terça-feira, 18 de julho de 2023

Não Busque Comprensão

 

Realista; certamente,

Apaixonado? Não hoje,

Mesmo tivesse sido,

Já não seria mais verídico,


Amor foi naquela época,

Em mim já não resta vestígio,

Digo isso longe ou perto,

Basta: entre nós – tempo perdido!


Um beijo? Não, sem sombra de dúvida,

Estar em seus braços

Já não é meu maior sonho,

Ser sua deixou de ser objetivo...


Se o amei?

Bem, hoje nego a isso.

Protestante,

Sem dúvida.


Meu coração ainda o busca,

Se abro a janela meus olhos perambulam,

Não me basta ver a multidão,

O sorriso que pulsa no coração


Me vem a boca,

Sim, restou em nós a amizade?

Mas não o bastante para a proximidade,

É uma questão de carinho...


Chegou até meu conhecimento coisas demais,

Notícias as quais não fui capaz de absorver,

O antes de todo este murmúrio

Já não nos era propício,


Ter buscado ignorar estes fatos,

Não ocasionou melhor boato,

Nem preencheu os medos quanto

A antigos fatos.


A favor de amizade, claro.

Não buscaria ou alimentaria o ódio.

Mas, confesso que seus atos ainda não são propícios...

Provavelmente, busco o distanciamento.


Me entenda e por favor,

Já não faça julgamentos,

Nem ao menos sei se você é dado a isso,

Mas, me sinto cansada até do seu sorriso,


Sim, não tolero você por perto!

Seguramente!

Ser a favor de amar é coisa do passado,

Hoje eu busco uma constante,


Um alguém a quem eu chame meu,

E me sinta bem com ele,

Você nunca foi isso,

Não seria nesta hora.


Quando ao mesmo tempo se quer

E dentro de si se é contra,

Claro, confesso:

Falei mal da sua família,


Falei tudo que pude,

Julguei o máximo que podia,

Não meu bem sito que lhe chaga

Não são apenas boatos,


Falei e sustento todos os fatos!

Não o conhecia de perto,

Não o bastante,

E o que me vinha aos ouvidos


Não lhe conviria em muito,

Você deve saber de sua má fama,

Nisso eu penso que não ajudei muito,

Mas já nem me interessa.


O coração que pulsa em mim corrobora com isso.

A sinceridade que me é peculiar, também.

Bem, lembro que você chegou a me defender,

Levantou a voz e me estendeu a mão,


Considero isso.

Mais tarde.

Antes da defesa quem lhe socorreu fui eu,

Considere, também.


Você é homem tem este dever,

Eu não.

Eu poderia muito bem me omitir em tudo.

Até me eximir de tanta coisa que nem busco,


Bem, hoje ou antes e agora também,

Você está bem com outra pessoa,

Considere e se afaste.

Não pense que irei fechar a janela por sua causa,


Não, não farei desta forma.

Quanto a abrir,

Compreenda sou dada a convencimentos

E muito mais a impulsos.


Mas, quanto ao que sinto eu comando:

-Não, eu não o amo.

No máximo lhe nutro carinho,

Contudo, considere mágoa e infortúnio,


Sim, eu fui ofendida

E você foi culpado,

Mas me entenda.

Eu já falava mal de você de outras horas,


Não iria mudar tudo agora.

Ah, por um favor, nem me compreenda.


segunda-feira, 17 de julho de 2023

Sonhos Despidos

 

As mãos jaziam ao lado do corpo,

Costas para um sonho destruído,

Cabeça ao vento para o futuro,

Rosto voltado para um outro arquivo,


Mas no momento em que ele a despiu

Era como se voltasse a ser menina

E sofresse suas primeiras sensações,

Até as roupas jogadas no chão pareciam flutuar,


Nas roupas os sonhos,

Sonhos despidos para um primeiro beijo,

Desconforto de quem investe tudo,

Uma entrega sem medo,


Talvez, aconchegada em seu abraço,

Com vistas do futuro onde estava,

Tivesse acredito para além do que foi o gesto,

Quem sabe sentiu-se amada.


A menina que agora anda sozinha,

Ainda vê que o frio humano é pior que o da noite,

Mesmo que ainda guarda as faíscas,

Que sinta-se prestes a arder em chamas,


Este é um frio deliberado.

Aquele é preordenado- comandado.

As carícias que percorrem o corpo

O conhecem demais para se fugir totalmente,


Fica a marca e nela o sentimento,

Trata-se de algo mais que desejo,

Não possui forças para levar a mão ao coração

Que bate triste e apertado,


Tão melhor quanto tinha um outro peito

Para se amparar,

Agora é um retorno ao seio antigo,

Não mais contar com um ombro amigo.


A solidão anterior parecia mais amena,

Agora esta vinha avassaladora e de todos os lados,

Não, não podia levantar o olhar,

Lhe restava o chão baixo,


Onde tudo parecia estar no lugar,

As roupas alinhadas ao corpo,

A calçada rígida em que pisar,

Continuaria só.


É assim que acontece depois de um longo beijo,

Angústia extrema ante a ideia de não mais vê-lo,

Em certos casos,

O amor chega de maneira desconcertante,


Vê-se isso na beirada da saia rasgada,

Na ausência do tecido que ficou pregado a porta

Devido a rapidez da saída do ambiente,

Soa quase feito uma declaração de indiferença,


Alma dilacerada, coração a pigarrear desgosto,

É o horizonte dizendo:

-Que me importa?

Ela não para ou pensa em nada,


Segue apenas por ter um chão em que pisar,

Momento lamentável aquele em que chegou a cogitar,

Entregar-se sobremaneira a um beijo,

Vive-lo em intensidade por uma noite inteira,


Desejar que o amanhã que os presenciasse juntos,

Também pudesse fazer algo para mantê-los desta forma,

Seria mais fácil ter deitado naquela cama

De lençóis brancos e tecido frio tanto quanto macio,


Para fechar os olhos e ao invés de receber o beijo,

Ter em seus lábios a morte repousada,

Porém, recostou a cabeça em seu ombro

E pôs a dormir neste sonho,


Cega confiança no amor que agora a força a andar,

Caminha em direção oposta ao que fez,

Rua sem saída,

Com certeza – sem saída.


Contudo, ela não anda se arrasta,

Mantém-se em pé pela intensidade do que viveu,

Segue, mesmo sem querer admitir,

Porque desejo muito tê-lo a sua frente,


Existe uma âncora na misericórdia,

Nesta âncora um abraço há de esperar,

É neste olhar de misericórdia que ela preserva sua vida,

De repente, para e o vê como uma ameaça,


Pôr todos os seus sonhos num único ato,

Desfecho quase premeditado... – fracasso.

Àqueles que o silêncio consterna,

Um rugido apraz,


Esta ameaça de misericórdia ressoa mais a promessa,

Aquela feita durante o beijo,

Selada com um gemido de desejo saciado,

Há em seu coração um ser vivo desperto,


Este ser a guia de algum jeito desconhecido,

Que o rugido de seus desejos a espere no caminho,

Um amor que foi luz não se acostuma com o escuro.

 

sábado, 15 de julho de 2023

O Cara dos Bolsos Furados

 

-Olá, estou crucialmente apaixonada.

Disse a amiga por suas costas.

-Que bom, sou feliz por você, amiga.

Respondeu a ela com um olhar sobre o ombro.


-Ah, não. Nada bom. Ele tem outra.

Ela fala em tom tristonho.

-Ah, refere-se a vagina?

Disse a ela com um sorriso.


-Ah, que é isso, vagina a outra?

Fala em tom espasmódico.

-Mas é claro. Seja você então, a mente.

Responde rápida.


-A mente eu?

Com minha cabeça linda e meu cabelo loiro,

Já estava prestes a pintá-lo de negro

E mostrar a ele que sou melhor que ela.


Fala a outra organizando agenda para o horário de salão.

-Pintar o cabelo?

Ser melhor que ela?

Ora amiga, você vê tudo errado,


Tenta desta vez, então, ver pelo avesso.

Agora ela responde e vira a cadeira,

A olha e demonstra sinceridade.

-Do avesso?


Como posso ver alguém desta forma?

Ela fala arrumando uma mecha de cabelo.

-Pensa numa calça e o imagina nela.

Ela fala enquanto a toca na perna.


-Hã. Como assim uma calça?

Existem tantos tipos de calça.

-Não, veja uma calça agora pelo avesso.

A outra vira o rosto para o lado e se esforça.


-Do avesso? E o que tem a ver com ele?

A outra a interroga,

Parece intrigada.

-Querida, numa calça pelo avesso só sobra os bolsos,


Aproveita e fica com eles.

Existem homens mais bons pagadores que amantes,

Acredita,

Se ele escolheu a vagina que queria,


Veja nele apenas o que o resta a oferecer.

A outra ri alto.

-Ah bom, pensei que você tinha interesse nele.

E retorna ao seu lugar da sala.


Ainda com o horário marcado,

Ela foge da aula e vai para o salão,

Troca cor do cabelo,

Inicia uma maquiagem.


Tudo isso por um cara que perde a carteira em qualquer lugar,

Um sujeito desleixado.

De bolsos furados e jeans resgados,

Não diz não para a que se esforça.


Também não deixa a anterior,

Ambas veem ameaça em todas que passam,

Não entendem que nem todas são cegas.

Algumas preferem não investir em caras que não valem a pena.


Me Envergonha

Pouco após uma pegada,

Há outra e depois outra;

Assim é com os beijos,

Nunca se quer um único,


Não os apaixonados,

Mesmo que solitários e vazios,

Observa-o,

Quer-se ver visível,


Estraga-se por amor,

Deseja ser correspondida,

Para a direita há a calçada,

A esquerda a rua trafegável,


Quando se está no abraço amado,

Não se vê muito mais que isso,

Uma mulher passa do lado,

Há nisto algo que os separa,


Ele para o beijo,

E se volta,

Arranja ou não desculpas- se afasta,

Ela segue sua direção,


Ainda recorda seus passos,

O tamanho, a forma –meticulosa,

Atenta põe-se a segui-los,

Logo há um grito,


Uma respiração entrecortada,

E olhos –os dela – fechados,

Lábios compressadamente silenciados,

A mão dela repousa rápida sobre a boca,


A cala, - fala indesejada.

Nem tenta um último suspiro,

Da vida de um beijo a agonia,

O que a segundos teve um fim,


Inicia-se logo adiante através das lágrimas,

-O que há em toda a história que precisa

Socorrer as bucetas,

Nota-se o enredo fechado,


Do início ao fim – as vaginas...

Uma fala atrás dela comenta.


Ela não olha para trás apenas ouve,

Retira alguns sentimentos sua própria mão da boca.

-Creio, que elas estejam mais difíceis...


Ela tenta rir mas não sabe se pode.

-De repente os pênis estão perdendo o valor...

Desta vez ela ousa olhar para trás.

-Pois é, existem tantas formas de encontrar prazer.


O grito que antes respirava,

Agora sufoca e paulatinamente cessa.

A mulher que antes gritava agora chora,

A moça ainda com a mão na boca vê o namorado em socorro.


-Deve ser o cheiro de menina nova,

Logo que baixa o olhar vê a criança com ela.

Buceta nova deve proporcionar orgasmo diferenciado.

A sombria súplica do invisível se cala,


Ela cansa de falar sozinha e sai de cena.

Existem pênis e pênis – diferencei-os.

Uma história não pode ser história se não houver vagina,

Querendo ou não,


Nada grita mais alto que o pênis,

Nem mesmo a vagina que o implora.

Uma vida de servir e servidão,

As mãos que tapavam a boca vão para o rosto,


Sinto vergonha se um dia servi-o,

-Ai de mim que terrível ruína,

Rebaixar-me a servil – serviçal- vagina.

O escravo a servir-me e eu a trouxear-me,


Valorizar um pênis- separa-lo do homem,

Seria difícil vagar pelas ruas com mãos na cara,

Sou obrigada a vê-los,

Penso se eles percebem,


Se entendem o quanto vejo...

Envergonho-me.


 

terça-feira, 11 de julho de 2023

Seu Abraço

 

Enfrentar o fim do abraço é alarmante,

Ter que me afastar dele,

Mesmo que para olhar em seu olhar,

Contemplar sua face,


Não há o que possa doer mais,

Ignorar a dor é terrível,

Soaria estranho pedir mais um pouco,

O aconchego que há nele é único,


O menino com este coração acelerado

Que parece pulsar sobre o meu,

Me dar forças para seguir adiante,

Alegria por senti-lo unido a eu,


Ágil e preciso e motivador,

Este coração parece pulsar desconhecido,

Depois de senti-lo,

Não consigo ficar tão longe,


Mesmo que seu cheiro me busque,

Nossos olhares permaneçam unidos,

Eu preciso senti-lo.

Acaricio seu corpo com movimentos lentos,


Quero permanecer nele,

Há nisto um meio?

Me vejo tocada de forma profunda,

Tão grande e intenso,


Sob a sombra da distância,

Se assemelharia a um túmulo,

Acho que ali tanto eu poderia dormir segura

Como me perder e não saber voltar,


Maior que eu um pouco,

Mais forte que meus músculos em muito,

Rígido e por vezes prepotente,

Se adentro ali não sei qual caminho pegar,


Tenho medo de olhar meu redor

E ter ido para tão distante

Até não reconhecer mais nada,

Me vejo apegada e grudada a seu peito,


Ali é quente, seguro e intenso,

Não preciso ver mais nada – preciso?

Suas mãos me seguram tão intensas,

As minhas cabem tão bem dentro delas,


Meu corpo sabe se moldar a ele,

Não tenho medo do que vejo em seus olhos,

Nele eu não temo o meu caminho,

A ponte que liga o homem amado


Ao futuro pretendido e até sonhado,

Não cai com chuva alguma,

Ela não sofre rupturas,

Seus alicerces conduzem a qualquer rua,


O lado de fora do seu abraço se assemelha a indiferença?

Pre-po-tên-ci-a a minha,

Não a sua,

Apegada a ele feito sua roupa,


Mas roupas não permanecem por 24 horas,

Elas são removidas e trocadas pela necessidade,

Esta mesma que me faz querer ficar,

Me pede que me afaste,


Andar sobre seus passos ou dentro de suas pegadas,

Me soa a algo sombrio e desconhecido,

Então, me lembro de seus batimentos,

Do seu pulsar sobre meu coração mais lento,


Chamo por sua mão e o medo se afasta,

Como tinha de ser,

Então, acho que é assim com todo mundo,

-Seus passos são grandes e profundos,


Nossa, que assombro!

Me vejo dentro deles e tão pequena,

Será que se eu for rápida eu caio?

E caindo você saberá se voltar?


Você me vê como preciso,

Entenda, estou sempre um passo atrás,

É de fato uma pegada marcante,

Ela quase cobre meu pé por totalmente.

domingo, 9 de julho de 2023

Esquecer

 

A faísca se apagou,

Com apenas um fechar de olhos,

Tudo se esvaneceu;

Queria que uma sombra desconhecida


Ganhasse nosso passado,

E apagasse tudo da memória,

Mas, a cada instante paro e penso,

Parece não haver outro assunto,


Vejo uma porta se fechando,

Com um baque surdo,

E ao olhar ensurdecedor,

Ele desistiu muito fácil de nós,


No outro dia já beijava outra,

Na esquina do lado da escola,

-Garota de esquina.

Sussurrei baixo talvez não o bastante,


Insuficiente,

O beijo parecia não ter fim.

“Rezemos!”

Pensei comigo com mãos ao alto,


Não quis agradecer a Deus mas agradeci,

“Se esquece tão fácil,

Muito me é melhor o partir”.

Não, não contive o choro,


Olhos baixos,

Com todos vendo minhas angústias,

Mil cabeças se viraram,

Também não penso que fui o assunto do dia,


Nenhum deles desistiu do beijo,

A troca de abraços parecia muito íntima,

Me vi de joelhos,

A afoga-los em lágrimas,


Antes disso, preferi o calar,

Desisti de causar julgamentos,

Ser tachada a menina enganada,

Meu busto ficou encharcado por lágrimas,


Sim, me foi difícil disfarçar,

Como quis que uma sombra apagasse tudo,

Dores na cabeça e na alma,

A um braço de estapeá-lo na cara,


Mas qual o motivo me guiaria?

Eu o amei e ele não,

Não me amou ou a si mesmo,

Eu jamais me rebaixaria a intimidades tão óbvias,


E... a vista de todos?

“chamativas” eu poderia defini-las,

-Desregradas.

Eu disse alto,


Com um chute na pedra a minha frente,

Um singelo chute no chão de pedras,

Era como se ele a abandonasse ao infinito,

Estavam tão juntos que pareciam em demasia separados,


Em frente a todos e ao nível de todos,

“Uma tal disponível a qualquer um”,

Olhei a palma vermelha da mão esquerda,

Amparei algumas lágrimas,


A indisponível e sozinha,

Tentei fazer as lágrimas retornar aos seus lugares,

Com um levantar de cabeça

E um quase “não me importo”,


Mas algo dentro de mim se importaria,

Alguma coisa em mim não entendia,

E não conseguia abrir mão de um passado bonito,

Difícil e aterrador,


Foi embora e me manteve enraizada,

Manteria minha boca fechada,

Penso que isso já seria o suficiente,

Não fazer aquele tipo


“a menina angustiada e que morre por ele”,

Mas aterrador e enterrador,

Do não conseguir resistir

Ao não poder esquecer foi um segundo,


Uma palavra,

Uma letra ou duas,

Um beijo,

Um em minha boca o outro na dela...


Busca aos Peixes

Masharey acordou, Subiu na alta cadeira Feita de pneu usados, E cantou alto: - estou no terreiroooo! Em forma de canto. Após iss...