domingo, 23 de julho de 2023

Essas Coisas Voltam.

 

Mas as vezes essas coisas voltam,

Elas voltam,

Essas coisas voltam.

Ele tinha em suas mãos pão,


Um pequeno pedaço de pão,

Esmigalhou-o e dividiu comigo,

Como?

Soltou seus pedaços ao chão,


Doou aos pássaros?

Não!

Colocou um após colocou outro,

Andou, nisso,


Três passos,

Eu atrás em seu caminho.

Ele retornou e pegou-o,

O primeiro.


E então, passou ao segundo,

Retornou, então, ao terceiro passo.

Lá deixou um outro pedaço,

Outro passo e outro,


E, desta forma se voltou para trás,

Fez tudo de novo,

Eu? Em seu percalço,

Então, me olha e se volta:


-Você me viu no caminho por onde andou?

-Não, meu irmão, em nenhum momento o perdi,

Respondo em tom confuso.

-Mas se posso confessar algo:


“Disso que você fez, eu não entendi”.

Ele retornou e mostrou.

-Aqui deixei o pão porque passei.

Então, retornei e o busquei.


Ele esfregou a mão no chão de onde juntou,

Apenas desta vez,

Virou-se até meu olhar e disse:

-Você viu, agora, por onde eu estive?


-Sim, agora sim.

Respondi.

A partir do terceiro ou sexto passo,

Ele guardou no bolso um pequeno pedaço,


E lá sempre esteve,

Em cada calça,

Em cada lugar por onde foi.

Vez por outra ele se volta.


-Você viu, então, que estive aqui?

Por vezes, há confusão:

-Não, eu confesso que eu não.

Como dizer que ele ia a frente,


Rápido e inteligente,

Das migalhas ficava apenas o cheiro,

Sem marcas ou patentes.

Ele retorna e me olha:


-Não, você não esteve. Eu sim!

Ele disse.

Eu me sinto sem resposta.

Não há como explicar tudo


No que se refere ao amar.

Abraço-o e o trago junto.


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