O pai pega a filha no colo,
E levanta em frente aos terneiros,
- veja filha,
Tem menos de um ano,
E já estão mansos.
Ela toca entre os chifres deles,
Em fase de crescimento.
Beija sua testa,
Acariciar seus pêlos.
- estão mansos pai.
O pai solta ele no chão,
Pega sua mão
E caminha ao redor da junta de bois.
- sim, logo já tem força
Para puxar a carroça
Com o pasto pra eles comer.
Ele diz.
- verdade, pai.
Ela concorda.
De manhã levantam cedo,
O fogo é aceso,
A água aquecida,
Faz-se o chimarrão,
Com chá de erva cidreira.
Após, vai-se tirar o leite
Da vaca que está amarrada
No pé de Araticum,
Solta o terneiro mamar,
Da pasto pra ela,
Retira o terneiro,
Amarra no Araticum.
Leva o leite pra dentro,
Aquece no fogão a lenha,
Faz-se o café,
Corta o pão,
O queijo.
Junta todo o leite tirado,
Coloca no fogão,
Retira a nata,
Faz o queijo.
Deixa secar na tábua
Que fica fora da janela,
No sol.
O pai encanga os bois grandes,
Pega a carroça,
A mãe ajuda a filha subir,
Leva o bebê de dois anos no colo.
Chega na roça,
O pai desce de carroça
Até a bergamoteira,
Deixa os filhos dentro dela,
Na sombra da bergamoteira.
Retira os bois,
Retira a canga de dentro
Da carroça,
Enganga-os na canga,
E ara a terra,
Fazendo vergas profundas,
A mãe vai atrás retirando
As pedras grandes,
E desbrotando os tocos
Com o facão.
Eventualmente, uma cobra
Ou uma aranha surgem,
E são mortas a pedradas.
Depois de arada a terra,
Pai e mãe limpam a terra
Com a enchada.
Tiram todos os matinhos,
Chegou a hora do plantio.
Trabalha-se quando o sol nasceu,
Para o trabalho quando fica noite.
Tira a vaca de manhã,
Repete o trabalho a tarde.
Trata os porquinhos
No chiqueiro.
Trata as galinhas no terreiro.
Chegando o plantio,
Escolhe a semente,
A safra será feita de milho,
A saca é colocada na carroça,
Os quatro vão para a roça,
Pega a máquina manual
Enche de sementes e planta.
Não tarda a nascer,
Chega a hora de limpar,
Marido e mulher vão
Limpando a enchada,
E arrancando com as mãos.
A filha desce da carroça,
Ajuda na parte da sombra,
A safra vai ser farta.
Chega a hora de quebrar o milho,
Quebra-se a espiga,
Faz um monte,
Passa com a carroça
E enche-a,
Leva tudo pra casa.
Coloca no paiol,
Depois debulha na trilhadeira,
E vende na cooperativa
Da cidade.
O mato cresce rápido
Ao redor de casa,
Pai e mãe usam a foice
Para limpar.
O milho é servido
Como alimento a todos
Os animais,
E o que sobra rende
Um dinheiro na cooperativa.
Os filhos crescem,
Aprendem a profissão de agricultor,
Mas, um dia veio a seca,
Terrível época de sol quente
E pouca chuva,
Terríveis ventos sopraram
Por aquelas roças,
Sem chuva,
Apenas o vento seco.
A menina,
Agora mocinha de dezesseis anos,
Se ajoelhou em frente
A terneira,
Beijou sua testa e a abraçou,
Agora o futuro dependia do leite,
De as terneiras,
Seus no total,
Crescerem virarem novinhas,
E se reproduzirem.
A água começou a faltar,
Ficava-se dias sem encher
A caixa de água,
E tudo era receado.
Sede e fome,
E o trabalho sempre
Era feito,
Dia após dia,
Mês a mês.
O pai subiu arrumar
Uma goteira e caiu do telhado
Do paiol,
Feriu a perna,
Mas o trabalho continuou
Com os três,
Ele fez chá e compressas de
Folhas de laranja
Logo melhorou.
Ao levar o balde de leite
Para dentro de casa,
Uma cobra saiu de dentro da terra,
E teria mordido a mãe,
Mas o cachorro pulou
E protegeu,
Foi picado
Três horas depois morreu sangrando e gemendo.
A vaca veio de cria,
Nasceu dois terneiros- gêmeos.
O porquinho caiu do chiqueiro
Por uma fresta,
E em noite escura teve que
Ser salvo.
Contudo,
Se tratava de um roubo,
Havia um homem lá
Com uma saca e ela estava
Cheia de galinhas,
E ele agora ensacava
Em outra os porquinhos,
Mas a moça defendeu
Os bichinhos dando pauladas
No ladrão.
O milho carunchou,
Não prestava mais,
Perdeu o valor nutritivo,
Teve que ser compradas
Novas sacas na cooperativa,
O valor pago era três vezes
O valor recebido através da venda.
A vida se tornou difícil,
O banco penhorou a terra,
Havia um financiamento
Em seus nomes
E a terra era a garantia,
Ninguém sabia de que se tratava,
Mas eram suas palavras
Contra as do gerente do banco.
Iriam perder a terra,
Mas a moça casou-se
Com um vizinho,
Ele pagou casa centavo,
O rapaz era pessoa boa,
A amava a muito tempo.
Assinado casamento,
Assinado escritura da terra,
Sobrou pouco lá de tudo que foi,
Algumas laranjeiras,
Bastante milho,
E a família da moça.
Os vizinhos foram todos
Pra cidade trabalhar na Brf alimentos,
Desistiram da roça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário