terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Mãos Dadas

 

Apalpei sua mão, estava escorregadia,

Seus olhos incertos em outro lugar,

Ele parecia incapaz de se esquivar,

Mas fugia de nós, parecia não querer estar,

 

Segurei-a firme, a trouxe para os meus lábios,

Beijei um beijo delicado e molhado,

Um tanto indigesto ou deliberativo,

Como se o quisesse dizer fala algo,

Seja, repulsivo ou impulsivo, mas não cala,

Qualquer coisa que me traga a calma,

 

Isso em pensamento, porque em verdade,

Não fiz nada, apenas a segurei firme,

Tentei afastar o pensamento do inseguro,

Pôr uma tranca naquilo que o afastava,

Puxei sua mão para o meu colo,

A coloquei de encontro com minha perna,

 

Quis dizê-lo, amor me sente ainda,

Com isso, não fui capaz de conter o suspiro

Que trouxe uma lágrima serena no meu olhar,

Não a deixei cair você não merecia isso,

Vê-lo sofrer não me faria ficar melhor,

Te aproximar por meios sórdidos não parece uma saída,

 

Depois de tanto tempo juntos,

Não saber como nos aproximar,

Levantei o olhar para o alto,

Com um sutil virar de cabeça,

Encontrei seu olhar,

Mas apenas depois de dizer, meu amor eu o amo,

 

Senti o seu impulso de resistência,

Mantive a firmeza das palavras ao te encontrar,

O amo como nunca pensei que amaria,

Coloquei uma mão na janela da porta,

Tranquei aquela que já estava trancada,

Não queria sair dali, deixá-lo sozinho: nunca,

 

Encontrei dificuldade em sustentar algo verdadeiro,

Pareceu-me que o falso sempre foi mais convidativo,

Talvez, fosse porque vivi de enganos por uma vida,

Afirmar meu amor e sustentá-lo em seu olhar

Não era nada fácil, tive medo do que poderia vir,

Como reagir depois de se entregar de alma nua?

 

Haviam riscos, sempre há. Tive medo com todo o coração,

Mas, acima de tudo amo-o com sôfrega paixão,

Do tipo que sufoca-se em dor, mas não sabe dizer não,

Aquela que entrega seu último suspiro pela emoção,

De simplesmente estar ali, tê-lo naquele segundo,

E fim, sabê-lo, fora meu e o terei para sempre no coração,

 

Pisquei buscando as palavras,

Uma infinidade de frases cruzou meu caminho,

Mas, nenhuma sabia o que dizer para trazê-lo,

Sim, o amo, repeti: te amo e te amo,

Baixei o olhar para o coração que respondeu num pulo,

Te amo e não sei o que fazer para dizê-lo,

 

No desfile de frases mil pareciam bonitas,

Mas, nenhuma adequava-se. Todo esforço e nada.

Trouxe sua mão aos meus lábios, beijei-a,

Quente e úmida, o amo saiba sempre disso,

Seria pouco dizê-lo que preciso de você comigo,

Ele apertou minha mão e respondeu: amor, basta isso.


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