Ao admitir a intensidade de todas as juras de amor que
ouvira,
Entre as 3 e as 4 horas da madrugada, muito perde a
importância,
Mas ouvir um eu te amo sussurrado por uma noite inteira,
Vale cada minuto colado no abraço de quem decidira amar,
Por aquele momento e a partir dali, por toda a vida,
Havia naqueles olhos amor maior que tudo que conhecera,
Ela indagava-se: que havia com o amor para despertá-la desta
forma,
E quando sentia seus lábios nos dele, a doçura dos seus
beijos a respondia,
O surreal, que identifica que cada segundo importante valia
a pena,
Mas, todos eles juntos não se bastavam para o teor de
serventia,
Juntando de hora a hora, até o eterno não alcançaria tal
noite de lua,
Pouco ou nada se questiona sobre as atitudes inusitadas,
Que nem se sabe o porquê de toma-las como ponto de partida,
Mas, o destino que a colocou naquele lugar, agiu de tal
forma,
Que fez de uma única noite o início de um amor que não se
acabaria,
Pondo fim, a tantas outras noites de tormenta que iniciavam
em carícias,
Entrelaçadas por fagulhas por entre as densas sombras e
findavam num vendaval,
Aquele que destrói tudo que toca, que faz olhar-se no
espelho,
E não reconhecer o próprio rosto, muito menos faz desejar
recordar
Tudo que houve na noite anterior ao temporal que fez lama
Onde deveriam existir dois corpos nus entregues um ao outro,
Algo que não se
sustenta por si próprio, insuficiente e vazio,
Acerca deste tipo de amor e do outro que acabava de iniciar,
Havia tanto o que dizer quanto o que provar, via-se no seu
olhar,
No semblante apaixonado que distribuía sorrisos por onde
passava,
Nas mãos que cumprimentavam a todos em felicidade incontida,
Órfã de sentimento por outro alguém, não havia nela justiça
alguma,
Mas, tudo mudara de foco ao cruzar com ele, havia uma
recompensa afinal,
Para aquela que nunca quis se entregar até serem supridas as
incertezas,
Ela chegou até o portão da sua casa, recostou o rosto entre
as grades,
Sentindo o frescor invadir o rosto quente, suavizando os
traços,
Agora, havia uma divisória entre aquela lá de fora e a outra
que entraria,
Não seria difícil forçar a entrada por cima dele, nem
necessário,
Ela tinha a chave o tempo todo com ela, não teria que
esperar na antessala,
Estaria em casa, mas agora sentindo algo muito diferente
nela,
Todavia não precisar tirar as sandálias, tirou-as, entraria
descalça,
Queria fazer surpresa para disfarçar um pouco tudo que
sentia,
Precisaria de um banho quente, um café e uma boa conversa,
Tinha tanto para falar, um beijo em noite de lua remenda a
alma,
Remove os estragos com tão pouco tempo que chega a
estranhar,
O encontro não demorou muito, para quê existe a distância?
A saudade nunca fizera tanta diferença como fazia agora,
A voz branda do rapaz assumia um tom trocista em sua alma,
A levava para outro lugar, mantendo-a presa em seu abraço,
Fazia ela sorrir sem motivo, busca-lo por todos os cantos,
Viera sozinha para casa, diferente das outras vezes,
Mas guardava com ela uma certeza, sutil e suficiente,
Ao recostar a mão no trinco da porta viu que chegou o
momento,
Olhou para os vãos dos seus dedos e decidiu por algo ali,
Eles ainda guardavam o contato do rapaz e os desejavam de
volta,
Mesmo ela não se sentindo sozinha, o queria mais perto,
Ele a olhara de uma forma tão terna quanto a noite de lua,
Com olhos tão vivos e calorosos como as carícias que sentia,
Nem mesmo a mais bela noite de primavera se igualaria
À sua noite de inverno em que mesmo que estivesse sob a
neve,
Seria tomada pelo frio, pois os braços quentes que a
protegiam,
Eram capazes de resguardá-la de tudo, assim como ela fez com
ele,
Dois corpos nus que não sentiam a temperatura do seu redor,
Duas almas que se entregavam sem medir as razões do tempo,
Não importava como estava o seu exterior, ela não era a
mesma,
Por dentro dela, ela contemplava o inverno mais tranquila,
O orvalho da solidão que caia lá fora a tocava, mas não
feria,
Ninguém negaria o amor que acontecera na noite passada,
Era tão nítido quanto o sol que oscilava entre esconder-se e
brilhar,
Seu futuro agora se diferenciava, as promessas tinham voz
própria,
E ela ficava radiante por saber que tinha um alguém para
amar,
Uma pessoa para quem recorrer e um abraço para onde voltar,
Dependia deles a atitude a tomar, havia uma escolha segura,
O receio fugira em meados dos beijos da madrugada
acolhedora,
Se o amor bater à porta, bem, entrara sem bater em sua
alma,
O convite foi tácito e o beijo fez barulho, a acordara de
suas utopias,
Ela usava seu novo sorriso, nem notara quando trocara o
calçado,
Mesmo o dele sendo maior ela o trouxe, deve tê-lo deixado
descalço,
A sandália não lhe serviria, ela adiantou-se em vestir-se,
não por pressa,
Só recorda de abrir os olhos e se deparar com a razão de
seus sonhos,
O homem para quem decidira se entregar e viver o amor,
Notou que ele ficava para trás conforme ela seguia para
casa,
E desejou nunca ter saído do seu lado, a sensação era de que
nunca chegaria,
Nunca se jogaria em sua cama, refletiria sobre cada
promessa,
Nem esperaria o transcorrer das horas para chama-lo de
volta,
A notícia de que ela estava amando, chegaria cedo a sua
família,
Seria vista com a mesma alegria que ela sentia, a mesma
freima pelas horas,
Ela via o amor nos olhos dele e o retribuiu em cada sorriso,
O amor adormece em seu peito e mesmo quando você
desacredita,
Ela acorda sob a luz de um olhar sem data ou hora para
acordar,
Nesse instante duas almas se buscam, quase que em desespero,
Um tropeço pelo destino, uma nova vida, um novo sonho se
faz,
Ela parou a caminho do quarto, com o sorriso agora
melancólico,
Ah, “pronunciou mentalmente o seu nome”, como eu o amo!
Conquanto o nome fora reservado por e apenas para ela,
O restante da promessa ecoara pela sala, dando-lhe ouvidos,
Um sorriso ecoara do outro lado, sem surpresa alguma,
Ela sabia que no momento em que se apaixonasse, não seria
surpresa,
O nome dele é que permaneceria escuso por algum tempo,
Só para ela se alimentar do suspense que aplacaria a
família,
- antes do nome: o rosto viria – quase pode ouvir alguém
falar.