficara, nublando a luz do seu olhar,

A frase não tardara a ser pronunciada: adeus, tudo acabado!

Os lábios que, outrora, me beijaram trêmulos estavam seguros,


Não oscilavam em nada do que diziam: certeza doída,

Dentro da frase, continha uma porta sendo aberta,

Vi-la se fechar sem ser trancada, suas chaves ficaram sobre a mesa,

Calculadamente esquecidas, ignorei a palavra abandonadas,


O plural me continha, preferi baixar o olhar sem dizer nada,

No verso da frase salpicada por beijos continha dor,

Quisera eu não tê-la provado de forma tão obsoleta,

Por que conto esta história? Por três razões: seu olhar,


Seus carinhos e seus beijos, nenhuma outra,

Não queira dizer que o pedi para voltar,

Não insinue que estou buscando algo para acreditar,

Nem ambiciono que leia o que tento falar,


Mas, não duvido que talvez, pelas ruas da cidade,

Tome de tudo que digo, conhecimento;

Não acredito que saia satisfeito de tudo que ouvir,

Mas, para adiantar sua curiosidade: sim, o amo!


Em tais circunstâncias implorar por você seria atraente,

Mas não fora de joelhos que você me conhecera,

Não será desta forma que irá me ver, acredite;

Aprendi a amar sem cobrança, sei manter distância,


O coração que era de neve derreteu, e hoje inunda meu olhar,

Mas a quem isso importa? Bem, acabo de escrever esta carta,

Talvez, chegue a ti feito uma carícia,

Com certeza irá nos recordar,


Saber que o amo te faz sentir como?

Apontar um dedo acusador sobre você,

Taxando-o: responsável; Sim, conquistara-me,

Depois que a porta se fechara, eu esqueci de trancar,


Fiquei boquiaberta esperando ouvir algo além,

Busquei uma desculpa, uma forma de reação,

Ela está agora plenamente afável,

Pensei em ignorar a sugestão desagradável de esquecê-lo,


Mas recordei que você não me pedira isso,

Ao menos me poupara do que seria incapaz,

Posso ouvir seu riso, ele ainda brilha em meu rosto,

Fosse por mim, nunca o abandonaria e você, o que diz sobre isso?


De olhos turvos busco algo em que me agarrar,

Se estou sofrendo? Você sabe que não gosto de falar,

O gosto do seu beijo parece ser nocivo a ideia de distância,

O traz de volta feito uma miragem, te vejo aqui a toda hora,


O que tenho a enfrentar agora que o sol se deita?

Sua ausência, não é o bastante? Sim, sofro agora;

Neste momento estou enganando-a mas não irá durar muito,

Faço uma pausa entre soluços busco recuperar o fôlego,


Recordo de quando o perdia em seus beijos,

Você se apossara dos nossos momentos, são seus o que era nosso,

Como irei revivê-los se estou aqui só?

Me sinto tão abandonada quanto as suas frases,


Elas perambulam por entre os cômodos, às vezes, trazem abraços,

Outrora outras coisas, você me entende?

Por um instante elas encaram minha dor descrentes,

Noutrora desacreditadas parecem me tocar,


Confesso não saber em qual me agarrar...

Me apego a tudo que deixara para traz,

Uma parte descrevo nestas linhas, outra revivo,

No entanto, existe outra que vive dentro de mim,


Está pronta para despertar, bem, mas avisei-o,

Não pediria para que retornasse para nós dois,

A expectativa de um beijo que se consumara me basta,

Lhe disse, ainda o sinto; há quem nunca tenha vivido o amor,


Temo por eles, nunca alcançaram tudo que conquistei contigo,

Te ofereço um sorriso tímido, veja-o como quiser,

Não te convido a elogios, nem insinuo saudade,

Se a ínsito em você, seria porque a deseja sentir, você sabe...

As suas chaves continuam no mesmo lugar e a porta: Eu já disse.

sábado, 15 de maio de 2021

Beijo Numa Noite de Lua




Ela não podia mais conter o sorriso que bendizia as notícias,

Ao admitir a intensidade de todas as juras de amor que ouvira,

Entre as 3 e as 4 horas da madrugada, muito perde a importância,

Mas ouvir um eu te amo sussurrado por uma noite inteira,

Vale cada minuto colado no abraço de quem decidira amar,

Por aquele momento e a partir dali, por toda a vida,

 

Havia naqueles olhos amor maior que tudo que conhecera,

Ela indagava-se: que havia com o amor para despertá-la desta forma,

E quando sentia seus lábios nos dele, a doçura dos seus beijos a respondia,

O surreal, que identifica que cada segundo importante valia a pena,

Mas, todos eles juntos não se bastavam para o teor de serventia,

Juntando de hora a hora, até o eterno não alcançaria tal noite de lua,

 

Pouco ou nada se questiona sobre as atitudes inusitadas,

Que nem se sabe o porquê de toma-las como ponto de partida,

Mas, o destino que a colocou naquele lugar, agiu de tal forma,

Que fez de uma única noite o início de um amor que não se acabaria,

Pondo fim, a tantas outras noites de tormenta que iniciavam em carícias,

Entrelaçadas por fagulhas por entre as densas sombras e findavam num vendaval,

 

Aquele que destrói tudo que toca, que faz olhar-se no espelho,

E não reconhecer o próprio rosto, muito menos faz desejar recordar

Tudo que houve na noite anterior ao temporal que fez lama

Onde deveriam existir dois corpos nus entregues um ao outro,

 Algo que não se sustenta por si próprio, insuficiente e vazio,

Acerca deste tipo de amor e do outro que acabava de iniciar,

 

Havia tanto o que dizer quanto o que provar, via-se no seu olhar,

No semblante apaixonado que distribuía sorrisos por onde passava,

Nas mãos que cumprimentavam a todos em felicidade incontida,

Órfã de sentimento por outro alguém, não havia nela justiça alguma,

Mas, tudo mudara de foco ao cruzar com ele, havia uma recompensa afinal,

Para aquela que nunca quis se entregar até serem supridas as incertezas,

 

Ela chegou até o portão da sua casa, recostou o rosto entre as grades,

Sentindo o frescor invadir o rosto quente, suavizando os traços,

Agora, havia uma divisória entre aquela lá de fora e a outra que entraria,

Não seria difícil forçar a entrada por cima dele, nem necessário,

Ela tinha a chave o tempo todo com ela, não teria que esperar na antessala,

Estaria em casa, mas agora sentindo algo muito diferente nela,

 

Todavia não precisar tirar as sandálias, tirou-as, entraria descalça,

Queria fazer surpresa para disfarçar um pouco tudo que sentia,

Precisaria de um banho quente, um café e uma boa conversa,

Tinha tanto para falar, um beijo em noite de lua remenda a alma,

Remove os estragos com tão pouco tempo que chega a estranhar,

O encontro não demorou muito, para quê existe a distância?

 

A saudade nunca fizera tanta diferença como fazia agora,

A voz branda do rapaz assumia um tom trocista em sua alma,

A levava para outro lugar, mantendo-a presa em seu abraço,

Fazia ela sorrir sem motivo, busca-lo por todos os cantos,

Viera sozinha para casa, diferente das outras vezes,

Mas guardava com ela uma certeza, sutil e suficiente,

 

Ao recostar a mão no trinco da porta viu que chegou o momento,

Olhou para os vãos dos seus dedos e decidiu por algo ali,

Eles ainda guardavam o contato do rapaz e os desejavam de volta,

Mesmo ela não se sentindo sozinha, o queria mais perto,

Ele a olhara de uma forma tão terna quanto a noite de lua,

Com olhos tão vivos e calorosos como as carícias que sentia,

 

Nem mesmo a mais bela noite de primavera se igualaria

À sua noite de inverno em que mesmo que estivesse sob a neve,

Seria tomada pelo frio, pois os braços quentes que a protegiam,

Eram capazes de resguardá-la de tudo, assim como ela fez com ele,

Dois corpos nus que não sentiam a temperatura do seu redor,

Duas almas que se entregavam sem medir as razões do tempo,

 

Não importava como estava o seu exterior, ela não era a mesma,

Por dentro dela, ela contemplava o inverno mais tranquila,

O orvalho da solidão que caia lá fora a tocava, mas não feria,

Ninguém negaria o amor que acontecera na noite passada,

Era tão nítido quanto o sol que oscilava entre esconder-se e brilhar,

Seu futuro agora se diferenciava, as promessas tinham voz própria,

 

E ela ficava radiante por saber que tinha um alguém para amar,

Uma pessoa para quem recorrer e um abraço para onde voltar,

Dependia deles a atitude a tomar, havia uma escolha segura,

O receio fugira em meados dos beijos da madrugada acolhedora,

Se o amor bater à porta, bem, entrara sem bater em sua alma,

O convite foi tácito e o beijo fez barulho, a acordara de suas utopias,

 

Ela usava seu novo sorriso, nem notara quando trocara o calçado,

Mesmo o dele sendo maior ela o trouxe, deve tê-lo deixado descalço,

A sandália não lhe serviria, ela adiantou-se em vestir-se, não por pressa,

Só recorda de abrir os olhos e se deparar com a razão de seus sonhos,

O homem para quem decidira se entregar e viver o amor,

Notou que ele ficava para trás conforme ela seguia para casa,

 

E desejou nunca ter saído do seu lado, a sensação era de que nunca chegaria,

Nunca se jogaria em sua cama, refletiria sobre cada promessa,

Nem esperaria o transcorrer das horas para chama-lo de volta,

A notícia de que ela estava amando, chegaria cedo a sua família,

Seria vista com a mesma alegria que ela sentia, a mesma freima pelas horas,

Ela via o amor nos olhos dele e o retribuiu em cada sorriso,

 

O amor adormece em seu peito e mesmo quando você desacredita,

Ela acorda sob a luz de um olhar sem data ou hora para acordar,

Nesse instante duas almas se buscam, quase que em desespero,

Um tropeço pelo destino, uma nova vida, um novo sonho se faz,

Ela parou a caminho do quarto, com o sorriso agora melancólico,

Ah, “pronunciou mentalmente o seu nome”, como eu o amo!

 

Conquanto o nome fora reservado por e apenas para ela,

O restante da promessa ecoara pela sala, dando-lhe ouvidos,

Um sorriso ecoara do outro lado, sem surpresa alguma,

Ela sabia que no momento em que se apaixonasse, não seria surpresa,

O nome dele é que permaneceria escuso por algum tempo,

Só para ela se alimentar do suspense que aplacaria a família,

- antes do nome: o rosto viria – quase pode ouvir alguém falar.



Busca aos Peixes

Masharey acordou, Subiu na alta cadeira Feita de pneu usados, E cantou alto: - estou no terreiroooo! Em forma de canto. Após iss...