Que véu escuro foi este que cobriu a lua,
Que num lance de piscar de olhos faz ela sumir de vista,
Apaga-se sem motivo a extinguir-se feito uma vela?
Veja bem, sem palavras e com apenas um tremular,
Vejo que tudo não passa do seu beijo a me tontear,
Descartada a magia do sumiço inesperado que embasbaca,
O que dizer do pontilhar de estrelas que veio brilhar no seu
olhar?
Fossem elas pequenas chamas, mergulharam dos céus a me
afagar?
Ora meu amor, as sinto em seus carinhos, não tente
disfarçar,
Cada vez que me toca é como se mil delas estivem em seu
lugar,
Fosse você um cometa que fugiu dos céus ao me avistar,
Por favor, apenas peço que me responda encontrou o que
queria?
Lá no infinito em que vivia não havia o que você procurava?
Digo isso, meu amor, porque veio de tão longe para me
encontrar,
Posso jurar que me buscava com a mesma vontade na qual eu
te esperava,
Ainda ouço um farfalhar de folhas na brisa fria que passa,
Foi este o vento do destino que o trouxe até esta hora
exata?
Este farfalhar é tão frio quanto a ideia de perde-lo, me
atemoriza,
Toda a luz do meu redor desapareceu, meu amor, vejo você e
mais nada,
Neste segundo de tempo em que estamos só me resta as suas
carícias,
Me vejo entregar por inteira, meu amor, como o amo não
haverá outra!
Ele estende a mão e pega a minha entre as suas, a segura
com força,
Possui um toque seguro de quem sabe o que quer – por nós ele
se esforça-,
De repente o frio passa e o vento vai embora, fica longe -
ele se aproxima-,
Me vejo pequena diante do quanto sinto, o amo mais que a própria
vida,
O medo de segundos atrás é arrancando e levado embora pela
brisa,
Quanto mais ele se aproxima mais vejo tudo valer a pena,
Quando ele estende os braços, seus dedos se soltam e pegam
mais para cima,
Me puxam pelos ombros até que eu me recoste nele – me vejo
incerta-,
Incerta sobre o que fazer e quanto ao que sinto mais certa
que nunca,
Sinto que se ele me tocar por segundos a mais irei gritar,
Acho que é isso que faço, quando ele beija a minha boca,
Porém, o grito é abafado e não soa mais que um sussurrar,
Uma espécie de gemido incontido de um amor que transborda,
Não sei dizer se estou certa, então peço a sua ajuda,
Meu amor, gostaria de beijá-lo de forma que me entenda,
Que me sinta como eu o sinto, como posso fazer agora?
Gostaria de conquistar o seu amor na mesma medida,
Queria ser a pessoa dos seus desejos, como poderei agir sem
errar?
Sua língua invade a minha boca antes que eu termine de
falar,
Sussurros são abafados por uma boca convidativa e uma língua invasora,
Neste instante ele me toma, não pertenço mais a mim mesma,
Esqueço a ideia de mulher independente para ser sua,
Me sinto roubada do que sou se pensar de outra forma,
Meu corpo estremece em sua boca e com ele também as minhas
ideias,
Não sou mais aquela que era, felicidade agora tem outra
cara,
Sua língua é grande dentro de mim me sinto afogar,
Tenho que corresponder na mesma medida sem pensar em nada,
Não caibo mais em mim, preciso encontrar a sua alma,
É como se ele já soubesse o que iria encontrar – me ganha
inteira-,
Ser minha ganha dimensão diferente, entregue a quem amo sem
medida,
Não consigo me guardar em reservas, entrego tudo que sou na
hora,
Minha língua o penetra invasora e tímida, o faz se soltar para me
buscar,
E quanto mais me busca mais eu vou – apenas sua-,
A sensação é nova e estranha, mas tão boa quanto eu possa
falar,
Seus carinhos são exigentes, me lembro de pedir resguardo o digo: fica,
E continuo: meu amor, preciso de você aqui comigo agora,
Por agora eu me refiro a vida inteira, olhei-o e vi que ele
entendia,
Entre o conquistar e o ser conquistada – eu me entregava-,
Sua língua era um fragmento do efeito do seu beijar,
Seus lábios eram uma flor a desabrochar em uma boca faminta,
A lua e as estrelas sumiram afugentadas enquanto eu
resplandecia,
Não me restava mais nada no mundo além de corresponder as suas carícias.