Em trezentos dias,
Ficará muito distante para chamar de amor,
Porém, o guardo na lembrança,
Não os dias – os sonhos.
Ruína daquela que ama,
Mas, sempre que cruzo por ele,
Tudo em mim ressuscita,
Sempre busco um aceno – contato,
Com certeza meu amor resiste,
Já não tenho a esperança de que ele recorde,
Ou que note meu esforço,
Não é nada forçoso amá-lo,
Peço sempre a Deus um sinal milagroso,
Ou sorriso mais caloroso ou aceno,
Mas sempre tudo parte de mim,
Eu fico a espera-lo,
Penso que ele sabe.
Não, isso não é abusar daquela que ama,
Abuso é não vê-lo,
Por isso Deus sempre me dá um sinal,
Eu saio a esmo a passeio e o encontro,
Há tantas que buscam um encontro e não o têm,
Mil ligações perdidas,
Para ao final encontrar apenas um rapaz de troca de
rua,
Que a evita,
Isso sim é triste,
A boca que busca o beijo não o encontra
E não se basta.
Eu aprendi a rejeitar o erro e aceitar o que é certo,
Espero que um dia chegue o dia em que ele saiba,
Bocas que vivem a beijar um dia se cansam,
Até mesmo as terras de reis podem ficar desertas,
A dele, um dia, há de me chamar...
Não, não penso estar errada.
Eu posso esperar.
Serão dias como nunca houve,
Desde que sua boca era apenas minha,
Repousaremos em chão íngreme
E rochas não machucarão nossos pés...
Neste dia,
Eu irei assobiar e ele estará lá,
É certo que sim.
Mesmo aos pés de espinheiros haverão cisternas,
Poxa, como gostaria que nenhuma boca
Tivesse sede, ou a conhecesse...
Gostaria quase mais disso do que tê-lo,
Isso me recompensaria.
Não precisar de arco e flechas,
Abaixo do espinheiro, bem ali,
Estará a água e nela a fartura.
Bois a solta com homens a lavrar a terra,
Sonho com isso!
Paro a caminhada e olho para o lado,
O vejo parado,
Parece que anda comigo – ou sonha,
Não disfarço o sorriso,
Apenas saio de perto – desvio.
Ando devagar e vejo uma sombra comigo,
Diminuo o passo...
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