domingo, 23 de março de 2025

De Reizinha

Olha querido,

Eu folheio o diário

Que eu escrevi

Nas estrelas,

E vi que não,

Nunca foi perda de tempo sua

Todo o tempo em que você me esperou.

 

Eu me lembro como você se vestia,

Como andava,

Seu jeito de me cumprimentar,

Querido, obrigada por me amar,

Hoje eu te vejo

E me sinto muito mais forte.

 

Você acha que contar

Com seu amor foi pouco,

Querido, eu sempre

Poupei meu ar,

Para o caso de você precisar,

Então, você ainda me ama?

 

Querido,

Eu estou estabacada

Aos seus pés,

Você é meu rei,

Meu pequeno rei,

Meu grande rei.

 

Querido, você consegue ver

Na órbita estelar,

No mover-se do dia

O quanto eu cheguei a te amar,

Mas querido,

Quando você me falou do seu amor

Eu nunca me senti aquela,

Me desculpa se sempre

Achei que não fosse comigo,

Querido não é qualquer uma

Que se julga apta

O bastante para este seu jeans,

E está linda camiseta preta.

Vestido de rei.

Você estava de rei.

Querido, eu lá

Era apenas uma garota.

 

Não,

Querido.

Você nunca errou

Quando apostou em mim,

Quando aprovou meu vestido,

Quando me esperou tanto assim.

Querido,

Deslizar meus dedos

Sobre sua camiseta

Foi meu sonho,

Mas que droga é está

De você sair com está

De me amar agora?

 

Querido,

Eu sonhei com suas mãos,

Seu toque seguro,

Seus lábios em mim,

Querido,

Que droga aquele garoto

Da live dos brothers 

Com aquela barba

Por fazer,

Caiu de mal jeito na história,

Eu estou querendo,

Também, ele.

Mas querido, você nem se importa.

Afinal,

Nos amamos a tanto tempo.

 

Mas, cara, entre nós,

Quando ele senta,

Quando ele levanta,

Eu só quero me jogar

Naquele colo .

De reizinha

De reizinha.

A sua reizinha.

Agora de um outro carinha.

Você me ama e tem de compreender,

Aquele cabelinho do cara,

A voz,

Eu só me vejo a puxar ele,

E querido,

Transar até gozar

E querer-se demorar.

 

Eu gosto que ele olha sério,

Eu te confidencio

Aquele doido nem é capaz de amar,

Eu te vejo na guitarra,

Desculpa, aqui eu já imagino,

Então, baby,

O cara tirando aquela roupa branca

E eu nua destituída de mim na cama,

E cara,

Lamber até gozar,

Morder até gritar,

Um suspiro no ouvido,

E a metida da vida.

Coisa de rei.

A sua reizinha.

Aprendendo a ter manias.

 

Não pra casar,

Meter e meter até suar,

Cara,

Já pensou o reizinho

Me beijar?

Querido,

Eu poderia voar.

Você entende disto,

Afinal jurou me amar,

E eu doida fui acreditar.

Agora me vejo ajoelhada

Nos pés daquele reizinho,

Coisa de reizinha,

A sua reizinha,

Como ele ficaria em minha boca?

 

Me fala,

E se ele meter em minha bunda?

Me desculpa

Por te amar,

Mas eu pretendo gritar.

 

As mãos dele são menores,

Mais sensíveis,

Mas eu sei arder sobre a pele,

Quanto aos lábios,

Querido,

Eu posso bem me acostumar,

Se eu fechar os olhos,

Meter ele em minha vagina.

De reizinha.

A sua reizinha.

Querido, é gozar

E gozar.

De reizinha.

A sua reizinha.

Querido,

Se eu pego aquele cara da live 

É gozar e gozar.

 

 

Refém do Meu Pai

- morre diabo,
Morre.
Gritou o homem,
De dentro do caico.
A moça de camiseta vermelha,
Baixou a cabeça na água,
O homem de camiseta vermelha
De dentro do caico,
A atingiu com o remo
De madeira na cabeça,
Nos ombros,
E a nuca.

Empurrando-a contra o barro
Do barranco,
Onde havia uma rede
De pescar peixes de água doce
Armada.

Depois, ela foi puxada
Pelos cabelos
Amarrados num rabo de cavalo,
O homem enrolou os cabelos
Dela em sua mão forte
E com veias salientes,
E a puxou.

Ela foi erguida
Para dentro do caico,
Como se fosse um peso
Morto e sem medidas,
E solta no chão de madeira,
Batendo a bunda
No pé deste que se vestia
De camiseta verde,
E calção verde escuro.
Ela sentiu dor.
Dor terrível.

No dia anterior
A partir das dezesseis horas
Da tarde,
Foi combinado entre os dois irmãos
De irem armar a rede,
E comer o que fosse pescado.
A cerveja foi para o gelo,
A carne no fogo,
Todas as duas famílias
Estavam sentados sobre cadeiras,
E bancos improvisados
Nas pedras do rio,
Na beira da água.

Alguns se molhavam,
Outros mergulhavam.
Uma lona foi colocada
Sobre o galho da árvore,
E um colchão improvisado.
As redes foram armadas
As dezoito horas,
Pela manhã precisavam
Ser retiradas.

O pai remava de uma ponta,
O tio em outra,
No meio estava a filha.
A garota decidiu brincar
Com o eco que havia
Do outro lado do rio,
Gritou:
- pai.

Três vezes,
Na terceira o pai
A empurrou.
- deixe de ser idiota.
Ela caiu de lado,
Se enroscou no lado
Do caico,
Não entendeu que foi
O empurrou,
Com o gole de água
Veio o palavrão:
- vai tomar no cu, pai.

Com a frase veio o remo
Sobre ela.
E o segurar embaixo
Da água
Com mãos seguras e firmes.
Ela saiu da água,
Sentindo-se morta,
O tio apertou seus ombros
E o rosto,
Ela vomitou água.

Depois foi retirada a rede,
Ela se recusou a ajudar,
Três peixes grandes foram pegos,
A rede rasgou-se,
Houve o prejuízo.
Diante do prejuízo,
Houve a filha sendo
Jogada na água,
Com um puxão de ombros,
Água voando
E um remo sobre ela.

Ela foi obrigada a atravessar
O rio a nado.
Ela não quis,
Passou para o outro lado,
Não tinha forças de nadar,
Achou que não
Iria conseguir chegar.
Então, chegou
Sentindo-se fraca,
Comeu barro,
Agarrou-se e um peixe
Enorme que a empurrou,
Ela ficou parada lá
E inerte.

O pai se irritou
Porquê ela não nadava até ele
Para voltar,
Então, retornou lá
Com o caico,
Foi atrás dela.
Juntou o remo
E gritou,
Obrigou que retornasse,
Ela nem ao menos queria vê-lo.

O sobrinho dele
Chegou lá
Através de outro caico,
Ele era policial,
Estava armado.
Parou a curta distância
Do pai e gritou:
- pare,
Não bata nela.

Não mate ela
Ou eu atiro.
E tirou a arma do bolso,
Apontou reto naquele homem.
- você é homem
E é meu tio.
Não a maltrate ou atiro.

O pai tremeu e parou
Dando uma última remada
No lado da cabeça dela,
A derrubando de frente
No barranco cheio de barro
Mole e fedorento.
- eu odeio ter que matar
Bandido vagabundo,
Que rouba uma barra de sabão
E é condenado a ajoelhar-se
Em frente a uma farda
Para levar um tiro na testa.

O pai ficou com medo,
Foi até o caico
E voltou.
A moça voltou chorando
Com o primo
Em outro caico.
Diz o Alcorão:
“ deixai-os por enquanto festejarem
E regozijarem-se e serem iludidos pela esperança, breve saberão!”

sábado, 22 de março de 2025

Profissão Agricultor

O pai pega a filha no colo,
E levanta em frente aos terneiros,
- veja filha,
Tem menos de um ano,
E já estão mansos.

Ela toca entre os chifres deles,
Em fase de crescimento.
Beija sua testa,
Acariciar seus pêlos.
- estão mansos pai.

O pai solta ele no chão,
Pega sua mão
E caminha ao redor da junta de bois.
- sim, logo já tem força
Para puxar a carroça
Com o pasto pra eles comer.

Ele diz.
- verdade, pai.
Ela concorda.
De manhã levantam cedo,
O fogo é aceso,
A água aquecida,
Faz-se o chimarrão,
Com chá de erva cidreira.

Após, vai-se tirar o leite
Da vaca que está amarrada
No pé de Araticum,
Solta o terneiro mamar,
Da pasto pra ela,
Retira o terneiro,
Amarra no Araticum.

Leva o leite pra dentro,
Aquece no fogão a lenha,
Faz-se o café,
Corta o pão,
O queijo.
Junta todo o leite tirado,
Coloca no fogão,
Retira a nata,
Faz o queijo.

Deixa secar na tábua
Que fica fora da janela,
No sol.
O pai encanga os bois grandes,
Pega a carroça,
A mãe ajuda a filha subir,
Leva o bebê de dois anos no colo.

Chega na roça,
O pai desce de carroça
Até a bergamoteira,
Deixa os filhos dentro dela,
Na sombra da bergamoteira.

Retira os bois,
Retira a canga de dentro
Da carroça,
Enganga-os na canga,
E ara a terra,
Fazendo vergas profundas,
A mãe vai atrás retirando
As pedras grandes,
E desbrotando os tocos
Com o facão.

Eventualmente, uma cobra
Ou uma aranha surgem,
E são mortas a pedradas.
Depois de arada a terra,
Pai e mãe limpam a terra
Com a enchada.

Tiram todos os matinhos,
Chegou a hora do plantio.
Trabalha-se quando o sol nasceu,
Para o trabalho quando fica noite.
Tira a vaca de manhã,
Repete o trabalho a tarde.
Trata os porquinhos
No chiqueiro.

Trata as galinhas no terreiro.
Chegando o plantio,
Escolhe a semente,
A safra será feita de milho,
A saca é colocada na carroça,
Os quatro vão para a roça,
Pega a máquina manual
Enche de sementes e planta.

Não tarda a nascer,
Chega a hora de limpar,
Marido e mulher vão
Limpando a enchada,
E arrancando com as mãos.
A filha desce da carroça,
Ajuda na parte da sombra,
A safra vai ser farta.

Chega a hora de quebrar o milho,
Quebra-se a espiga,
Faz um monte,
Passa com a carroça
E enche-a,
Leva tudo pra casa.

Coloca no paiol,
Depois debulha na trilhadeira,
E vende na cooperativa
Da cidade.
O mato cresce rápido
Ao redor de casa,
Pai e mãe usam a foice
Para limpar.

O milho é servido
Como alimento a todos
Os animais,
E o que sobra rende
Um dinheiro na cooperativa.
Os filhos crescem,
Aprendem a profissão de agricultor,
Mas, um dia veio a seca,
Terrível época de sol quente
E pouca chuva,
Terríveis ventos sopraram
Por aquelas roças,
Sem chuva,
Apenas o vento seco.

A menina,
Agora mocinha de dezesseis anos,
Se ajoelhou em frente
A terneira,
Beijou sua testa e a abraçou,
Agora o futuro dependia do leite,
De as terneiras,
Seus no total,
Crescerem virarem novinhas,
E se reproduzirem.

A água começou a faltar,
Ficava-se dias sem encher
A caixa de água,
E tudo era receado.
Sede e fome,
E o trabalho sempre
Era feito,
Dia após dia,
Mês a mês.

O pai subiu arrumar
Uma goteira e caiu do telhado
Do paiol,
Feriu a perna,
Mas o trabalho continuou
Com os três,
Ele fez chá e compressas de
Folhas de laranja
Logo melhorou.

Ao levar o balde de leite
Para dentro de casa,
Uma cobra saiu de dentro da terra,
E teria mordido a mãe,
Mas o cachorro pulou
E protegeu,
Foi picado
Três horas depois morreu sangrando e gemendo.

A vaca veio de cria,
Nasceu dois terneiros- gêmeos.
O porquinho caiu do chiqueiro
Por uma fresta,
E em noite escura teve que
Ser salvo.

Contudo,
Se tratava de um roubo,
Havia um homem lá
Com uma saca e ela estava
Cheia de galinhas,
E ele agora ensacava
Em outra os porquinhos,
Mas a moça defendeu
Os bichinhos dando pauladas
No ladrão.

O milho carunchou,
Não prestava mais,
Perdeu o valor nutritivo,
Teve que ser compradas
Novas sacas na cooperativa,
O valor pago era três vezes
O valor recebido através da venda.

A vida se tornou difícil,
O banco penhorou a terra,
Havia um financiamento
Em seus nomes
E a terra era a garantia,
Ninguém sabia de que se tratava,
Mas eram suas palavras
Contra as do gerente do banco.

Iriam perder a terra,
Mas a moça casou-se
Com um vizinho,
Ele pagou casa centavo,
O rapaz era pessoa boa,
A amava a muito tempo.

Assinado casamento,
Assinado escritura da terra,
Sobrou pouco lá de tudo que foi,
Algumas laranjeiras,
Bastante milho,
E a família da moça.

Os vizinhos foram todos
Pra cidade trabalhar na Brf alimentos,
Desistiram da roça.

Advogada

A garota correu,
Em seu escarpin
Vermelho salto baixo,
Cruzou as ruas da cidade
Numa velocidade inacreditável .

Chegou ao terminal
De recarregar o cartão de lotação,
Apresentou o atestado de
Regularidade acadêmica,
Sim.
Uma grande vitória,
Iniciava o curso de direito,
Tinha descontos na
Passagem de lotação.

É fato.
Ninguém deseja estar
Um segundo sequer
Naquele local
De cheiro asqueroso.
Mas, naquele instante
Ser ninguém era perfeito.

Sentiu no último banco,
Colocou a mochila no colo,
Estudante,
Outra vez,
Rumo alto a faculdade.

Um homem bêbado entrou,
Sentou ao seu lado,
Depois de poucos solavancos,
Vomitou longe.
Uma senhora levantou-se
De seu banco e o esbofeteou.

Ele caiu deitado,
Aparentemente desmaiado
Em seu braço.
Ele se espantou,
Levantou-se,
O organizou em seu banco,
E ficou.

Estava feliz,
Conquistou uma vaga
Na universidade de direito,
E ainda uma bolsa
Integral da mensalidade.
Não iria pagar.

Então,
O valor auferido no trabalho
Diurno naquela empresa
De comunicação,
Sobraria todo para ela
Gastar com aluguel, comida,
Água e luz.

Trabalhar era difícil,
Acordava cedo,
Morava longe do trabalho,
Lá o aluguel era barato,
Não podia morar
Mais próximo,
O salário era baixo
E não conseguia emprego melhor.

Tinha que pegar o ônibus,
Correr até o trabalho,
Lá vendia telefones
E planos para os aparelhos.
O dia todo pendurada no telefone,
Falar, ouvir, vender,
Resolver problemas de linhas
Telefônicas.

Saía do trabalho
Rouca e ensurdecida.
Sobrava pouquíssimo tempo
Para os estudos,
Mas sempre tinha
Um livro em mãos.

Sentada no ônibus,
Num pequeno intervalo
Sequer que estivesse estava lendo,
Anotando e estudando.

Outro dia,
Uma mulher não chegou
A tempo no hospital,
Teve o filho dentro do ônibus,
Que continuou em movimento,
E a moça chegou a tempo
Para a prova.

Suas notas continuavam boas.
Alguns alunos gostavam
De levar alimentos nas salas,
Ela sentia fome,
Vê-los comendo dava mais fome,
Mas ela foi forte e manteve-se.

A barriga roncando
Ensurdecidamente em sala,
Ela avermelhava,
Baixava a cabeça,
E seguia:
Anotava no caderno,
Anotava no computador,
Anotava no celular.

Lia o livro,
Ouvia o professor,
Questionava,
Respondia.
Não comparecia as festas,
Preferia tirar todo o tempo
Para os estudos.

Passou a ser seguida
De forma estranha pelos alunos.
A seguiam no banheiro,
Atentos para os barulhos
Lá de dentro,
Agiam como se ela tivesse
Invadido o banheiro masculino.

Verificavam o papel higiênico,
O tamanho de suas curvas,
De sua vagina e ânus.
Bem.

Não tardou,
Ela acreditou
Que foi vendida.
Sem saber por quem
Ou para quem.
O foi.

Fechou-se em si mesma,
Buscou outras mulheres,
E passou a se vestir feito elas,
Discreta e retraída,
Como se fosse uma sombra
Por entre aquelas paredes
Geladas pelo ar condicionado.

Ela tinha pouca roupa,
Tremia ante o frio,
Saía fora da sala e havia geada,
Até neve,
Seus pés e dedos congelaram,
Em certa época,
Ela não os sentia,
Então, apoiava-se em seus cotovelos
E digitava com o que podia.

Demorava até duas horas no ônibus
Para deslocar-se até o trabalho,
E até a universidade
Depois até em casa.
Certa vez,
Falava ao celular com seu pai,
Esperando o ônibus para ir pra casa,
Um rapaz chegou por trás
E levou o telefone,
Respondeu ao pai
Antes de desligar:
“Ela não está”.

Desligou e foi.
O dinheiro gasto com o aparelho
Foi imprevisto,
Causou desconforto
E diminuição da comida.

Ela sonhava em comprar livros,
Os que usavam eram todos
Da biblioteca da universidade,
E não podiam ser riscados,
Ou ter anotações,
Tinham que ser devolvidos
A cada prazo
Ou o tinham multas significativas.

Ninguém parecia
Lhe nutrir afeto,
Nos corredores
Batiam em seus braços
E não se desculpavam.

Certa vez,
Um homem bonito
Vinha em sua direção,
Bateu em seu braço,
A deixando em dor terrível,
Depois virou-se e disse:
“ Desculpa”.

Nisto cuspiu em seus lábios.
Ela chorou de dor,
E saiu.
Seguiu,
Lavou o rosto.
Entrou na sala.
Estudou.

Os professores e alunos
Trocavam de sala sem aviso prévio,
Ela chegava na sala
Não havia ninguém mais lá.
Demorava até encontrar
Em qual estavam
Batendo de porta a porta.

O nível do conhecimento
Aumentava e exigia estudos,
Logo não poderia conciliar
O trabalho com a faculdade,
Teria que escolher,
Optaria pela faculdade
Que lhe daria bom futuro.

Emprego, trabalho
Dinheiro e sustento próprio.
Os grupos de pessoas
Pareciam rir dela,
O que ela estudava
E colocava em sala
Era sempre questionado,
Não tardou,
Ela designou-se feia.

Deslocada de todo o resto,
Como se houvesse
Algum inconveniente nela.
Ela foi apagando-se.
Formou-se sem única amizade.
Foi aprovada na Ordem dos Advogados
De Santa Catarina.

Agora era advogada,
Finalmente,
Ouviu falar que as provas
De aprovação eram todas vendidas,
Mas que ainda assim,
Antigos colegas não
Estavam sendo aprovados.

Contudo,
Não conseguiu trabalho.
Teve que abrir escritório próprio.
Destino? Área criminal.
Meio de conseguir clientes?
Aguardar em frente ao presídio.

Pois bem,
Selecionadas por eles.
Alguns estavam lá por erro
De identificação,
Outros haviam pago o tempo
De condenação
E continuavam lá
Por descaso,
Não havia local suficiente
Para todos,
Não havia comida ou água
Ou limpeza.

Um rapaz com pescoço alto,
Passou por ela lá fora,
De dentro da viatura lhe fez sinal,
Levou a mão em sua direção,
E apertou-a,
Como se esmagasse seu rosto.
Ela estremeceu.

Um policial entrou lá dentro,
A viu na entrada
Abriu bem os olhos
E levou um dedo até seu olho,
E o empurrou para frente,
Depois retornou o dedo,
E empurrou do ponto do sinal
Em que havia parado
Ainda mais pra frente,
Como se tivesse arrancado o olho
E o colocado na ponta do dedo,
Assim, era, agora, o dedo que via.

Outro, levantou-se da viatura
Bateu com as mãos em ambas
As pernas,
Como se dissesse “sente”.
Ela tremeu de medo.

Os olhos dele eram tão negros
Quanto a morte,
Parecia ser um escuro vazio
Sem vida alguma.

O presídio fedia merda e mijado.
Ela conseguiu entrar lá,
E ver alguns para analisar
As necessidades e possíveis ações,
“mandado de segurança,
Pedido de hábeas corpus,
Revisão de pena”,
E outros.

Para isto,
Ela foi obrigada
A ter relações íntimas
Com eles,
E cada vez menos
Lhe entrava em opção alguém compatível.
Conseguiu alguns clientes,
Conseguiu os ajudar perfeitamente,
Na sala íntima,
Ela tirou a roupa,
Ele o esperava nu,
Ele tinha feridas e pus,
Ela chupou-o.

Lambeu suas pernas
Purulentas,
Ele os trouxe clientes
Sem precisar que fizesse sexo.
Ela foi dele, inteiramente.
Fez audiência,
Da sala do advogado,
Ele não sala do presídio,
Então, em meio a audiência,
Ele a expôs,
Pediu para falar em particular,
Ela teve de chupa-lo lá.

Para que todos ouvissem.
O lucro era mínimo.
Ela não tinha outro emprego,
Ou meio de ganhar a vida.
Chorou e lambeu suas feridas.

Já não sala do juiz,
Foi obrigada a deitar-se
Em sua mesa,
Ele meteu-lhe o pênis
Por trás,
Então, decidiu que ela
Podia fazer a audiência
Usando terno barato.

Visitando o presídio,
Chegou a tempo de ver
Uma colega ter o pescoço
Cortado por uma unha
De um presidiário.

Caiu no chão apenas o corpo.
Ele não nutria amor
Apenas ódio.
Outro recebeu-a em visita íntima,
Foi lamber sua vagina,
Mas preferiu morder,
Mordeu ela por inteiro,
Mordeu seu ânus até arrancar
Merda,
Merda e sangue.

Ela continuou a chupar
O presidiário das feridas,
Comeu pus como se fosse
Manteiga.
Esperou no sol
E na chuva eles adentrar
No presídio,
Até que alguém a chamasse.

No presídio feminino,
Soube que uma das detentas
Não gostava de seios,
Uma colega advogada entrou lá
A trabalho,
Perdeu uma das mamas.

Contudo,
O presídio dos jovens
Menores de idade
Parecia ser interessante,
Lá eles não sofriam pena,
Sofriam reeducação social.
Nada mais simples.

Na sala,
Dividida por uma grade,
O adolescente tirou o pênis,
O colocou entre a grade
E meteu em sua boca
Enquanto ela conversava
Com ele assuntos jurídicos.

Pronto.
Ele gritou.
Apenas pronto.
Ela foi algemada imediatamente.
Presa por estuprar
Menor de idade.

Chorou.
Pagou fiança,
Pode responder em liberdade.
Correu, na primeira oportunidade
Para o presidiário das feridas,
O chupou,
Transou de toda forma,
Implorou amor.
Lhe era terrível verbos presos,
Em fila de dois a dois,
Acorrentados em si mesmo,
E uns nos outros.

Ofereceu tudo que tinha,
Para o presidiário das feridas,
Se apegou.
Era dele que lhe vinha o sustento.
Se cobria numa túnica
E o visitava,
Vivia a perambular
Pelo presídio,
Em nenhum outro lugar
Lhe surgia clientes.

Ela chupava o pênis dele,
E o rosto fervia em fogo,
Algo dentro dela
A estava consumindo.
Estava morrendo.
Um dia desfaleceu,
Lá dentro da sala íntima.

Caiu nos braços dele,
O pus dele a matou,
Fogo lhe cobriu o rosto
De maneira que se tornou
Irreconhecível.

Quase sem vida,
Lutando por seus últimos
Suspiros,
Ela caiu no chão sujo,
Infestado de merda e mijo.

Lá do alto,
De um alto falante surgiu
Uma voz,
Uma voz que ela reconheceu
Sem saber por quê,
Lá do alto uma mulher disse:
- te matei!
Ela não pode mais respirar.
Foi dada pela polícia
De comida aos presos.

sexta-feira, 21 de março de 2025

Meu Pai na Cidade

Meu pai chega da cidade,
Eu ouvi bem
O barulho do motor
Do Fusca azul,
A fita cacete de sertanejo
Tocando no toca fitas.

Oba,
Meu pai chegou,
Posso sair do quarto
E ir abraça-lo,
Ele voltou da cidade,
Trouxe presentes
E doces,
Ele sempre nos trás
Coisas boas.

Olho para as paredes
Do quarto,
Conto os segundos
Para pendurar o encarte
Dos cds,
Os pôsteres mais desejados,
Os carinhas top que curto.

Abro a porta,
Ouvi ele chegar na escada
De madeira de casa,
Vi que ele demorou
Para fechar a porta do Fusca,
Ele trouxe coisas legais,
Oba.

Que top.
Agora ele está na área,
Eu abro a porta do quarto
E corro,
Abrimos a porta da sala juntos,
Ele chegou,
Eu sorrio feliz,
Ele me trouxe cds e pôsteres,
Eu sorrio completa.

- oba, pai.
É do carinha que eu gosto?
Eu pergunto,
Pegando a sacola que ele alcança
- melhor que isto filha.
Ele fala tão feliz
E satisfeito.
- é de um rapaz mais maduro.

Eu penso,
Que bom.
Que ótimo.
Feliz pego a sacola
Ansiosa para ver.
- por quê mais maduro pai?
Ele entra feliz,
Comigo ao lado na porta.
- ele não usa drogas.

Eu olho bem séria
Para ele,
E feliz,
Muito feliz.
“Como ele sabe?”.

Abro o pôster
E corro colar na parede.
Ganhou um punhado de bombons
Jogados da sala,
Oba,
Veio também bombons!

Colados um no outro

Me recosto no vidro
Do hall de entrada,
Tamborilo com os dedos
Seu nome,
Você não ouve,
De costas para você,
Eu sei de você,
Tamborilo outra vez,
O chamo.

Você vem,
Tira o casaco escuro,
Sorri seu perfeito sorriso,
Deixa o casaco no chão,
Abre os botões da camisa,
Eu evito olhar.

Fico olhando tímida
Para a frente,
O mar,
As ondas que chegam
E batem na areia,
O cheiro doce,
O seu beijo.

Tiro os dedos do vidro,
Levo-os aos lábios,
Não há nada melhor
Que espera-lo,
Desejar seu beijo,
E saber que você está vindo.

Desato o nó do vestido,
Retiro por cima do corpo,
Repouso no chão,
Olho aos sobressaltos,
Você está vindo...

Olho para o lado,
Colada no vidro gelado,
Trêmula de desejos,
Seu sorriso cheio e molhado,
Ando até você,
Você chega e me toca.

No ombro,
Depois no seio,
Eu da mesma forma,
Com as duas mãos,
Você uma em mim,
A outra no vidro,
O vidro instantaneamente
Fica suado,
Eu provo seu beijo.

Seus lábios macios,
São os mais perfeitos,
A cor intensa os toca,
O desejo pulsa em nossas veias,
Você retira a camisa
E a deixa cair,
Enquanto eu o beijo,
Você retira a calça,
Eu abro minhas pernas
Para recebe-lo,
Porquê eu te amo.

Sinto seu corpo nu
Colado ao meu corpo,
Não há nada maior que isso,
Sinto sua barba farta,
Acariciar meu rosto,
Me recosto no vidro,
Você segura minha cintura,
Eu sou sua.

Porquê eu te amo.
Nosso beijo se desenha
Por entre gemidos
E sussurros de amor,
Estamos juntos,
Isto é o que é de melhor,
Porquê eu te amo,
Nossas vontades se consumam,
E nada pode ser maior que isso.

Porquê eu te amo.
Vamos em frente,
Vamos para trás,
Juntos,
Me provoque,
Me tenha,
Amor o sol está vindo,
E eu nunca o desejei tanto.

Me sinta,
Me ame,
Veja o quanto o desejo,
Vamos juntos,
Vamos em frente,
Vamos pra trás,
Vamos juntos querido.

Colados neste vidro,
Feito um retrato
Do que sentimos.
Porquê eu te amo.
E não há nada melhor
Que estarmos juntos.

Vidro Molhado

Baby, querido,

Pare de brincar

Com meus sentimentos,

Já faz horas

Que estou aqui,

Colada neste vidro,

Jogada sobre ele,

Com minhas mãos

A segurar-me,

Querido, poderia ser você.

 

Pare de brincar com nós,

Desliga este computador,

Esquece o celular,

Vem ficar comigo,

Me sinto insegura,

O vidro é transparente

E você não me vê,

Querido,

Não me deixe invisível.

 

Levanta desta cadeira,

Não seja um idiota,

Não me deixe passar as horas,

Sem ter um momento

Apenas nosso,

Se isto entre nós

Virar história,

Não quero que minha imagem

Fiquei aqui

Neste vidro colada,

Feito sujeira que permanece.

 

Que droga,

Eu gostaria de te beijar,

Cola aqui neste vidro,

Estende suas mãos

Procura as minhas,

Vamos assim,

Colados no vidro

Até o fim,

Nos encontramos assim,

E o beijo...

Querido,

E o beijo,

É o nosso beijo,

O mais lindo e perfeito.

 

Querido,

Não tenha outros lábios,

Você irá estranhar,

Será como um beijo

Sem gosto ou desejo,

É algo que não pertence,

Com efeito de obrigatório.

 

Não me faça virar as costas,

Querido este vidro está

Sempre quente,

Você nem nota,

Amado,

Vou soluçar umas promessas aqui,

Espero que não tanto

Regadas a lágrimas,

Mas dentre os gemidos,

Desenho seu nome,

Meu nome,

Um coração sobre isto.

 

Dedilhar de dedos

A tamborilar sua volta,

Amado,

O seu estar tão perto

Está nos distanciando,

Se volta e se veja

Em nós dois.

 

Estou aqui fora

Te esperando,

Precisando do seu beijo,

Me canso deste seu computador,

Desliga o celular,

Vem passar seu tempo

Comigo.

 

Que droga,

Conheço tão bem

Todas as suas formas

Que entre tantos suspiros

E desejos

Eu poderia desenha-lo

Aqui por inteiro,

Desiste desta sua coisa,

Vem e fica comigo.

Sim

Celio estava dirigindo Compassivo o seu Vectra branco, Escolheu aquele carro Para levá-lo Ao seu próprio casamento, No in...