quarta-feira, 9 de agosto de 2023

Você Perde Seu Posto

 

Li, ouvi, reli e reouvi

Mesmos trechos,

Com memórias novas,

Pretendo preencher espaços,


A vida que passa não abre pontos,

O que ficou no passado,

Faz repensar não faz retornar.

Do espírito escorrem as lágrimas,


Não as permito transparecer,

O tempo apaga emoções antigas,

Me vejo mais forte,

Não tenho a mesma capacidade


Para demonstrar o que eu sinto.

Sim, entenda, já fui diferente,

Desculpa se hoje já não demonstro.

Já fui a mais doce das amantes,


A mais ardente das mulheres,

Sonhei os sonhos que você queria,

Lutei por motivos que te convenciam.

Por Deus baby,


Hoje você nem é minha favorita.

Alegre e entusiasmada com sua beleza,

Contudo, não o bastante.

Tudo entre nós vai mal,


E isto não é a fumaça escura

Que perambula por nossas mentes,

Não me refiro aos instantes onde você se ofusca,

Os meios com os quais você se esconde,


Entenda.

Quase sei de tudo que você não conta,

Seus comparsas perderam o interesse,

Eu também não sou aquela de antes.


Nossa pequena casa está a esmo,

Pó sobre os móveis,

Sujeira cobre o assoalho,

É tão fácil se perdem no lugar onde


Nunca couberam todos os sonhos,

Talvez, um dia você se colida neles,

Mesmo estando distante das paredes,

Você sabe sobre o tamanho dela,


Querido, ainda assim não se esforçaria muito.

Evite os limites,

Colida com tudo que já fez,

Com tudo que imaginou para nós dois,


Que droga, eu me anulei,

Porque não refleti mais sobre o que fazia,

Sobre o apoio que te proporcionava?

Minha língua ferina se perde,


Afio minhas palavras

Mas nem sei se é capaz de entende-las,

Tudo que fiz até agora,

Realmente nem é compatível com elas,


Escondo meu olhar furioso,

Evito diálogo direto,

Por que dar-lhe uma chance de perdão?

Buscar reatar, reconquistar,


Lutar pela nossa paixão?

Já fui tão boba ao acreditar nisso tudo.

Lhe deixo escapar meu braço,

Não gosto mais de andar junto,


Quando sua mão se recosta a minha,

Busco de tudo para desviar,

Sim, estou fria e gélida,

Será que você vê que é tarde demais para conversar?


Cansei desta coisa de vou tentar.

A sala ainda recende as rosas secas,

Será que ainda lembra de todas as flores,

Os cartões, a beleza das datas?


A água que usei nelas estava exposta,

Eu não a usaria para fazer seu chá...

Cabelo despenteado e ao vento,

Uma sala pequena e ainda repleta de sonhos,


Vejo nosso filho correndo pelos cômodos,

Corro para busca-lo,

No caminho eu te reencontro,

E gosto de você estar conosco...


Será que isso basta,

Sabendo que não há interesse em conversas!

(Eu não sei inglês,

Mas nosso menino sabe).

terça-feira, 25 de julho de 2023

Conversas Com Seu Irmão

 

E, então, não se corre para o verão,

Muito menos some nele,

Qualquer emoção,

Que se tenha vivido por através.


Sabe-se através da sabedoria chinês,

- Não se é dono da beterraba

Porquê se possui o carinho de beterraba.

Entenda nenê,


Eu converso com meu irmão:

- Quando eu for grande vou possuir um carinho de beterraba.

Digo feliz com a ideia.

-Ora, não há nisso mal algum,


Mas veja as suas plantas (....).

Nisso recordo que não plantei nenhuma.

-Não é apenas pôr a semente na terra,

Você cuida para após vir a colheita.


Passo a entender um pouco mais porquê

Era incumbida de auxiliar no plantio dele.

-Você cuida, limpa, põe água, adubo,

Adubo diluído em água...


Percebo que não fiz tudo isso.

-Ah, agora entendo que compreendo

Um pouco menos de beterraba.

(E que, inclusive posso ter feito algo errado


Na forma como agia.

Disso tudo que ele falou eu não fiz metade.)


domingo, 23 de julho de 2023

Dia de Pesca

 

Ele, não gritou ou levou a mão da boca,

Não houve sangue ou dor,

Apenas, sentamos a beira do rio pescar,

Estávamos na areia umedecida,


Sob uma amoreira comendo amora.

Jogamos o anzol na água,

O peixe o pegou e puxou,

Após enroscou-o sob ela.


Meu querido e amado menino,

Ficou entristecido.

Então subiu sobre um galho da amoreira,

Não se importou tanto com suas flores


Que caiam sorrateiras,

Destas não proveriam frutos...

Mas meu coração se compadeceu,

Então, neste mesmo instante o galho se rompeu,


Quebrou mais de que metade,

E foi descendo lentamente.

Ele teria tido um fim trágico.

Eu temi isso.


Assim, me coloquei na água,

Pé direito e mão na perna.

(A perna em que gostava que ele beijasse).

Um pé após o outro da areia ao barro molhado,


O barro se rompeu sob as águas,

E eu fui descendo,

Chegando até embaixo do galho,

Com lama, barro, folhas molhadas e água até acima do umbigo.


Ergui com força que nem possuía o galho

E nele o menino que tanto amo.

Ele retirou o anzol e tirou dele um peixe negro,

Fino e liso, de olhos escuros.


A água me atingiu nas costelas,

Mas meu coração não ficou submerso.

Eu saí da água com pouca dificuldade e medo.

Sentamos mais para cima sobre a grama,


Muito mais tarde e conversamos.

Ele disse:

-Nossa Aline, você me salvou!

Que bonito!


Te devo salvar sua vida,

Devo retribuir logo!

Eu sorri feliz e o abracei respondendo:

-Minha vida depende de salvar a sua.


Isso me basta,

Ter você em minha vida!

Ele sorriu e se afastou respondendo:

-Nossa, parece que você fez o mais importante!


Ele disse, meio que em tom de desdém.

Eu sorri abraçada a ele.

Realmente, salvar minha vida não seria prioridade,

Se nisto, em algum momento, estivesse em questão a vida dele.

Essas Coisas Voltam.

 

Mas as vezes essas coisas voltam,

Elas voltam,

Essas coisas voltam.

Ele tinha em suas mãos pão,


Um pequeno pedaço de pão,

Esmigalhou-o e dividiu comigo,

Como?

Soltou seus pedaços ao chão,


Doou aos pássaros?

Não!

Colocou um após colocou outro,

Andou, nisso,


Três passos,

Eu atrás em seu caminho.

Ele retornou e pegou-o,

O primeiro.


E então, passou ao segundo,

Retornou, então, ao terceiro passo.

Lá deixou um outro pedaço,

Outro passo e outro,


E, desta forma se voltou para trás,

Fez tudo de novo,

Eu? Em seu percalço,

Então, me olha e se volta:


-Você me viu no caminho por onde andou?

-Não, meu irmão, em nenhum momento o perdi,

Respondo em tom confuso.

-Mas se posso confessar algo:


“Disso que você fez, eu não entendi”.

Ele retornou e mostrou.

-Aqui deixei o pão porque passei.

Então, retornei e o busquei.


Ele esfregou a mão no chão de onde juntou,

Apenas desta vez,

Virou-se até meu olhar e disse:

-Você viu, agora, por onde eu estive?


-Sim, agora sim.

Respondi.

A partir do terceiro ou sexto passo,

Ele guardou no bolso um pequeno pedaço,


E lá sempre esteve,

Em cada calça,

Em cada lugar por onde foi.

Vez por outra ele se volta.


-Você viu, então, que estive aqui?

Por vezes, há confusão:

-Não, eu confesso que eu não.

Como dizer que ele ia a frente,


Rápido e inteligente,

Das migalhas ficava apenas o cheiro,

Sem marcas ou patentes.

Ele retorna e me olha:


-Não, você não esteve. Eu sim!

Ele disse.

Eu me sinto sem resposta.

Não há como explicar tudo


No que se refere ao amar.

Abraço-o e o trago junto.


sábado, 22 de julho de 2023

Eu Amo Você

 

Ele contou que decidiu sair,

Ir para longe espairecer,

Foi assim que abri a porta e percebi:

-Cadê aquele que é digno de todo meu querer?


O busco por todos os lugares,

Ele parece estar,

Mas chego lá e... aonde?

Chamo por ele a toda fala,


Grito seu nome e apelido:

-Por favor, responda: onde está?

Não ouço resposta,

E isto me é tormento,


Me vem piores pensamentos,

Ideias loucas,

Meneio a cabeça e as afasto,

Não, você não está em perigo,


Está a salvo pois mora comigo,

Eu o amo e Deus sabe disso.

Corro, então, diminuo os passos,

Não temo fazer barulho,


Apenas me reconstruo em certezas,

Vou devagar e não sorrateira.

Chego até a cerca que nos afasta,

Não a invado – é desnecessário.


Me é proibido.

Até onde me é permitido é suficiente.

Quando um amor é intenso é até o ponto,

E este ponto é o bastante.


-Grito seu nome e sei que me ouve.

Logo está ao meu encontro,

Não há nada errado nele,

Nem há seu sorriso triunfante.


Ele me reconhece de longe,

Gosta de me ver tão perto.

-Não se afaste,

Digo ao meu coração que bate


Acelerado em meu peito.

Eu sei que ele ouve e entende.

Assim que chega até a cerca eu pestanejo e falo:

-Querido, por que foi para tão longe?


Você se afastou e eu senti sua falta.

Ele chega e ainda antes estende a mão direita.

Eu levanto a camiseta,

Abaixo até deixar meu peito a mostra.


-Querido, veja este coração que pulsa,

Veja o quanto ele palpita ao seu encontro.

Movo minha mão direita e aranho o peito.

É como se eu o removesse de mim mesma,


Estendo-o em minha mão direita.

-Pegue, venha alcança-lo.

Meu coração agora pulsa em minha mão,

Ouça minha voz,


Ele é seu em toda a minha emoção.

Veja esta veia que dilata e pulsa,

Ela pula até onde você está.

Ele corre com pernas bambas,


Eu sinto medo que possa se machucar,

Estendo a mão aberta até ele,

Ele chega e toca com seu dedo indicador,

E percorre minha mão até ela,


-Sempre que você se perder ela te encontra,

Se você sentir frio ou medo,

Chame por ela,

Eu vou sempre estar a ouvi-la.


Ele sorri e se joga ao meu encontro.

O abraço ao encontro do meu peito.

O mantenho comigo.

Tenho seus dedinhos marcados na pele,

Ele corre por meu sangue.


Meu Retalho do Jeans

 

Eu neguei até hoje,

E poderia fazê-lo por mais tempo,

Contudo, recordo e penso:

-Saudade, saudade, saudade...


A cada instante de separamento,

Era como se milhares de anos luz tentassem separar-nos,

Segundos após nossos olhos se voltam,

Se procuram e encontram,


A distância nunca é ínfima,

A dor nunca é tão fraca,

Olhar à janela – a procura.

Lembro sua primeira frase de música,


Aquela que fala da costura do jeans rasgado,

A que sonha com a linda casa,

Aquela em que sonho para morarmos,

Lá tão longe,


Finjo que é onde estou agora,

Nova Orleans toma forma,

E esta casa se transforma a cada hora,

-Sim, você está comigo agora.


Não saio sem o jeans – à escolha,

Tenho sempre um retalho na mochila,

Lá troco seu nome,

Faço o de toalha ou o que for preciso,


Minhas mãos suam o nervosismo da distância,

Então, ele é meu lenço,

Nele há o seu suor descansado e feliz,

-Você assistia seu desenho preferido


Eu, para você, apenas secava a sua testa.

Tem a linha de costura que me marca a perna,

Gosto de passa-lo no nariz e senti-lo,

-Sim, você está sempre comigo.


Ao estar no batente da porta,

Você sabe, um pouco antes,

Porque sempre estou a um passo atrasada

De onde me encontro...


(Confidencio-lhe este segredo).

Você o guarda e pronto.

Então, lhe peço um beijo na perna direita,

Aquela que uso para todo o primeiro passo,


(Caso você já esteja um pouco mais longe,

Saiba que andei, sem você,

Economizando passos,

E também seus beijos,


Infelizmente,

Guardei a sorte e ando a esmo),

Você beija minha perna e limpa os lábios,

Ali fica guardado os beijos e seu cheiro,


-Sim, você sempre está comigo.

Longe de você minha boca saliva,

Eu sinto medo e saudade,

Beijo a ponta de três dedos,


Passo onde você repousou seus beijos,

Os sinto mais um pouco,

Então repouso-os do lado da minha bochecha,

Não se preocupe,


Nunca os confundi com os dedos que levo a boca,

Sinto os seus beijos outra vez.

-Obrigada por estar comigo de volta.

Acredita que a mera distância me assusta?


Sim, eu temo muito a falta sua,

Meu coração palpita:

-Onde está você agora?

Me vem lágrimas no olhar,


Eu puxo o lenço jeans da mochila,

-Ah, você está comigo agora!

quarta-feira, 19 de julho de 2023

Seu Gosto

Nego participação no que relato,

Porém, você duvidaria,

Do falo sou a atriz principal,

Contudo não forjo uma história,

Vivo uma história que não é minha,

E também por quê seria sua?

Coadjuvante de nossas vidas,

Dos lábios de outro está história sai diferente,

E quem se importa com a verdade,


Do que fiz e do que fui capaz,

Qual é minha porção de culpa

Do que não entendia que ocorria,

Muito menos seus reflexos futuristas.

Sim, eu sei. Deveria ter me planejado,

Me preparado melhor para o que viria,

Lembro de ter saído do carro antes de ele parar,

Recordo de tentar abrir a porta e ela se recusar,

Não doeu nada fazer isso,

Até faria de novo,


Contudo os olhares se voltaram todos,

Tomaram minha direção e isso produziu resultados,

Do quanto sou cobrada

Não compreendo o tanto que devo.

Creio que nem sempre o que esperam

É o que corresponde ao que sou capaz,

Queria ter sabido a conjectura de algumas palavras antes,

Suas traduções e formas de uso,

Queria ter me saído melhor e quem pensaria diferente?

Os outros dois que embarcaram no banco de trás

Assim que virei as costas para a rua,


Falaram coisas, opinaram e construíram objetivos

Àquele que ouviu,

Eu sofri seus reflexos definiria isto destino,

Mas não, não devo isto a Deus – pelo contrário,

Vocês diriam que colhi os frutos,

Eu te diria que senti fome no caminho,

Houve conversa entre eles e não foi boa,

Eu não estava lá para me defender,

Eu fugi antes,

Sim eu fui fraca,

Não houve tentativa fracassada naquele flerte falso,


A noite me soou amedrontada e vazia,

Quando a aurora chegou eu sonhei o dia,

Reconheço este grande problema,

Há resultados por meu rosto,

É muito fácil notar as marcas,

Que culpa tenho se você me vê e vira o olhar,

Corre para o lado em busca de alguém com quem comentar,

Sou seu assunto predileto,

Mas você não está entre meus círculos,


Houve um grito e um levar de mãos aos lábios,

A quem isto interessa?

Cuspi pelos vãos dos dedos,

Misturados à lágrimas de alguém que se cala,

Um romper de fúria incontida,

E um cair em armadilha programada.

Os prédios são testemunhas inertes e caladas,

Não há um alguém para ajudar,

Uma luz se acende e apaga,

Um tilintar aos ouvidos,

Feito de uma arma descarregada,


Não vejo em que isto seria produtivo,

Mas temo reconhecer tilintar de armas,

Queria nunca ter visto ou tocado em uma,

Queria não reconhecer seu estrago,

Saber recarregar um cartucho,

Compreender até onde posso ir com uma.

Existem pessoas nas ruas e dentro de salas,

Elas vivem suas vidas,

Elas veem o que ocorre ao redor delas,

Eu não gosto do tanto que sabem sobre minha história,


Elas me influenciam como querem,

E eu não vejo como me defender,

Até que ponto gostam de mim,

Até onde me entender?

Sempre penso que querem me ver pelas costas,

Por que não me buscam se querem conversar,

Murmúrios, comentários e trocar de assunto,

Eu não vou atrás do que falam aos sussurros,

Mas ele se importa e as busca,


Será que ninguém pode sair para me ajudar?

A luz que tilintava se apaga.

Agora está tudo às escuras.

Sim, a culpa é minha.

Vejam estas mãos calejadas que buscam alternativas,

 Eu preciso dar uma desculpa a elas

Sobre o que eu sou e elas são,

Eu preciso ser uma boa pessoa,

Caso contrário Jesus não irá me conduzir pela mão...


Eu preciso ser diferente,

Apenas porque quero um alguém que não seja tão ausente,

Então, ele seria especial e melhor,

Por isso, apenas eu tenho que me esforçar tanto,

Me exceder,

Ultrapassar expectativas,

Não basta o normal ao alvorecer,


Quer-se o quê?

Um sol que não ofusque ao romper neblinas?

Se me desviei do caminho agora a culpa é minha?

Devo retirar meus óculos escuros ao percorrer estrada aberta,

O caminhão que vem à minha frente não reproduz interferência,

Se rodopio e saio as beiradas

Não é por estar atrapalhada.


(Não gosto de ver os beijos que um dia me fizeram sonhar,

Hoje me fazer pensar no quanto estou sozinha.).

Não fui conquistável ou capaz de cativar,

Devo olhá-los mais de longe para gostar?

Talvez, sob a neblina que ofusque,

Quem sabe em meio a um acidente ou desastre...


Não me importo em não gostar ou ser gostada,

Se errei eu me perdoo.

Você é quem deveria se esforçar,

Se valho o esforço então me prove seu gosto,

Até onde você vai por meu beijo?

Agora que chegou ao seu ponto máximo,

Ainda valho a intensão do desejo?

Daí onde você está eu ainda me vejo em ponto alto.


 

Comida do Leito do Rio

E, Houve fome no rio, Os peixes Que nasceram aos montes, Sentiam fome. Masharey o galo Sofria em ver os peixes sofrerem, ...