Ele estava ao seu lado,
A um passo do beijo que não veio,
A certa distância de querê-lo,
E ela incerta de tentar ou não convencê-lo,
Poderia ter-lhe afagado os cabelos,
Sim, desejava com ardência um abraço,
Mas, ao invés disso,
Ergueu o olhar o bastante para encará-lo,
Sustentou este olhar por algum tempo,
Ele era pouco mais alto,
Porém, gostava de ficar esquivo,
Algum dia o perdoaria por isso;
Com porte altivo e circunspeto,
Abriu seu sorriso com dentes brancos,
Diga-se de passagem: convidativo,
Desviou o olhar para o seu abraço,
Desejo incontido de estar em seu abrigo,
A medida que ela buscava as palavras,
Elas lhe fugiam em velocidade imprevista,
Por duas vezes ela puxou suas mãos para trás,
Nestas vezes ela juntou-as uma na outra,
Com força, buscava algum tipo de conforto,
O tinha ao seu lado, mas precisaria resistir ao contato,
Pior que isso, talvez, nem houvesse aproximação,
Buscava um porquê disso tudo,
Não encontrava um motivo,
Ausência de resposta para a indagação que não veio,
Esfregou o lábio com a mão solitária,
Apenas um dedo era o bastante para acalentar,
Fossem palavras escritas talvez pudesse apontar,
Mas não encontrava nada – direção ou estratégia-,
Estava presa ao que sentia,
E sentir tanto a libertava de estar vazia,
Lutava para manter a calma,
Notou que as mãos dele tremiam- solícitas-,
Pareciam notar que faziam falta,
Se mantivesse a calma, talvez, ela pudesse falar,
E este falar lhe abriria o caminho,
Ele parecia estar tão tranquilo em tudo aquilo,
Era como se soubesse o que fazer,
Ela se perguntava se ele saberia ler pensamentos,
Assim poderia falar o que ela desejava ouvir,
E tudo se simplificaria em demasia,
Era apenas abraça-lo e ir embora,
Ou então, preparar uma resposta convincente,
Qualquer uma que evitasse o fim,
Ela temia começar a chorar e não poder parar,
Abriu a boca e pôs-se a dizer tudo que sentia:
- Te amo, meu amor, não sei viver sozinha,
Depois de tudo que passamos juntos,
Não sou capaz de conseguir, não me julga, por favor,
O amo mais que tudo na vida, preciso de nós,
Desculpa a avalanche de palavras,
Sim, estou em queda livre a desmoronar,
Depois que o tive em meus braços,
Não sei viver de outra forma nem sou capaz,
Estas palavras que eu digo saem sem querer,
Me desculpa por serem impensadas,
Mas, veja, meu amor eu sinto muita saudade,
E este amor que sinto por você não sai de forma alguma,
Sim, meu amor as palavras retardam, retroagem – fogem do meu
alcance-,
Mas o amor que sinto, este só aumenta e o busca,
Bem, o roteiro das frases, me perdoa, o perdi ao seu
encontro,
Mas, quanto ao amor – este nunca senti tanto,
Perdoa a fuga das palavras destes lábios trêmulos,
Mas, quanto a mim, você sabe meu amor: eu não fujo!
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