quarta-feira, 31 de maio de 2023

Saudade

 

Recorda-se entretanto,

E relembra-se a algum tempo,

Ainda, sem dúvida,

Sem lágrima alguma,


Contudo com saudade,

Arrepio na pele e nostalgia,

Não quer-se reviver aquele instante,

Não ainda;


Quer-se mais que isso,

Quer-se um beijo para sempre

E para toda a vida,

Sem haver regras,


Nada de modelos ou estereótipo,

Sem beijos de momentos,

Há neste caso muito mais que sonhos,

Também não definiria objetivo,


Antes de seus beijos,

Os segundos não eram indesejados,

Agora, porém, não me vejo em nenhum lugar,

Como gostaria de estar com ele agora!


Ainda que seja duro estar com outros homens,

Como me sentirei a aquecer meu belo corpo em outra pele?

Não, não me vejo como me via antes,

Nem me satisfaço com tão poucos instantes,


Meu coração se tornou exigente,

Minha alma chama por seu nome,

Já nem tento mais me enganar,

E quanto a maldição de fechar os olhos?


Não, já não dá certo mais,

Sim, preciso de seu rosto e muito!

Gosto de tê-lo por entre as minhas mãos,

Quase tanto quanto tê-lo entre as minhas pernas,


Penso se tratar de um conjunto,

Rosto, pele, nome e outras coisas:

-Ah, sua boca!

Como a sua não há nenhuma outra,


De que adianto o imitar?

Eles tentam copia-lo e eu vejo,

Me sinto satisfeita,

É claro.


Eu gosto do esforço,

No entanto, não me agrada,

Ao final, o procuro.

Até mesmo o sol se arrasta no tempo para vê-lo,


Cada vez que ele cruza a rua,

Eu vejo que o dia tem segundos a mais,

Quase minutos, eu sinto,

Todavia, as vezes passa disso,


Eu sei o mundo aos seus pés é pouco,

E eu poria,

Ah, se pudesse pô-lo.

Joaquim é apenas a lua desta que fala,


Se o amo?

Me veja agora,

Estou em sofrimento,

Sangue negro e arredio corre por minhas veias,


Meus olhos cobertos de dor quase gotejam,

Belos os beijos que estou a recordar,

Queixo-me dos homens,

Maldito o tempo que passa,


Destruidor foi aquele que me afastou dele,

Ah, se ele soubesse o quanto eu amava,

Quem sabe teria pensado outra vez antes de o fazer,

Talvez se apiedasse desta que sente,


Chora, clama mas não o vê,

Sorte tem o sol não a lua,

Eu em seu lugar eu também me arrastaria.


sábado, 27 de maio de 2023

O Senhor da Minha Vida

 

 

Eu não voltaria o rosto para o que me feriu,

Não imaginei muitas frases,

Mas de tudo que eu disse,

Você sentiu.


Deixei uma gota sua escorrer,

Quente recostada no meu do meu lábio inferior,

Ela desceu um caminho,

Segura, quente e afetuosa,


Percorreu até alcançar meu queixo,

Então, o trouxe para mais perto,

Senti seu cheiro,

Joguei minha língua para fora,


Tocando-o e o percorrendo,

Desci sua pele até chegar ao meu queixo,

Lá encontrei sua gotinha e a peguei,

Senti seu sabor,


Não misturei à saliva,

Apenas a joguei para dentro de mim,

Enquanto o sugava com beijos ardentes,

Eu não queria ter escolhas,


Sentir cada parte sua mover-se ao meu encontro,

Tomá-lo entre as minhas carícias,

Pertencer, finalmente, a alguém,

E este alguém era, simplesmente, maravilhoso.


Senti seu amor quente mover-se dentro da minha boca,

Até descer minha garganta- Sua,

Perfeita e deliciosamente sua,

Completa de você até me ver derramar,


Saciada e divinamente apaixonada,

Busco o Senhor do meu destino,

O homem a quem juro amor,

Me vejo sussurrar ao seu encontro,


Por essa razão ele sabe que o amo,

Autoridades ou homens de destaque

Não me despertam como ele faz,

Aquele que me guia também me desorienta,


Longe dele sou a altiva,

Junto dele a louca perdidamente sua,

A mão que lhe jura afeto,

O beija, acaricia e se entrega


E ainda assim permanece erguida,

Jura-lhe em verdade,

E assim permanece.

Porque a impiedade pode queimar feito o fogo,


Mas nada se assemelha a distância,

Ou a ideia de não tê-lo,

Por única noite que seja,

Não poder ser sua – a grande tragédia,


O azar de uma vida inteira,

A ruína das mais altivas,

Não eu não desejaria isso por minuto que o fosse,

Não sou capaz,


Ele consome meus erros e pecados,

Não juro em fumaça,

Ou faço uso de artimanhas,

A sua frente,


Recostada ao seu corpo minha mão se levanta,

E permanece.

Pelo tempo inteiro que restar,

Não poupo minuto que for,


Pela vida que seguir ela continua,

A esquerda o devora e ainda sente fome,

É certo que necessita da direita para amar,

Mais vale o juramento eu o digo,


Assim que ele sente falta,

A direita que inicia em juramento,

Não se revolta,

Apesar de quere-la sobre ele,


De ansiar para tocá-lo com todas as garras,

Não há como se desviar-

Eu o amo,

Lhe digo com a boca cheia de desejo,


Quando ergo meu olhar até ele,

Vejo sua mão também erguida,

Colada a minha.


sexta-feira, 26 de maio de 2023

Tê-lo de Volta!

 

O Senhor enviou uma mensagem,

Parecia ser contra o que eu sentia,

Disse-me ter visto ele,

Porém, ao seu lado havia outra.


Ora, amores não se encontram na rua,

Essa não deveria ser mais que uma amiga,

Contudo, fui avisada!

O coração aos sobressaltos,


A alma avassalada,

O amava!

Perde-lo me atingiu como uma bala,

Ferida na alma,


Adoentada sem poder dizer nada,

O orgulho e a arrogância fazem calar,

Não precisei mais do que aparência

Para, simplesmente, me afastar,


Os tijolos do meu murro caíram,

Um até chegou a ferir meu pé,

Mas isso perdia a importância,

E eu o medo de reagir ao que acontecia,


Contratei um pedreiro e disse:

-Siga, não quero outra opinião que não a minha.

Ele sorriu, era pago pelo serviço,

Não precisava emitir opinião.


O cheiro chegava as narinas com efeito de sangue,

O serviço, contudo, era bom.

Mas temi ao que ele utilizava em minha mente,

Na parede eu lavrava cada marca,


Sim, não minto que não queria esquecer,

As figueiras bravas alcançavam cada dia mais alto,

Eu não tentava subir nela e olhar longe,

Mas se eu subisse em um dos cedros,


Seria fácil avistar ele.

Me falando que fui traída não serviu em nada,

O Senhor apenas aumentou meu sentimento,

Tive certeza que o amava,


E que era imensa a sua importância,

Corri ciente disse todos os percalços da escada,

Quebrei cada um dos espelhos,

Não queria mais ver minha imagem,


Estava tudo preso em retratos,

Ele comigo,

Agora, sozinha e ainda ter que ver meu rosto,

Tentar sorrir me destruía,


Vê-lo com outra não doía mais que me ver,

Sim, não me suporto eu admito,

Estou exausta,

Errei e ele soube bem me mostrar isso.


Arrames e filetes eram estendidos sobre o murro,

Eu podia ver isso através da janela,

E nada disso me importava,

Nem me fazia sentir melhor,


Quase sentia vontade de pregar a porta,

Apesar de tudo isso,

A vontade divina não se desviou de mim,

Com minha mão ainda erguida,


Escorada na janela com metade do rosto no vidro,

Ele adentra e assim me encontra,

Inerte e a espera-lo...

-Olá, como sei o quanto você é linda,


Eu lhe trouxe um presente,

Desculpa a demora,

É um espelho,

Você adora tanto se admirar!


Como se fosse um surtou ou um sonho,

Respondo sem olhar para lado algum,

Olhos sombrios e distantes de tudo:

-Obrigada, não sei se quero me ver de forma


Que não seja através do seu olhar...

Me assusto quando sou envolvida por seu abraço,

Por algum motivo não achei que seria mais merecedora,

De alguma forma não me sentia segura,

Pareceu um sonho quando o tive de volta...


quarta-feira, 24 de maio de 2023

A Sua Boca


Em trezentos dias,

Ficará muito distante para chamar de amor,

Porém, o guardo na lembrança,

Não os dias – os sonhos.


Ruína daquela que ama,

Mas, sempre que cruzo por ele,

Tudo em mim ressuscita,

Sempre busco um aceno – contato,


Com certeza meu amor resiste,

Já não tenho a esperança de que ele recorde,

Ou que note meu esforço,

Não é nada forçoso amá-lo,


Peço sempre a Deus um sinal milagroso,

Ou sorriso mais caloroso ou aceno,

Mas sempre tudo parte de mim,

Eu fico a espera-lo,


Penso que ele sabe.

Não, isso não é abusar daquela que ama,

Abuso é não vê-lo,

Por isso Deus sempre me dá um sinal,


Eu saio a esmo a passeio e o encontro,

Há tantas que buscam um encontro e não o têm,

Mil ligações perdidas,

Para ao final encontrar apenas um rapaz de troca de rua,


Que a evita,

Isso sim é triste,

A boca que busca o beijo não o encontra

E não se basta.


Eu aprendi a rejeitar o erro e aceitar o que é certo,

Espero que um dia chegue o dia em que ele saiba,

Bocas que vivem a beijar um dia se cansam,

Até mesmo as terras de reis podem ficar desertas,


A dele, um dia, há de me chamar...

Não, não penso estar errada.

Eu posso esperar.

Serão dias como nunca houve,


Desde que sua boca era apenas minha,

Repousaremos em chão íngreme

E rochas não machucarão nossos pés...

Neste dia,


Eu irei assobiar e ele estará lá,

É certo que sim.

Mesmo aos pés de espinheiros haverão cisternas,

Poxa, como gostaria que nenhuma boca


Tivesse sede, ou a conhecesse...

Gostaria quase mais disso do que tê-lo,

Isso me recompensaria.

Não precisar de arco e flechas,


Abaixo do espinheiro, bem ali,

Estará a água e nela a fartura.

Bois a solta com homens a lavrar a terra,

Sonho com isso!


Paro a caminhada e olho para o lado,

O vejo parado,

Parece que anda comigo – ou sonha,

Não disfarço o sorriso,


Apenas saio de perto – desvio.

Ando devagar e vejo uma sombra comigo,

Diminuo o passo...

domingo, 21 de maio de 2023

Saudade

 

Quando meu beijo,

Da segunda-feira anterior foi recordado,

Logo vi que o que houve ontem não bastou,

Mesmo tendo havido inúmeros outros,


Ou que meus lábios ainda estejam doloridos,

Como se houvesse sua marca em meu corpo,

Em cada parte e sobre a pele,

Mesmo que me percorra o sangue,


Ainda assim, preciso de mais que isso,

O tempo passa e vão se as lembranças,

Então busco as mais antigas e vou seguindo,

Até chegar lá atrás e vê-lo,


Sabe-se que só ver hoje não me basta,

O chamo,

As lembranças atacam a distância,

Então, eu ligo, chamo seu número,


E apenas lembranças não basta,

Alega que ainda tem os lençóis da minha cama,

Não os lavou ou retirou deles o nosso calor,

Para me ver,


Irá esperar mais algum tempo,

Com isso meu coração se agita,

E o dele parece apenas não compreender,

Chama a isto necessidade de chamar a atenção,


De querer estar sempre perto,

Como se o quisesse dominar de alguma forma,

Algo sobre controle...

Desligo o telefone,


Repenso as noites de ontem,

Até chagar ao passado irá demorar, realmente,

Agitam-se as cortinas com o vento,

Acolhe-se ele aos meus cabelos,


Vejo isso quase como uma carícia,

Realmente me sinto sozinha,

-Tenha cuidado, tome cuidado.

Me vejo sussurrar em voz alta,


Mas meu coração não desanima por tão pouco,

Doces são estas lembranças fumegantes,

Arredias e invasoras feito a fumaça que entra,

Achega-se ao meu peito até que eu fique sem ar,


O ontem, as lembranças tardias e a distância,

Todas unidas em me fazer esperar,

Passa-se sessenta anos,

E ainda assim, aqui estaria esta que ama,


Poderia a distância ser arruinada pelo tempo,

Consumida pelo destino,

Com meu amor firme,

Me mantenho em pé,


Mas, sem ele?

Olho o telefone esparso por entre a fumaça,

Tento identificar se alguém me chama,

Um sinal milagroso de suas profundezas,


Mas, lembro de ele ter sido expresso:

-Não pedirei, e também não porei seu amor a prova!

Isto ocorreu na penúltima vez em que nos vimos,

Lá naquela fatídica segunda-feira,


Que o dia de ontem não se apague tão fácil,

Mas que meu amor não abuse desta que o ama,

A paciência há de me dar um sinal qualquer,

Que este sinal me dê um filho,


-Hei de dar o nome deste: - Emmanuel.

Este comerá do mel que os lábios do meu amor me dá,

Há em mim mel em abundancia,

Eu o sinto percorrer em minhas veias,


E quando o tempo passar,

Haverá em Emmanuel uma idade,

Em mim o tempo em que estou com ele,

Será quando o que parece erro tomará nova forma,


Mas, antes de contar-lhe nossa história,

Ensinarei ao meu menino sobre erros,

E o quanto amo este a quem escolho por pai.


sábado, 20 de maio de 2023

Uhum

 


Tornei insensível meu coração,

De todos os rostos,

Não quis guardar emoção,

Nenhuma fotografia ou lembrança – nulo,


Surdos os meus ouvidos

Para toda a declaração,

Cegos meus olhos

Para juras ou aclamação,


Há coração que se converta

Ou possa após isso encontrar cura?

As vezes, confesso me indagar:

Até quando?


Este coração que está em ruínas

Não encontra habitante,

Dentro de mim há um pouco de abandono,

Fora isso – estou bem,


Não digo que os sonhos estejam devastados,

Porém, não me posiciono em alguém,

Não me sinto desolada,

Mas o amar está distante, bem distante,


Ainda que todos vejam meu rosto,

Não me verão,

Se ouçam minhas palavras,

Também não entenderão,


Mesmo que estejam vendo,

Ainda assim não perceberão,

Mesmo que um décimo de mim recorde,

Ou que algo em mim o procure,


Não saberão,

Dos sonhos que sonhei um dia,

Nem todos se arruinarão,

É certo.


Mas como a flor permanece na árvore,

Sempre que esta cai,

A dor também está lancinante,

E minhas lembranças buscam fugir,


Penso que viver ele não foi importante,

Amá-lo nunca foi tão caro assim,

E o amor não deve ferir,

Se é amor então não deve ferir,


Quantos troncos serão derrubados

Para que se possa tocar a flor do alto?

Arrancá-la ao meio,

Despida de seu lugar ela não permanece,


Sabe-se que o perfume – mesmo este,

Vem da árvore.

Assim a santa semente é arrancada,

Do núcleo da flor é extraída,


Atira-se ela a terra,

E espera,

Logo a árvore nasce e a flor retorna,

Mas sabe-se – ela cresce e sobe,


Lá no alto torna-se inatingível?

Não, ela apenas conhece seu lugar e valor,

Há para tudo um tempo e modo...

Há quem entenda de tempo,

Há quem nisto perda todos os seus modos.


terça-feira, 16 de maio de 2023

Em Seu Olhar

 


No ano em que o rei morreu,

Eu vi e muito o seu nome ser exaltado,

E a felicidade enchia meu peito,

O coração chamava-o,


Acima de ti nem os serafins,

Mesmo que tenham seis asas,

Ou se guardassem seu sorriso – enfim,

A felicidade estampava meu rosto,


Com dois de seus sorrisos eu flutuava,

Ao som do batente da porta eu tremia,

Desejava-o, esperava-o,

Mas um dia o templo ficou cheio de fumaça,


E tudo que planejei para nós pareceu distante,

O altar que eu lhe ofertava,

As rosas que desabrocharam,

Tudo caiu em ruínas,


E pior que isso,

Não senti que você se importava,

Então gritei: o amo e você sabe disso!

Ai de mim,


Estou perdida por amar tanto assim?

Que estes lábios tornem-se impuros,

Não ei de amar outro da mesma forma,

Que toda jura de amor soe em falso,


Não, não aceito em meu abraço outro,

Que jamais eu seja ouvida,

Se a outro o jure ser prometida.

O amo, por Deus o amo!


Os meus olhos encontraram o Rei dos meus sonhos,

Meu abraço provou do amor que proponho,

Este amor que tanto acredito,

Já foi meu – sim, já o vivi,


Oh doce amor Rei e Senhor dos Exércitos!

Toma-me, guia-me,

Busca nele o sim!

Como ele tocou minha boca  e disse:


-Sua culpa por este beijo é removida,

Seu pecado por este abraço é perdoado,

A amo e aceito que senha minha,

Por toda a vida não ei de olhar para o lado.


Foi então, que ele levou uma pedrada na testa,

Caiu para trás,

E só levantou depois de muito tempo,

Nisso eu corri assustada e fui embora,


Não olhei para traz por medo de desgraça,

Ao levantar-se ele acordou com amnésia,

Esqueceu de tudo,

E principalmente que me amava,


Talvez, nisto tudo,

Ajude o fato de ter acordado vesgo,

Talvez não,

Ainda agora reflito,


Mas que o percebo olhar para os lados,

Isso sim, não ei de duvidar disso...

Mas o amor, o amor é isso!

Reflito e mantenho distância,


Ele não lembra de nós,

Que me importa o agora?

Sim, o amo.

Em meu rosto o sorriso é o que mais toma forma,


Nele o revirar de olhos por todos os cantos,

Não duvidaria do seu amor,

Isso é certo.


Torrentes de Água

Choveu por toda parte, A chuva embaçou o para-brisa, Deixou cega a toda vista, E retirou-a de seus devaneios, Assim que lama...