- morre diabo,
Morre.
Gritou o homem,
De dentro do caico.
A moça de camiseta vermelha,
Baixou a cabeça na água,
O homem de camiseta vermelha
De dentro do caico,
A atingiu com o remo
De madeira na cabeça,
Nos ombros,
E a nuca.
Empurrando-a contra o barro
Do barranco,
Onde havia uma rede
De pescar peixes de água doce
Armada.
Depois, ela foi puxada
Pelos cabelos
Amarrados num rabo de cavalo,
O homem enrolou os cabelos
Dela em sua mão forte
E com veias salientes,
E a puxou.
Ela foi erguida
Para dentro do caico,
Como se fosse um peso
Morto e sem medidas,
E solta no chão de madeira,
Batendo a bunda
No pé deste que se vestia
De camiseta verde,
E calção verde escuro.
Ela sentiu dor.
Dor terrível.
No dia anterior
A partir das dezesseis horas
Da tarde,
Foi combinado entre os dois irmãos
De irem armar a rede,
E comer o que fosse pescado.
A cerveja foi para o gelo,
A carne no fogo,
Todas as duas famílias
Estavam sentados sobre cadeiras,
E bancos improvisados
Nas pedras do rio,
Na beira da água.
Alguns se molhavam,
Outros mergulhavam.
Uma lona foi colocada
Sobre o galho da árvore,
E um colchão improvisado.
As redes foram armadas
As dezoito horas,
Pela manhã precisavam
Ser retiradas.
O pai remava de uma ponta,
O tio em outra,
No meio estava a filha.
A garota decidiu brincar
Com o eco que havia
Do outro lado do rio,
Gritou:
- pai.
Três vezes,
Na terceira o pai
A empurrou.
- deixe de ser idiota.
Ela caiu de lado,
Se enroscou no lado
Do caico,
Não entendeu que foi
O empurrou,
Com o gole de água
Veio o palavrão:
- vai tomar no cu, pai.
Com a frase veio o remo
Sobre ela.
E o segurar embaixo
Da água
Com mãos seguras e firmes.
Ela saiu da água,
Sentindo-se morta,
O tio apertou seus ombros
E o rosto,
Ela vomitou água.
Depois foi retirada a rede,
Ela se recusou a ajudar,
Três peixes grandes foram pegos,
A rede rasgou-se,
Houve o prejuízo.
Diante do prejuízo,
Houve a filha sendo
Jogada na água,
Com um puxão de ombros,
Água voando
E um remo sobre ela.
Ela foi obrigada a atravessar
O rio a nado.
Ela não quis,
Passou para o outro lado,
Não tinha forças de nadar,
Achou que não
Iria conseguir chegar.
Então, chegou
Sentindo-se fraca,
Comeu barro,
Agarrou-se e um peixe
Enorme que a empurrou,
Ela ficou parada lá
E inerte.
O pai se irritou
Porquê ela não nadava até ele
Para voltar,
Então, retornou lá
Com o caico,
Foi atrás dela.
Juntou o remo
E gritou,
Obrigou que retornasse,
Ela nem ao menos queria vê-lo.
O sobrinho dele
Chegou lá
Através de outro caico,
Ele era policial,
Estava armado.
Parou a curta distância
Do pai e gritou:
- pare,
Não bata nela.
Não mate ela
Ou eu atiro.
E tirou a arma do bolso,
Apontou reto naquele homem.
- você é homem
E é meu tio.
Não a maltrate ou atiro.
O pai tremeu e parou
Dando uma última remada
No lado da cabeça dela,
A derrubando de frente
No barranco cheio de barro
Mole e fedorento.
- eu odeio ter que matar
Bandido vagabundo,
Que rouba uma barra de sabão
E é condenado a ajoelhar-se
Em frente a uma farda
Para levar um tiro na testa.
O pai ficou com medo,
Foi até o caico
E voltou.
A moça voltou chorando
Com o primo
Em outro caico.
Diz o Alcorão:
“ deixai-os por enquanto festejarem
E regozijarem-se e serem iludidos pela esperança, breve saberão!”
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