sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Beijo Suave

Daquele sabor suave que pousou sobre a sua boca,

Ela ainda podia sentir inclusive o cheiro,

Tão vívido estava em sua alma,

Claro que daquele momento não havia decorrido tanto tempo,


Mas pela experiência que ela tinha com relação as suas lembranças,

Só mesmo o amor verdadeiro para faze-la perder o controle daquela forma,

Segura, desmedida e determinada,

É certo que de tudo ela lembrava,


Inclusive o vestido rosa que usava

E que pousou de forma tão suave ao chão,

Era de se admitir que ali ficava melhor que nela,

Foi isso que ditou o palpitar do seu coração,


Não foi? Não saberia precisar, porém, naquela noite

Amou como nunca e sentia que duraria para todo o sempre,

Ela sentia-se queimar no leve toque das suas mãos macias,

Grandes, calorosas e exigentes,


Com suas carícias impiedosas,

Despia seu corpo da mesma forma com que despia a alma,

Sentia-se nua sob o efeito da intensidade do seu olhar,

E ao murmúrio rouco, metálico aveludado e úmido

Da sua fala, ela se entregava por inteiro,


Fosse veneno o que ele possuía em sua lábia,

Ela não queria menos que embriagar-se em sua boca,

Provar cada gota até ser completa e profundamente sua,

É certo que seus dedos eram feitos um papel dobrado,


Ela sentia-se curiosa, contudo saberia dominar-se

Caso desvendasse todos os segredos ali contidos?

Ela pensou em falar algo, porem ao deter-se nele

Todas as suas palavras sumiram do nada,


Bem, talvez estivessem contidas nas mãos dele,

Quem sabe se a tocasse com aquela intensidade,

Tão conhecida e desejada como nunca,

Ela poderia desvendar o que era,


Ansiava por repetir aquela chance única de ser sua,

Mas, as palavras calavam-se na garganta,

Obviamente, ela já não era mais dona de si mesma,

Pertencia a ele, completamente apaixonada,


Queria suas carícias como o sol precisa brilhar,

Não caber-lhes-iam mais desculpas,

Precisava admitir seu amor de alguma forma,

De fato, isso levava a uma confissão,


O amor, até então, era algo adormecido em seu coração,

Esperava que ele fosse sensível para compreende-la,

Aliás, sabia dentro de si mesma que ele era,

Pois a cada carícia parecia consumi-la


Dentro daquele amor que quanto mais tinha,

Muito mais precisava,

Sua alma até então intacta, não foi capaz de resistir ao seu olhar,

Muito menos as suas carícias,


O fato era que, ao toca-la ele forjou em brasa viva

Uma conexão entre a pele e a alma,

Suas defesas foram calorosamente danificadas,

Bom, de fato, quem resistiria?


Agora, queria desesperadamente dizer que o amava,

Que ansiava por vê-lo lindo, com seus olhos meigos

Irradiando aquela fagulha de luz sobre ela,

Que a despertavam como nunca,


Lembrou o cheiro, o gosto da sua pele macia,

Então, não resistiu e chegou a boca,

Encontrando-a quente e úmida,

Provou nele gostos, carícias nunca antes imaginadas,


E sabia de todo o seu coração que o queria para a vida inteira,

Sentia-se, guiada pelo vento,

Aquela simples lembrança a reavivava,

Precisava vê-lo, com grande urgência,


Precisava sentir-se segura em seu corpo másculo e imponente,

Olhou para os seus pés descalços,

E apenas desejou que ele pudesse carrega-la,

Guia-la, então, viu-se correndo ao seu encontro,


Da forma que imaginou a tantas semanas,

Sentiu seus braços fortes ao redor dela,

Suas belas mãos acariciando-a,

Amo você, sorriu ao ouvi-lo dizer,


Por Deus que não saberia resistir a sua voz,

Desejava-o ardentemente,

Nem percebeu quando lençóis limpos e macios,

De sua cama, tocaram o seu corpo,


Sozinha ali com ele naquele quarto escuro,

Não sabia corresponder a tudo que sentia,

Demonstrando que sabia interpreta-la,

Ele cobriu a sua boca com a dele,


Ela esqueceu-se completamente o que iria dizer,

Quando se sentiu pressionada por seu corpo,

Ela o amava, sentia isso mesmo sem a influência dos seus olhos,

Embora o toque das suas mãos grandes, macias e fortes,

Naquele momento, não ajudassem muito,


Abraçou-o entregando-se com todo o seu ser

A aquele sentimento que os dominava,

Apenas me beije para sempre,

Ouviu-se pronunciar sem conseguir resistir as suas investidas.

Beijo na Rede

Estava na terceira cuia de chimarrão,

Sentada na varanda da casa de madeira branca,

Algo profundo palpitava em seu coração

A cada momento em que parava


Para permitir-se ver o rio correr para o mar,

Naquele dia em especial,

Fazia um calor acolhedor lá fora,

O orvalho não havia secado ainda,


Uma leve brisa brincava com as folhas

Que caiam, pousando sobre a grama,

Pássaros revoavam e cantarolavam,

Mas, os pensamentos dela estavam longe dali,


Em um lugar incerto, dentro da saudade

Que parecia soprar aos seus ouvidos: sinto sua falta,

E apenas um rosto tomava sua alma,

Por inteiro, nada além lhe despertava,


Afinal, tudo parecia estar no seu lugar,

Mas ela estava incompleta, sozinha,

Precisava senti-lo, toca-lo, beijá-lo...

Doce rosto que não lhe saia da cabeça,


Loiro, forte, alto, ombros largos, perfeito demais para

Passar despercebido, olhar doce de menino,

Atitude de quem sabe o que quer,

Uma única certeza lhe trazia levemente para a sua boca,


Um gosto, doce, molhado e gostoso demais para ser detalhado,

Um beijo, exigente, daqueles que tocam os lábios

Enquanto abraçam suavemente a alma,

Daqueles, que deixam as pernas bambas,


Incapaz de resistir as suas investidas,

Fechou os olhos, se pegou a sonhar,

Sonhos que estavam longe de serem apropriados a escrita,

Sim, acreditava ter razões para derreter a cada carícia sua,


Afinal, como resistiria?

Ela tentou evitar, tinha certeza disso,

Porem quando mais fugia, mais se aproximava,

Acreditava até que o procurava...


O que, de fato, era tudo que sonhava,

Queria pertencer a ele para sempre,

Caso contrário, não poderia dividir com ele a mesma cidade,

Estado, país ou universo, estivesse ele onde estivesse,


Ela sabia, o desejaria e muito mais: o procuraria,

Sentia dentro de si mesma: não poderia evitar

O sentimento tão intenso que a consumia,

De maneira que deixava uma mensagem curta:


Precisava dele, sentia uma urgência desmedida,

Como se dentro de si mesma

Houvesse um gatilho que apenas ele sabia despertar,

E mais, ela sentia que ele a entendia,


E parecia até mesmo adivinhar sua urgência,

Fechou os olhos, deixando-se embalar na rede,

Suas lembranças foram tão fortes,

Que pode sentir sua presença,


Aquele corpo tão familiar a tocava,

Perfeito, com habilidade em cada carícia,

Instintivamente, ela abriu a boca

Para receber o beijo, como se ele não soubesse


Como guia-la... aonde toca-la, sentiu-se tonta

E permitiu-se ser guiada por sua fala macia,

Suave, rouca, melódica, aveludada...

Carícia para sua alma apaixonada,


Apenas um desejo a tomava:

Ser sua, irremediavelmente sua,

Sentia que sem ele não poderia respirar,

Nem existir, apenas ele a conhecia tão bem,


Como se em seus lábios contivesse o néctar da vida,

Ela bebeu-os, sugou-os, desejava cada traço dele,

Desejava-o, dentro dela para sempre,

Seria possível absorver alguém


Tragando-o para si de forma que não se distinguisse

Quem era quem?

Sentia-se vazia e ele a preenchia,

Parecia completa-la como a uma só forma,


Sentia que seu coração batia dentro do dele,

Não, ela não poderia se imaginar sem ele,

Adorava admirá-lo,

Era como se dividissem os mesmos pensamentos,


Sentia-se vívida, acolhida, era capaz de ver-se refletida em seu olhar,

Presságio do destino: caminho certo a se traçar,

Era dentro dele que ela queria morar,

Caminhar ao seu lado ou ficar parada,


Qualquer coisa desde que junto a ele,

Sentir sob os dedos frágeis a sua pele,

Poder provar seus lábios sempre que quisesse,

Ser acordada por sua voz a cada alvorecer,


Ela ansiava que isso pudesse acontecer,

Enquanto isso, mantê-lo presente em sua saudade,

Era o bastante, ali ele estava guardado,

Protegido, abrigado ao seu amor,


Ali permaneceria para sempre em seus braços,

Derretendo-a em cada beijo apaixonado,

De forma que respirassem o mesmo ar,

Tivessem as mesmas ideias,


É claro que amando-o como amava

Ela sabia que não poderia demonstrar nunca

Tudo que sentia, pois ia além das palavras,

Tivesse ela o dom de escrever, lhe escreveria


De mil maneiras possíveis,

Apenas para que ele percebesse

Que sempre o amou e amaria para todo o sempre.

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Beijo dos Sonhos

 

Abriu seus pequenos olhos castanhos,

Um sentimento bom lhe tomou o corpo,

Ou seria seu coração que foi assaltado

Por algo estranhamente: bom!


Piscou algumas vezes,

Revirou-se entre seus lençóis macios,

Queria retornar a aquele sonho novamente,

Estava bom demais para ser chamada a realidade,


Aquele quarto todo branco não combinava

Com o turbilhão de imagens que lhe vinham,

A tomavam pela mão e a levavam

A um lugar distante, onde nada poderia alcança-la,


Onde qualquer sonho pudesse ser realizado...

Virou de lado, abraçou o travesseiro,

Queria que aquela presença protetora,

A buscasse de volta e a guiasse por caminhos distantes,


Nunca antes percorridos,

Murmúrios apaixonados lhe vinham aos ouvidos,

Sentia medo e um espécie de encantamento,

Pareciam que lhe sopravam sonhos,


Levou a mão ao peito buscando acalmar o ritmo

Desacelerado, pulsante do seu coração,

Um sorriso lhe moldou o rosto,

Iluminando seu olhar com uma paixão


Desconhecida a ela, até então,

Fechou os olhos, como trazê-lo de volta?

Por Deus, precisava senti-lo ao menos uma outra vez,

Essa confusão de sentimentos


Fez com que se sentisse ao mesmo tempo

Quente e fria, por fora um frio congelante lhe acariciava a pele,

Mas por dentro algo quente consumia em fogo abrasante

Um a um dos seus medos inconscientes,


Desejou provar um pouco mais daquela noite

Em que o silêncio cedeu lugar a uma voz máscula,

Fosse amor, aceitava ser consumida por inteiro,

Fosse outra coisa, sabia: não resistiria,


Ela o queria e o queria como nunca em sua vida,

Esse último pensamento lhe trouxe um frio na nuca,

E um arrepio bom, quente talvez, percorreu a espinha,

Algo diferente preenchia o ar,


Onde quer que estivesse sua alma,

Ela sabia, nunca mais lhe pertenceria,

E não é que existia um Deus afinal de contas?

Em silêncio, belo, despretensioso, alto, loiro


E másculo, muito másculo preencheu o ambiente,

E a tocou: como? Isso não foi possível descrever,

Porém, um pingo de suor lhe percorreu a face,

Instintivamente, ela levou um dedo aos lábios,


Percebeu que o dedo estava quente,

Como se houvesse sido tocado por algo... bom,

Porém, seus lábios estavam trêmulos, frios,

Sentia falta de algo... buscou em si... encontrou um rosto,


No lugar mais profundo do seu peito,

Precisava, ansiava, necessitava, hum, lhe falhou as palavras de novo...

Mas um beijo, sim um beijo seria perfeito,

Ela nunca havia sido beijada como naquele sonho,


Se sentia tonta, tremula, estaria delirando?

Claro que não havia influencia alguma daquele loiro

Dos olhos escuros cor da noite sem lua,

O fato de ele ser belo, alto, forte, cabelos fartos


Em nada importava, sabia ela,

Porém, aquele beijo... aquele beijo a faria percorrer um mundo

Sem sair do lugar,

No mais, nada a ver mesmo,


Ela sentiu-se aquecer, seu rosto se iluminou em um sorriso,

Curiosamente, se pegou sonhando de novo,

E aquele homem perfeito era o seu protagonista,

Aquele era um sonho bom que gostaria de sempre sonhar...


Fechou os olhos, cinco horas,

Não, não era mesmo hora de acordar...

terça-feira, 10 de novembro de 2020

Dizem por Aí

 


Ouvi boatos de que havia uma moça

Que amava com toda a alma,

Ela possuía muitos sonhos

E decidiu entrega-los a certo moço,


Dizem por aí que há quem os tenha visto

Aos beijos pelas ruas da cidade,

Tirando fotos em demonstrações de amor,

Infelizmente, meu conhecimento


Acaba até este momento,

Portanto, para preservar as identidades,

Nenhum nome será citado,

Mas sabe-se que ela foi conhecer sua família,


Sorriso lindo, jeitinho encantador,

Contam os boatos que até flor levou,

Porém, quem chegou com todo o carinho,

Recebeu em troca somente espinhos,


Não seria exagerar dizer que foi humilhada,

Singela menina, só queria ser aceita,

É pedir demais ser amada por alguém?

Acreditem, no que se tratar da devida moça, é.


Pessoas ofensivas, marginalizados,

Enxotaram a pobre garota,

Porém, seus presentes seguraram...

Que ironia: não seriam os homens


Quem deveriam conquistar as moças?

Já não se fazem homens como antigamente,

Dizem por aí que ele era virgem,

Kkkk, isso faz diferença para alguém?


Acredite há quem acredite que é um troféu,

Há por aí quem leiloe a preço justo!

Justo? Kkkkk, o coração ganhado como garantia

Não bastou para o rapaz sonhador,


Bom, dizem que foi algo relacionado a pele,

Tom de pele? Não, não seria justo definir de tal forma,

Mas talvez cor do cabelo...

Disseram algo sobre a moça não ter nome,


Imaginem vocês, eles acreditam ter!

Bom, cá entre nós,

Havia algo relacionado a dinheiro,

Afinal, o que mais move as famílias modernas?


Queira o nosso querido Deus,

Que, envergonhem-se, e ao menos

Devolvam o que tiraram da pobre menina,

Presentes? Prejuízos? Pois é,


Infelizmente o tempo perdido não há como recuperar,

Confessaram-me, as vozes em sussurros,

Que eles se sentem seguros,

Imaginem, acharem-se superiores,


Bom... deve ser coisa de pele!

Os boatos param por aqui,

Há coisas que não devem ser ditas,

Mas, bem que o rapaz poderia ter um pouco mais de

Respeito? Caráter? Bom não seria demais defini-lo: idiota.

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Beijo Sedutor

 

Mesmo ao contemplá-lo de longe,

Com seus modos precisos,

Sentia arrepiar a pele,

Com certeza ele havia abandonado


Qualquer resquício de bondade,

Com relação a moças comuns como ela,

Que não resistiam nem ao menos ao contato

Que aqueles olhos cor do céu de fim de tarde,


Desencadeavam em seus simples corações,

Pedissem aqueles olhos o amor puro,

Com certeza, todas aquelas moças moveriam montanhas

Somente para conquistar ao menos um minuto


Do seu tempo, sua atenção e queira Deus: o seu carinho!

E quando ele as presenteava com aquele sorriso curvado?

Esta mulher se absterá de tecer comentários,

Porque, de fato, não haveriam palavras que descrevessem,


Céus, ninguém avisou a aquele lindo homem

Do efeito devastador que ele causa com sua presença?

É certo que há muito tempo não o via,

Tempo que agora lhe parecia uma eternidade,


Ele se aproximou lhe estendendo a mão em cumprimento,

Ela pigarreou tentando buscar palavras,

Tudo diante dele parecia inadequado para alcança-lo,

Tivesse sido desenhado por mãos de anjos


Não o teriam feito assim tão encantador,

Ela lhe estendeu a mão de maneira cortês,

Sentia que nada mais seria como antes,

Analisou a textura da sua pele macia,


Deslizando seus dedos sobre marcas,

Que embora apagadas, ainda podia senti-las,

Perguntou qual seriam sua história,

O que poderiam contar sobre o homem


Que tanto a fascinava,

Os mistérios que encontrava em seu olhar...

Na verdade, tudo pareceu mudar de lugar,

Ela se sentiu transportada para milhas de distância,


E embora se perdera na imensidão das palavras,

Com um esforço sobre-humano proveniente da alma,

Entreabriu seus lábios trêmulos

Em uma tentativa inútil de falar algo,


Mil pensamentos lhe vinham a cabeça,

Porém, nenhum era capaz de ser expresso em voz alta,

Por um breve momento, os dois se encararam,

Ele, de fato, era o homem mais lindo que havia visto,


Além disso, tinha um cheiro bom,

Ela hesitou por um instante,

Sentindo-se incapaz de conter em sua mente

A imagem de si mesma sendo aninhada por seus braços fortes,


Acolhida em seu peito másculo, bem definido,

O pensamento lhe fez engolir em seco,

Com um gesto instintivo se aproximou um pouco,

Sentia o calor dele lhe reavivar seus sonhos,


Como se soubesse o quanto precisava

Se sentir acolhida, ele a puxou para si,

Segurando-a com força pela cintura,

Ela deixou-se aninhar em seu peito,


Sentindo-se segura,

Porém, aquilo pareceu-lhe não bastar,

Então, levantou a mão direita

Com um único movimento até toca-lo próximo ao ombro,


Ele entendeu o seu desejo,

E respondeu na mesma medida,

Abaixou a cabeça, permitindo ao seu hálito

Beijar-lhe o rosto, até ela não poder resistir ao desejo


E, lentamente, entreabrir seus lábios,

Implorando por seu beijo sedutor,

Sorte a sua, estar abraçada por suas mãos,

Pois, pouco antes que ele lhe depositasse


Aquele beijo provocante e exigente,

Suas pernas deixaram de responder aos seus comandos,

E ela teria derretido até escoar pelos dedos,

Não fosse suas mãos hábeis segura-la com força e habilidade,


Aqueles segundos em que ficou a espera do seu beijo,

Derreteram qualquer barreira que ela possuía,

Pois se viu sua, e percebeu que isto era o que mais desejava

Para sempre e muito mais, uma vida inteira não bastaria.

Sorriso Perfeito

 

Naquela manhã, a chuva a acordava,

E a levava a sentar-se em sua área

Cuia de chimarrão na mão,

Apreciando a bela paisagem


Do rio que cortava, com sua água límpida,

A mata selvagem que lhe adornava,

Cabia a ela confessar que aquele rosto

Que surgiu em seu pensamento,


Pouco foi revisto em suas lembranças,

Mas quando lhe tocava a alma,

Era de se admitir: vinha com toda a força,

Sentia-se tonta sempre que o via,


Pernas bambas e coração atormentado,

Com algum receio cabia-lhe confessar

Em seu íntimo sonhara com o sabor do seu beijo,

Desde o primeiro dia em que o viu,


Seu olhar encantador a invadiu por dentro,

Rompendo suas defesas,

Fazendo-a prisioneira de um sonho de amor,

Até seu coração pareceu descompassado,


Dedos inseguros esconderam-se em seus bolsos,

Vozes silenciosas murmuravam aos seus ouvidos

Algo incompreensível ao olhar daqueles que se negam ao amor,

Amor, amor, engraçado como essa palavra lhe surgia


Sempre que este especifico senhor lhe tomava a lembrança,

Como se seguisse o pulsar do seu peito,

As palavras calavam-se na garganta,

Ao mero romper da sua rouca voz,


Sentia que precisava escolher as palavras,

Mas quais seriam as adequadas para defini-lo?

Se havia algo que nunca faltava a ela eram as palavras,

Contudo, sempre a procura das mais adequadas,


Sua fala se negava a encontra-las e muito menos pronunciá-las,

Doce ironia amar tanto sem nem ao menos poder declarar,

Bem, se ele sabia do magnetismo que exercia

Naquele meigo olhar, na fala macia aveludada,


Ou naquele corpo másculo perfeito para ser aninhada,

Ele raramente demonstrava,

Seu coração palpitava e seu corpo respondia

Com intensidade a cada gesto, olhar ou palavra sua...


Ele era alto, pele e olhos claros, bonito,

Do tipo que chama a atenção ao passar,

É certo que ele sabia disso,

Então, quais palavras usaria para lhe declarar?


Uma lágrima surgiu tímida no seu olhar,

Logo que lembrou do sorriso que curvava

O seu rosto e iluminava o brilho do seu olhar,

Formando covinhas naquele rosto perfeito,


Ah, eram os olhos mais lindos de que se lembrava!

Era obrigada a admitir, mais uma vez,

Como ele lhe tomava a lembrança nas horas vagas,

Principalmente quando a noite,


Ela girava de um lado para o outro sobre a sua cama,

Aliás, isso lhe vinha ocorrendo com certa frequência,

Sentia sua falta, falta de algo que nunca chegou a provar

Mas com que muito sonhava, talvez por toda uma vida,


Sentir-se tão tremula e insegura em sua presença

Era realmente algo desfavorável,

Pois sem palavras como iria lhe declarar tudo que sentia?

Ele tinha o sorriso mais encantador que já havia visto,

Ainda recordava da emoção sentida ao ver ser lábios se abrindo,

Certamente aqueles lábios precisavam ser um pouco mais explorados.

domingo, 8 de novembro de 2020

Saudade

Querido diário, amigo de todas as horas,

Eu não teria conseguido reescrever esta história,

Sem contar com essas doces lembranças,

Que me buscam noite afora,


E é claro, sem contar com toda a sua displicência,

Da letra morta enterrada no cemitério

Das lembranças, tirei esse momento,

Reavivando nestas rasuradas escrituras,


Para que talvez, algum dia,

Eu possa reviver tudo que um dia

Sonhou, a tempos atrás, aquela doce menina,

Chegou agora ao meu rosto,


Um cheiro meigo de algum lugar distante,

Sim, a brisa me trouxe, também, o seu beijo,

Tremula, sinto arrepiar a pele,

Para esta estranha temporada de primavera,


O beijo do amor verdadeiro,

Aquele que vivenciei a muito tempo,

Voltou com gosto suave em meus lábios,

Não o sentia a tanto tempo...


Por que voltou agora que já parecia esquecido?

Os detalhes acerca de tudo o que senti,

E a experiência do seu abraço,

É coisa que guardarei para mim,


Espero que me perdoe pelo segredo,

De fato, é um caso que guardarei para os meus sonhos,

Escondido até mesmo de você, meu amigo inseparável,

Afinal, o que as suas folhas em branco


Fariam ao tomar conhecimento de algo tão profundo?

Acaso soltariam um breve suspiro?

Olhariam para as estrelas com aquele ar apaixonado?

Não, me perdoe: mas há coisas que merecem estar guardadas,


Porém, jamais esquecidas, além de que, como poderia?

Eu havia beijado a boca de um perfeito cavalheiro,

Mas isso não é coisa para o cinema?

Homens como estes não se acham em qualquer destino,


Que sorte a minha, ele ter me escolhido em meio a tantas outras,

E eu o amava, tive certeza desde o primeiro dia,

Mas finais felizes, como você já tem conhecimento,

Não pertencem a meninas encantadas,


Ficam presos nas páginas de um livro velho, empoeirado,

Daqueles que nunca se tira da estante,

Mas agora, neste exato instante,

Me sinto perder o controle das minhas emoções,


Não há tempo para conter as lágrimas,

Me vejo soluçar aqui mesmo,

Sinto-me sangrar por dentro,

E por Deus: como dói este amor ausente,


Será que a minha alma poderia escapar por meus olhos

Em lágrimas embebidas no veneno da saudade?

Isso não é tão fácil responder,

Porém, algo aqui não se encontra inteiro...


Cada parte minha sangra a dor da saudade,

Bem, só pode ser psicológico,

Pois um beijo acontecido a tanto tempo

Porque reavivaria tanto assim meu coração adormecido,


A beira de deixar-me em um tormento?

Nas garras de algo letal como este amor que sinto,

Embora nunca tenha me considerado uma pessoa normal,

Estou certa de que agora que o amor me tomou,


Não quero, nem procurarei outra saída,

Me entregarei a ele como uma loba,

Ou algo selvagem, como se revive-lo fosse minha tabua da salvação,

Um destroço arrancado de um navio com histórias de criança,


Naufragado em um tempo já esquecido em minha lembrança,

Feito histórias de pirata para assustar pessoas desavisadas,

Fechei meus os olhos, por um longo momento,

Pude assim, ouvir a masculinidade da sua voz,


Estava rouca, triste, seriam lágrimas

O que a trouxe de volta?

Por Deus, por um momento cogitei a palavra saudade...

Mas isso não são sentimentos para a minha idade,


É claro, você sabe: sempre gostei de brincar com as palavras,

Mas acreditar que ele também me amava?

Aí já seria um exagero de um pobre coração apaixonado,

O mesmo que ainda bate acelerado a cada marcar do relógio,


Daquele horário marcado em que nos víamos,

Ah, como contava cada segundo para tê-lo aqui comigo...

Mas isso são planos que não merecem serem escritos,

Não por não serem esperados até hoje, em cada momento,


Mas por medo de que as mãos do destino,

Desejem contrariar os sonhos desta que ainda ama,

Com a mesma intensidade daquele tempo esquecido,

Apenas sonhos, assim se resumiriam aqueles doces beijos?


Eram sonhos então? Aceito a honra de me permitir sonhar um amor verdadeiro,

Me pego desprevenida ao ser tomada por essas emoções desconhecidas,

Essas lembranças me fazem imaginar coisas utópicas,

Pensando bem, querido amigo diário,


Vestirei minha alma e roupa de dignidade

E me dirigirei para um pouco mais adiante

Sentir o olhar daquele homem,

A quem amei perdidamente


Vale a distância... não vale?

Ficarei ali, a espreita,

Quem sabe ele não me dirija uma investida,

A chance única de reavivar aquilo tudo que as lembranças


Agora, com força desmedida, abraçam em minha alma,

Com a ousadia de quem acredita em sonhos, amor, filhos, família?

Oh Deus, me sinto louca, só assim tudo se explicaria,

Ah se eu pudesse ser dona de um sorriso que fosse em seu olhar,

Com toda a força da minha alma Eu te Amo poderia lhe falar.

Comida do Leito do Rio

E, Houve fome no rio, Os peixes Que nasceram aos montes, Sentiam fome. Masharey o galo Sofria em ver os peixes sofrerem, ...