domingo, 23 de julho de 2023

Dia de Pesca

 

Ele, não gritou ou levou a mão da boca,

Não houve sangue ou dor,

Apenas, sentamos a beira do rio pescar,

Estávamos na areia umedecida,


Sob uma amoreira comendo amora.

Jogamos o anzol na água,

O peixe o pegou e puxou,

Após enroscou-o sob ela.


Meu querido e amado menino,

Ficou entristecido.

Então subiu sobre um galho da amoreira,

Não se importou tanto com suas flores


Que caiam sorrateiras,

Destas não proveriam frutos...

Mas meu coração se compadeceu,

Então, neste mesmo instante o galho se rompeu,


Quebrou mais de que metade,

E foi descendo lentamente.

Ele teria tido um fim trágico.

Eu temi isso.


Assim, me coloquei na água,

Pé direito e mão na perna.

(A perna em que gostava que ele beijasse).

Um pé após o outro da areia ao barro molhado,


O barro se rompeu sob as águas,

E eu fui descendo,

Chegando até embaixo do galho,

Com lama, barro, folhas molhadas e água até acima do umbigo.


Ergui com força que nem possuía o galho

E nele o menino que tanto amo.

Ele retirou o anzol e tirou dele um peixe negro,

Fino e liso, de olhos escuros.


A água me atingiu nas costelas,

Mas meu coração não ficou submerso.

Eu saí da água com pouca dificuldade e medo.

Sentamos mais para cima sobre a grama,


Muito mais tarde e conversamos.

Ele disse:

-Nossa Aline, você me salvou!

Que bonito!


Te devo salvar sua vida,

Devo retribuir logo!

Eu sorri feliz e o abracei respondendo:

-Minha vida depende de salvar a sua.


Isso me basta,

Ter você em minha vida!

Ele sorriu e se afastou respondendo:

-Nossa, parece que você fez o mais importante!


Ele disse, meio que em tom de desdém.

Eu sorri abraçada a ele.

Realmente, salvar minha vida não seria prioridade,

Se nisto, em algum momento, estivesse em questão a vida dele.

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