domingo, 21 de maio de 2023

Saudade

 

Quando meu beijo,

Da segunda-feira anterior foi recordado,

Logo vi que o que houve ontem não bastou,

Mesmo tendo havido inúmeros outros,


Ou que meus lábios ainda estejam doloridos,

Como se houvesse sua marca em meu corpo,

Em cada parte e sobre a pele,

Mesmo que me percorra o sangue,


Ainda assim, preciso de mais que isso,

O tempo passa e vão se as lembranças,

Então busco as mais antigas e vou seguindo,

Até chegar lá atrás e vê-lo,


Sabe-se que só ver hoje não me basta,

O chamo,

As lembranças atacam a distância,

Então, eu ligo, chamo seu número,


E apenas lembranças não basta,

Alega que ainda tem os lençóis da minha cama,

Não os lavou ou retirou deles o nosso calor,

Para me ver,


Irá esperar mais algum tempo,

Com isso meu coração se agita,

E o dele parece apenas não compreender,

Chama a isto necessidade de chamar a atenção,


De querer estar sempre perto,

Como se o quisesse dominar de alguma forma,

Algo sobre controle...

Desligo o telefone,


Repenso as noites de ontem,

Até chagar ao passado irá demorar, realmente,

Agitam-se as cortinas com o vento,

Acolhe-se ele aos meus cabelos,


Vejo isso quase como uma carícia,

Realmente me sinto sozinha,

-Tenha cuidado, tome cuidado.

Me vejo sussurrar em voz alta,


Mas meu coração não desanima por tão pouco,

Doces são estas lembranças fumegantes,

Arredias e invasoras feito a fumaça que entra,

Achega-se ao meu peito até que eu fique sem ar,


O ontem, as lembranças tardias e a distância,

Todas unidas em me fazer esperar,

Passa-se sessenta anos,

E ainda assim, aqui estaria esta que ama,


Poderia a distância ser arruinada pelo tempo,

Consumida pelo destino,

Com meu amor firme,

Me mantenho em pé,


Mas, sem ele?

Olho o telefone esparso por entre a fumaça,

Tento identificar se alguém me chama,

Um sinal milagroso de suas profundezas,


Mas, lembro de ele ter sido expresso:

-Não pedirei, e também não porei seu amor a prova!

Isto ocorreu na penúltima vez em que nos vimos,

Lá naquela fatídica segunda-feira,


Que o dia de ontem não se apague tão fácil,

Mas que meu amor não abuse desta que o ama,

A paciência há de me dar um sinal qualquer,

Que este sinal me dê um filho,


-Hei de dar o nome deste: - Emmanuel.

Este comerá do mel que os lábios do meu amor me dá,

Há em mim mel em abundancia,

Eu o sinto percorrer em minhas veias,


E quando o tempo passar,

Haverá em Emmanuel uma idade,

Em mim o tempo em que estou com ele,

Será quando o que parece erro tomará nova forma,


Mas, antes de contar-lhe nossa história,

Ensinarei ao meu menino sobre erros,

E o quanto amo este a quem escolho por pai.


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