Antes do porvir em dias difíceis,
Que se aproxime o dia em que você dirá:
-Querida, é certo que amei-a!
Com aquele seu sorriso singular,
E um brilho de encher de orgulho,
Mas antes de você terminar seu discurso,
Querido, já terei desistido.
Muito antes.
Bem, percorro o caminho até ele,
Com destino pronto,
Sei que não será mais que isso,
Beijo, abraço e aquele eu te amo em falso,
Apenas para ganhar um instante de companhia,
Uma foda do dia!
Essa frase não enche minha boca,
Como me torra o saco!
Bem ao meio – destruição.
Entregar-se a alguém apenas por momentos,
Um nada mais que sexo bom.
Mas quem precisaria mais que isso?
Eu o conheço bem, aliás muito bem,
Sei que nem bem viro as costas
E já bem próxima outra vem.
Mas, troco os canais da minha tv,
Procuro um programa que me preencha,
Ligo uma música,
Folheio um livro e nada preenche,
Infelizmente um encher de saco cai bem,
Melhor que a solidão de não ter ninguém.
É eu tenho satisfação com ele!
Ele é bonito, chama a atenção,
Faz-me sentir orgulhosa e bela,
Antes que se escureça o sol e caia a luz,
Espero que ele não perceba que por dentro eu choro,
Por trás de todo este brilho em meus olhos,
Eu queria um abraço mais apertado e demorado,
Queria poder ligar a qualquer hora,
Ser esperada e bem-vinda,
Quando os guardas lá de fora tremem,
Eu penso: será que ele me espera?
Vejo que eles mechem-se de seus lugares,
Contudo não dizem nada ou sorriem,
Quase me curvo a vontade de saber o que é.
Quando paro de me corroer pode dentro,
É apenas quando estamos fazendo sexo,
Naquele instante de auge,
Em que os pensamentos somem do nada,
E até mesmo as palavras,
Eu o ouço dizer eu te amo,
Mas isso não penetra minha alma,
De alguma forma sei que é mentira,
De alguma forma.
Olhos olham embaçado pelo suor,
Rostos se confundem e neles o sentimento,
Talvez ele ame,
Não é sobre isso que duvido,
Mas não sou este alguém,
Do contrário eu saberia.
Sei que sim.
Quando as portas se fecham os sons aumentam,
Quando se abrem a distância predomina,
O silêncio é rompido por gemidos,
Mas lá fora estes sons soam fracos e indistintos,
Quando se tem medo de altura,
E de perambular pelas ruas,
Aprende-se a reconhecer isso,
Sinto um florir do medronheiro,
Posso dele prever seus frutos,
Mas não do que estou vivendo,
E sei disso, então por que insisto?
Quando o desejo já não é despertar sozinha,
Se preenche com qualquer coisa...
Qualquer coisa?
Não, não com qualquer coisa,
Mas com bem pouca... bem pouca.
Então, adentra-se para um ambiente externo,
E lá vive-se tudo que é sonhado,
As juras, as carícias, os beijos correspondidos,
A portas fechadas sou profundamente amada,
Protegida como nenhuma outra seria,
Me vejo única, me sinto plena,
Mas do lado de fora pranteadores vagueiam pelas ruas.