As vezes uma lenda que dura
Muitos séculos
Possui um motivo para durar.
Sem saber o motivo
A frase a tantos anos
Dita por meu irmão,
Ecoa em meus ouvidos.
Como uma direção.
A mostra de um caminho.
Eu deixei meu livro,
Me levantei do sofá,
Abri a porta e olhei a rua.
Havia tanto lá fora,
Mas por algum motivo,
Havia muito mais ali dentro.
Algo que não conseguia explicar,
Não por hora.
Sentia vontade de proteger,
Queria tomar conhecimento,
Mas tinha medo,
E o medo me levava a me esconder.
Busquei nos livros
E até em filmes antigos…
Não, não consigo acreditar
que seja real.
Nem mesmo o barulho do livro fechado,
Parecia me fazer acordar.
Nem ao menos a porta que fechei
A toda força,
Até que simplesmente não abriu mais.
Trancada a chaves
Era como se não estivesse,
Um simples irromper de força
E ela nunca mais reabriria…
As vezes uma lenda não passa disso….
Por quê tantas vozes
Repetiam tantas coisas,
Por que um filme
Contava uma história
E para outras pessoas
Contava outra?
Havia um único roteiro…
Não,
Eu não podia acreditar.
Sem motivo algum
Me prenderam dentro de casa
Para me fazer de algum tipo de cobaia?
Então, por quê estavam ainda
Em minha vizinha?
Qual o interesse em saber da minha
História pessoal,
Ou mesmo da sua?
Como foi doentio ouvir tudo
E não poder fazer nada!
A polícia invadiu minha vida
E manipulou-me com toda força?
Há ainda técnicas para isso?
Não basta ter munições contra minha cara,
Homens armados e com a lei a sua causa.
Me mandaram transar.
Caramba,
Queriam me ver fazer sexo?!
Queriam me ver transar até perder o rosto,
Não ter contornos em meu corpo.
Estupro!
Não.
Isso é coisa de filmes.
Não pode ser real o que conto.
Eu não acredito no que ouço!
Que valor eu tenho,
E estes outros?
Por quê invadir minha vida,
Burlar minhas notas,
Manipular minhas provas?
Eu estou proibida de me defender,
E meu marido,
Minha família,
Como posso lutar por nós?
Obrigaram minha vizinha me bater,
Deram a ela desculpa
E a obrigaram fazer?!
Como posso reagir,
Fugir disso agora?
Socorro,
Preciso dormir.
Peçam para não falar,
Meu Deus,
Como me defendo destes barulhos?
Meus ouvidos vão explodir!
Cancelem este remédio,
Meu Deus,
Estou dopada e agora?
Não lembro de mais nada.
Estou fria,
Estou impedida de sentir,
Como posso amar
Se a própria polícia,
Força pública,
Tenta me proibir?
Eu os vi me vigiar,
Eu os ouço
Com voz nítida agora.
-Ouçam.
Eles falam.
Eu digo pra vizinha e rio.
“Será que me mato”?!
Eu penso comigo.
-O que você acha disso?
Eu peço a ela.
-Nao sei. Eu não entendo.
Obtenho por resposta.
Meu pai adoentado.
Minha mãe fugiu adoidada.
Meu irmão, aonde está agora?
Estou me esquecendo.
Estou me esquecendo.
O que faço agora?
Um cara se aproxima,
Tenta ficar ao meu lado,
Eu fujo descompassada.
-O coronel lhe mandou fazer sexo.
Ele diz que você sabe pouco.
Eu olho abismada.
Fujo amedrontada.
-Ele sente ciúmes.
Ele sente ciúmes!
Ela fala.
Doente.
Maldita vadia demente!
Com tecnologia avançada
Contra eu,
Uma pobre criatura inocente!
Meu Deus, por quê?
Eu vejo o cara de que gosto,
Já nem sei como me aproximar,
Você acha que eu gostaria de
Torna-lo alvo?
Devo morrer sozinha.
Devo morrer sozinha.
Me entorpeço e durmo.
Não quero acordar.
Por Deus,
Só queria motivação para isso.
Por quê invadir minha casa?
Esmiuçar minha vida,
Estragar minhas fotos.
Aquela da rede social nem sou eu.
Aquela que está junto com meu pai,
Abraçada a minha mãe,
Não sou eu.
Ela disse que meu rosto estava muito bonito,
Então, ela estragou a foto.
Eu nunca mais terei aquele
Momento com meus pais de novo.
E a chance que tive
Ela destruiu por ser vadia.
Não possui limites,
Tentou roubar meu namorado,
Nos fazer chantagem,
Roubar dinheiro,
Tirar todo tipo de vantagem
Sobre nós dois.
Por quê?
Há homens e mulheres
Que fazem deste tipo de sistema tecnológico
Seu trabalho,
Sua maneira de ganhar a vida.
Coitada de mim,
Cuidada daquele que amo.
Coitado até mesmo do estranho.
Por quê nos violentar?
Puro prazer!
Por quê nos roubar?
Pura felicidade!
Estupro sobre nossos cérebros,
Caramba, eu sou uma garota feia.
Sou pobre,
Como posso me defender?
Coitado do meu namorado,
Como poderemos fugir disso?
Fazer tramas sujas contra nossas vidas,
Simular situações,
Formular planos de ações
Apenas para escárnio público
E diversões?
Esta mentalidade está além da minha,
Eu não consigo acreditar no que ouço,
Não consigo acreditar no que vivo.
Me deixem em paz,
Preciso me libertar disso!
Comprar câmara de vigilância?
Eles corrompem imagens gravadas.
Como posso ir contra esta espécie de força?
Meu Deus, como eu fujo disso?!
Grampo no telefone,
Grampo no meu ouvido,
Grampo na minha vagina,
Grampo no meu mamilo.
Tá grampeado.
Você está sendo vigiada
Tá grampeado.
Você está sendo estuprada.
Tá grampeado.
Você é objeto de escárnio.
Tá grampeado.
Prazer e mais nada.
Tá grampeado.
Me passe seu dinheiro.
Tá grampeado.
Sofra é isso que quero.
Tá grampeado.
Entenda que sou a melhor.
Tá grampeado.
Ele a interrompe.
Eles brigam na minha frente,
Eu ouço tudo sem ter o que fazer.
Tá grampeado.
É tudo que eu queria dizer.
(ELES QUEREM QUE EU DIGA
QUE MEU IRMÃO
MORREU SEM FALAR MUITO).
-Ta grampeado!
Eu digo.
Me jogo no chão e choro.
Sinto medo.
Mas digo
-Ta grampeado!
Digo com uma faca no pescoço.
-Ta grampeado.
Eu digo entre soluços.
-Ta grampeado.
Eu digo e durmo
Sem nunca ter certeza
Se terei outro dia.
Eles gostam que eu saiba disso.
Eu gosto de falar que sei disso.
-Ta grampeado.
Eles exercem poder sobre eu
Através de suas vozes.
-Ta grampeado.
Eu digo e lembro do supermercado
E eles lá gritando
E usando artimanhas.
-Ta grampeado.
Mas me grampear nunca foi o bastante.
-Ta grampeado.
Estou grampeada,
Eu que sou pobre,
Destruída,
Mas você é o riquinho que nem sabe disso.
-Grampeado!
Acho que agora, ele riem juntos.
Eu me molho em meu choro.
Uso a cerveja para conforto.
Meto cerveja na buceta,
E mando me meter o pênis,
Se é para o gosto.
Sexo a cerveja.
E pronto.
Não sei por quê ele não busca no supermercado.
-Idiota grampeado!
Eu digo jogada na cama.
Depois de ve-lo gozar sobre cerveja.
Eu embriaga, grampeada.
"A molhada de merda!"
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